terça-feira, maio 05, 2020

O padre ucraniano que salvava os judeus no Holocausto

Metropolita Andrey Sheptytsky em 1921, foto: Wikipedia
Metropolita Andrey Sheptytsky liderou a Igreja Grego-Católica Ucraniana na época da II G.M. O metropolita Sheptytsky alertava o Vaticano sobre as atrocidades nazis contra os judeus, arriscando a sua vida, na tentativa de evitar o Holocausto.

Os arquivos de papa Pius/Pio XII [o líder da igreja católica durante os anos da Segunda Guerra Mundial] no Vaticano, que foram abertos recentemente permitiram aos pesquisadores alemães descobrir mais evidências de que Pio estava muito ciente do genocídio dos judeus e tomou pouca ou nenhuma ação contra ele.

Mas os arquivos também lançaram uma nova luz sobre uma figura menos conhecida, mas crucial na história: Andrey Sheptytsky, que liderava a Igreja Grego-Católica da Ucrânia na mesma época.

Alguns há muito tempo pedem que Sheptytsky se torne um Justo Entre as Nações, o título de Israel para não-judeus que arriscaram suas vidas para salvar judeus do Holocausto. Mas Yad Vashem, memorial do Holocausto de Israel, resistiu a isso. As novas informações sobre Sheptytsky oferecem a seus simpatizantes uma nova chance de honrar seu recorde histórico.

O fundo

Sheptytsky e seu irmão, Klymentiy, que foi reconhecido como justo, abrigaram mais de cem judeus em mosteiros e organizaram grupos que os ajudaram a se esconder, de acordo com vários historiadores, incluindo o historiador de Yale Timothy Snyder. Andrey Sheptytsky também protestou publicamente o assassinato de judeus e denunciou seus próprios congregantes por participarem da violência.

Nascido em uma nobre família polaca/polonesa na Ucrânia em 1865, Andrey Sheptytsky se juntou ao clero, apesar da oposição de seu pai. Klymentiy, quatro anos mais novo que Andrey, seguiu os passos do irmão mais velho. Andrey falava hebraico fluentemente e era doador regular de causas judaicas na área de Lviv, onde morava. [...]

As novas evidências

Nos arquivos do Vaticano, os pesquisadores da Universidade de Munster descobriram que Sheptytsky escreveu ao papa uma carta que falava de 200.000 judeus massacrados na Ucrânia sob a ocupação alemã “diabólica”.

Escrever essa carta, cujo conteúdo completo ainda não foi publicado, constituiu um crime capital sob a ocupação nazi e, portanto, pode ser visto como uma nova evidência de que o Sheptytsky arriscou sua vida para salvar judeus.

O Secretário de Estado do Vaticano, Angelo Dell'Acqua, que mais tarde se tornou cardeal, alertou em um memorando na época para desacreditar um relatório da Agência Judaica sobre o Holocausto porque os judeus “exageram facilmente”. Ele também descartou o relato de Sheptytsky, dizendo que “os orientais não são realmente um exemplo de honestidade”, revelou a pesquisa alemã.[...]

Especialistas estão “monitorando as notícias que saem do Vaticano”, disse um porta-voz do Yad Vashem: “Esperamos que, uma vez terminada a crise da saúde, possamos retomar o trabalho regular e examinar esses documentos em primeira mão”, disse o porta-voz. “Naquela época, os historiadores terão uma melhor compreensão de todas as suas implicações”.

Ler o texto integral em inglês.

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