segunda-feira, março 03, 2025

Donald Trump na sua luta contra a ciência: o caso Sharpiegate

A 1 de setembro de 2019, quando o furacão Dorian se aproximava dos Estados Unidos, Trump decidiu alertar as pessoas. No Twitter, escreveu heroicamente que o perigo aguarda a Florida, a Carolina do Sul, a Carolina do Norte, a Geórgia e... ao Alabama. O único problema era que o Alabama não corria qualquer perigo naquela altura. Mas quem vai verificar as pequenas coisas?

Habitantes do Alabama, claro! Começaram a ligar em massa para o serviço meteorológico local a perguntar: «Isto é verdade?!» Ao que os meteorologistas responderam educadamente: «Olá, não! O Alabama está fora de jogo!».

Em vez de o admitir calmamente o seu erro, Trump decidiu agir. Poucos dias depois, mostrou aos repórteres um mapa de previsão de furacões no qual alguém tinha desenhado um arco para que o Alabama ficasse abrangido pela zona de furacões.

Houve até um funcionário da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), Neil Jacobs, que fez uma declaração dizendo: «Bem, teoricamente, pode haver alguns ventos ali». A comunidade científica não gostou da ideia, e começou uma investigação dentro da agência: quem obrigou os cientistas a encobrir as previsões com um marcador? Porque falsificar previsões meteorológicas oficiais nos EUA é punível com multa ou até 90 dias de prisão. Em junho de 2020, uma investigação interna descobriu que Neil Jacobs violou o código de ética da NOAA ao apoiar a declaração de Trump (ver Sharpiegate).

Em 2025 há despedimentos em massa na NOAA  800 funcionários já perderam os seus empregos, e isto é apenas o início. Quase todos os departamentos da agência foram afetados: especialistas em clima, investigadores de furacões, oceanologistas, investigadores de ondas de tsunami, especialistas em biodiversidade, investigadores climáticos, engenheiros e programadores.

Sabem quem é o novo lider da NOAA? Acho que já adivinharam: o herói de Sharpiegate, Neil Jacobs.

Teme-se que, à partir de agora, a metodologia do marcador preto se torne, nos EUA, a principal ferramenta para a previsão de furacões, tsunamis e alterações climáticas.

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