domingo, março 29, 2009

Dívida a Ucrânia

Nesta época, quanto a Europa se encontra numa encruzilhada energética, a Ucrânia de novo é dividida entre o futuro europeu e o passado moscovita. A UE continua não perceber quem nós somos e o que pretendemos. E o vizinho moscovita simplesmente se recusa perceber o mesmo, apostando na velha máxima czarista do que a Ucrânia é algo que “nunca houve, não há e nunca haverá”. Dizem que a história nós ensina apenas que não ensina nada. De qualquer maneira, achei interessante traduzir os versos do futurista russo Vladimir Maiakovski, ucraniano de origem, “Divida a Ucrânia”, escritos no ano longínquo de 1926.

Por: Vladimir Maiakovski, 1926

Dívida a Ucrânia

Conhecem vocês,
a calma noite ucraniana?
Não,
vocês não conhecem a noite ucraniana!
Aqui
o céu
fica negro
do fumo,
e brasão
com a estrela penteaguda é torneado.
Onde com a horilka,
coragem
e sangue
Sich de Zaporizhia
fervilhava,
os fios redutores
domesticaram a ribeira do Dnipro,
o Dnipro
obrigam
fluir até as turbinas.
E Dnipro
através dos fios – bigodes,
fluí aos edifícios
como electricidade.
Por certo, o açúcar refinado
até ao Gogol agrada!
Nós sabemos.
se fuma,
se beba Charlot;
nós conhecemos
as ruínas da Itália sem braços;
nós sabemos,
como é colorida
a gravata do Duglas...
Mas o que nós sabemos,
sobre a face da Ucrânia?
Os conhecimentos peso,
do russo
é magro –
dos que ficam por perto,
poucas honras.
Conhecem assim
o borsh ucraniano,
conhecem assim
o toucinho ucraniano.
E da cultura
retiraram espuma:
alem
dos dois
gloriosos Tarases –
Bulba
e famoso Shevchenko, —
nada a espremer,
por mais que tentas.
E se apertar –
ficam rubros como a rosa
e puxam
o argumento novo:
começa contar
um par de curiosidades –
anedotas
da língua ucraniana.
Digo a mim:
camarada moscovita,
para a Ucrânia
piadas não arreganha.
Aprendem
essa língua
das bandeiras –
o léxico rubro, —
essa língua
é grandiosa e simples:
“Oiças, tocam clarins,
chegou o tempo de contas ajuste...”
Será que poderá existir
a palavra
mais gasta
e surda
do que a sempre usada
“Ouves”?!
Eu
palavras vós inventei bastantes,
pesando as,
quero uma coisa apenas, —
para que
palavras
de todos
os meus versos
se tornem graúdos,
como a palavra “oiças”.
É difícil
as pessoas
fundir no mesmo,
por mim,
não se vangloria muito.
Conhecemos nós a noite ucraniana?
Não,
nós desconhecemos a noite ucraniana.

Original em russo, obrigado ao blogueiro Oldo!
Tradução para o português @Ucrânia em África

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