sexta-feira, outubro 03, 2025

Lenine como tatoo: entre «amuleto da sorte» e «escudo sagrado»

As tatuagens prisionais são uma espécie de código, a linguagem codificada que pode descrever a pessoa. A imagem do Lenine era muito popular no meio criminal soviético, onde era designada por «tatuagem ícone». Há muitas explicações para a sua existência. 

Uns diziam: a proteção contra a violência da polícia e dos guardas prisionais. Os criminosos soviéticos acreditavam que o guarda prisional não iria disparar contra a imagem do «amado líder» [na verdade os prisioneiros na URSS eram executados com um disparo na nuca] e não ousaria golpear a face de Lenine com um bastão. Na verdade, era muito mais uma esperança psicológica do que a garantia real.

Outros afirmavam: é uma espécie de escudo sagrado. Na cultura prisional soviética e russa, acreditava-se que o rosto de Lenine ou de Estaline protegiam o dono da morte e do infortúnio — quase como um amuleto. Havia também uma explicação sobre o prestígio. Estas tatuagens eram feitas apenas aos criminosos «certos»: demonstravam autoridade e experiência, os novatos não tinham o direito às tais tatuagens. 

Muito interessante é a versão de um lendário investigador da polícia ucraniana.

— Quem é Lenine? — perguntou ele. — O Líder da Revolução de Outubro. As três primeiras letras [em russo perfazem a abreviatura] VOR [ladrão]. Só isso. Lenine no peito é apenas uma designação: Ladrão. 

Fotografia/texto: Efrem Lukatsky

Bónus. Em agosto de 1967, dois jovens prisioneiros foram levados para o hospital prisional da cadeia operativa (SIZO №1) da cidade ucraniana de Donetsk. Eles foram trazidos para a enfermaria não para os tratamentos – lá foram lhes dissecadas as tatuagens de “conteúdo hostil”.

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