quarta-feira, maio 28, 2025

Agentes russos em Portugal: PZP, Alex Gue e outros tontos

Imagem ilustrativa AI Art & Universo Ucraniano

Enquanto Ucrânia arde sob as bombas russas e milhões de civis são forçados a fugir das suas casas, há quem, em território europeu, prefira apontar o dedo às vítimas em vez do agressor. Em Portugal, o Partido Comunista Português (PCP) e figuras como o ex-analista dos serviços secretos Alexandre Guerreiro tornaram-se vozes pró-russas — não pela coragem, mas pela conivência com a narrativa de um regime autoritário e belicista. 

por: Yuriy Petko (o título do artigo é de responsabilidade deste blogue) 

O PCP: neutralidade ou apoio disfarçado?

Desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022, o PCP tem-se recusado sistematicamente a condenar de forma clara e inequívoca a agressão de vladimir putin à Ucrânia. Nas palavras do partido, o conflito é resultado da “expansão da NATO” e da “ingerência dos EUA e da União Europeia”, como se isso justificasse a destruição de cidades, a morte de civis e a deportação forçada de crianças ucranianas.

Cidade de Kyiv após os bombardeamentos russos

Em março de 2022, os eurodeputados comunistas portugueses João Pimenta Lopes e Sandra Pereira votaram contra uma resolução do Parlamento Europeu que condenava a invasão russa. Para o PCP, a prioridade não é a defesa das vítimas, mas a denúncia de um suposto “escalamento militar” promovido pelo Ocidente. Não satisfeitos, os deputados recusaram ainda participar na sessão do Parlamento com a intervenção do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, qualificando o líder de um país atacado como símbolo de um poder “xenófobo e belicista”.

Este tipo de posicionamento, que ecoa diretamente a retórica de Moscovo, não pode ser ignorado. Quando uma força política nacional se alinha com os argumentos do agressor, deixa de ser neutral — torna-se cúmplice.

Alexandre Guerreiro: o ex-espião que serve o Kremlin

O caso de Alexandre Guerreiro é ainda mais grave. Antigo analista do SIED (Serviço de Informações Estratégicas de Defesa), Guerreiro reapareceu como comentador televisivo e “especialista” em relações internacionais. Mas as suas análises rapidamente se revelaram mais panfletárias do que objetivas.

Guerreiro participou em conferências organizadas por instituições ligadas ao Kremlin, como o MGIMO (Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscovo) e o movimento russofilista internacional. Em 2023, esteve presente num congresso internacional em Moscovo ao lado de figuras como Maria Zakharova e Sergey Lavrov — rostos da propaganda oficial russa. Foi elogiado pelo próprio ministro dos Negócios Estrangeiros da rússia.

Cidade de Kharkiv, bairro de Saltivka, após os bombardeamentos russos, 2024

Nas suas declarações públicas, Guerreiro afirma que “não há uma guerra”, que “a Rússia é uma democracia comparável ao Ocidente” e que “Putin não é um ditador”. Estes delírios, que desrespeitam a verdade e insultam as vítimas da invasão, não são apenas lamentáveis — são perigosos. A Universidade de Lisboa já o afastou de atividades académicas, mas isso não impediu a sua crescente presença nos meios pró-Kremlin.

Apesar de afirmar que não é financiado pela Rússia, o padrão é claro: presença em eventos russos, eco da propaganda oficial, e disseminação de desinformação — tudo sob a capa da “liberdade de expressão”.

Ligações financeiras e ideológicas

Até hoje, não há provas públicas de financiamento direto do PCP por parte do Kremlin. Contudo, a proximidade ideológica é indiscutível. A recusa do partido em apoiar sanções à rússia, a retórica anti-NATO e o isolamento face ao consenso europeu sobre Ucrânia colocam-no num patamar semelhante ao de outras forças extremistas da Europa — de esquerda ou de direita — que servem de caixa de ressonância dos interesses do regime russo.

Cidade de Lviv após os bombardeamentos russos, 2024

Estudos e investigações internacionais apontam para uma estratégia russa de apoio indireto a partidos radicais em toda a Europa, com o objetivo de enfraquecer a coesão da UE e deslegitimar as instituições democráticas. Portugal não é exceção.

O silêncio que grita

A guerra na Ucrânia é, acima de tudo, uma guerra moral. Quando partidos e figuras públicas portuguesas escolhem o lado do agressor, mesmo que o façam com rodeios ideológicos, prestam um desserviço à democracia. A liberdade de expressão não é licença para legitimar tiranias.

Cidade de Sumy após os bombardeamentos russos, 2025

É tempo de fazer perguntas difíceis. Por que razão o PCP insiste em justificar o injustificável? Que motivações tem Alexandre Guerreiro para repetir os argumentos de um regime que persegue jornalistas, reprime a oposição e invade nações soberanas? Sobretudo, até quando o silêncio de muitos vai permitir que estas vozes continuem a falar em nome de Portugal?

Sem comentários: