quarta-feira, fevereiro 28, 2018

Palácio dos Sovietes: a utopia arquitetónica comunista soviética

Nos anos 1930 a URSS planeou a construção do gigantesco Palácio dos Sovietes, que deveria simbolizar a vitória do socialismo num único país. Em 1931 as autoridades soviéticas dinamitaram, para libertar o espaço, a Igreja do Cristo Redentor, em 1932 começaram e em 1939 concluíram as alicerces. Após a II G.M. o projeto foi esquecido e abandonado.

A ideia foi anunciada em 1922 pelo líder bolchevique Serguei Kirov que disse no 1º Congresso dos Sovietes: “os sons da Internacional já não cabem em edifícios antigos, e no lugar dos palácios de banqueiros, proprietários rurais e czares, será preciso erguer o novo palácio de operários e camponeses”.
Naturalmente, Kirov omitia o facto de que o “palácio de operários e camponeses” será usado pela nova classe exploradora – nomenclatura soviética, mas não escondia os planos comunistas expansionistas — “a construção majestosa será o emblema do futuro poderio, do triunfo do comunismo não só aqui, mas também lá, no Ocidente!

02. A imprensa soviética publicava os artigos em que comparava o futuro Palácios dos Sovietes com arranha-céus nova-iorquinos, pirâmides egípcias ou a Torre Eiffel parisiense.

04. Foi lançado o concurso do projeto do futuro edifício. Exigia-se que este contenha dois salões, Pequeno e Grande, em cada um devendo caber alguns milhares de pessoas. No total foram recebidos cerca de 160 projetos, o vencedor foi do arquiteto nascido em Odessa, na Ucrânia, Boris Iofan, conhecido como “arquiteto estalinista”.
De acordo com o plano, o Palácio dos Sovietes se tornaria o prédio mais alto do mundo, o topo do edifício deveria ser coroado por uma gigante estátua de Lenine de 100 metros de altura – assim, o Palácio seria um edifício e um pedestal colossal do monumento. A massa da estátua completa de Lenine pesava cerca de 6.000 toneladas, e o comprimento do dedo indicador seria de 4 metros.

05. Para enquadrar o edifício também foi planeada a reconstrução completa do centro de Moscovo, destruindo os bairros antigos – ideia, mais tarde, realizada pelo ditador Ceausescu em Bucareste. Entre a Praça Vermelha e a então Praça Sverdlov (agora Teatralnaya) se pensavam construir uma ampla rodovia/avenida. Os autores do projeto acreditavam que “a ideia, baseada na solução arquitetónica das áreas do Palácio dos Sovietes é a ideia de áreas abertas e amplamente convidativas incorporam a democracia socialista”.
Aparência do Palácio em Moscovo atual, caso este seria construído.

06. Pouco se sabe sobre os interiores do palácio – estes deveriam receber os acabamentos de granito polido e decorados com as esculturas. Lugares dos espectadores no Grande Salão deveriam ser cobertos de couro, a altura do Grande Salão seria de 100 metros com um diâmetro de 140 metros. O Pequeno Salão deveria ter 32 metros de altura, e o vestíbulo do Palácio deveria ter sido chamado de “Salão de Constituição de Estaline”.
Vista planeada do interior do Grande Salão (imagem em cima):

07. Entrada: “Salão de Constituição de Estaline”

08. Em 1939 acabaram de construir as alicerces – o futuro palácio deveria ter um peso gigantesco – cerca de 1,5 milhão de toneladas. Ainda em 1937, foi preso e fuzilado o chefe da construção do Palácio, Vasiliy Michaylov. Com início da guerra nazi-soviética, em 1941 – as peças metálicas da fundação foram usadas no sistema da defesa antitanques de Moscovo e o resto do metal foi utilizado para a construção de diversas pontes para os caminhos-de-ferro.
Após 1945 o projeto foi consideravelmente “encolhido”, a altura do edifício passou de 415 aos 270 metros, foi bastante diminuída a área interior e simplificada a decoração. Em 1947, em Moscovo começaram a construir os famosos “arranha-céus de Estaline”, e o Palácio dos Sovietes foi definitivamente esquecido.

Fotos: russian7.ru | namednibook.ru | way2day.com | tehne.com | Texto: Maxim Mirovich

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