sábado, maio 03, 2025

Sinais de paz russos: diplomacia ou armadilha política?

Imagem meramente ilustrativa
Em 30 de abril de 2025, o Kremlin anunciou novamente sua prontidão para negociações com a Ucrânia. O porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, disse que Moscovo/ou está aberta ao diálogo sem pré-condições, mas insiste que as negociações devem ser conduzidas diretamente com Kyiv, não por meio de Washington. A declaração foi feita em meio à proposta da rússia de declarar um cessar-fogo de três dias, de 8 a 10 de maio, programado para coincidir com a celebração do Dia da Vitória.

A reação ucraniana foi contida. Em seu discurso de 30 de abril, o presidente Volodymyr Zelensky chamou tal iniciativa de «manipulação», enfatizando: «Para acabar com a guerra, não é preciso esperar até 8 de maio. Precisamos parar os ataques, parar as matanças — e então buscar uma solução negociada.» Essa posição reflete a reivindicação estabelecida da Ucrânia: nenhuma negociação sem o cessar das hostilidades pela federação russa.

Ao mesmo tempo, também há mudanças nas iniciativas diplomáticas dos EUA. O representante especial de Donald Trump, Keith Kellogg, anunciou que a Ucrânia concordou na semana passada em Londres com um plano de ação de 22 pontos proposto pelos Estados Unidos para acabar com a guerra. Como Kellogg observou, as discussões estão sendo realizadas com Ucrânia em um espírito de parceria, e agora «é a vez da rússia». Ele também criticou a proposta de trégua de três dias, chamando-a de «insuficiente e tática».

Os EUA também anunciaram a primeira exportação direta de armas para a Ucrânia sob o governo Trump, no valor de US$ 50 milhões. Isso coincidiu com o anúncio de um novo acordo estratégico entre a Ucrânia e os Estados Unidos sobre um fundo de desenvolvimento conjunto no setor de minerais. O acordo prevê investimentos de ambas as partes em projetos no território da Ucrânia — da mineração à infraestrutura — com reinvestimento dos lucros na recuperação do país nos primeiros dez anos. Dessa forma, os EUA não estão apenas apoiando a recuperação econômica, mas também consolidando seu papel na futura arquitetura de segurança da região.

Essas ações, de acordo com alguns observadores ocidentais, demonstram a disposição dos EUA de agir não apenas nas dimensões militar, mas também política e econômica. Assim, Washington está sinalizando que vê a Ucrânia como uma parceira de longo prazo, não apenas como um objeto de assistência temporária. Ao mesmo tempo, isso pode servir como um sinal para Moscou de que prolongar o conflito não muda o curso geral do Ocidente em apoio a Ucrânia.

Paralelamente, o senador republicano Lindsey Graham, um dos principais aliados do presidente Trump, apresentou o projeto de lei «Sanctioning Russia Act of 2025» no Congresso, que prevê sanções máximas contra a rússia e uma tarifa de 500% sobre importações de produtos de países que compram petróleo, gás, urânio e outros recursos russos. Segundo Graham, o projeto de lei já conta com o apoio de 72 senadores, o que lhe permite superar um possível veto presidencial. Ele enfatizou que essas medidas visam pressionar Moscovo/ou a alcançar a paz, mas também são um sinal de que, na ausência de progresso, a economia russa sofrerá um duro golpe.

Enquanto isso, a rússia continua com hostilidades ativas. Nas últimas semanas, cidades ucranianas têm sofrido novos bombardeios massivos, o que coloca em questão a sinceridade das intenções da rússia de acabar com a guerra. Em 29 de abril, a rússia realizou outro ataque de drones na cidade de Sumy, que resultou em vítimas civis. Tais ações minam a credibilidade das declarações do Kremlin sobre a paz e forçam os parceiros ocidentais a ver as iniciativas russas como uma ferramenta para um jogo diplomático, em vez de um acordo real.

Nesse contexto, surge uma questão fundamental: as declarações de Moscovo/ou sobre sua prontidão para a paz são parte de uma manobra diplomática ou um sinal para negociações sérias? Dadas as declarações simultâneas de abertura ao diálogo e os bombardeios contínuos, os parceiros ocidentais devem permanecer cautelosos. Qualquer solução pacífica deve ser baseada no cumprimento das normas do direito internacional, e não na consolidação real dos resultados da agressão.

Uma paz estável exige não apenas um cessar-fogo, mas também uma clara responsabilização por suas violações. Somente nessa base é possível restaurar a confiança no diálogo como ferramenta para resolução de conflitos na Europa.

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