quinta-feira, março 06, 2025

Um prato de borsch ucraniano pela morte do ditador soviético

Foto: cdn-s-static.arzamas.academy
A 5 de março de 1953, o líder soviético Iosif/Jose Estaline morreu. Enquanto os comunistas lamentavam a morte de um dos ditadores mais brutais do século XX, o restaurante «1203», em Washington, servia o borsch gratuito, para celebrar este acontecimento.

As fotografias foram tiradas no restaurante em Washington, DC, propriedade de Robert «Bob» Siedel. O seu restaurante ficava na Avenida Pensilvânia, 1203, daí o nome. O cartaz foi colocado após a morte do ditador soviético, ocorrida a 5 de março de 1953. Um fotógrafo da imprensa tirou as fotografias da empregada de mesa Eileen Keenan a oferecer um prato a um homem à entrada. A foto foi publicada a 9 de março de 1953, no jornal The News-Herald, publicado em Franklin, Pensilvânia.

Foto: cdn-s-static.arzamas.academy

Apesar da versão popular na Internet, Bob Seidel não pertencia à diáspora ucraniana. Simplesmente revelou-se um empresário inteligente que decidiu celebrar a morte do tirano soviético oferecendo um prato gratuíto de borscht aos clientes do seu restaurante. Em 1953 ele avisou os meios de comunicação locais, que registaram aquele dia para a história. Siedel também usuou vários outros esquemas das RP para chamar a atenção para o seu negócio. Morreu em 1970.

Ler mais sobre a promoção organizada pelo proprietário do restaurante «1203» em Washington no texto em ucraniano → https://bit.ly/4bpkOKE

Bónus 

Dia Internacional do Borscht 

A sopa ucraniana borsch em 2022 finalmente ganhou um reconhecimento histórico: foi inscrita pela UNESCO na Lista do Património Cultural Imaterial que Necessita de Salvaguarda Urgente.

O borsch é mais do que beterraba, couve, batata, tomate, carne e nata azeda. É parte da vida familiar e comunitária da Ucrânia, com festivais e celebrações dedicados a esta tradição que remonta a 1548, quando um viajante alemão registrou a receita perto de Kyiv, na região do rio Borschtivka (atual bairro Borschahivka). 

A candidatura ucraniana à UNESCO foi acelerada devido à invasão russa em curso, que ameaça o patrimônio imaterial e a memória cultural do país. A inscrição reforça que o borsch não é exclusivo, mas reconhece a importância da tradição ucraniana na sua preservação. 

A cultura alimentar é também um campo de resistência: manter viva a receita do borsch é resistir à destruição da identidade e história ucraniana, mesmo em tempos de guerra. Para a Ucrânia, os emigrantes espalharam o sabor do borsch pelo mundo, inclusive ao Brasil, tornando-o um símbolo internacional da cultura ucraniana. 

Mas a decisão não passou despercebida: conhecida pelas inúmeras polêmicas, a porta-voz do Ministério dos Assuntos Estrangeiros da rússia classificou a iniciativa como “nazismo”, no marco de uma política centenária de apropriação cultural pelo império russo. Naquele momento, no auge dos avanços militares russos em 2022, tratava-se de mais uma expressão da ampla tentativa de destruir a estatalidade ucraniana e, paralelamente à devastação das cidades, dissolver a identidade nacional do nosso povo. 

Hoje tradicionalmente no segundo sábado de setembro celebramos o sabor, a memória e a identidade de um prato que atravessa gerações. Que o borsch continue a unir famílias e comunidades, preservando a riqueza cultural da Ucrânia soberana e independente!

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