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| Imagem ilustrativa AI Art & Universo Ucraniano |
por: Yuriy Petko (o título do artigo é de responsabilidade deste blogue)
O PCP: neutralidade ou apoio disfarçado?
Desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022, o PCP tem-se recusado sistematicamente a condenar de forma clara e inequívoca a agressão de vladimir putin à Ucrânia. Nas palavras do partido, o conflito é resultado da “expansão da NATO” e da “ingerência dos EUA e da União Europeia”, como se isso justificasse a destruição de cidades, a morte de civis e a deportação forçada de crianças ucranianas.
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| Cidade de Kyiv após os bombardeamentos russos |
Este tipo de posicionamento, que ecoa diretamente a retórica de Moscovo, não pode ser ignorado. Quando uma força política nacional se alinha com os argumentos do agressor, deixa de ser neutral — torna-se cúmplice.
Alexandre Guerreiro: o ex-espião que serve o Kremlin
O caso de Alexandre Guerreiro é ainda mais grave. Antigo analista do SIED (Serviço de Informações Estratégicas de Defesa), Guerreiro reapareceu como comentador televisivo e “especialista” em relações internacionais. Mas as suas análises rapidamente se revelaram mais panfletárias do que objetivas.
Guerreiro participou em conferências organizadas por instituições ligadas ao Kremlin, como o MGIMO (Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscovo) e o movimento russofilista internacional. Em 2023, esteve presente num congresso internacional em Moscovo ao lado de figuras como Maria Zakharova e Sergey Lavrov — rostos da propaganda oficial russa. Foi elogiado pelo próprio ministro dos Negócios Estrangeiros da rússia.
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| Cidade de Kharkiv, bairro de Saltivka, após os bombardeamentos russos, 2024 |
Nas suas declarações públicas, Guerreiro afirma que “não há uma guerra”, que “a Rússia é uma democracia comparável ao Ocidente” e que “Putin não é um ditador”. Estes delírios, que desrespeitam a verdade e insultam as vítimas da invasão, não são apenas lamentáveis — são perigosos. A Universidade de Lisboa já o afastou de atividades académicas, mas isso não impediu a sua crescente presença nos meios pró-Kremlin.
Apesar de afirmar que não é financiado pela Rússia, o padrão é claro: presença em eventos russos, eco da propaganda oficial, e disseminação de desinformação — tudo sob a capa da “liberdade de expressão”.
Ligações financeiras e ideológicas
Até hoje, não há provas públicas de financiamento direto do PCP por parte do Kremlin. Contudo, a proximidade ideológica é indiscutível. A recusa do partido em apoiar sanções à rússia, a retórica anti-NATO e o isolamento face ao consenso europeu sobre Ucrânia colocam-no num patamar semelhante ao de outras forças extremistas da Europa — de esquerda ou de direita — que servem de caixa de ressonância dos interesses do regime russo.
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| Cidade de Lviv após os bombardeamentos russos, 2024 |
O silêncio que grita
A guerra na Ucrânia é, acima de tudo, uma guerra moral. Quando partidos e figuras públicas portuguesas escolhem o lado do agressor, mesmo que o façam com rodeios ideológicos, prestam um desserviço à democracia. A liberdade de expressão não é licença para legitimar tiranias.
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| Cidade de Sumy após os bombardeamentos russos, 2025 |
É tempo de fazer perguntas difíceis. Por que razão o PCP insiste em justificar o injustificável? Que motivações tem Alexandre Guerreiro para repetir os argumentos de um regime que persegue jornalistas, reprime a oposição e invade nações soberanas? Sobretudo, até quando o silêncio de muitos vai permitir que estas vozes continuem a falar em nome de Portugal?





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