terça-feira, setembro 25, 2018

Made in Ucrânia: sistema S-125 da Etiópia na sua modernização ucraniana

Em setembro de 2017, o Bureao de Construção “Luch” (Kyiv) informou o público interessado sobre os lançamentos de mísseis do sistema modernizado S-125 (SA-3 Goa) num país estrangeiro não mencionado. Hoje podemos revelar que o país se chama Etiópia, que na década de 1980 era a verdadeira pedra basilar da presença soviética em África.
Uma página militarista russa publicou, recentamente os dados do Ministério da Defesa da Etiópia com a lista dos armamentos ucranianos que foram fornecidos ao país em 2017-16 pela corporação ucraniana UkrSpetsExport no valor global de 8.747.466 dólares. Entre os itens está um sistema completo de lançamento do S-125M1/2 “Nilo Azul” e 14 novos mísseis com as cabeças (homing head) modernas de auto-orientação e alinhamento ao alvo, fabricados pela empresa ucraniana “Radioniks”.

Isso significa que “Luch” começou a produção em série. Pois uma série, mesmo pequena, é lançada quando o fabricante esta certo do que o seu equipamento funciona de uma forma regular e não haverá necessidade de fazer alterações na cabeça dos mísseis no decorrer dos testes.
Míssil antigo ZUR 5V27D (acima) e míssil modernizado ZUR 5V27D-M1/M2 (abaixo)
com elementos que são retirados (à vermelho) e os que são adicionados (à verde)
De forma objetiva, o S-125 modernizado pode atingir os alvos nas distâncias de até 40 km (contra os 25 km do sistema antigo) e nas alturas de até 25 km. Em vez de poder atingir um único alvo com até 2 mísseis ao mesmo tempo, o novo sistema pode atingir até 4 alvos com até 8 mísseis ao simultâneo. Isso significa que o sistema ucraniano modernizado está se posicionar, nas suas características técnicas, algures entre os sistemas antiaéreos BUK-M1/M2 e S-300PT.

O que isso significa para Ucrânia:

1. Se pode esperar o retorno do S-125 ao uso nas Forças Armadas da Ucrânia (é uma melhoria significativa e mais económica do reforço do sistema da defesa antiaérea do país);
2. A modernização significativa efetuada sugere que o surgimento de um novo sistema da defesa antiaérea ucraniano do alcance médio poderá acontecer dentro de 2-3 anos e não em 7-10 anos, como era esperado até agora.

Especialmente divertida foi a reação das páginas especializadas e dos fóruns militares russos: se antes o aparecimento das modernizações ucranianas provocava os risos indulgentes, agora o riso parou abruptamente e se tornou dramaticamente claro que após o sucesso de mísseis Vilkha, a modernização do S-125 e outras criações e modernizações ucranianas como “Bohdan”, “Neptun”, “Hrim-2” mostram o seu rápido sucesso, acompanhado pela relação bastante atrativa de custo vs benefício.

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No dia 20 de setembro de 2018 Ucrânia lançou à água a sua segunda lancha blindada de assalto Kentavr-LK (Centauro). Para breve é esperada a fabricação de vários outros “Centauros” e lanchas de patrulha Lan TT-400TP (4 unidades de artilharia e 3 de mísseis), desenhadas na Ucrânia e fabricadas no Vietname:

Blogueiro: estes desenvolvimentos também são interessantes do ponto de vista da geopolítica. Etiópia, que desde a queda da monarquia era a peça-chave da presença soviética em África, apesar da recente normalização das relações com Eritreia, optou por encomendar a modernização dos seus sistemas S-125 na Ucrânia. Muito possivelmente, devido a inclinação da Eritreia à esfera de influência russa. Por sua vez Vietname, que beneficiou do apoio incondicional da URSS na guerra contra os EUA, fabricará as lanchas para Ucrânia, seguramente para equilibrar a pendência russa para o lado do seu vizinho chinês, com qual tem as relações bastante tensas desde as décadas de 1960-80. Geopolítica pura, onde os interesses atuais desconhecem as alianças históricas...

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