por: Dmytro Yatsyuk, jornalista e blogueiro
Num programa da CNN Portugal, general Agostinho chegou a sugerir que os ucranianos não teriam o direito de se queixar, quando em resposta ao seu próprio ataque aos alvos puramente militares, a rússia atacar os infantários ucranianos, naturalmente causando as mortes e ferimentos às crianças ucranianas.
Atacar os alvos civis propositadamente ou, em desrespeito pelos prováveis danos colaterais constitui um crime de guerra. Sem o termo de prescrição. O nosso general deveria saber disso.
Ucrânia e os ucranianos naturalmente são muitíssimo culpados. Culpados por se recusarem à ser vítimas quietas e caladas do guerra agressiva e não provocada por parte da federação russa. Dos crimes de guerra russos, da tortura, das execuções, das violação e da sodomização de adultos e crianças, perpetuadas pelo exército russo de ocupação.
Unicamente na região de Kyiv, no pequeno triângulo da morte, localizado entre Bucha - Hostomel e Borodyanka, os ocupantes russos mataram e foram responsáveis pela morte de cerca de 1.500 ucranianos, acima de 90% deles civis, sem nenhum vínculo com a resistência armada. Sem esquecer os milhares de vítimas mortais em Mariupol, onde os bombardeamentos aéreos e o cerco russo da cidade, muito provavelmente levaram à uma catástrofe humanitária de até 80.000 mortos, todos eles moradores daquela cidade.
Todos estes horrores aconteceram na primavera de 2022, em grande parte ignorados pela comunicação social. Mesmo assim, a imprensa europeia e portuguesa em particular, têm a sua obrigação moral e profissional fazer o seu trabalho, evitando as novas Srebrenicas e Ruandas.
O general Agostinho está fazer o papel que lhe permitem os seus próprios escrúpulos e confiam os curadores. Cada vez mais ele e os seus se essemelham aos sujeitos descritos na famosa frase do Karel Čapek: «O inimigo tentou atirar covardemente contra os nossos aviões que iam bombardear as suas cidades».
Čapek, como se supõe, escreveu isso como a critica do nazi-fascismo. O nosso general, produz o mesmo discurso em defesa do ruscismo, uma espécie do neofascismo estatal russo.
Tenho a certeza, a CNN Portugal não deveria alinhar nisso. Não deveria, sob o pretexto de liberdade de expressão se transformar numa nova «Radio Télévision Libre des Mille Collines». Pelo menos não em meu nome.

1 comentário:
É o Aldo Rebelo português?
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