Foto principal @Jan Boehat / Internet |
Diego Marczuk (14.11.1993) chamou o interesse dos grupos OSINT ucranianos quando no fim de 2015 escreveu ao grupo «InformNapalm», se apresentando como cidadão brasileiro que combateu na Donbas na qualidade do “militante pró-russo”, ficando totalmente desencantado
com a «novaróssia», com as ideias e práticas terroristas e
como tal desejava entrar nas fileiras do regimento «Azov». A informação hoje
disponível permite supor que as estruturas «euroasianas», afetas à ideologia “duginista” tiveram, após receberem “OK” dos seus curadores russos, a ideia brilhante de tentar colocar
uma «toupeira» no regimento «Azov». Usando, com mais ou menos consentimento um “idiota útil” estrangeiro no papel do coprófago, na expressão
do ex-oficial do GRU e escritor, Victor Suvorov.
Greetings from Brazil,
I was a brazilian volunteer
in novarussia for something like half year. I am and always been ANTI
communist. Just went to learn with them to fight against communists in Brazil
(something like maidan may happen here). This experience I noticed brutal
violence, torture, slavery, theft and corruption (also know positions and key
locations). I'm open to help with all information possible about such
experience. If it was possible, I would join Azov Battalion. Thanks regarding
the answer positive or not.
(texto a mensagem do Diego ao «IN» em inglês, ortografia e pontuação são originais).
(texto a mensagem do Diego ao «IN» em inglês, ortografia e pontuação são originais).
Não é preciso dizer que «IN» não acreditou na sinceridade destes novas convicções do terrorista e após uma curta correspondência passou
o seu «caso» ao grupo OSINT brasileiro «Myrotvorets Brasil», a unidade estrutural do grupo ucraniano “Myrotvorets” naquele país da América Latina.
Julgando pela correspondência inicial com o terrorista
e uma investigação OSINT posterior mais aprofundada, possuindo as reais convicções anticomunistas, embora bastante primárias e pouco
estruturantes, sonhando com
aventura, fama e viagens, Diego quis se juntar à Legião Estrangeira Francesa.
Não possuindo
qualquer experiência militar e não apresentando
alguma forma física extraordinária, era muito pouco
provável ser aceite naquela unidade de elite.
Diego Marczuk durante a sua permanência ilegal na Ucrânia |
Não se sabe ao certo,
mas o mais provável que através da redes sociais Diego conheceu Sergej Munier (03.08.1990
ou 1992), natural
de Luhansk que em criança emigrou para a França com a sua mãe e que realmente
serviu na Legião Estrangeira (1-er
régiment de spahis). Este terrorista internacional participou em
duas campanhas de combates contra Ucrânia,
em 2014 e 2015, inserido nos bandos «Vostok» e «Pyatnashka». Munier que em França passou por várias organizações de extrema-direita e na Ucrânia estava próximo dos neonazis russos do «Exército ortodoxo» (“guarda-chuva”
ideológica dos nazis russos
na guerra contra Ucrânia),
na
imprensa russa, nomeadamente no canal russo «Rossija24», é apresentado como «voluntário francês nas fileiras dos
voluntários de Donbas».
A casa nada luxuosa da família do Diego Marczuk em São Paulo |
Durante algum tempo Munier serviu como «instrutor» no bando «Pyatnashka», onde treinava os estrangeiros, devido à sua experiência militar e domínio de língua russa e inglesa. O terrorista participou nos combates em
Pisky, Mariinka e Debaltseve. Foi ele que tinha proposto ao Diego combater na Ucrânia, juntando assim, dois sonhos do
brasileiro: ganhar
a experiência em combate e algum dinheiro. Ao jovem
oriundo da classe média baixa, à julgar pela aparência da sua casa familiar em São Paulo, propuseram combater os «comunistas» e «progressistas» (isso é, ucranianos), por 17.000 rublos russos mensais (cerca de 269
Euros).
Sabe-se ao certo que Diego Marczuk estive ilegalmente na Ucrânia entre 19.02.2015 e 07.09.2015, passando pela parte da fronteira não controlada pelas
forças ucranianas.
Diego (cabeça ligada) na companhia do Victor Afonso-Lenta |
A sua primeira
experiência de combate recebeu no bando «Unité Continentale» (a parte estrangeira do bando «Prizrak», hoje não existente), criada pelos “duginistas” franco
sérvios, em primeiro lugar pelos terroristas franco-colombiano Victor
Afonso-Lenta e
franco-sérvio Nicola Perovic (mais
tarde à eles se juntaram alguns brasileiros e espanhóis). Marczuk descreve «Unité» como grupo dirigido pelo FSB que fornece financiamento,
as tarefas operativas e outro tipo de dicas.
Lusvarghi, primeiro à esquerda de boné militar |
Nas fileiras da «Unité» Diego se encontrava com já conhecido Rafael Lusvarghi, à quem descreve como comandante e
combatente bastante fraco, um esforço da propaganda terrorista, uma espécie de «metrossexual» de Donbas, mais preocupado com as selfies e com o
seu kilt do que com os subordinados e seguidores.
Na Donbas Marczuk também conheceu o chefe do bando «Prizrak» Aleksey Mozgovoy que recorda de foram
bastante negativa:
Vulgo Mozgovoy, ex lider da
brigada Prizrak. Conhecido por errar em nao tomar a frente nas batalhas, O cara
que chamou um estrangeiro da unidade internacional de macaco. O dia da noticia
da morte deste elemento foi uma comemoração entre alguns elementos estrangeiros
(pro russos).
(o
comentário deixado pelo Diego na página de uma conhecida comunidade duginista
brasileira, print screan do web-cashe, ortografia e pontuação da original).
Dado
que a grande maioria dos terroristas brasileiros que passaram pelo leste da
Ucrânia possuem as raízes afro-brasileiras, o racismo “antifascista” dos
defensores da “novaróssia” se tornava para eles um adicional elemento de
stress, ao par dos combates, algo para que não estavam preparados nem
fisicamente, nem psicologicamente.
A experiência de dois meses no bando «Pyatnashka» (que estava ativo nos arredores de Shyrokyne) Marczuk também
avalia bastante negativamente (postagem
na rede Facebook de 29/10/2015, já
apagada):
Devia
no minimo nao citar esse “Pyatnashka” nessa pagina, depois desse batalhao fuder
com os brasileiros que la passaram, batalhao corrupto em todos os niveis (porem
tem muitas pessoas de bem). Os comandantes de la pouco se importam com a vida
dos voluntarios, cansei de ver gente morrer por causa de desorganizaçao e falta
de equipamento (preservados
a ortografia e pontuação originais).
Nas conversas privadas Diego Marczuk se queixava que no bando “Pyatnashka” era vítima de humilhações, como brasileiro e como estrangeiro. Uma vez os outros terroristas roubaram os
seus pertences pessoais, situação normal e até
quotidiana naquele bando, como recorda o próprio brasileiro: «os membros desejam a morte dos seus
colegas para ficar com as suas coisas pessoais».
Engraçado, mas os roubos eram praticados não apenas pelos membros locais ou os russos, mas também pelos “voluntários” franceses, casos do Munier e Mael Shleuh (28.01.1988), no passado 1º cabo do
exército francês, mercenário estrangeiro da «dnr». Diego recorda que a dupla
permanentemente roubava os pertences dos terroristas mortos e feridos, podia
sacrificar algum «miliciano», o mandando para a morte certa, na
tentativa de provar o seu peso e influência no seio do bando. O brasileiro descreve Munier como personagem
de «esquerda caviar, poser propagandista estrangeiro que só tirava fotos no
front mostrando arranhões como se fossem feridas de guerra».
O terrorista franco-colombiano Victor Afonso-Lenta escrevendo sobre Diego Marczuk no seu Facebook |
A
investigação OSINT ucraniana permite supor que atualmente existe na França uma
rede pequena, mas ativa dos angariadores à guerra pela «novaróssia»,
formada pelos veteranos
russos e pós-sovieticos da Legião Estrangeira, com ajuda clara das estruturas «duginistas» que, seguramente, são controlados
pelos seus curadores do FSB.
Diego também conta que o chefe do bando «Pyatnahska», Akhra “Abkhaz” Avidzba (27.01.1986) vendia os suprimentos aos membros estrangeiros do seu próprio bando, nada cobrando aos terroristas russos, embora estes recebiam as
quantidades mais reduzidas. Diego Marczuk recorda que os estrangeiros recebiam quaisquer suprimentos de alimentos ou equipamentos em último lugar, do cada pagamento do valor dos seus “salários” o chefe “Abkhaz” se apropriava dos 2.000
rublos russos, alegadamente para as necessidades da unidade.
Dois meses depois,
Diego passou ao bando «Sparta», sob comando do cidadão russo Arsen “Motorola”
Pavlov, a unidade que ao seu ver recebia o melhor armamento e equipamento que
chegava à Ucrânia nos assim chamados «comboios humanitários» russos.
A figura do «Motorola» Diego
avalia como «propagandista», explicando que «Sparta» era comandada pelos
militares russos e os curadores de FSB, que usavam o terrorista russo apenas
como um certo símbolo. Pavlov, no recordar do Diego não era nada o tipo
destemido, descrito pela propaganda russa, nos locais públicos ele sempre
andava rodeado de vários guarda-costas que simplesmente tentavam não aparecer
perante os objetivos dos propagandistas russos.
Diego
Marczuk aka «Félix»
Em abril de 2015 na
revista brasileira “Isto é” foi publicada a reportagem especial chamada «Quem
são os brasileiros na guerra da Ucrânia».
A reportagem conta sobre os terroristas brasileiros da assim
chamada “1ª leva”,
os que apareceram na Ucrânia em 2014-15. Um deles é jovem “Félix” de 20 anos (Diego já tinha 21), estudante, sem nenhuma experiência militar, veio ao território ocupado da Ucrânia com
o seu “pai” em fevereiro de 2015. Já nos meados de março “Félix” estava se recuperar de hipotermia que apanhou nas trincheiras da linha da frente: «A guerra de verdade é muito diferente do que a gente
pensa, não tem nada a ver com o vídeo-game». O jornalista também conta que no Brasil “Félix” era adepto dos jogos tipo shooter, casos de «Call of Duty» ou «Medal of Honor». Já
na Donbas o aprendiz de terrorista afirmava «não tenho ideologia, não gosto de nenhuma ideologia
política».
Verificando e comparando os dados pessoais do Diego Marczuk e «Félix», o grupo OSINT «Myrotvorets Brasil» chegou à conclusão do que se
trata da mesma pessoa. Idênticos ou muito semelhante eram a idade, data de chegada na Ucrânia, ausência de experiência militar e até o amor pelos jogos de vídeo. A diferença nas ideologias de um e outros pode ser facilmente explicada com a conspiração por parte do terrorista, citado pelo jornalista
brasileiro Yan Boechat, conhecido pela sua simpatia às ideias de
esquerda.
Efetuando, com ajuda dos meios técnicos do grupo OSINT ucraniano «Myrotvorets», uma análise semi-profissional comparativa dos elementos das faces do Diego Marczuk e do «Félix», os ativistas receberam uma resposta esperada: 67% de possibilidade do que o terrorista brasileiro «Félix» que aparece mascarado na capa da revista
“Isto é” (e algumas outras publicações
brasileiras), com
RPG-7 nas mãos e cidadão brasileiro, mercenário e terrorista internacional Diego José Marchuk Polónio
é a mesma pessoa.
Vontade
de servir no regimento «Azov»
Na explicação do Diego
Marczuk a principal motivação de desejar se alistar no «Azov» foram as suas
próprias convicções de direita e anticomunistas. Para provar a serenidade da
sua decisão ele entregou aos ativistas OSINT ucranianos uma série de dados
confidenciais, nomeadamente, os nomes, caraterísticas e contatos dos
angariadores dos terroristas na Rússia, Europa e Brasil; os mapas com a
localização exata das bases e movimentos dos bandos terroristas «Sparta» e «Pyatnashka»,
as caraterísticas pessoais dos líderes dos grupos terroristas, nomeadamente
Pavlov «Motorola» e Rafael Lusvarghi. Uma parte dessa informação não possuía
nenhum valor operativo, outras informações se revelaram realmente úteis e
permitiram a criação do retrato psicológico do Lusvarghi, parte da operação
especial que permitiu a sua captura e detenção no aeroporto internacional de
Kyiv em outubro de 2016.
O mapa das posições e aquartelamento do bando "Sparta" que Diego entregou às forças ucranianas |
Após não conseguir
explicar, de forma convincente, o seu desejo de se alistar no regimento «Azov»,
Diego contou que em 2015 ele pretendia se entregar ao SBU, mas apenas no
território russo (Sic!), para garantir que não seria preso pelas autoridades
ucranianas. Para poder se encontrar livremente na Europa e outras partes do
mundo (a natureza aventureira chamou Diego para a Síria à combater nas fileiras
dos grupos de autodefesa curdos YPG),
ele finalmente decide abandonar «dnr», entregando aos ativistas OSINT
ucranianos a informação comprometedora sobre os terroristas, contando com o
tratamento favorável das autoridades ucranianas.
É improvável que a
tentativa de implementar Diego no regimento “Azov” foi a parte de uma operação
profissional do FSB. Da mesma forma, é pouco provável que era a sua iniciativa
pessoal. Considerando que o terrorista brasileiro nunca parou de contatar os franco
sérvios apoiantes do “duginisrmo”, é possível supor que a operação poderia ser
inventada pelos “euroasianos”. Depois de receber um “OK” dos seus curadores de
Moscovo.
A correspondência entre Diego e os seus "camaradas de armas" sérvios |
Neste
contexto, Diego Marchuk parece mais um “idiota útil” estrangeiro que apesar da
sua origem polaco-lituana-ucraniana, nas suas próprias palavras: «nao sabia nada sobre maidan ou situaçao [na
Ucrânia], as escassas informaçoes era de que ucranianos defendiam interesses de
progressistas (gays, drogas, etc). Pensava eu que Russia nao era mais comunista
mas chegando em DNR era como se fosse uma pequena comuna».
Querido anónimo,
ResponderEliminarconsidero caso Marczuk como encerrado, não tenho dúvida que na capa da Veja é ele.
Após a saída do artigo ele possivelmente começou usar nom de guerre de "Derickson", mas mesmo os tópicos são dele, jogos de guerra, etc.
Em geral, só se interessa em saber o que cada um faz em 2021 (e claro, pontos interessantes, tipo processos, multas, condenações) pelo caminho.
Preparamos o texto algo como: "Os terroristas da guerra na Ucrânia ontem e hoje"
Para depois ir um por uma, do tipo:
1. Fulano de tal antes da guerra era manager, depois de voltar se tornou motorista (aka "bumbas driver".
2. Circrano, antes era go-go-boy depois se tornou sei lá o que. Em 2019 foi processado pela violência doméstica, em 2020 foi multado pela posse do documento falso, etc, etc.
3. Rafa Lulu antes era ativista de saias curtas depois está cumbrir 8 anos pelo tráfico da droga.
Ou seja, coisas curtas, ao máximo objetivas e informativas )))
Essa é a idéia )))