terça-feira, julho 24, 2018

Militares judeus finlandeses na Talvisota e na Guerra de Continuação

Cerimónia em homenagem aos soldados finlandeses judeus caídos
No decorrer da Talvisota e da Guerra da Continuação cerca de 300-350 militares judeus finlandeses, homens e mulheres, serviram nas forças armadas e de segurança do seu país. Três deles foram agraciados com a medalha alemã de Cruz de Ferro do 2º grau por sua bravura em combates, mas se recusaram a aceitar a distinção do Wehrmacht.
Politruk (comissário) é pior que o inimigo. Ele te atira nas costas!

Dina Poljakoff e o seu irmão Mika Poljakoff
Uma das Cruzes foi concedida (e recusada!) à enfermeira militar Dina Poljakoff (1919-2005), militante da organização paramilitar finlandesa feminina Lotta Svärd, mais tarde a médica dentista, que viveu e morreu aos 85 anos em Israel.
Major Leo Skurnik (1907 – 1976)
O major Leo Skurnik (1907 – 1976; condecorado com a Cruz de Ferro do 2º grau, recusou a medalha) era médico finlandês do regimento de infantaria JR53 (Jalkaväki Rykmentti), no bolso de Kiestinki, em agosto de 1941. Todo o atendimento médico do regimento era de sua responsabilidade. Em Kiestinki também lutou a 6ª companhia da SS-Nord, e Skurnik também quidava deles. Skurnik organizou a evacuação de feridos do rio Kapustnaja (Kapustnajajoki), onde cerca de 600 soldados feridos foram resgatados atrás das linhas soviéticas. O coronel finlandês Wolf Halter disse: “Major Skurnik não cuidou apenas dos feridos, ele também foi para a linha de frente e os trouxe de volta sob o fogo do inimigo. Indiferente, se era um finlandês ou alemão, ele os trouxe em segurança” (fonte: Rautkallio Hannu “Suomen Juutalaisten Aseveljeys”).
Leo Skurnik, o oficial médico judeu (segunda linha, segundo à direita),
foi condecorado com a medalha alemã Cruz de Ferro.
O capitão Salomon Klass (1907-1985; condecorado com a Cruz de Ferro do 2º grau, recusou a medalha) ganhou a reputação do bom comandante e do soldado duro na Guerra de Inverno. Ele lutou no regimento de infantaria JR64 em Raatteentie e depois em Maksimansaari. Na Guerra de Continuação ele estava no regimento de infantaria JR24, com posições ao lado da 136ª Divisão do Wehrmacht. Após as duras batalhas em Uhtua (atual Kalevala, na Rússia), o coronel alemão Pilgrim foi visitar o capitão Klass para agradecer-lhe pelo trabalho bem feito. De repente, Pilgrim perguntou sobre o sotaque de Klass, se ele era dos Estados Bálticos. O capitão Klass disse que, uma vez que sua língua nativa como judeu é iídiche, isso poderia ser notado pela sua pronúncia do alemão. Depois de um breve silêncio, o coronel Pilgrim levantou-se, apertou a mão de Klass e disse: “Pessoalmente, não tenho nada contra você como judeu. Obrigado capitão” (fonte: Rautkallio Hannu “Suomen Juutalaisten Aseveljeys”).
Capitão Salomon Klass (1907-1985)
Um dos aspectos interessantes é que na Guerra de Continuação os soldados judeus serviram ombro à ombro tanto com as tropas da Wehrmacht, quanto da SS, não experimentando nenhum anti-semitismo. Quando um dos soldados judeus do 24º Regimento do Exército Finlandês que foi buscar suprimentos à posição vizinha da 136ª Divisão da Wehrmacht, disse ao seu companheiro alemão que seria melhor não mencionar sua nacionalidade, o soldado alemão respondeu: “Eu concordo, mas não por causa do que você pensa. Nada vai acontecer com você, mas eu serei entregue à Gestapo”.
Sinagoga de campo construída pelos militares finlandeses judeus do 24º Regimento de Infantaria, Rio Svir 1944.
Soldados judeus posando nos degraus da sinagoga de Helsínquia.
Quatro irmãos Blankett
Soldados judeus da Finlândia: quatro irmãos Hirshowic: Samuel, Bernard, Isidor, Rafail
Em resultado da Talvisota, a comunidade judaica de Helsínquia perdeu 9% de seus membros – participantes da guerra (no total, a comunidade judaica antes da Talvisota era de cerca de 2.000 pessoas, na sua maioria naturais do império russo). Comparado às comunidades luteranas, este é um dos números mais altos. Toda a população judaica da cidade de Viipuri (atual Vyborg na Rússia),mais de 250 pessoas, abandonou a sua cidade, deixada pelas tropas finlandesas e ocupada pelos soviéticos. No curso do violento bombardeio de Viipuri, a sinagoga local foi incendiada pela aviação e artilharia soviéticas.
Marechal Mannerheim visita a sinagoga de Helsínquia em 6 de dezembro de 1944,
em serviço memorial solene aos 23 soldados finlandeses de origem judaica.
Após o fim da II G.M., no mínimo 29 veteranos judeus finlandeses lutaram na Guerra da Independência de Israel, cerca de 200 emigraram para Israel, tal como Dina Poljakoff (fonte1; fonte2).

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