quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Cinzas do Eng. Carlos Morgado lançadas no Zambeze


Carlos Morgado, engenheiro de profissão, director adjunto das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) e mais recentemente, Ministro da Indústria e Comércio, pediu nos últimos dias da sua vida que, após a sua morte, o seu corpo fosse cremado e as cinzas lançadas para o rio Zambeze.
Falecido na manhã da última Quinta Feira em Lisboa, vítima de cancro, as exéquias fúnebres tiveram lugar ontem no edifício do Conselho Municipal de Maputo.
Por: Fernando Mbanze

Cumprindo integralmente o desejo manifestado pelo ex-Ministro, a família Morgado cremou, em Lisboa, os seus restos mortais e hoje as cinzas seguem para a cidade de Tete, a sua terra natal, onde serão posteriormente lançadas ao rio Zambeze.
O filho mais velho do engenheiro Morgado, Bruno Morgado, referiu que o pai justificou este pedido argumentando, que gostaria que o povo moçambicano fosse unido tal como são as águas do rio Zambeze. Para ele, esta é a condição sine qua non para Moçambique se tornar um país próspero e desenvolvido.
“O meu pai pediu-me, na qualidade de filho mais velho que, após a sua morte, nós cremássemos o corpo e espalhássemos as cinzas no rio Zambeze” – explicou Bruno Morgado.
O meu pai perguntou-me: “Filho, você conhece a força e a união que as águas do Zambeze têm?”
Perguntei: “União?” - O pai respondeu: “Filho, quando se está organizado e se segue em frente, ninguém é capaz de nós parar, como as águas do Zambeze”.
Bruno Morgado exortou todos os presentes na cerimónia fúnebre que se unissem para tornar Moçambique tão poderoso e forte como o Zambeze. “Esta é uma das melhores formas de homenagear o meu pai”.

Militante dedicado
Por seu turno, o Presidente da República de Moçambique, Armando E. Guebuza, referiu, na sua homenagem, que Eng. Morgado foi um grande militante do partido FRELIMO, convicto e sempre dedicado e disponível a dar o melhor de si para a acção política.
Segundo Guebuza, durante a estruturação do FRELIMO em 1978, Morgado candidatou-se formalmente a membro do partido, tendo em 1991, durante a realização do VI congresso deste partido sido eleito membro do Comité Central.
No final da sua mensagem, Guebuza disse que: “Todos nós curvamo-nos perante os teus restos mortais para lamentar a subtracção do nosso convívio de um companheiro afável, um militante convicto e um profissional exemplar quando ainda dele precisávamos nesta luta que travamos contra a pobreza”.
Eng. Morgado, antes de ser ministro, foi sempre o “director operacional” da LAM, o braço direito do Eng. José Viegas nos tempos mais conturbados da companhia de bandeira moçambicana. No sector empresarial moçambicano, Eng. Morgado é considerado como um dos “estrategos” do partido FRELIMO na área dos negócios, sendo um dos arquitectos do património conseguido pelas “holdings” ligadas à FRELIMO, forma de enfrentar os desafios do multi - partidarismo estabelecido em 1990. Formado como engenheiro electrotécnico, extremamente discreto no trato, Eng. Morgado ajudou pessoalmente muitos antigos combatentes a montarem os seus pequenos negócios e era visto como uma dos maiores apoiantes da família Chissano. O antigo Presidente esteve presente nas exéquias fúnebres de quarta-feira.

In media mediaFAX, Quinta-feira, 22. 02. 2007, Nº3728

Foto: http://www.winne.com/specialsections/mauritius_summit/images/minister-of-industry-of-moz.jpg

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