sábado, maio 17, 2025

15 de maio é o Dia Internacional de Vyshyvanka

Vyshyvanka, o famoso bordado ucraniano, masculino e feminino, tolerado, mas mal-visto pelo regime soviético, nas últimas décadas devolveu o seu papel na vida quotidiana dos ucranianos e das ucranianas. 

região de Kharkiv

região de Kherson

região de Donetsk

região de Luhansk

Crimeia

Desde a década de 1970, a vyshyvanka ucraniana chamou a atenção dos criativos e famosos, desde Jim Morrison dos The Doors até vários atores e atrizes de Hollywood, na sua maioria apenas por serem amigos e amigas da Ucrânia.

Cantora britânica Adele

Atriz burlesque americana Dita Von Teese

Ator e diretor ucraniano-brasileiro Guto Pasko

Atriz ucraniano-canadense Katheryn Winnick

Ator e realizador americano Liev Schreiber

Manager artístico dos «Imagine Dragons» Mac Reynolds

Realizador franco-lituano Michel Hazanavicius

Atriz americano-australiana Nicole Kidman


Os voluntários brasileiros que defendem Ucrânia (II)

Neste episódio do “Farofa com Smetana”, Alex Silva — o brasileiro que vive há nove anos na Ucrânia e é voluntário nas Forças Armadas da Ucrânia conversa com o jornalista Jared Goyette. Ele fala sobre sua motivação pessoal, o que o mantém no país, critica a visita de Lula à rússia e comenta o papel dos brasileiros que decidiram lutar pela liberdade da Ucrânia. Alex também dá conselhos a quem pensa em se voluntariar e reflete sobre a honestidade, cultura e resiliência do povo ucraniano:

 

Depoimento do Cândido «Skull», brasileiro do Rio de Janeiro, ex-militar do EB, ex-segurança, servindo há mais de um ano na Legião Internacional das Forças de Defesa da Ucrânia: «Não vim em busca de aventura. Estou aqui para ajudar. Esta é uma guerra real, não é para o TikTok» (vídeo com subtítulos em ENG, ESP e POR):

 

Depoimento do Filipe «Bandeira», ex-segurança no Brasil, operador de mísseis antiaéreos.

Conta como chegou do Rio de Janeiro, onde participou de combates (Kherson, Kramatorsk, Vovchansk na região de Kharkiv), por que considera o exército ucraniano exemplar e o que recomenda para quem deseja se juntar à luta: «Somos como uma família. Treinamento, armamento, apoio — tudo de altíssimo nível. Venha!»

 

Detalhes sobre o recrutamento: https://joinuarmy.org/pt/

Seguir nas redes sociais:


sexta-feira, maio 16, 2025

Empresa russa Alabuga Start é investigada por tráfico de pessoas em África

Imagem do Shakheed-136 abatido @breakingdefense.com

A Interpol no Botswana começou a investigar o Alabuga Start, publicitado em África como um programa de trabalho e estudo na rússia para «jovens mulheres ambiciosas», mas ligado à produção de drones militares, por possível envolvimento com tráfico humano, noticiou a Bloomberg à 25 de abril. 

Desde o seu lançamento em 2022, o Alabuga Start recrutou cerca de 350 mulheres de mais de 40 países para trabalhar na Zona Económica Especial de Alabuga, na região do Tartaristão, e pretende trazer mais 8.500 este ano, de acordo com o artigo. 

O chefe do escritório da Interpol em Gaborone, o Superintendente Sénior de Detetives Selebatso Mokgosi, disse que a investigação começou depois de as publicações da empresa nas redes sociais terem sido levadas ao conhecimento da organização. 

A Zona Económica Especial de Alabuga é um complexo industrial dedicado à engenharia mecânica e à produção de drones kamikaze Shahed, bem como das suas cópias russas em alemão, que a rússia utiliza rotineiramente nos seus ataques às infraestruturas civis da Ucrânia. 

Face à escassez de mão-de-obra, a rússia está a tentar encher as suas fábricas com esforços de extensão em algumas das nações mais pobres de África, negando que os trabalhadores irão trabalhar na produção militar. 

A Alabuga Start procura mulheres entre os 18 e os 22 anos em países como a República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Lesoto, mas também no Botswana, um dos países mais ricos per capita de África, mas que luta contra o desemprego, escreve a Bloomberg. 

O relatório de 2024 do Instituto de Ciência e Segurança Internacional, uma organização sem fins lucrativos, estimou que «mais de 90% do pessoal do programa Start» foi destacado para a montagem de drones, com o objetivo de produzir 6.000 drones por ano. 

Em Outubro passado, a Associated Press noticiou que as mulheres africanas estavam a ser forçadas a construir drones em Alabuga em condições extenuantes e perigosas, e recebiam muito menos do que lhes foi prometido. 

As investigações aprofundadas sobre a Alabuga realizadas pela Protokol, um meio de comunicação independente russo, mostraram que a empresa tem um historial de vigilância de trabalhadores envolvidos no fabrico de drones e de manter os detalhes sobre a produção em segredo. 

No ano passado, a Ucrânia confirmou ter atacado instalações militares no Tartaristão pelo menos duas vezes com ataques de drones de longa distância. Mais recentemente, drones ucranianos terão atingido a central a 23 de abril. 

Antes de a Alabuga Start intensificar o recrutamento no estrangeiro, os drones eram montados por estudantes da escola profissional próxima, a Alabuga Polytechnic. Os estudantes enfrentaram a expulsão e a ameaça de multas que variam entre 1,5 milhões e 2 milhões de rublos (18.000 a 24.000 dólares) se fossem descobertos a partilhar qualquer informação sobre o seu trabalho, de acordo com a Bloomberg.

Agentes do NKVD-MGB-KGB no episcopado ortodoxo da Ucrânia (1939–1964)

A revisão radical da política religiosa soviética que ocorreu em 1943 e permitiu restaurar as estruturas organizacionais da Igreja Ortodoxa Russa (IOR) teve um pormenor: o estabelecimento de um controlo secreto apertado por parte das agências de segurança do Estado sobre todos os aspetos da vida jurídica da igreja.

O livro documental «A rede de agentes do NKVD–MGB–KGB no episcopado ortodoxo da Ucrânia (1939–1964): formação, funções, modelos de comportamento» é uma tentativa de olhar histórico ao papel da IOR na Ucrânia no período que vem desde a auge das repressões estalinistas até o fim do degelo de Khruschev.

Mitropolita da IOR Nikolay (Yaruschevich), patriarca de Kyiv,
agente do NKVD-MGB-KGB «Pravoslavniy» (Ortodoxo)

Segundo Christopher Andrew e Vasili Mitrokhin, tanto o Patriarca Alexius como o Metropolita Nikolay «eram muito valorizados pelo KGB como agentes de influência». Nikolay teve vários encontros pessoais com Estaline. Em 1950, tornou-se membro do Conselho Mundial da Paz, órgão criado e controloado pelo MGB-KGB, ocupando uma posição firmemente pró-soviética.

Metropolita de Kyiv Ioan Sokolov (agente «Ptitsin») e os seus curadores de NKVD-MGB-KGB

Através do agente Sokolov «Ptitsin» as autoridades soviéticas conseguiram subordinar toda a vida da Igreja Ortodoxa na Ucrânia ao Patriarcado de Moscovo. Participou, ativamente, nos preparativos para a «reunificação» da Igreja Greco-Católica Ucraniana com o Patriarcado de Moscovo em 1944.

Metropolita Nikon (agente «Petrov») e seu curador do MGB

Como bispo de Kherson, Nikon (Petin) satisfazia plenamente o responsável soviético do Conselho para os Assuntos da Igreja Ortodoxa Russa na região de Odessa, P. I. Blagov, que caracterizou agente «Petrov» em 18 de Janeiro de 1956: 

Nas pregações, nas conversas com o clero, fiéis e representantes de delegações estrangeiras, Nikon age como um verdadeiro patriota e aprecia sempre muito os eventos realizados pelo Governo Soviético. O orgulho pela nossa Pátria, que se tornou a vanguarda de toda a humanidade avançada, foi uma base constante dos seus discursos patrióticos.

Metropolita de Odesse e Kherson Boris Vik (agente «Vernov)
e seu curador de KGB

A 26 de setembro de 1950 Boris Vik foi nomeado o Bispo de Berlim e da Alemanha. Participou nas atividades do NKVD da URSS de liquidação das estruturas da ROCOR, em particular, conseguiu a transferência à IOR do abade da comunidade de Berlim da ROCOR, Arquimandrita Mstislav (Volonsevich). Em 1955 a sua viagem pelas comunidades ortodoxas da América terminou com a sua deportação oficial dos EUA, uma vez que o governo americano viu nele um agente dos serviços secretos soviéticos.

Bispo de Zhytomyr Volodymyr Kobets, agente do
NKVD-MGB-KGB «Rybak» (Pescador).

Apesar da colaboração de 23 anos como informador e agente de NKVD-MGB-KGB, bispo Kobets tentava salvar as pessoas e evitar a sua prisão, avisava constantemente os seus contactos sobre o interesse e os métodos do MGB-KGB, principalmente, nas suas viagens ao estrangeiro. Desinformava constante os seus curadores e lhes passava informações erradas. Em resultado foi expulso da liderança de IOR. 

Bispo de Kirovohrad Sevastian Pylypchuk (agente «Sokolsky»)

Na década de 1950 agente «Sokolskiy», na altura arquimandrita Pylypchuk, foi colocado pelo MGB na procura de possíveis contactos entre a liderança da IOR da Ucrânia com os padres ortodoxos americanos. Na avaliação de 1958, KGB estava muito safisteito com as atividades do seu agente, considerando que este «apoia ativamente e executa as ações do governo soviético, sendo franco e aberto perante os órgãos de segurança do Estado». 

Metropolita de Kyiv Iosaaf (Lelyukhin), agente do MGB-KGB «Sokol»

Desde 21 de Maio de 1959 – foi nomeado como Bispo de Dnipropetrovsk e Zaporizhia. Ioasaf destacou-se pelo facto de não só não dar recomendações aos jovens que queriam ingressar em seminários teológicos, mas também notificar imediatamente as autoridades soviéticas sobre tais candidatos, não ordenar ninguém da população local como padres e diáconos, não realizar reuniões gerais com o clero, cumprir sem questionar as exigências do responsável do Estado e notificá-lo imediatamente sobre casos de «manifestação de ativismo por parte de autoridades individuais da igreja». Desde 1965, é membro da Sociedade de Relações Culturais com os Ucranianos no Estrangeiro, organizamo criado na Ucrânia soviética, sob controlo rígido do KGB.

Com base nos arquivos recentemente desclassificados do KGB da Ucrânia soviética, este estudo reconstrói pela primeira vez a composição pessoal da rede de agentes no episcopado ortodoxo da Ucrânia no pós II GM, destaca as tarefas específicas atribuídas aos bispos agentes e os métodos de controlo do seu trabalho. É dada especial atenção ao envolvimento dos agentes do episcopado na implementação da política ateia soviética durante a liderança de Nikita Khrushchev.

Patriarca Filaret (Denysenko), agente do KGB «Antonov»

Informe do agente «Denysenko» ao seu curador do KGB, 1958, arquivo do SBU

Patriarca Filaret contou aos seus subordinados da Igreja Ortodoxa da Ucrânia-Patriarcado de Kyiv, que foi registado no MGB sob o pseudónimo de «Antonov» em 1946, quando entrou no Seminário Teológico de Odessa, e que foi recrutado por oficiais do MGB quando vivia com os seus pais na aldeia de Blagodatne, distrito de Amrosiivskyi, na região de Donetsk. Filaret também mantinha a versão do que não deu o seu consentimento tácito, mas que MGB-KGB o registaram dessa forma.

Título: «A rede de agentes do NKVD–MGB–KGB no episcopado ortodoxo da Ucrânia (1939–1964): formação, funções, modelos de comportamento», Editora da Universidade Católica da Ucrânia, Lviv, 2025 – 360 p.

Autor: Roman Skakun

Knygnešiai: os contrabandistas da cultura lituana

Os contrabandistas de livros (conhecidos na Lituânia como knygnešiai) eram pessoas que, desde o final do século XIX até 1904, transportavam e distribuíam secretamente livros, jornais e outros materiais lituanos, proibidos no império russo.

Faziam-no apesar dos grandes riscos – eram perseguidos, presos, deportados à Sibéria ou mesmo mortos. Estas pessoas ofereceram uma resistência silenciosa, mas significativa, à rússia czarista, que, após a revolta de Jeneiro de 1863-64 (juntamente com os polacos/poloneses participaram na revolta os lituanos, belarusos e ucranianos), proibiu a imprensa lituana de utilizar o alfabeto latino. Apenas eram permitidos materiais impressos em cirílico. Isto fazia parte de uma tentativa deliberada de assimilar e russificar o povo lituano, apagando a sua língua nativa, tradições e identidade cultural. 

As atividades dos contrabandistas de livros eram extremamente importantes, pois preservavam a língua e a literacia lituanas numa época em que a educação na língua nativa era proibida. Contribuíram para o despertar nacional, aumentaram a consciência pública e promoveram um sentido de unidade e o desejo de liberdade. Sem os seus esforços, o espírito nacional poderia ter sido quebrado, e a ideia de uma Lituânia independente talvez nunca se tivesse concretizado. 

Hoje, quando se pode ler, escrever e falar lituano livremente, a história dos Knygnešiai recorda-nos que a liberdade nunca deve ser menosprezada. Foi conquistada através do auto-sacrifício. O seu legado obriga-nos a valorizar a língua, a proteger a cultura e a permanecer vigilantes para não perdermos aquilo por que se lutou. A sua luta é um lembrete silencioso, mas poderoso, do verdadeiro custo da liberdade de expressão. 

por Edvinas Dubro citado AQUI

Nota: knygnešys (singular) – livreiro (como o carteiro), knygnešiai (plural) – livreiros, do lituano knyga – livro e nešti – carregar. Contrabandistas da sua escrita nativa sob a opressão do império russo.

Blogueiro

Na segunda metade do século XIX, o império russo começa uma larga e agressiva ofensiva contra as identidades nacionais das nações do império, sob ocupação russa. Assim, em 30 de julho de 1863 foi emitida a secreta circular Valuev, que ordenava a suspensão da publicação de grande parte dos livros escritos em língua ucraniana em toda a extensão do império russo. A circular proibia a publicação de livros religiosos, educacionais e de formação, mas permitia a publicação dos livros de ficção. 

O efeito da circular de Valuev foi consolidado e ampliado pela publicação do imperador russo Alexandre II do decreto de Ems de 1876, segundo o qual a publicação de obras no idioma ucraniano foi proibida quase completamente. 

«Hoje eu falei em letão» 

Sensivelmente no mesmo período do século XIX, existiam na Letónia chamadas “tabelas da vergonha” (como na foto em cima), que eram obrigadas a usar as crianças letãs que ousassem falar letão na sua Letónia natal: “Hoje eu falei em letão”. Aos alunos das escolas da Letónia era exigido falarem russo não apenas durante as aulas, mas também nos recreios. Hoje, a tabela pode ser vista no Museu Histórico Nacional da Letónia, em Riga, na rua Pils Laukums, № 3.

segunda-feira, maio 12, 2025

O toque ucraniano-lemko do «The Deer Hunter»

Imagem: filmin.pt

Em 30 de abril de 1975, a Guerra do Vietname terminou com a rendição das tropas sul-vietnamitas em Saigon. Foi um dos conflitos mais brutais e duradouros desde o fim da Segunda Guerra Mundial e antes do início da guerra colonial russa na Ucrânia. 

The Deer Hunter («O Franco Atirador» no Brasil e «O Caçador» em Portugal) foi um tributo de Hollywood à guerra americana mais sangrenta desde o fim da II G.M. O filme recebeu cinco Óscares (Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Ator Secundário (Christopher Walken), Melhor Som, Melhor Montagem), o realizador Michael Cimino recebeu um Globo de Ouro (1979) e a Academia Britânica de Cinema destacou o melhor trabalho do operador de câmara e da montagem. O filme está incluído no Registo Nacional de Filmes da Biblioteca do Congresso dos EUA.

De Niro no papel do Michael Vronsky

Vários grandes atores protagonizaram o filme, interpretando os americano-ucranianos-lemkos, embora possivelmente propositadamente, eles receberam os nomes sumariamente eslavos, polaco/poloneses-russo-ucranianos/lemkos, na percepção de um outro ucraniano-lemko-americano, Andy Warhol, nascido, nos EUA, como Andrew Warhola, que no seu diário de 29 de novembro de 1978 os chamou de «primos» e «checoslovacos»: 

  • Robert De Niro – Michael «Mishka» Vronsky;
  • Christopher Walken – Nikanor «Nick» Chebotarevych,
  • John Savage – Steven Pushkov;
  • Meryl Streep – Linda. 

Os heróis vivem numa cidade ucraniano-lemko-americana, vão a uma bonita igreja ortodoxa, decoram as suas casas com ícones ortodoxas e naturalmente se benzem-se da forma ortodoxa.

Membros da comunidade ucraniano-rutena de Cleveland, 1929.
Imagem: Cleveland State University Library Special Collections

Em 1979, a delegação soviética abandonou a estreia do filme no Festival de Berlim e ameaçou a boicotar o festival em protesto, acusando os realizadores de ofender os camaradas vietnamitas. Os soviéticos ficaram, naturalmente, ofendidos com o que foi mostrado no filme. O facto de que os ucraniano-americanos terem lutado contra os comunistas soviéticos no Vietname, e de os comunistas vietnamitas serem uns brutos e sádicos, verdadeiras bestas enfurecidas, tornou-se uma linha vermelha aos padrões do Kremlin.

Vronsky-De Niro no cativeiro vietcong

O filme recomenda-se muito bastante, não será arrependido por ter que gastar 3 horas da sua vida nele. Paisagens incríveis do norte dos Estados Unidos, belas filmagens no Vietname (filmados na Tilândia), maravilhosas interpretações de De Niro, Walken, Streep. Um poderoso filme reflexão que mostra a guerra sem o embelezamento ideológico. Naturalmente, o filme é bastante crítico em relação aos EUA, onde quer a esqurda liberal, quer a direita conservadora receberam o filme com uma certa hostilidade, quase em unissono com os comunistas soviéticos.


As cenas do casamento

A consciencialização sobre a guerra no Vietname, promovida pelo filme, tenha de alguma forma alterado a política externa dos Estados Unidos; os sentimentos anti-guerra nos EUA ganharam uma certa massa crítica e os políticos começaram a ter em conta os cidadãos, por exemplo, a guerra no Vietname ajudou à acabar com o serviço militar obrigatório. Depois do Vietname, o exército americano começou ser formado apenas por voluntários, aqueles que realmente desejavam defender o seu país (e naturalmente ganhar algum dinheiro e outros benefícios que a sociedade americana oferecia aos seus defensores).

Christopher Walken no papel de Nikanor «Nick» Chebotarevych

O filme pode ser dividido em duas partes: antes e depois da guerra, mostando como a guerra dividiu e alterou definitivamente o destino das personagens do filme. Um tornou-se um herói, o segundo sofreu a grave deficiência, o terceiro... Mas todos permanecerão na sua guerra para sempre. Nenhum deles jamais conseguirá regressar à uma vida normal.

Catedral de São Teodósio de Chernihiv

A igreja que aparece no filme é a Catedral de São Teodósio de Chernihiv (Cleveland). A paróquia ortodoxa em Cleveland foi precedida pela Sociedade de São Nicolau, fundada no final de 1895. Os membros da Sociedade incluíam 23 ucranianos-lemkos, todos provenientes da Galiza e de Bukovyna, antigos paroquianos da paróquia greco-católica local, que se converteram à ortodoxia. 

Padre Stephen Kopestonsky da Igreja Ortodoxa da América

O padre do filme também é um padre real, Stephen Kopestonsky. Assim como o coro paroquial e cerca de 200 outros figurinos. As personagens principais são ucranianos-lemkos-rutenos, descendentes de imigrantes da Áustria-Hungria, que vivem na Pensilvânia, perto de Pittsburgh.

Atriz letã-americana Rutanya Alda (Angela) na cena do baile de Lemko Hall.
Imagem: Cleveland State University Library Special Collections

O local, one no filme decorreu o casamento: Lemko Hall,
Imagem: Cleveland State University Library Special Collections

É de destacar especialmente o final. Não parece uma cena espetacular, mas é quase a mais poderosa do filme. Todos os ucraniano-americanos cantam o God Bless America, mostrando que todos eles são americanos, que a América é o seu país e a sua terra natal. Tudo isso acontece no funeral de um amigo seu que se enlouqueceu numa guerra longínqua e cuja finalidade não foi verdadeiramente percebida pelos americanos.

A cena final do filme


sábado, maio 10, 2025

Putin, o aprendiz do Hitler

Putin é um Hitler dos tempos modernos. Desde 2014 este paralelo tem sido traçado com frequência e por muitas pessoas — desde historiadores, políticos e diplomatas a cidadãos comuns em todo o mundo. Muitas vezes, verificam-se algumas semelhanças individuais incríveis entre as ações de ambos os ditadores. 

Quadro «Uzor» (Padrão) que putin alegadamente pintou em 2009

No entanto, este texto é uma análise profunda de acontecimentos históricos para mostrar quão surpreendentemente semelhantes são as tácticas da então Chancelaria do 3º Reich e do actual Kremlin. 

Um dos politólogos muito próximos do atual regime russo, Andronik Migranyan, escreveu em 2014 que, entre 1933 e 1939, Hitler não foi assim tão mau. Mais, se o ditador alemão parasse na sua política de «recuperação dos territórios» sem a derramação de sangue (ou seja, usando as táticas da guerra híbrida), teria ficado para a história como um político da mais alta classe. 

Mas Hitler não parou e ficou para a história de uma forma completamente diferente. Entretanto, antes de o führer encharcar o mundo inteiro de sangue, matando milhões de pessoas e depois acertar as contas com a sua própria vida, os alemães comuns estavam encantados com ele. Tal como os russos comuns de hoje estão encantados com o seu führer Putin. 

Quadro «Mãe Maria», pintado pelo Hitler em 1913

TEXTY analisou em pormenor as ações do führer alemão nesta fase histórica. A sua principal característica, dentro da terminologia da doutrina militar da federação russa, é o hibridismo. 

Durante os anos de paz, Hitler conduziu uma série de campanhas de quase guerra bem-sucedidas. E em cada uma delas saiu vencedor. Não sendo um teórico de tais conflitos, tinha uma «sensibilidade» brilhante quanto à aplicação de técnicas híbridas na prática. 

Se olharmos com atenção, a impressionante semelhança entre as táticas da então Chancelaria do Reich e do atual Kremlin é muito grande. Nem vai acreditar o quanto eles têm em comum. 

Há muitos outros paralelos entre os acontecimentos das décadas de 1930-40 e os que estão a acontecer agora. Gostaríamos de o avisar: este longread é muito longo e vai ocupar muito do seu tempo. No entanto, depois de o ler, irá expandir significativamente o seu conhecimento de história — e será capaz de responder com precisão à pergunta: «Porque é que Putin é Hitler hoje?» 

Ler mais (em inglês): https://texty.org.ua/articles/105990/putler_en

A fábrica de drones russa responsável pelos ataques contra Ucrânia

Recentemente, os drones ucranianos atingiram a Zona Económica Especial de Alabuga (cidade de Yelabuga), no Tartaristão, onde os ocupantes russos montam/fabricam os drones iranianos Shahed/Geran e simuladores de drones Herbera. 

Segundo Andriy Kovalenko, o chefe do Centro de Combate à Desinformação do Conselho de Defesa e Segurança da Ucrânia, mais de 6.000 Shahed/Geran foram produzidos em Alabuga em 2024, além de milhares de drones simuladores Herbera. Em 2025, os russos pretendem produzir de 8.000 à 10.000 Shahed/Geran e 15.000 drones simuladores. 

É de referir que a distância da Ucrânia à cidade de Yelabuga, onde se situa a zona económica especial de Alabuga, é de cerca de 1.700 km. 

A principal fonte de mão-de-obra da fábrica é Uganda. No início de 2023, os representantes da fábrica russa visitaram à capital do país, Kampala, onde foi organizada uma entrevista com estudantes locais, de acordo com um vídeo promocional da zona económica. 

Como explicou ao WSJ pelo vice-diretor da escola local, Joseph Kazibwe, que, juntamente com outros professores, selecionou os candidatos para entrevistas, os russos estavam interessados ​​nas alunas que apresentassem bons resultados nos estudos de ciências naturais no ensino secundário. 

Foi-lhes prometido um salário superior ao do Uganda, passagem aérea, alojamento gratuito e um diploma universitário. 

Segundo o diretor Kazibwe, ele não sabia que as raparigas iriam montar os drones: «O nosso trabalho é encontrar as candidatas certas. Depois disso, os russos são totalmente responsáveis ​​pelo processo». 

Note-se que Alabuga, que está sob sanções Ocidentais e da Ucrânia, continua à convidar as jovens africanas para trabalhar, oferecendo condições de trabalho deploráveis e salários, bastante abaixo dos prometidos. As operárias, devem ter em conta o nível do perígo que elas irão enfrentar, uma vez que os drones ucranianos poderão voltar à visitar a fábrica num futúro bastante próximo.

Playboy Ucrânia: «Beleza com Cicatrizes»

Anastasia Savka, a franco-atiradora
As mulheres militares e civis ucranianas que sofreram ferimentos e amputações como resultado da guerra russo-ucraniana participaram numa especial sessão fotográfica para a Playboy Ucrânia

Yana Zalevska: jornalista, médica, operadora de drone

Nadiia Oksiuta: quimaduras em resultado da queda do helicóptero

A revista lançou uma edição especial com o projeto fotográfico «Beleza com Cicatrizes», que conta histórias de mulheres que sobreviveram à guerra, a ferimentos e à reabilitação. 

A edição conta com as militares Anastasiia Savka «Phoenix» @anastasia_feniks, Yana Zalevska «Multyk» @multiiikk e Kristina Sanina @sanina.tinocka, bem como os civis feridos Nadiia Oksiuta @nadia_oksiuta e Olha Diatliuk @olichka_urievna 


Kristina Sanina: a capitão das FAU

As fotos foram tiradas pelo conceituado fotógrafo Kostiantyn Liberov, com vestidos de designers ucranianos e joias da coleção «Love is Worth Everything» da @lifesavingmerch 

As ucranianas olham para a câmara e para o espelho e dizem: «Sou eu. Sou bonita. E sou digna de amor». 


Olha Diatlyuk: civil, que sobreviveu o ataque de míssil russo

O projeto fotográfico «Beleza com Cicatriz», iniciado no âmbito do projeto «Somos do Mesmo Sángue», fala da força feminina que não desaparece após um trauma. Sobre a beleza que não é alterada por uma prótese ou por uma cicatriz. Sobre a aceitação que começa com um olhar honesto e gentil para o novo eu — sem preconceitos. Esta beleza é incomparável. Ela está lá para inspirar.