Discutia-se que por um lado o título geral: “Renascimento Fuzilado. Antologia 1917-1933” soaria de uma forma impressionante. Por outro lado, o modesto título “Antologia” poderia facilitar a penetração do livro atrás da Cortina de Ferro. Decidiu-se, então, pelo título inicial.
O Renascimento Fuzilado (também Renascimento Vermelho) é uma geração científica, educacional, espiritual, cultural, literária e artística das décadas de 1920 e 1930 na Ucrânia soviética, que produziu obras e realizações altamente artísticas nos campos da literatura, filosofia, pintura, música, teatro, cinema, educação e ciência, e que foi principalmente aniquilada fisicamente durante as duas ondas do terror comunista soviético (1935-36 e 1936-38).
Ao longo de uma década (1921-1931), a cultura ucraniana conseguiu compensar o atraso e até superar a influência de outras culturas, em particular a russa, no território da Ucrânia (a 1 de outubro de 1925, existiam 5.000 escritores na Ucrânia socialista).
A mais influente das associações literárias ucranianas foi «Hart», mais tarde renomeada «VAPLITE» (Academia Livre de Literatura Proletária). Foi a VAPLITE, representada por Mykola Khvylovy, que iniciou o famoso debate literário de 1925-1928 e o venceu, comprovando a existência e a necessidade de uma literatura nacional, específica e ucraniana, virada para a Europa e não para a rússia.
Alguns dos reprimidos e perseguidos intelectuais ucranianos conseguiram escapar à morte e sobreviver nas prisões e nos campos de concentração soviéticos. Alguns deles conseguiram mesmo fugir dos campos de concentração (Ivan Bahryany). Após cumprir a sua pena, Ostap Vyshnya tornou-se um defensor obediente do regime estalinista, e Borys Antonenko-Davydovych, que só foi libertado, após a sua reabilitação em 1957, manteve-se em oposição ao regime soviético até ao fim da sua vida.
Não existem números exatos sobre o número de intelectuais ucranianos reprimidos e perseguidos durante as repressões comunistas durante o período do Renascimento Fuzilado. Segundo algumas fontes, o número chegou às 30.000 pessoas.
![]() |
| Faça click para ler mais em ucraniano |
De acordo com a avaliação da Associação de Escritores Ucranianos «Slovo» (uma organização de escritores ucranianos no exílio), enviada a 20 de Dezembro de 1954 ao Segundo Congresso de Escritores da União Soviética, em 1930, eram ativos 259 escritores ucranianos e, após 1938, apenas 36 deles (13,9%) viram as suas obras publicadas. Segundo a organização, 192 dos 223 escritores «desaparecidos» foram alvos de repressões do Estado soviético (fuzilados ou presos em campos de concentração com possibilidade de fuzilamento ou morte), 16 simplesmente desapareceram e 8 suicidaram-se.
Estes dados estão em concordância com o martirológio de escritores ucranianos, «Altar da Dor» (compilador-chefe: Oleksa Musienko), que lista 246 escritores vítimas do terror estalinista. Este número é mais do dobro do total de escritores ucranianos aí mencionados que foram alvos de repressão de outros regimes, em particular, o período da ocupação nazi (55), da era Brejnev (29), no império russo pré-1917 (11), na Áustria-Hungria (3) e outros. De acordo com outros dados, de 260 escritores ucranianos ativos na década de 1930, 228 foram alvo de repressões comunistas.
Bónus
A primeira exibição pública de um filme no império russo foi organizada em Kharkiv pelo fotógrafo Alfred Fedetsky em dezembro de 1896. Em 1930 aconteceu a exibição do primeiro filme sonoro soviético: «Entusiasmo: Sinfonia de Donbas» (1931), filmado por Dziga Vertov na estúdio de cinema Ukrainfilm, em Kyiv.



Sem comentários:
Enviar um comentário