domingo, maio 05, 2019

O que realmente aconteceu em Odessa em 2 de maio de 2014

No 9º aniversário da derrota do movimento separatista em Odessa, a propaganda anti-ucraniana novamente tentará usar a tese da “chacina” dos “pacíficos defensores da federalização da Ucrânia”. Os mesmos que naquele dia mataram Ihor Ivanov e Andriy Biryukov, ambos ativistas do Setor da Direita e russos étnicos, atingidos pela munição 5,45, disparada do AKS-74U.

1. Confrontos começaram muito antes da sua culminação no Edifício dos Sindicatos

Na cidade de Odessa estavam ativos dois grupos da ativistas — pro-Ucrânia (Samooborona/Autodefesa) e pró-russos e anti-ucranianos — Anti-Maydan; “Druzhina de Odessa” (literalmente “Pelotão de Odessa”), composta por indivíduos que nos meses anteriores atacavam e raptavam os ativistas ucranianos do movimento Maydan.
Separatistas do “Pelotão de Odessa”: “morte aos fascistas, viva Rus”
No dia 2 de maio de 2014, cerca 16h00 da tarde, na zona das ruas Deribasivska e Hretska (Grega), decorreram os confrontos entre defensores da Ucrânia e os separatistas, as duas partes usavam pedras, petardos e coquetéis Molotov. Os separatistas usam os petardos artilhados com elementos metálicos.

Os alegados “pacíficos defensores da federalização da Ucrânia” tinham essa aparência:

2. Os separatistas pró-russos usavam armas de fogo contra os defensores da Ucrânia

O separatista pró-russo Vitaly “Bootsman” Budko dispara contra os defensores da Ucrânia, usando a espingarda automática / fuzil de assalto AKS-74U, um outro separatista dispara, usando uma arma parecida com UZI.

Os ativistas pró-Ucrânia foram alvejados à partir do telhado do centro comercial/shopping “Afina” — nas vésperas o local foi tomado de assalto pelos separatistas:

3. Os primeiros mortos eram dois ucranianos
Os dois ucranianos mortos em Odessa no dia 2 de maio de 2014 — Ihor Ivanov e Andriy Biryukov [ambos ativistas do Setor da Direita e russos étnicos] — eles foram atingidos pela munição 5,45 — usada pelo AKS-74U.

4. Chefe da polícia de Odessa apoiava os separatistas

O chefe da polícia de Odessa, Dmytro Fuchedzhi (1961) não interveio para parar a desordem separatista, não reagiu, mesmo depois dos primeiros ativistas mortos – aparentemente, ele esperava que as forças separatistas sejam vitoriosas. Existem inúmeras fotos de Dmytro Fuchedzhi rodeado dos separatistas pró-russos, e muitos funcionários do Ministério do Interior afetos ao MVD de Odessa naquele dia usavam braçadeiras vermelhas, denotando pertencerem aos separatistas.
Separatistas pró-russos e chefe da polícia de Odessa Dmytro Fuchedzhi
Apesar da tentativa da propaganda russa de afirmar que as braçadeiras vermelhas eram alegadamente usadas pelos militantes do “Setor da Direita”, nas várias fotos se vê que essas braçadeiras eram usadas pelas mesmas pessoas que ostentavam a “fita de São Jorge”, um claríssimo marco dos separatistas.

Na foto em baixo à esquerda, um polícia/policial com a braçadeira vermelha, na foto à direita, os separatistas pró-russos, usando a mesma braçadeira vermelha e a “fita de São Jorge”.

O vídeo que mostra o separatista pró-russo Vitaly “Bootsman” Budko à disparar contra os defensores da Ucrânia, se escondendo atrás da fila da polícia, que não o prende, nem retira a sua arma:

Desde o dia 6 de maio de 2014 Dmytro Fuchedzhi abandonou Ucrânia, aparentemente ele vive na Rússia, onde foi lhe concedida a cidadania russa.

5. Coquetéis Molotov foram usados por duas partes

Quando os separatistas sentiram a aproximação da sua derrota, eles recuaram até o Edifício dos Sindicatos, onde, por exemplo, estavam atirar os coquetéis Molotov, à partir do telhado do edifício, contra os defensores da Ucrânia:

6. Nunca ouve nenhum «abatimento dos derrotados»

Apesar da tese da propaganda russa de que os ucranianos “queimaram vivos os pacíficos defensores da federação, dando golpes de misericórdia nos feridos”, isso nunca aconteceu. De fa(c)to, muitos que estavam dentro do Edifício dos Sindicatos tiveram a oportunidade de sair, quando o fogo estava apenas começando – e muitas pessoas fizeram exatamente isso – ninguém os tinha perseguido ou atacado. Após início de incêndio, quando começou arder a entrada principal – os ativistas pró-ucranianos ajudaram aqueles que estavam dentro do prédio, usando andaimes.

Nos materiais de investigação da televisão independente OM-TV sobre os eventos de Odessa em 2 de maio de 2014, é possível ver que a maioria das vítimas do incêndio estava nos andares superiores do Edifício dos Sindicatos – aparentemente, eles nem sequer tentaram deixar edifício nas fases iniciais do incêndio. 
A grande questão é por que não vieram os bombeiros com escadas longas, mas isso é uma questão para as autoridades da cidade [sob controlo dos separatistas e/ou seus simpatizantes].

O que realmente aconteceu em Odessa em 2 de maio de 2014

Ninguém matou “povo pacífico” – houve um confronto paramilitar entre dois grupos de ideologias definidas e opostas, durante o qual houve morte de ambos os lados, e um dos lados venceu durante os confrontos, impedindo a criação da “república popular de Odessa”.

O “pesar” por parte da imprensa/mídia propagandista [russa e qualquer outra] parece extremamente hipócrita – eles não sentem nenhuma pena das pessoas, apenas a pena por terem perdido a batalha de Odessa. Tal como a propaganda anti-ucraniana difamou a Centena Celestial que defendeu Euromaydan – que estava realmente desarmada e morreu sob as balas dos assassinos, não num incêndio.

Foto: arquivo | Texto: Maxim Mirovich e [Ucrânia em África]

Blogueiro: uma das explicações possíveis do comportamento ilógico dos separatistas no Edifício dos Sindicatos, é a alegada informação que estes receberam no dia 2 de maio: aguentar apenas algumas horas, para que, de seguida sejam apoiados pelos blindados dos separatistas da Transnístria. Naturalmente, em duas horas estes blindados não chegariam à Odessa, mas achamos bastante crível que este tipo de promessa enganosa poderia ser dada aos separatistas pelos seus curadores afetos ao Kremlin.

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