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Mercenário de cara descoberta é quirguiz Alisher Tursunov, liberto numa das trocas dos POW |
O Governo ucraniano informa que mais de 50 militares originários da Ásia Central que combateram ao lado das forças russas foram capturados pelas FAU. Entre eles, mais de 30 pessoas são cidadãos destes países, outros são cidadãos russos nascidos naquela região ou possuem duas cidadanias.
Atualmente, entre os POW reconhecidos oficialmente pela Ucrânia, encontram-se 54 representantes dos povos da Ásia Central. Entre eles, contam-se: 1 quirguiz, 21 cazaques, 18 tadjiques e 14 uzbeques. Alguns deles possuem passaportes russos. Por exemplo, dos 21 POW do Cazaquistão, apenas seis são cidadãos do Cazaquistão, os restantes são cidadãos da rússia.
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Mercenário uzbeque, 46 anos, capturado em 16 de dezembro de 2024 na frente de Zaporizhia pela Brigada «Spartan» da Guarda Nacional da Ucrânia (NGU) |
A Vice-Primeira-Ministra e Ministra da Justiça da Ucrânia, Olha Stefanyshyna, explica o seguinte:
«A informação sobre a cidadania dos prisioneiros de guerra é frequentemente estabelecida a partir das suas palavras, uma vez que os documentos que confirmam a sua identidade estão, na maioria dos casos, ausentes. O Ministério da Justiça da Ucrânia considera que os prisioneiros de guerra localizados em centros e campos de detenção ucranianos, independentemente da cidadania, têm o mesmo estatuto legal, consagrado em atos jurídicos internacionais e nacionais.»
Os russos utilizam há muito tempo activamente a prática de recrutamento de migrantes do espaço pós-soviético. Para eles, um quirguiz ou tadjique sempre foi visto como a mão-de-obra disponível e barata em todos os sentidos da palavra. Ora, no contexto da necessidade de repor perdas enormes e regulares do exército russo, os migrantes tornaram-se um dos alvos prioritários do Ministério da Defesa russo. São forçados aderir ao exército russo através de fraude e/ou coerção ou, então são tentados pelas grandes somas de dinheiro, o que na maioria dos casos se torna uma sentença de morte e um bilhete de apenas ida.
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A propaganda do serviço no exército russo dirigida aos cidadãos do Quirguistão |
O Quirguistão proíbe os seus cidadãos de participar em ações militares no território de outros países e pune aqueles que participam. O Comité Estatal de Segurança Nacional do Quirguistão recorda que os participantes em ações militares serão responsabilizados de acordo com o artigo 256º do Código Penal da República do Quirguistão (“Participação de um cidadão da República do Quirguistão em conflitos armados ou ações militares no território de um estado estrangeiro ou em treino para cometer um ato terrorista”). O artigo 416º do Código Penal da República do Quirguistão prevê uma pena de até 15 anos de prisão pelo recrutamento, financiamento e participação em guerra.
As autoridades uzbeques alertaram que os cidadãos que participarem em operações militares no território de outros países serão responsabilizados ao abrigo do artigo “mercenarismo”. Os acusados de tais crimes enfrentam penas de prisão que variam entre 5 à 10 anos.