Morreram entre 3 a 6 milhões de ucranianos - sobretudo camponeses - em consequência de uma fome artificialmente provocada pelo regime soviético dirigido por Estaline.
Este genocídio teve como principal objectivo “castigar” os camponeses - a base social da nação ucraniana - devido à sua resistência à colectivização da agricultura e ao apego que manifestavam pela cultura e tradições nacionais. Numa clara demonstração dos seus intentos criminosos, o Governo da União Soviética executou de forma implacável as seguintes medidas:
- confiscação das colheitas e das reservas alimentares dos camponeses ucranianos, recorrendo a todo o tipo de violências e abusos e colocando em grave risco a sua sobrevivência;
- repressão de qualquer forma de resistência (deportação de populações; detenção em campos de concentração e fuzilamentos);
· encerramento, pela polícia, das fronteiras da Ucrânia, impedindo que os camponeses procurassem alimentos na Rússia e em outras regiões, ou os transportassem para a Ucrânia;
· proibição da venda de bilhetes de comboio e instalação de barreiras policiais nas estações ferroviárias e nas estradas que levavam às cidades. Centenas de milhar de famintos foram assim obrigados a regressar às aldeias, morrendo de fome;
· revogação dos direitos de autonomia cultural, linguística e política da nação ucraniana, incluindo as comunidades que viviam nas outras regiões da União Soviética;
· repressão da elite cultural e política (escritores, sacerdotes, dirigentes políticos, artistas, etc.), sob a acusação de nacionalismo.
O regime soviético, enquanto ia exportando para o estrangeiro milhões de toneladas de cereais, rejeitava as informações transmitidas pela imprensa ocidental, bem como as ofertas de auxílio humanitário.
Durante mais de 50 anos a diáspora ucraniana procurou divulgar a verdade sobre o Golodomor. Com esse objectivo, apoiou a investigação realizada por diversas entidades académicas, tais como a Comissão do Congresso dos Estados Unidos da América, presidida pelo historiador James Mace (1988) e a Comissão Internacional de Inquérito da Fome de 1932-1933 na Ucrânia, dirigida pelo jurista Jacob Sundberg (1990).
Só depois da desagregação da União Soviética e da recuperação da independência nacional ucraniana (1991), foi possível romper com o silêncio e a mentira. Foi instituído, no quarto sábado do mês de Novembro, o “Dia da Memória das Vítimas da Fome e das Repressões Políticas” e aprovada uma declaração do Parlamento da Ucrânia.
Os órgãos de soberania de diversos países (E.U.A., Canadá, Estónia, Argentina, Austrália, Itália, Hungria, Lituânia, Geórgia ou Polónia) já reconheceram o carácter genocidário do Golodomor. Por sua vez, na 58.ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (2003) foi elaborada uma declaração, com o apoio de 63 estados-membros, prestando homenagem à tragédia nacional do povo ucraniano.
Mais recentemente, o Presidente Viktor Yuschenko (Novembro de 2005) e os participantes do 4.º Fórum Mundial dos Ucranianos (Agosto de 2006) apelaram à comunidade internacional para reconhecer o Golodomor como um acto de genocídio.
No âmbito do Artigo 93.º da Constituição da Ucrânia, em Novembro de 2006, o Presidente Viktor Yushchenko apresentou ao Parlamento (Verkhovna Rada) o Projecto-Lei “Sobre o Golodomor de 1932-1933 na Ucrânia” e salientou a necessidade urgente da sua aprovação, com vista ao reconhecimento do Golodomor, enquanto acto de genocídio contra o povo ucraniano
A aprovação deste diploma, reveste-se de um significado político, social e moral de extrema importância, nas vésperas do 75.º aniversário do Golodomor de 1932-1933, pretendendo contribuir para o estabelecimento da justiça histórica, para a divulgação das causas e das consequências do genocídio do povo ucraniano, para a unidade do povo ucraniano em torno dos valores da tolerância e da paz, e para o reforço do prestígio internacional da Ucrânia.
Com vista a esse reconhecimento, a comunidade ucraniana em Portugal irá desenvolver várias iniciativas de divulgação e de sensibilização, dirigidas à sociedade civil e às instituições políticas portuguesas.
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