Dedicado ao 7 de Abril, o Dia de Mulher Moçambicana.
Muita gente, antes de se casar precisa de ter certeza em algo: amor recíproco, posição financeira do parceiro, solidez e segurança, etc. Viktor Yushenko e Kateryna Chumachenko precisaram apenas saber uma coisa, que amam a Ucrânia da mesma maneira. Alguém pode achar isso ultrapassado, mas a família do presidente da Ucrânia, é o lugar onde mora o patriotismo romântico ucraniano.
1941
Atras ficaram os cães nazis, ameaça diária do fuzilamento, fome e sentimento de total desespero. O soldado do Exercito Vermelho, Myhaylo Chumachenko conseguiu sair vivo do cerco alemão no bolsão de Uman e agora dirigia-se para casa, na aldeia de Zaycivka (Leste da Ucrânia). Numa das localidades, ele encontrou a cartomante, que disse: “Tu estas ir para casa, mas não conseguirás lá chegar agora. O destino te levará muitíssimo longe. E tu encontrarás lá o teu amor, criarás os filhos. Voltas para casa, mas já serás velho”.
Depois, Myhaylo novamente é preso pelos nazis e levado à Alemanha. Assim a previsão da cartomante, começou tornar-se realidade...
Sofia, a mãe da Kateryna, tinha apenas quinze, quando nazis a levaram para os trabalhos forçados na Alemanha. Lá, os dois jovens ucranianos se conheceram e se casaram em Abril de 1945. Mãe queria voltar à Ucrânia, mas Myhaylo não quis, ele já odiava tudo que era ligado ao Stalin e ao poder soviético.
Em 1932 – 1933, a Ucrânia sobreviveu uma terrível fome orquestrada e organizada pelo Moscovo, que matou entre 5 à 7 milhões (!) de camponeses ucranianos.
Em 1934, NKVD (policia política na URSS) visitou o avo de Kateryna e lhe disse: “Tu és trotskista”. Avo disse que não conhece Trotskiy nenhum, ele realmente não sabia quem este era! Mesmo assim, avo foi acusado de ser kulak e enforcado.
Depois Myhaylo adoeceu, ele precisava de uma operação nos pulmões, homem passou oito anos da sua vida nos hospitais. Irma mais velha de Kateryna, Lídia, vivia nos mosteiros e nas famílias alheios. Mãe só via a filha nos feriados, quando não trabalhava.
Myhaylo sempre acreditava que um dia ele voltará à Ucrânia. Ele acreditava plenamente, que a Ucrânia será independente e que ele poderá ter um pedaço da terra seu, para cultivar. Mãe sempre dizia que nada acontecerá ao pai, porque cartomante previu que velho, ele voltará à Ucrânia...
Quando Myhaylo Chumachenko melhorou, sua família emigrou para EUA, cidade de Chicago. No seu bairro, houve poucos ucranianos, mas família tinha ajuda da Igreja Ucraniana Ortodoxa Autoquefal (UAPC). Myhaylo trabalhava como electricista, mãe como costureira. Em 1961 nasceu Kateryna.
Na igreja, ela conheceu muitos ucranianos, entre eles jovens da sua idade, depois tornou-se membro da organização juvenil patriótica “União dos Jovens Ucranianos” (SUM), decisão apoiada pelos pais.
Em 1975 e 1979, Kateryna visitou a Ucrânia junto com a mãe, e foi amor a primeira vista. Ela adorou a sua família ucraniana: primos, primas, tios e tias. Ela achava e continua achar que Kyiv (Kiev) é a cidade mais bonita do mundo. Único momento feio, é a KGB, que vigiava todos os seus passos.
Toda a vida da Kateryna é ligada à Ucrânia, conversas dos adultos, canções, que cantavam na família, planos que eram traçados. Quando chegou o tempo de entrar na universidade, Kateryna escolheu Universidade de Jeorgetown em Washington D.C. Ela lembra que estava observar a cidade da área de observação, junto de Universidade. Ela ficou simplesmente radiante: “Como a cidade de Washington é parecida com o Kyiv! Eu quero estudar aqui. Serei a diplomata, para poder trabalhar na Ucrânia, para ser útil ao meu país, para criar laços de amizade entre os dois países tão diferentes”. Naquele mesmo sitio, muito mais tarde, foi construída a embaixada ucraniana nos EUA...
Seis meses mais tarde, Kateryna descobre que nunca poderá trabalhar na Ucrânia como diplomata, pois ela tem a família lá. Então muda de especialização para os relações económicos internacionais, torna-se a Magistrada dos finanças internacionais em Chicago.
Kateryna e os seus amigos ucranianos, sempre pensavam em como ajudar à Ucrânia, como fazer com que nos EUA, público soubesse mais coisas positivas sobre o país. Porque qualquer noticia positiva sobre a Ucrânia, era retractada nos EUA como: “Kiev, Rússia” e qualquer noticia negativa, como “Kiev, Ucrânia”. Ucranianos da segunda geração, todos nascidos na América, funcionários do Congresso, do Departamento do Estado, de outros organismos estatais e privados importantes, eles queriam mudar situação, por isso criaram o Serviço Noticioso Nacional Ucraniano.
No inicio dos anos noventa, os primeiros políticos ucranianos, começaram visitar os EUA. Foi criado Fundo Ucrânia – EUA. Parlamentares ucranianos disseram, que a diáspora ucraniana pode ser muito útil, em primeiro lugar partilhando a sua experiência da democracia americana. Era necessário traduzir e transmitir as bases de legislação. Assim, em 1991, Kateryna outra vez estava na Ucrânia. Ela nunca irá esquecer, como chorou de felicidade no dia 24 de Agosto de 1991, quando a Ucrânia proclamou a sua independência. Ela ligou para o pai e disse: “Pai, tu és livre. Estas independente”. Myhaylo ficou hilariante de felicidade. A cartomante falou totalmente verdade. Myhaylo Chumachenko visitou a Ucrânia varias vezes, ele foi à sua aldeia, encontrou-se com os familiares que não via há cinquenta anos.
Desde 1991, Kateryna não deixa a Ucrânia, trabalhando primeiro no Centro de estudos bancários e depois no Centro Nacional de preparação dos funcionários bancários da Ucrânia.
“Amo o, como na adolescência...”
Viktor Yushenko e Kateryna Chumachenko conheceram-se no avião, que levava delegação dos banqueiros ucranianos aos EUA. Durante duas horas de voo, eles falaram praticamente de tudo, que interessava os ambos. “No fim do voo, eu entendi que estou a falar com uma das pessoas mais inteligentes da minha vida, agora tenho a certeza que é a mais inteligente”, - diz a Kateryna. Não foi o amor à primeira vista, mas cada seu encontro fortalecia o amor, em primeiro lugar, o amor ao país – a Ucrânia. Se alguém escrever a formula do seu amor, está será: “Viktor + Kateryna + Ucrânia = Amor”.
Kateryna Chumachenko entendeu que Viktor é a pessoa da sua vida, quando visitou a sua aldeia natal. Havia muita gente na mesa, ele contava sobre o seu pai. E também contou que, houve um clube na aldeia, quando este foi demolido, descobriu-se que os bolcheviques usaram as pedras tumulares roubados no cemitério local, para fazer o fundamento do edifício. Ali a Kateryna entendeu que Viktor Yushenko ama a Ucrânia, os sentimentos dele, eram os seus também. Perguntamos, se a Kateryna podia amar a mesma pessoa: interessante, inteligente, banqueiro de sucesso, mas que não amasse a Ucrânia. Penso que não, foi a sua resposta.
Segue-se uma pequena entrevista com Kateryna Chumachenko, que a Primeira Dama da Ucrânia, deu nas vésperas do Dia do São Valentín.
Vocês estão juntos muito tempo? Como foi o seu casamento?
Foi um casamento religioso, numa pequena igreja. Casamento civil foi oficializado mais tarde, em 1998.
Você era estrangeira, Viktor Yushenko um funcionário do Estado do alto nível. Vocês não tinham medo que isso poderá prejudicar a sua carreira?
Nos entendemos que necessitamos um do outro. O facto de ficarmos juntos era natural. Viktor tentou fazer com que tudo fique mais honestamente possível e menos doloroso. Eu o admiro por isso. Alem disso, nos sempre achamos que as pessoas devem julgar o Viktor pelos actos e decisões por ele tomadas, ao nível do Estado. A sua vida pessoal, não os afecta, toda gente tem o direito de ter uma.
Qual foi o seu conselho ao marido, quando este decidiu candidatar-se ao cargo do Presidente da República?
Não poderia aconselhar nada. Como patriota, tinha certeza absoluta que ele é o melhor candidato para este lugar. Como esposa, tinha a certeza que praticamente não o irei ver em casa. Ele sabia que apoiarei qualquer decisão sua. Eu tinha o maior orgulho nele, não por ser o meu marido, mas porque é melhor para a Ucrânia. Nos falamos raramente sobre o trabalho. Ele volta à casa tarde e temos um milhão de coisas para discutir: filha, casa de campo, familiares. Geralmente sei das suas decisões políticas pela televisão. As vezes ele pode ligar e dizer: “Olá, estou em Francoforte”. Mas nem me avisou da sua viagem, neste clima terrível da ocupação constante, simplesmente esqueceu-se. Estas surpresas acontecem.
Viktor Yushenko muitas vezes foi considerado o “Homem do ano” em variados concursos. Você não tem ciúmes?
Não, eu tenho o orgulho que, muitas mulheres gostam do meu marido. Também tenho orgulho que todas as noites, depois do trabalho ele vem ter comigo.
Crianças: seus e não alheios
No dia, quando Kateryna devia dar a luz, Viktor Yushenko estive nos EUA. Ele viajou do Washington D.C. à Flórida, para testemunhar o nascimento e cortar o cordão umbilical, como é a tradição americana. Mas nascimento foi difícil, filha Sofia nascia dificilmente e o dever do Estado chamou o Viktor Yushenko de volta à Washington. Cordão foi cortado pela mãe da Kateryna, Sra. Sofia. O acto foi simbólico para a Kateryna, sete meses antes, morreu o seu pai, ela queria que mãe sentisse que a vida continua...
Agora a pequena Sofia tem cinco anos. Todos dizem que ela é a copia pequena do Presidente. Quando o pai chega do serviço, fica junto à ele e assiste na televisão, canais “Discovery” e “Planeta dos animais”.
Sofia e Kateryna são cidadãs dos EUA. Infelizmente, na política ucraniana, apareceram pessoas que tentaram jogar a carta da “mulher estrangeira”, para prejudicar Presidente Yushenko.
- Si, sou americana. Nasci nos Estados Unidos. Na verdade, fico estranhar, porque as pessoas dão tanta importância à este facto. No intimo, sempre me considerei ucraniana. Nos éramos uma família ucraniana. O facto de eu nascer nos EUA, não foi uma livre escolha dos meus pais, foi o destino. Mas eu tenho muito orgulho de crescer na América e sou grata à este país por tudo que proporcionou aos meus pais, e todas as oportunidades que me abriu. Em primeiro lugar a minha educação. Sem ela, eu dificilmente ia conseguir ajudar à minha Ucrânia.
Eu e Viktor tomamos a decisão de princípio: eu devo me tornar a cidadã da Ucrânia, obtendo a nacionalidade através de um procedimento complicado e burocrático. Mas vamos passo-lo, todas as formalidades serão ultrapassados. Na verdade, eu sou ucraniana, porque vivo aqui há catorze anos, porque escolhi o meu marido aqui e declinei numerosas propostas de me casar nos Estados Unidos.
Outro ucraniano, nascido na diáspora, Roman Zvarych (Ministro da Justiça no Governo de Viktor Yushenko) renunciou a nacionalidade americana, adquirindo a nacionalidade ucraniana. O que você achou disso?
Admiro a coragem dele, mas as dificuldades que ele passou por causa disso, me amedrontaram: a embaixada americana na Ucrânia, recusou o visto de entrada ao Roman Zvarych, quando este precisava participar numa conferência internacional nos Estados Unidos. O mau pai estava doente e eu podia ter a necessidade de voar para os EUA à qualquer momento. Eu não podia arriscar.
A vossa filha irá escolher a nacionalidade aos desaseis anos? (A maioridade na Ucrânia chega aos 16 anos, idade quando os jovens recebem o passaporte interno, que tem a mesma utilidade que o BI).
Nossa filha nasceu nos Estados Unidos, e tem o direito da cidadania dos EUA. Mas eu e meu marido, já tomamos a decisão em relação à Sofia, ela irá receber a nacionalidade ucraniana. Embora, ainda em 1991, eu e outros ucranianos da diáspora dizíamos, que o ideal será a dupla nacionalidade para os representantes da diáspora. Muitas países do mundo tem essa pratica. Porque os membros da diáspora, são pessoas que tem uma vida estável no país do acolhimento e que podem ter as razoes muito respeitáveis, que os impedem de voltar à Ucrânia. Mas o seu amor à Ucrânia é infinito. Muitos gostariam de trabalhar na Ucrânia, pagar os impostos e ser úteis ao seu país. Seria óptimo, se essa questão seria regularizada. Mas eu só poderei ter uma voz activa no assunto, quando me tornar a cidadã ucraniana.
Sei que a senhora ajuda às crianças.
Isso é verdade. Desde 1996 eu sou a Directora ucraniana da organização internacional “Amigo de crianças” / Приятель дітей, composta por voluntárias. Somos já cerca de 100 pessoas em toda a Ucrânia. Mas trabalhamos no país desde 1992, estamos ajudar aos orfanatos e já prestamos ajuda aos cerca de 50 mil crianças. Trouxemos cerca de 9 milhões de USD de ajuda humanitária. A nossa meta é a colheita dos fundos do empresariado e bancos ucranianos e internacionais para ajudar à quem precisa.
Todos os anos, nos organizamos um campo de férias nos Cárpatos, frequentado por crianças das 13 às 17 anos. Tentamos os ajudar psicologicamente a entrar na vida dos adultos. Ensinamos os a história da Ucrânia, a cultura ucraniana, respeitar a si próprios. Aos mais talentosos ajudamos com a educação posterior, por exemplo nove pessoas estudam na Universidade Nacional Academia de Kyiv – Mohyla (uma das academias do maior prestígio na Ucrânia). Duas vezes por ano fornecemos os próteses, para às crianças necessitadas, compramos medicamentos. Garantimos o tratamento médico. Tenho um pedido, por favor, podem escrever isso, precisamos do dinheiro. Todos os fundos que recebemos, garantimos que gastamos com as crianças, porque compramos tudo: desde coisas grandes até pequenas. Compramo-lhes as colheres pequenas, porque eles não conseguem comer com as grandes.
Acredito que alguém, poderá fazer a manicura em casa e não no salão, e com este dinheiro poupado, pode-se facilitar a vida das dezenas de crianças!
O primeiro orfanato que eu visitei, era da cidade de Sumy. Fiquei admirada e ferida. Mas percebi mais profundamente a solidão dos órfãos, quando eu própria tive a minha filha. Eu posso beija-la e abraça-la sem vezes por dia, acordo à noite se ela chora. Mas quem abraça os, quem lhes dá calor e amor? Compaixão e vontade de ajudar ficaram mais agudos, hoje o “Amigo das crianças” tornou-se a minha prioridade principal.
Você não tem o medo que alguém poderá falar sobre o aproveitamento da compaixão?
A desgraça destes crianças – não são os mercados, que podem ser divididos. Chega para todos. Infelizmente. Temos tantas crianças assim, que toda a gente poderá ajudar.
Sra. Kateryna, você mantém os contactos com os filhos mais velhos do seu marido?
(O casamento com a Kateryna Chumachenko, é o segundo matrimónio do Viktor Yushenko).
Viktor ama muito a filha e filho mais velhos. Eu tenho bom relacionamento com eles. Viktor já foi avo duas vezes. Espero tudo dar certo.
Por: Yulia Mostowa, mirror.com.ua
P.S. Quando este artigo estava ser preparado, chegou nos a notícia que Kateryna Chumachenko finalmente recebeu a nacionalidade ucraniana. Nossos parabéns!
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