sábado, março 31, 2018

Como Europa Central e Oriental vê as suas minorias judaicas

Num grande estudo recente, conduzido pelo centro de pesquisas PEW, foi demonstrado que Ucrânia é o país da Europa Central e Oriental (entre 18 países em estudo) mais tolerante perante a comunidade judaica.   

Nos últimos anos muita boa gente costuma acreditar que alguns países da Europa Central – Hungria, Polónia, etc., são a última esperança europeia face à chegada descontrolada dos refugiados. Entende-se dos muçulmanos, ou como certa gente diz aos cotovelos, os “refujihadistas”.

Surpreendentemente, ou talvez não, estes mesmos países mostram o mesmo tipo de atitude, ligeiramente menos negativo, mas mesmo assim, na ténue linha entre tolerância e intolerância, perante os judeus.

Eis são os resultados do inquérito sobre as atitudes perante os judeus na Polónia: 18% dos polacos/poloneses dizem que não estão dispostos a aceitar os judeus como cidadãos de seu país, e uma parcela similar (20%) diz que não gostaria de ter os vizinhos judeus. Quase um terço dos adultos polacos/poloneses (30%) dizem que não aceitariam uma pessoa judia como membro de sua família.
Polónia: Jedwabne: viagem ao coração das trevas
As visões polacas/polonesas são mais negativas quando se trata de dois outros grupos minoritários na Europa: muçulmanos e ciganos/roma. Cerca de quatro em dez ou mais adultos polacos/poloneses dizem que não querem que os muçulmanos sejam cidadãos de seu país (41%), seus vizinhos (43%) ou membros de sua família (55%). Do mesmo modo, pelo menos três em dez polacos/poloneses não aceitariam os ciganos/roma como concidadãos (30%), vizinhos (38%) ou membros da família (49%).

Os resultados mais completos podem ser encontrados AQUI (os temas são mais diferenciados): Religious Belief and National Belonging in Central and Eastern Europe.

Morreram pela Pátria: os mais jovens combatentes ucranianos

Todos eles morreram na guerra russo-ucraniana antes de completar 25 anos. Quase todos estavam na linha da frente nas fileiras das unidades voluntárias, alguns eram polícias, todos morreram como soldados. Todos merecem a nossa simpatia e a memória eterna.

1. Oleh Aksenenko (20 anos), nom de guerre “Acsion” (nascido aos 14/06/1994 em Luhansk, morreu em combate em 20/08/2014 na batalha de Ilovaysk), 2º sargento da polícia, batalhão “Azov”, sepultado em Kyiv.

2. Andriy Snitko (18 anos), nom de guerre “Homa” (nascido aos 25/01/1996, aldeia de Hormanivka, região de Volyn, morreu em 20/08/2014 na batalha de Ilovaysk, cobriu com o próprio corpo uma granada russa), polícia, batalhão “Azov”, sepultado na sua terra natal.

3. Serhiy Tabala (18 anos), nom de guerre “Sever” (nascido aos 16/12/1995, cidade de Lebedyn, região de Sumy, morreu em 6/11/2016 em combate no aeroporto de Donetsk), voluntário do Setor da Direita, sepultado na cidade de Sumy.

4. Andriy Butenko (23 anos), nom de guerre “Legat” (nascido aos 11/08/1992, cidade de Donetsk, morreu em 11/06/2016 nos combates na mina de “Butivka”), voluntário do Setor da Direita, sepultado na região de Donetsk.

5. Yevhen Kostyuk (19 anos), nom de guerre “Shliotsyk” (nascido aos 28/09/1996, cidade de Vinnytsya, morreu em 02/06/2016, em resultado dos ferimentos contraídos nos combates na mina de “Butivka”), voluntário do Setor da Direita, sepultado na região de Vinnytsya.

6. Andriy Kryvych (19 anos), nom de guerre “Dilli” (nascido em 1999, cidade de Konotop, morreu em 27/03/2018 nos combates no arco de Svitlodarsk, atingido pelo franco-atirador russo), sepultado em 30/03/2018 na cidade natal que decretou, pela sua morte, o dia de luto.
A minha simpatia é para com essas crianças e essa é a minha dor. Memória eterna aos melhores filhos da Ucrânia.


A lista parcial das baixas do DUK PS

sexta-feira, março 30, 2018

«Watergate vermelho»: quando Portugal expulsava agentes do GRU e do KGB

Diário de Lisboa de 21 de Agosto de 1980 (@ Fundação Mário Soares)
Em 20 de Agosto de 1980, invocando a Convenção de Viena, o governo centrista português do Primeiro-ministro Sá Carneiro expulsa, por «intromissão nos assuntos internos portugueses» quatro agentes soviéticos, afetos à embaixada soviética em Lisboa: um do GRU e três do KGB. Era o culminar do processo de «Watergate vermelho».
Os detalhes deste episódio estão contados no 13.º capítulo da biografia Sá Carneiro
(ed. Esfera dos Livros). Leia os excertos mais relevantes
Eram o capitão-de-fragata Vladimir V. Koniaev (nos arquivos americanos é referido como Vladimir Konyayev), formalmente adjunto do adido naval da embaixada mas na verdade espião do GRU; e Albert A. Matveev (Albert Matveyev), ministro-conselheiro e número dois da embaixada, em Portugal desde 1974; Alexandre S. Koulaguine (Aleksandr Kulagin), terceiro-secretário e Youri A. Semenitchev (Yuriy Semenychev), conselheiro da embaixada, todos pertencentes à residentura do KGB em Lisboa, sendo este último o seu principal responsável.
A lista parcial dos espiões soviéticos expulsos dos diversos países entre 1970-1984
O primeiro-ministro português Sá Carneiro agiu assim, após, através do seu amigo e assessor militar, Carlos Azeredo, receber uma cassete gravada, de forma clandestina, durante uma sessão organizada no Teatro São Luiz em Lisboa pela Associação de Amizade entre Portugal e a URSS – na fita, ouvia-se o embaixador soviético Arnold Kalinin (1929-2011) a discursar e a criticar duramente a política externa da Aliança Democrática. Sá Carneiro também recebeu uma lista com cerca de dez nomes de espiões soviéticos a actuar em Portugal a partir da missão diplomática soviética – um era do GRU, o serviço de informações militares, e os restantes do KGB.
As denúncias de espionagem económica do PCP ao favor da URSS
Entre as actividades ilícitas graves daqueles espiões contavam-se: o envolvimento em acções de agitação e propaganda nos distritos de Évora e de Beja, tentativas de boicotar a Reforma Agrária; intermediação no financiamento clandestino soviético ao Partido Comunista Português (PCP) e aos sindicatos da CGTP, da linha comunista; e gestão de um sistema de escutas telefónicas a embaixadas ocidentais.
Os oficiais russos expulsos em todo o mundo até o dia 29/03/2018 (sem contar com Eslovénia).
Portugal decide que não apoiará os seus aliados da NATO e da EU...
Os diplomatas tinham cinco dias úteis para fazerem as malas e abandonarem Lisboa. A 26 de agosto de 1980, antes do fim do prazo, foram levados pelo embaixador soviético ao aeroporto da Portela e embarcaram num voo da Aeroflot. Era o fim do processo a que Sá Carneiro chamou «Watergate vermelho».

quinta-feira, março 29, 2018

Caso Skripal: Yulia Skripal está consciente e fala

Yulia Skripal (33), a filha do ex-coronel do GRU Sergey Skripal, está melhorar rapidamente, ela já está consciente e fala, informa a BBC. ex-major do KGB-SVR Boris Karpichkov conta, que foi avisado, com antecedência sobre o perigo que corriam os Skripal.
Sergey Skripal no exército (de pé no meio da foto)| @Global Look press/ukr.media
Sergey Skripal e a sua filha Yulia estão em tratamento médico desde o dia 4 de março, após serem alvo do envenenemanro por agente químico Novichok, desenvolvido e fabricado na URSS/Rússia.
Sergey Skripal o jovem oficial do exército | @Global Look press/ukr.media
O médico encarregado do seu caso informa que Yulia Skropal responde bem ao tratamento, mas ainda precisará de cuidados médicos 24 horas por dia. O estado clínico do seu pai é crítico, mas estável.
Sergey Skripal no seu casamento | @Global Look press/ukr.media
A polícia britânica trata do caso dos Skripal como a tentativa do assassinato.

Bónus

O jornalista da CNN Nic Robertson conversa com ex-major do KGB-SVR Boris Karpichkov (1959) que conta que foi avisado, com antecedência, sobre o perigo que corriam Sergey Skripal e a sua filha:

Ver a versão completa da entrevista:
Ver a versão completa da entrevista

Criador do agente químico “Novichok” sobre o envenenamento do Sergey Skripal

O especialista de armas químicas soviético/russo Vil Mirzayanov falou sobre o caso do envenenamento o ex-coronel do GRU Sergey Skripal e explicou por que as autoridades russas exigem constantemente que Grã-Bretanha “age em estrita conformidade com a Convenção de Armas Químicas”, informa o serviço russo da VOR.

VOR: Você participou do desenvolvimento de agentes soviéticos de guerra química: “Substância 33”, “A-232” e “A-234”, conhecidos hoje como “Novichok”. Ao mesmo tempo, você diz que essas armas são únicas e não existem em nenhum país fora da Rússia. Como, então os investigadores britânicos foram capazes de determinar que tipo de material foi usado para envenenar Sergei Skripal?
Vil Mirzayanov: Para estabelecer que tipo de “substância” foi utilizada neste caso, você precisa ter acesso à um poderoso espetrómetro de massa de alta resolução, na “biblioteca” do qual existem espetros de todos os compostos actualmente conhecidos. Amostra colhida é comparada com a já conhecida, e o computador indica um espectro com uma probabilidade de 96%. Ou seja, não pode haver erro aqui.

VOR: Mas para isso, os investigadores devem ter algum tipo de amostra?
VM: Esses são os procedimentos usuais. Podem ser usados as amostras de sangue, urina, amostra de vestuário. Existem muitas maneiras.

VOR:. As autoridades russas têm repetidamente afirmado que o produto químico usado para envenenar o ex-coronel do GRU Sergei Skripal, poderia ser produzido em outros países, inclusive no Reino Unido. Você diz que na Inglaterra existiam amostras do “Novichok”.
Ler mais e/ou comprar o livro
VM: Os britânicos poderiam facilmente sintetizá-lo com base em fórmulas por mim publicadas no meu livro em 2008 (State Secrets: An Insider's Chronicle of the Russian Chemical Weapons Program Secrets / Segredos de Estado: uma crónica de insider dos segredos do programa russo de armas químicas). Cada país tem de cuidar de sua própria segurança, e poderia criar uma amostra no estudo de possíveis ameaças. Estes protótipos poderiam existir em muitos países, mas a produção foi depurada apenas na URSS e da Rússia.

VOR: Você publicou essas fórmulas completamente?
VM: Completamente. Eu suspeitava que algo como isso (atentado contra Skripal) poderia acontecer, e assim desde 1992, tentava a inclusão de “Novichok” na lista de produtos químicos proibidos. Mas isso pode fazer apenas a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), coordenando a sua decisão com todos os países membros. Após a publicação do meu livro, a questão foi discutida numa reunião da OPAQ, e, tanto quanto eu sei, não foi tomada qualquer decisão.

VOR: O ministro dos Negócios Estrangeiros / Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em resposta às reclamações britânicas, acusou Londres de não cumprir os requisitos da Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas.
VM: A OPAQ, na estrutura desta Convenção, só pode trabalhar com substâncias que estão na lista de substâncias proibidas. “Novichok” não está nesta lista e, portanto, a sede da OPAQ não possui métodos para reconhecer a “substância”.

VOR: Pela primeira vez você anunciou a existência de “Novichok” em 1992. Essas armas poderiam ter sido aprimoradas desde então? Como você pode ter certeza de que neste caso, não estamos falar numa substância diferente com características semelhantes?
VM: Claro, poderíamos melhorar, mas o “esqueleto” da substância permanece inalterado. “Novichok” difere de todos os gases nervosos conhecidos na medida em que é baseado na junção entre fósforo e nitrogénio. Todos os outros agentes tóxicos não têm essa conexão, de modo que “Novichok” é uma classe fundamentalmente nova de compostos químicos.

VOR: “Novichok” foi criado no Instituto Estatal de Pesquisa Científica Química e Tecnologia Orgânica (GSNIIOHT) no final dos anos 1980. Trabalhando neste projeto, você assumiu que ele pode ser usado em situações como o “caso da Skripal”?
Edifício do GSNIIOHT em Moscovo
VM: Na era soviética, sempre trabalhámos em conjunto com o KGB. Quando foi assassinado Markov (o escritor dissidente búlgaro Georgi Markov, assassinado em Londres em 1978), a ricina obtida no nosso laboratório foi usada no ataque. Mas não nos envolvemos em armas de assassinato, para isso a KGB tinha o seu próprio laboratório.

VOR: As autoridades russas alegaram que a “substância” que você criou poderia estar disponível nas repúblicas da ex-URSS. Como fonte de origem, por exemplo, eles citaram Geórgia e Uzbequistão.
VM: Isso é uma falácia. A União Soviética colapsou há 27 anos, e se em algum lugar nas repúblicas havia um “Novichok” limpo, ele havia se desintegrado há muito tempo, e não seria útil como uma arma. Qualquer agente químico venenoso se decompõe e não há compostos que retenham suas propriedades por muito tempo. No primeiro ano perde 2% das suas capacidades letais, no segundo – 3% e os produtos de decomposição resultantes aceleram o processo de decomposição. É por isso que o armazenamento e uso de substâncias tóxicas é um grande problema, que, além disso, são mais cara do que a sua produção.

VOR: Você disse que no assassinato de Skripal e da sua filha, poderiam ser usadas as armas binárias...
Arma binária do KGB que matou em 1959 o líder nacionalista ucraniano Stepan Bandera
VM: Sim, por causa das dificuldades de armazenamento e do uso, ninguém hoje produzirá o chamado “produto final”. Produzirá componentes individuais, relativamente inofensivos, que são unidos imediatamente antes do seu uso.

VOR: E essa produção pode ser escondida?
VM: Sim, por exemplo, simultaneamente ao desenvolvimento de uma substância [venenosa] promissora, na época dos testes já em andamento, está sendo desenvolvido um pesticida agrícola, que basicamente repete essa substância em suas características. Ou seja, a produção dos chamados “semi-produtos”, que são componentes de armas binárias, pode ser conduzida de maneira bastante oficial. Em algumas empresas, eles podem executar um plano de produção de pesticidas, mesmo sem perceber que estão realmente produzindo armas químicas.

VOR: Do seu ponto de vista, até que ponto foi fácil transportar essas substâncias através das fronteiras e depois usá-las?
VM: Não é muito difícil. Você precisa de duas ampolas de vidro, um agente de alta pressão, por exemplo – a gasolina leve e volátil. As ampolas devem ser quebradas antes do uso, e as substâncias misturadas darão a mistura desejada. Então, o resultado pode ser pulverizado como um aerossol. Mas esta é uma opção muito básica, e tenho certeza de que o FSB poderia criar uma maneira mais sofisticada.
Especialistas britânicos junto ao banco em que foram achados os Skripal
VOR: Você acha que o atentado contra o ex-coronel Skripal foi “enfaticamente demonstrativo”. Ou seja, os responsáveis contaram que os vestígios do “Novichok” serão encontrados?
VM: Eu não penso assim. Isso é realmente uma punição demonstrativa, mas na minha opinião, Moscovo tinha certeza de que ninguém encontraria vestígios da substância. Esta “substância” não existe oficialmente, não é mencionada em nenhuma das listas da OPAQ. Quase 30 anos, ninguém se envolveu no seu desenvolvimento. É óbvio para mim que Moscovo estava contando com o facto de que ninguém os apanharia.

VOR: Após o incidente com Sergei Skripal, você, como um dos criadores do “Novichok” foi contatado pela OPAQ ou por alguma outra organização internacional?
VM: Não, ninguém falou comigo, exceto os jornalistas.

  
Bónus

A polícia britânica encontrou o local primário do envenenamento
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O ex-agente do GRU Sergei Skripal e sua filha Julia foram expostos pela primeira vez ao veneno na casa do ex-espião em Salisbury. A maior concentração desta substância foi detectada na porta de entrada do edifício, segundo a polícia britânica.

Vestígios do agente nervoso, que foi usado no envenenamento dos Skripal foram encontrados em vários outros endereços, mas em menor concentração, disse o vice-comissário-adjunto da Polícia, Dean Haydon. O trabalho de especialistas nesses locais é concluído, o mesmo será aberto à presença dos policiais de Wiltshire.

A investigação estabeleceu o alegado local de envenenamento como resultado de exames detalhados. Nas próximas semanas e, talvez, meses, os investigadores continuarão estudando a casa completamente, tanto no interesse da investigação, quanto por razões de segurança, explicou Haydon.

Investigadores continuam estudando a gravação de câmaras de segurança com uma duração total de mais de 5.000 horas e estudam mais de 1.350 pistas. Eles encontraram cerca de 500 testemunhas e gravaram os testemunhos de centenas de pessoas.

Blogueiro: a última informação da polícia britânica apenas confirma a tese do Vil Mirzayanov, possivelmente não houve nenhum ataque direto e tudo foi feito para que os vestígios não fossem encontrados.

quarta-feira, março 28, 2018

A arte da ucraniana Daryna Kossar que vos deixará com água na boca

A arte da ucraniana Daryna Kossar saltou do Instagram para o prato de restaurantes de Kyiv e agora, para a palete de uma nova coleção de cosméticos. Veja aqui a história desta antiga assistente social, formada em psicologia, que encontrou uma nova vocação na cozinha decorativa.
A reportagem da TV portuguesa SIC (faça click para ver)
As criações da artista são ricas em detalhes, cores e formatos. Nas mãos dela, salmão vira autocarro/ônibus, pão se transforma em focinho de vaca, macarrão ganha contorno de cabelos. Animais, paisagens, comidas e até personalidades estão entre seus desenhos criativos. Para Daryna, uma boa apresentação causa prazer estético e complementa o sabor.
Quando começou a fazer arte com a comida, Daryna estudava psicologia e marketing. A “brincadeira” com alimentos era um hobby. Além de artista, ela é blogueira de estilo de vida, fotógrafa e tem um canal no YouTube. O Instagram da artista também bomba, com quase 40 mil seguidores.
todas as imagens @instagram.com/darynakossar
Amigos e familiares a incentivaram a compartilhar suas criações com o mundo. Deu tão certo que hoje a artista é renumerada por suas produções, que, como garante, todos são comestíveis, escreve catracalivre.com.br

terça-feira, março 27, 2018

Hacker “solitário romeno” Guccifer 2.0 é oficial do GRU russo

O alegado hacker “solitário romeno”, Guccifer 2.0, contatado e defendido pelo conselheiro do presidente Donald Trump – Roger Stone, é um oficial russo, afeto ao GRU do Estado-maior do exército russo, escreve a publicação americana The Daily Beast.

O conselheiro do Donald Trump – Roger Stone admitiu abertamente que manteve a correspondência com Gucifer 2.0, o mesmo Stone exigia “parar de acusar a Rússia” de ataque informático contra os servidores do Partido Democrata dos EUA. Por sua vez, Guccifier 2.0, hacker alegadamente “solitário”, divulgava a informação confidencial dos democratas, com ajuda da WikiLeaks e do Julian Assange para desacreditar Hillary Clinton, a oponente do Trump nas eleições presidenciais americanas.

Em janeiro de 2017, a CIA, a NSA e o FBI avaliaram “com alto grau de confiança” que “a inteligência militar russa (GRU) usou a persona Guccifer 2.0 e a página DCLeaks.com para divulgar os dados dos democratas e outras vítimas dos EUA”. Embora o documento americano não chamou diretamente Guccifer de oficial de inteligência russo, nem forneceu qualquer evidência das suas afirmações.
Ler o documento, 25 páginas, PDF
Um dos especialistas que estava à caça Guccifer 2.0 era Kyle Ehmke, pesquisador de inteligência da empresa de segurança cibernética ThreatConnect. Não era definitivamente fácil provar a ligação entre o hacker e serviços secretos russos. Ehmke trabalhou em uma investigação do ThreatConnect que tentou rastrear os metadados dos e-mails do Guccifer. Mas a trilha sempre terminava no mesmo centro de dados na França. Ehmke acabou descobrindo que a Guccifer estava se conectando através de um serviço de anonimato chamado Elite VPN, um serviço de rede privada virtual que tinha um ponto de saída na França, mas estava sediado na Rússia.

Habitualmente Guccifier 2.0 trabalhava, usando Elite VPN, mas uma vez ele se esqueceu de o ativar, o que permitiu aos serviços de segurança dos EUA determinar o nome do oficial do GRU, que usava este nick (possivelmente em algum momento o mesmo nick passou ser usado por um oficial ou hacker mais experiente, pois, como mostra The Daily Beast, o seu inglês se tornou muito mais evoluído), quando trabalhava no quartel-general do GRU em Moscovo.

Empresas de segurança e dados revelados das secretas americanas identificaram anteriormente o GRU como a agência que dirige “Fancy Bear”, a organização hacker que dez anos atrás penetrava nos servidores da NATO-OTAN, da Casa Branca de presidência do Obama, de uma estação de televisão francesa, da Agência Mundial Antidopagem (WADA) e inúmeras ONGs, forças armadas e agências civis na Europa, na Ásia Central e no Cáucaso.

Naturalmente, essa descoberta providenciará mais meios para a equipa do procurador especial americano Robert Mueller, encarregado de investigar a equipa do Donald Trump e eventualmente o próprio Trump no domínio dos seus contactos ilegais com os serviços secretos russos.

Ler mais em inglês.

Espanha prende o líder russo do grupo hacker Cobalt

No dia 26 de março na cidade espanhola de Alicante foi detido o líder russo do grupo de hackers Cobalt, especializado no roubo de dados pessoais e activos financeiros no ramo banqueiro e de hotelaria.
Vídeo e imagem que mostra atuação de um grupo hacker afiliado ao Cobalt em 2015
A detenção, anunciada pelo ministro de Interior espanhol, Juan Ignacio Zoido, é uma operação conjunta do FBI, em cooperação com polícias especializadas de Azerbaijão, Belarus, Roménia, Taiwan e Ucrânia (vídeo que mostra atuação de um grupo hacker afiliado ao Cobalt é de 2015):

Na Ucrânia, a Polícia Nacional ucraniana deteve um membro do grupo Cobalt, de 30 anos que desempenhava as funções do programador. Ele criava e desenvolvia os vírus e vendia os dados relevantes nas páginas especializados dos hackers. Como informa a Polícia Nacional da Ucrânia, os restantes membros do grupo Cobalt residem no território da federação russa:

Sabe-se que inicialmente, os hackers se especializavam em ataques sem contato contra as ATM. Além dos sistemas de gestão de caixas eletrónicas, os cibercriminosos tentavam constantemente obter acesso as portas de pagamento e processamento de cartões. No final de 2017, pela primeira vez na história do sistema financeiro da Rússia, eles fizeram um ataque bem-sucedido contra um banco usando o sistema de transferências interbancárias (SWIFT). Ao grupo Cobalt são atribuídos os 11 ataques bem-sucedidos contra os bancos russos (todos os maiores bancos, menos o banco estatal), com o roubo de mais de 1 bilhão de rublos (cerca de 17.460.000 dólares).
O programador de Cobalt detido na Ucrânia
Além disso, o grupo Cobalt é responsabilizado pelos numerosos ataques aos bancos no Reino Unido, Holanda, Espanha (tudo indica que na Espanha os programas maliciosos são compartilhados entre os hackers de grupos Anunak, Cobalt e Carbanak), Roménia, Belarus, Polónia, Estónia, Bulgária e outros países. A Europol reconhece que os hackers do Cobalt causaram sérios danos à indústria financeira global: “A escala de perdas foi extremamente significativa. Por exemplo, o programa Cobalt permitia aos criminosos roubarem até 10 milhões de euros durante uma única brecha de segurança”.

segunda-feira, março 26, 2018

Aviação dos EUA atinge as posições sírias e russas em Mo Hassan

Chegam as informações sobre o ataque aéreo preventivo da coligação/coalizão liderada pelos EUA contra as forças proxy sírias e da EMP russa “grupo Vagner” nos arredores da aldeia Mo Hassan perto de Deir ez-Zor.
O objetivo destes bombardeamentos massificados é a libertação de toda a margem esquerda do rio Eufrates da presença de forças pró-Assad e dos mercenários russos. Os EUA mostram, mais uma vez que não pretendem tolerar a presença do regime do Damasco na margem oriental (esquerda) do Eufrates. Desta vez, os bombardeamentos não foram em resposta de uma tentativa de ataque contra a coligação curda-árabe de SDF, reforçada pelos assessores americanos, mas de ações preventivas da coligação, escreve o blogueiro militarista russo el-murid.
A mesma fonte informa que os EUA e a Grã-Bretanha aumentaram o número de seus afetivos regulares em Al-Tanf, além disso, muito recentemente na localidade de Al Shaddad no nordeste da Síria chegaram cerca de 3.000 militares norte-americanos. Possivelmente em Deir ez-Zor será criada uma base dos Estados Unidos, mas 3.000 homens são destinados para a solução de alguns outros problemas. Nessa área existem apenas dois grandes problemas – o Daesh/Estado islâmico, declaradamente derrotado, sem o saber, e o segundo problema – as constantes tentativas das unidades sírias, iranianas e russas (geralmente mercenários e proxy) para capturar território e pontos de interesse no território curdo na margem esquerda do Eufrates. O ataque de hoje demonstra que os EUA pretendam resolver os dois problemas de vez e por métodos mais radicais e eficientes, do que foram usados até agora.

EUA, EU e Ucrânia expulsam cidadãos e diplomatas russos, Trump ordena o fecho de consulado

Donald Trump na Pensilvânia, 10/03/2018 foto @Joshua Roberts/Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou nesta segunda-feira (26 de março) a expulsão de 60 russos do país, incluindo diplomatas e funcionários do governo, e fechou o consulado russo na cidade de Seattle no estado de Washington. A ação é a resposta ao ataque com agente nervoso contra um ex-espião Sergey Skripal que aconteceu no Reino Unido e que teria sido conduzido pela Rússia.
Os EUA expulsam 48 funcionários com estatuto diplomático do consulado russo em Seattle (na foto em cima), e também mandam sair dos EUA 12 alegados espiões da missão russa na ONU, incluindo Fyodor Strzhizhovskiy, Alexander Volgarev e Vladimir Safronkov (conhecido pelo seu discurso público em 12 de abril de 2017, em que usou a linguagem chula de pequena criminalidade russa, absolutamente inaceitável no meio diplomático e mesmo entre as pessoas minimamente educadas).

O movimento dos EUA acontece após a expulsão de diplomatas russos do Reino Unido e que foi anunciada há alguns dias pela primeira-ministra britânica, Theresa May, e a cobrança por explicações do governo da Rússia pela União Europeia, escreve Exame.abril.com.br

Quatorze países da União Europeia expulsam diplomatas russos

Diplomatas da Rússia serão expulsos de 14 países da União Europeia (UE) em resposta ao episódio do envenenamento de um ex-espião russo e de sua filha em Salisbury, no Reino Unido, anunciou nesta segunda-feira (26 de março) o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

“Hoje, 14 Estados-membros decidiram expulsar diplomatas russos como consequência direta das discussões do Conselho na semana passada sobre o ataque em Salisbury. Não estão excluídas medidas adicionais, entre elas mais expulsões, nos próximos dias e semanas”, escreveu Tusk no Twitter.

O presidente do Conselho Europeu lembrou que, na última quinta-feira, os líderes da UE, reunidos em uma cúpula, expressaram apoio ao Reino Unido, ao assinalarem que é “altamente provável” que a Rússia seja responsável pelo ataque e que “não há outra explicação plausível” para o mesmo, e decidiram chamar para consultas o embaixador do bloco em Moscou.

“Seguimos sendo críticos com as ações do governo russo”, disse hoje Tusk em entrevista à imprensa, antes do início de uma reunião em Varna, na Bulgária, entre a cúpula da UE e o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.

O presidente da UE não revelou os países concretos que decidiram expulsar diplomatas russos, mas, nas últimas horas, alguns Estados-membros anunciaram essas medidas.

O ministério das Relações Exteriores da França afirmou que expulsará quatro diplomatas russos, enquanto a Itália anunciou a expulsão de dois, segundo anunciou o ministério italiano em comunicado.

Além disso, o primeiro-ministro dinamarquês, o liberal Lars Loekke Rasmussen, indicou que seu país deve expulsar dois diplomatas russos em resposta ao ataque em Salisbury (exame.abril.com.br)

Ucrânia, Estónia, Letónia, Lituânia, Croácia e Albânia expulsam diplomatas russos
No total: 21 país; 135 diplomatas (mais 2 expilsou Albânia fora dessa imagem)
Ucrânia anunciou a expulsão de 13 diplomatas russos, praticamente a metade de todos os diplomatas expulsos por diversos países da União Europeia. 

Petró Poroshenko: em resposta à um ataque químico cínico em Salisbury (Reino Unido), Ucrânia, num espírito de solidariedade com nossos parceiros britânicos e aliados transatlânticos, e em coordenação com os países da UE, decidiu expulsar 13 diplomatas russos dos poucos remanescentes. Como é sabido, as nossas relações diplomáticas com a Federação Russa estão de facto congeladas.

Albânia, não sendo membro da UE, decidiu expilsar dois diplomatas russos. Estónia, Letónia e Lituânia anunciaram nesta segunda-feira a expulsão de vários diplomatas russos em resposta ao envenenamento no Reino Unido do ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha, que foram hospitalizados no dia 4 de março após serem expostos a um agente químico.

Em uma coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores da Estónia, Sven Mikser, anunciou que o embaixador da Rússia em seu país foi informado que o adido militar russo alocado nessa embaixada tem uma semana para deixar o país.

“As suas ações não estão em consonância com o estipulado na Convenção de Viena sobre relações diplomáticas”, argumentou o ministro, citado pela emissora de radiotelevisão estoniana, em alusão a atividades de espionagem.


O ministro das Relações Exteriores da Letónia, Edgars Rinkevics, informou através do Twitter que, “em solidariedade com o Reino União após o ataque de Salisbury e a violação da Convenção de Viena, a Letónia se une a muitos países da União Europeia” com a expulsão de um diplomata russo e a inclusão de um cidadão russo em uma lista negra. O Ministério de Relações Exteriores da Lituânia, por sua vez, informou sobre a expulsão de três diplomatas russos, segundo o site de notícias “Delfi”, citado pela agência exame.abril.com.br.