Ucrânia demonstra mais uma vez a sua capacidade de utilizar eficazmente o potencial militar em território russo. Recentemente os drones ucranianos atacaram um depósito de petróleo
de Feodosia na Crimeia ocupada.
O depósito de Feodosia, localizado perto da aldeia de Berehove, é o maior em termos de transbordo de produtos petrolíferos na Crimeia ocupada, com uma capacidade acumulada
de volume de tanques de armazenamento de 250 mil metros cúbicos. Este não é o primeiro ataque a esta instalação: em março de 2024, os drones já danificaram o gasoduto principal
desta base, bem como em novembro e dezembro do ano passado. Por causa do último ataque, incêndio maciço, ruas bloqueadas, foi declarado o estado de emergência.
Estas ações mostram que a Ucrânia não só se mantém à tona, como também desenvolve ativamente as suas capacidades militares graças
à cooperação com parceiros. Por exemplo, a alemã Rheinmetall anunciou recentemente a construção de várias novas fábricas na Ucrânia. Entre eles está uma
fábrica de munições para projécteis de artilharia, veículos blindados e sistemas de defesa aérea. Está ainda prevista a criação de instalações para
reparação e montagem de veículos blindados e produção de cargas de pólvora. Outro passo importante é um memorando de entendimento entre a Ucrânia e a Dinamarca, segundo
o qual serão atribuídos 600 milhões de euros para o desenvolvimento da indústria de defesa da Ucrânia. Estes fundos serão utilizados para aumentar a produção de drones
de combate, mísseis e sistemas antitanque. Além disso, a Holanda forneceu recentemente à Ucrânia F-16 e espera-se que outros 24 caças sejam entregues nos próximos meses. De referir
que os Países Baixos atribuíram 400 milhões de euros ao desenvolvimento de drones modernos em conjunto com a Ucrânia.
Os países ocidentais vêem os sucessos da Ucrânia e continuam a prestar apoio financeiro e militar, incluindo sistemas de armas avançados e formação militar.
Mas, apesar disso, continua a ser insuficiente. A vitória exige mais armas, sistemas de defesa aérea, mais fundos para reforçar as capacidades de defesa, bem como armas mais modernas, incluindo tanques,
veículos de combate e sistemas de mísseis de longo alcance. É também fundamental garantir soluções logísticas sustentáveis, de forma a manter um elevado nível
de prontidão de combate das forças ucranianas nas linhas da frente.
Em novembro de 2024, terá lugar a histórica 25ª reunião no formato Ramstein, e pela primeira vez a nível de chefes de Estado sob a liderança
do presidente dos EUA, Joe Biden. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, apresentará o Plano de Vitória – um documento que propõe um fim justo para a guerra e a restauração total
da integridade territorial da Ucrânia. Este plano merece o seu apoio incondicional, uma vez que não existe outro caminho para uma paz duradoura.
Em contraste, o “plano de paz” chinês visa mais melhorar a imagem internacional da China e combater as críticas ocidentais. Não aborda as questões principais,
como levar o agressor à justiça e a devolução dos territórios ocupados, e, na verdade, serve como ferramenta para o ganho diplomático de Pequim. A China evita o envolvimento direto
no conflito, mas continua a apoiar diplomaticamente a rússia. O seu interesse estratégico é manter a parceria com Moscovo e minimizar os riscos para a sua própria economia e de influência
internacional.
É especialmente importante decidir sobre a concessão à Ucrânia de permissão para utilizar armas de longo alcance contra alvos militares no território
da federação russa no próximo Ramstein. Países como os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a Alemanha, a França, a Itália e outros aliados devem dar um “sim” definitivo.
Afinal de contas, a Ucrânia está a conter o agressor e a impedi-lo de expandir as suas ambições.
Por exemplo, a Polónia está cada vez mais consciente da ameaça representada pela federação russa. Varsóvia está a reforçar activamente
a sua fronteira leste com a rússia e a Belarus como parte do programa Escudo Leste, em resposta ao perigo crescente. A construção de fortificações, a instalação
de sistemas de vigilância, reconhecimento e contra-drones visam aumentar a capacidade de defesa do país e proteger contra potenciais ameaças, o que sublinha a atitude séria da Polónia em relação
à segurança das suas fronteiras. O Vice-Ministro da Defesa, Cezary Tomczyk, observou que a construção das primeiras fortificações começaria este ano, em conjunto com os Estados
Bálticos, bem como com as tropas britânicas e americanas, de forma a terminá-la até 2028.
Além de reforçar a fronteira, a Polónia também planeia aumentar o tamanho do seu exército para estar preparada para quaisquer possíveis ameaças.
O foco está no aumento das capacidades defensivas e na garantia da segurança não só dos cidadãos polacos, mas também de toda a fronteira leste da NATO. A Polónia já aumentou
as suas despesas com a defesa para 4% do PIB, uma das taxas mais elevadas entre os países da UE.
Só os esforços conjuntos dos parceiros contra a agressão russa são a forma mais eficaz de proteger não só a Ucrânia, mas todo o mundo livre.
Não é uma opção reforçar a defesa separadamente, mas uma estratégia comum baseada em ações coordenadas, na troca de experiências e de recursos pode aumentar significativamente
a eficácia das medidas de defesa. A Ucrânia está na linha da frente desta luta, protegendo a sua independência e dissuadindo o agressor de futuras ameaças à Europa. A reunião
de Ramstein é uma excelente oportunidade para tomar decisões que permitam aproximar-se de uma paz justa, proporcionando à Ucrânia o apoio necessário.