sexta-feira, julho 20, 2018

Mariia Butina: a espia russa que oferecia sexo por informações confidenciais

Nos EUA, a FBI deteve a cidadã russa Mariia Butina, auto-proclamada nacionalista, apoiante dos terroristas de Donbas, lobista ilegal e muito próxima aos círculos conservadores que apoiam Donald Trump.

Uma descrição bastante detalhada do que se sabe, até agora, sobre essa rapariga, pode ser lido no blogue LawFare: Latest Russia twist: criminal charges against Mariia Butina

As acusações do FBI:

Mariia Butina se envolveu numa conspiração com um funcionário do governo russo, a fim de suavizar a abordagem política dos EUA em relação à Rússia, em nome de Moscovo e sem notificar devidamente o Departamento de Justiça americano (que é um crime nos EUA). Ela fez isso, usando as relações com funcionários de grupos políticos conservadores e influentes, incluindo a National Rifle Association (NRA, o poderoso lobby das armas).
Butina (última à direita) com os apoiantes do Trump 
O funcionário russo em questão é “um oficial de alto escalão do governo russo” que era “anteriormente membro da legislatura” – a descrição que combina com a biografia de Alexander Torshin, ex-senador na Câmara alta do Parlamento russo (por mais de 10 anos) e que mais tarde o vice-governador do Banco Central russo. Múltiplas notícias nos últimos meses relataram o apoio dele e da Butina à NRA. De facto, Butina e Torshin são membros vitalícios da NRA: em 2016, Torshin twittou que ele e Butina eram os únicos russos que podiam reivindicar essa distinção. De acordo com a acta de acusação da queixa criminal, Torshin “dirigia” Butina nas suas atividades nos Estados Unidos.



Para já não está totalmente claro se a detenção da Butina é realmente um big deal. Mas é claro que, ao contrário de outros russos, que o procurador especial Robert Mueller acusou recentemente, e que provavelmente não serão interrogados por estarem escondidos na Rússia, Butina já está presa nos EUA. Quer dizer, seguramente ela será interrogada.
fonte@ FB da Mariia Butina
Também é de notar que essa detenção não foi a ação da equipa do Robert Mueller, mas da Divisão de Segurança Nacional do Departamento de Justiça. A prisão foi realizada de acordo com uma queixa criminal apresentada por agente especial do FBI Kevin Helson, mas as acusações contra Butina ainda não foram apresentadas formalmente.

Interessante que foi exatamente a Mariia Butina que em 2015 perguntou Donald Trump sobre as sanções dos EUA contra Rússia:
Na altura Trump respondeu que conhece Putin e que, quando for o presidente, não precisará de sanções, porque se dará realmente muito muito bem com Putin (will get along really really well with Putin).

Também é interessante o que Michael Isikoff escreveu sobre o episódio da pergunta Butina ao Trump, no seu livro “Russian Roulette”. O tweet à seguir mostra a página do texto do livro no Isikoff:






Mais tarde, os assessores de campanha de Trump assistiram ao vídeo desse encontro e se perguntaram sobre isso. Steve Bannon levantou a questão com o presidente do RNC, Reince Priebus. Como aconteceu que aquela mulher russa apareceu em Las Vegas naquele evento? E como aconteceu que Trump lhe deu abertura para a pergunta? E a resposta de Trump? Era estranho, pensou Bannon, que Trump tivesse uma resposta totalmente pronta. Priebus concordou que havia algo estranho com a Butina. Sempre que havia eventos realizados por grupos conservadores, ela estava sempre por perto, ele disse ao Bannon.
Julia Ioffe, foto de 7 de janeiro de 2017
E no fim, simplesmente um facto interessante. O artigo de Julia Ioffe (a jornalista russa que foi expulsa do projeto Politico por inventar que Trump tinha alguma relação inapropriada com a sua própria filha, e que mais recentemente, em julho de 2018, inventou o boato de que Trump decidiu reconhecer a ocupação da Crimeia), publicado en novembro de 2012 na The New Republic, que contava a história, como ela, na companhia da mesma Mariia Butina, estavam disparando os tiros em Moscovo, nas instalações, antigamente pertencentes ao KGB.
Mariia Butina: "não queres me contar nada?!! Então vamos ter SEXO!"
Blogueiro: os nossos leitores têm todo o direito à perguntar, mas cadê o sexo? Meus queridos, confesso-vos, Mariia tinha desenvolvido uma técnica absolutamente cruelmente mortal e infalível. Quando um americano, daqueles que Lenine caraterizava como “idiota útil” acordava de manha cedo ao seu lado, Mariia lhe atirava na cara com a escolha ineqivocamente objetiva. Ela dizia: “ou você me contará absolutamente TUDO do que sabe, ou então, nós vamos ter SEXO!” Como a carne é fraca, a grande maioria das suas vítimas realmente contava tudo que sabia, e mesmo aquilo que nem por isso...
O MNE russo lançou o flash mob online para apoiar Mariia Butina, que foi detida nos EUA por suspeita de espionagem.
A publicação com o pedido de postar as fotos da Mariia no avatar nas suas contas apareceu nas páginas oficiais do Ministério russo de Negócios Estrengeiros / de Relações Exteriores no Twitter, Facebook e Instagram.
O nosso blogue decidiu apoiar a iniciativa ;-)

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