sábado, junho 23, 2018

O processo de descomunização em curso no Cazaquistão

O ano 2018 poderá ser considerado no Cazaquistão como ano de descomunização. O país está se livrando do passado comunista em forma de monumentos e topónimos, resgatando a história nacional e recordando as repressões comunistas que atingiram nas décadas de 1920-1930 mais de 200.000 pessoas.

No dia 20 de junho a cidade de Esil oficialmente se livrou do monumento local do Lenine. Anteriormente, em 17-18 de maio de 2018 na cidade de Aqtöbe foi legalmente desmontado o monumento do Levon Mirzoyan, o 1º líder do Cazaquistão soviético e chefe do PC do Cazaquistão em 1933-38. Arménio étnico, nascido fora do Cazaquistão e sem nenhuma ligação especial ao país, Mirzoyan participou ativamente no processo de repressões comunistas, o que não o salvou. Ele foi executado em fevereiro de 1939 em Moscovo, no auge do Grande Terror estalinista.    
O mapa dos campos de concentração soviéticos do sistema GULAG em 1954
Desde o abril de 2018 no Cazaquistão funciona o fórum legal de oposição liberal e pró-ocidental, chamado Zana Kazakstan (Novo Cazaquistão), que pede a proibição da ideologia comunista, início do processo de descomunização do país, apresentando o seu anteprojeto-lei de reconhecimento da Grande Fome, semelhante ao que foi aprovado na Ucrânia.       
Holodomor é recordado no Cazaquistão
No dia 31 de maio, Cazaquistão anualmente celebra solenemente o Dia das vítimas de repressões políticas de anos 1920-1930, nestas duas décadas as repressões comunistas mataram cerca de 200.000 pessoas, incluíndo vários ucranianos. É de notar que atualmente vivem no Cazaquistão mais 300.000 cidadãos da descendência ucraniana. Na sua maioria, são descendentes de ditos kulaks/kurkuls (os camponeses ucranianos), vítimas das repressões comunistas na Ucrânia, que foram deportados à força às estepes do Cazaquistão precisamente nos anos 1920 e 1930, recorda a página ucraniana Dialog.ua
Em 2018 os eventos em memória das vítimas da repressão comunista decorreram em todas as regiões do Cazaquistão. Descendentes dos mortos e sobreviventes, que passaram fome e privação, compartilhavam as histórias dos seus familiares, colocando aos monumentos erguidos (mais de 60 em todo o país) as flores com as fitas pretas. Muitos deles nem sequer podem visitar as sepulturas dos familiares e antepassados, porque ninguém sabe onde as vítimas foram enterradas. Em 2018 na cidade de Aqtöbe foi erguido um novo monumento em honra das vítimas de repressões e da Grande Fome.
É de recordar também que só na onda do Grande Terror estalinista em 1938-38, mais de 100.000 cidadãos foram vítimas de repressões comunistas no Cazaquistão, cerca de ¼ deles foram condenados à morte. No território do Cazaquistão funcionavam 11 campos de concentração de GULAG, os maiores eram “Dalniy”, “Peschaniy”, KarLag, ALZHIR (o campo infantil), “StepLAG” e “KamyshLAG”.
As crianças no GULAG soviético, ler mais
Naturalmente, todas essas mudanças provocam a verdadeira irra da extrema-direita russa e dos socialistas cazaques, ambos consideram que “a ideologia da extrema-direita começa tomar conta do Cazaquistão, mesmo sem o Maydan”: 

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