sábado, junho 02, 2012

Euro-2012: Polônia censura a página da UEFA


Na página oficial da UEFA, na curta guia turística sobre as cidades recetores do Euro-2012, foi escrito que Lviv viveu uma longa ocupação. “Antes da II G.M., o Lviv esteve sob o domínio dos polacos, em 1941 a cidade foi tomada pelos nazis e em 1944 pelos soviéticos”.

Os jornalistas e historiadores polacos protestaram e a Ministra do Desporto, Joanna Mucha, pediu à UEFA para “corrigir” o texto. Em resultado, agora o texto diz que “Lviv mudou vários nomes e dirigentes” (Lviv has been saddled with as many names as rulers) e no seu tempo se encontrava “sob o protetorado da Polônia” (it became Lwow when Poland took command).

Os polacos não gostaram do termo “ocupação”, empregue sobre a cidade de Lviv. O historiador polaco Czeslaw Partacz argumenta que Lviv foi incorporado na Polônia segundo as decisões da comunidade internacional e como tal não se deve falar da sua ocupação. Já o historiador e publicista ucraniano, Vakhtang Kipiani, explica que o termo “ocupação” não se deve entender no contexto do direito internacional, mas somente na qualidade do estado não independente de um território, incorporado num outro estado. Desta forma, é possível chamar de ocupação a situação da Galiza entre 1918 – 1939 e de toda a Ucrânia Soviética até 1991, explica Vakhtang Kipiani, escreve Rádio Polônia.

Provavelmente pela mão dos historiadores polacos a página da UEFA conta que a cidade de Lviv recebeu a medalha Virtuti Militari “concedida pela Polônia pela heroica defesa de 1918” (Virtuti Militari – a medal awarded by Poland for its heroic 1918 defence). E lembra, claro, que “Lviv é o berço do desporto da região … então território polaco, agora ucraniano” (Lviv is the cradle of sport in the region … then-Polish, now-Ukrainian territory”).

Só para recordar, a “heroica defesa” em novembro de 1918 resultou em ações em que a criminalidade polaca organizada, os citadinos polacos e os militares do exército polaco aproveitaram a ocasião para pilhar a cidade, pilhagens que resultaram na morte dos cerca de 340 civis, 2/3 deles eram ucranianos e os restantes eram judeus, acusados de colaborar com os ucranianos. Entre 52 à 150 judeus foram assassinados e cerca de 500 lojas e comércios judaicos foram pilhadas.

Nada disso, impede aos polacos concordar e não protestar com a ideia do que “a anexação de 1795 pela Prússia reduziu a estatuto da Varsóvia ao capital provincial” (The 1795 ANNEXATION by Prussia reduced Warsaw's status to provincial capital). Embora as Partições da Polônia também decorreram das decisões da comunidade internacional…

Essa política polaca de “faça que eu digo e não faça o que eu faço” já começa ficar insuportável. Quer se queira, quer não, começa-se refletir sobre a Koliyivschyna.   


Bónus

A embaixada da Polônia na Rússia recorda aos fãs russos que a exibição dos símbolos soviéticos é proibida na Polônia, já que naquele país a ideologia comunista é equiparada ao nazismo, escreve o jornal Rzeczpospolita.

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