sábado, fevereiro 24, 2018

“Retaguarda”: a província russa que fornece os mercenários à Síria e Ucrânia

Oito moradores de uma aldeia russa na região de Sverdlovsk foram combater na Síria, assinando o contrato com uma EMP (possivelmente grupo Vagner), apenas um deles voltou vivo.

Todos eles, antes de sua viagem, “aderiram aos cossacos”, cerimónia que decorreu no clube da aldeia, gerido pela administração estatal local. “Adesão” foi presidida pelo padre ortodoxo de uma outra localidade. O padre local é claro: o mandamento “não matarás” é sagrado, apenas na necessidade de defender a sua própria terra, família, filhos, se pode prescindir deste.

Um dos mercenários chegou de férias vivo, outro telefonou à sua mãe no dia 9 de fevereiro e apenas disse: “Está tudo mau”; seis deles estão incontatáveis desde o dia 7 de fevereiro, quando uma coluna dos mercenários russos foi aniquilada, de uma forma superior, pelo exército e marinha dos EUA.
Os mercenários locais são homens dos 35 aos 55 anos, quase todos deixaram em casa famílias e filhos menores. A morte de um deles, Ruslan Gavrilov (na foto em cima), terrorista como passagem pela leste da Ucrânia, foi noticiada pela página russa e1.ru. Os familiares não receberam nenhuma informação oficial, os telefones do “grupo Vagner” não respondem, os locais sentem pena dos mercenários, mas em geral, não aprovam a sua decisão.

A vida no interior russo

Na aldeia não há trabalho. Nas cidades da região há bastante trabalho, mas os salários rondam os 10.000 rublos (177 dólares). Os serviços municipais (água, luz, renda de casa) no inverno (com aquecimento central) chegam aos 7.000 rublos (124 dólares). Mesmo assim, as dívidas salariais, para com os trabalhadores, chegam aos 60 dias de atraso. Como dizem os locais: “ou roubar ou ir à guerra”.

Mercenário Andrey (3 filhos menores): “Tenho que construir uma casa! Não vou conseguir ganhar o dinheiro [aqui]. Vou para a guerra e assim construirei a casa”.

Mercenário Igor contou aos seus pais que iria trabalhar na construção da ponte de Crimeia. Os seus conhecidos contam que ele e o seu grupo queriam participar na guerra contra Ucrânia na Donbas.

Mercenário Sasha (Alexander), 3 filhos menores, o mais velho de 14 anos: foi o que ligou no dia 9 de fevereiro e disse: “Mãe, está tudo mal”. “Mas mal como?” – perguntou a mãe. “Quando venho – te conto”, – disse mercenário e nunca mais ligou ou veio. Ele costumava dizer à mãe que viajou à Síria para ver o mundo...

Mãe de um dos mercenários desaparecidos: “Gostaria de saber a verdade. Não sei porque nós abandonaram assim. País não reconhece. Putin não reconhece. Digam obrigado à ele [fecha a porta].

Bónus

No dia 21 de fevereiro, na cidade russa de Azov foi enterrado Kirill Stanevich, militar russo no ativo que morreu na Síria, alegadamente em 17 de fevereiro. Oficialmente, nada foi dito sobre as circunstâncias ou local da sua morte. O blogueiro russo el-murid está pressupondo que desta maneira as autoridades russas estão legalizando as mortes dos militares russos afetos às forças especiais (SSO) que foram aniquilados nos arredores de Deir ez-Zor pelas forças americanas durante a tentativa do ataque contra a fábrica de gás Conoco.

Das cadeias da “ldnr” à Síria

Da Síria chega a informação, por confirmar, sobre a morte nos hospitais sírios, na sequência dos ferimentos contraídos no dia 7 de fevereiro, de pelo menos dois terroristas russos: Ievgeni Barannikov (08.01.1978) e Eduard “Ryazan” Gilyazov.
Ambos participaram nas ações terroristas no leste da Ucrânia: Barannikov, até recentemente foi dado como morto na Donbas e Gilyazov desde 2015 estava tido como desaparecido: morto, detido pelos próprios terroristas ou desaparecido sem deixar o corpo.
Se a informação sobre a morte na Síria, dos terroristas que anteriormente eram considerados mortos ou desaparecidos no leste da Ucrânia for verdadeira, isso significa que eles receberam a proposta “irrecusável” dos seus curadores russos: apodrecer até a morte numa cadeia das “repúblicas populares” ou “apagar a sua culpa com a sangue” na Síria.

Recentemente, a Rádio Svoboda entrevistou um dos líderes regionais dos “cossacos russos”, chefe Ievgeni Shabaev, que contou sobre os recrutamentos compulsivos dos separatistas e mercenários russos que decorrem nos territórios da Ucrânia ocupada:
– Existem cadeias de detenção operativa (SIZO) em Donetsk e Luhansk, onde as pessoas, incluindo cidadãos russos, são mantidas por três ou mais anos. [...] Foram colocadas na prisão sem lhes comunicar a sua culpa. Lá não funciona nem advocacia, nem jurisprudência, tudo está de acordo com as “regras” [do crime]. Os rapazes estão presos por três anos. Vêm os recrutadores e dizem: ou você continua a apodrecer aqui, ou você vai à guerra, talvez até ganhará alguma coisa. Quando você vê esteja perante essa escolha, você irá à guerra – e não para [ganhar] os 150.000 rublos (2.660 dólares), como [recebem] certos membros das EMP´s, mas entra na [unidade] “Vesna” (ex-Karpaty), onde pagam cerca de 100.000 rublos (1.770 dólares), mesmo assim, nem sempre.

1 comentário:

francisco júnior disse...

Não entendo essa guerra .