domingo, janeiro 23, 2022

Cinismo alemão e a sua gritante falta de empatia perante Ucrânia

Enquanto os aliados da Ucrânia lhe fornecem urgentemente o armamento defensivo, Alemanha promete fornecer hospitais de campanha, pelo menos, desta vez, não foram os caixões, graças à Deus. 

“Fornecimento, pela Alemanha, de equipamento apenas de proteção (capacetes balísticos e coletes táticos) não seria mais do que um passo puramente simbólico. Ucrânia precisa do Berlim imediatamente do armamento da defesa realmente poderoso, que forneceria proteção eficaz contra um ataque em grande escala da Rússia como a única maneira séria de assustar Putin!” 

Este apelo do Embaixador da Ucrânia na Alemanha Andriy Melnyk foi publicado hoje numa das revistas alemãs mais populares - Der Spiegel (4,7 milhões de leitores) e se tornou uma das principais notícias. 

Numa outra entrevista, ao jornal Handelsblatt – o chefe da missão diplomática ucraniana acrescenta: “A gravidade da situação exige que o “governo semáforo” repense imediatamente e mude radicalmente o rumo da questão do [fornecimento] das armas à Ucrânia”. O embaixador alertou Berlim que “não nos cansaremos por um segundo de continuar convencendo tanto o governo alemão, quanto a oposição da necessidade de fornecer armas de defesa à Ucrânia”. 

No contexto desta campanha massiva na imprensa/mídia, que também levou a um escândalo vergonhoso com o comandante da marinha de guerra alemã, o vice-almirante Kay-Achim Schönbach (que no entanto já pediu a sua demissão e já foi demitido), o Ministério da Defesa em Berlim começou a “vacilar”, procurando uma maneira adequada a de mostrar até que ponto os alemães ajudam “fortemente” a Ucrânia. 

E não acharam nada melhor do que anunciar com orgulho a transferência para Ucrânia, já em fevereiro, o hospital de campanha no valor de 5,3 milões de Euros (spoiler: a embaixada da Ucrânia trabalhou nesta questão nos últimos 5 anos!) 

Mas a decisão da ministra da Defesa alemã, a social-democrata Christine Lambrecht, expos publicamente a falta do senso mais básico de tato e da empatia. O eco da decisão criou a ressonância tão ampla que mesmo um dos jornalistas e blogueiros alemães mais influente Jan Böhmermann (2,5 milhões de seguidores no Twitter) não resistiu, escrevendo essa postagem brilhante: “O governo alemão quer enviar um hospital de campanha para Ucrânia. É difícil dizer de forma mais elegante o seguinte: “Estamos convencidos de que nas próximas semanas Putin atacará o vosso país”. 

É tudo que você precisa saber sobre o cinismo estatal alemão. Ponto final.

Mas não podemos confundir o Estado com a sociedade civil. Sob pressão da imprensa e da opinião pública, o chefe da Marinha alemã, vice-almirante Kay-Achim Schönbach, após suas palavras de que a Ucrânia não recuperará a Crimeia, pediu a demissão e foi imediatamente demitido! A punição merecida chegou em menos de 24 horas!

Danke an alle, die dazu beigetragen haben!

A piada do momento: “temos que informar os alemães de que o pacto Molotov-Ribbentrop já não é valido, não há necessidade de segui-lo”.

1 comentário:

  1. Claro, o maior inimigo da Ucrânia é a Erefii, mas a Alemanha também não é flor que se cheire.

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