A cimeira é uma vitória sobre a propaganda russa, que não conseguiu impedir os países de expressarem a sua posição sobre as políticas revanchistas do Kremlin.
No contexto da crise da ONU e de outras estruturas internacionais, que perderam efectivamente a sua influência nos processos globais desde o início da guerra contra a Ucrânia, tal reunião tem um grande significado positivo.
Este é um diálogo entre líderes de países de vários continentes, destacando a sua compreensão da fragilidade e interligação da paz global.
Há uma possibilidade de que autarquias ao estilo de putin não tenham sucesso no cenário mundial. Ultimatos e exigências de cessão de territórios ricos serão vistos como manifestações de um pensamento abertamente feudal, moralmente ultrapassado e inaceitável no século XXI.
Na verdade, a reunião na Suíça transformou-se numa discussão aberta sobre as realidades modernas das relações internacionais e as perspectivas da comunidade internacional face ao ressurgimento das ideologias imperiais, do neocolonialismo e da propaganda generalizada demonstrada por regimes como o de putin.
Devido à agressão russa contra Ucrânia, muitos países já não se sentem seguros e estão preocupados com a perspectiva de a guerra se espalhar.
Há uma compreensão crescente no mundo de que a rússia não pode parar na Ucrânia e já está a tomar medidas ameaçadoras para desestabilizar a situação económica e sócio-política nos países ocidentais.
Os países do Sul Global compreendem de forma única o que significa estar no foco dos interesses russos. A pressão sobre a vida política, a pilhagem flagrante dos recursos nacionais sob o disfarce de empresas militares privadas, o incitamento a grupos terroristas contra populações pacíficas e a destruição de estruturas da sociedade civil são as marcas do neocolonialismo russo, cujo peso total a Ucrânia suporta actualmente.
Foi Ucrânia, que luta contra a agressão russa há três anos, que iniciou uma conversa aberta sobre a pressão das autarquias sobre a ordem mundial e as formas de as neutralizar. Isto dá esperança de que muitos conflitos locais e regionais, que têm atormentado o Sul Global durante décadas, também se tornarão temas de discussão e resolução.
O mundo moderno não deve basear-se em ultimatos, mas na estrita adesão aos princípios do direito internacional, da boa vizinhança e do respeito mútuo. É exactamente isto que Ucrânia pretende ao iniciar uma reunião global na Suíça.
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