terça-feira, setembro 19, 2017

Os cogumelos de Chornobyl: beleza e perigo (15 fotos)

Na Ucrânia e Belarus começou a época de apanha de cogumelos. As páginas do Facebook estão cheias de fotos de cogumelos, as pessoas contam as suas histórias, mostram a colheita, se vangloriam pela quantidade, qualidade e exemplares mais vistosos. O blogueiro belaruso Maxim Mirovich visitou a zona de exclusão de Chornobyl e voltou vivo para mostrar o que viu.

Ele próprio, está contra a apanha de cogumelos “selvagens” em todo o território da Belarus (especialmente na sua parte sul). Em 1986, a contaminação por radiação afetou [uma parte da Ucrânia] e quase toda a Belarus sob a forma de precipitação radioativa, carregada de sais de radioisótopos césio-137 e estrôncio-90, bem como muitos elementos transuranianos, como plutónio e amerício. Mesmo os territórios que são considerados “limpos”, receberam pelo menos uma pequena dose de poluição. Os radioisótopos geralmente estão no solo, e se as árvores ou arbustos os absorvem em menor quantidade, então o musgo e os cogumelos são um acumulador absoluto de radiação – se houver, pelo menos, a menor partícula radioativa na zona, o micélio necessariamente o absorverá.

A postagem de hoje é dedicada aos cogumelos de Chornobyl e mostrará as evidências que confirmam: os cogumelos daquela região não são para apanhar, nem para comer.

01. O passeio pela zona de exclusão começa na cidade abandonada de Pripyat. Em muitos locais da cidade o dosímetro mostra o ar praticamente livre de radiação, mas tudo que cresce da terra, por exemplo, o musgo pode mostrar níveis excessivos bastante significativos.

02. Não foram encontrados os cogumelos em Pripyat, então aqui vêm as fotos inéditas que nunca foram publicadas antes: ponto de propaganda eleitoral soviético “agitpunkt” no centro cultural e recreativo “Energetik” (em maio de 1986 em Pripyat, deveriam se realizar algumas eleições locais):

03. A saída de emergência do centro “Energetik”, com um guarda-roupa público para guardar os paletós e casacos:

04. Cabines de observação da roda-gigante no parque da cidade. No parque também não se vêem cogumelos – todo o território é asfaltado.

05. Para observar os cogumelos, se viajou até o objeto “Chornobyl-2” – são antenas gigantes de 150 metros de altura – um objeto soviético secreto – o sistema de vigilância de radar além do horizonte, chamado “Duga”. Simplificando, essas antenas possibilitavam o rastreamento do lançamento de mísseis nucleares intercontinentais por parte do “inimigo provável”. Na entrada os viajantes podem ver os sinais rodoviários todos enferrujados:

06. Posto de controlo abandonado. Aqui estão os locais mais favoráveis ao crescimento dos cogumelos: mata seca, musgo e folhas de pinheiro em forma acicular.

07. As próprias antenas são um complexo gigante de várias centenas de metros de comprimento e 150 metros de altura.

08. Mais uma vez, o dosímetro mostra os níveis quase normais de radiação, medidas “no ar”, ultrapassando a norma apenas ligeiramente. O amador poderá considerar que é seguro apanhar os cogumelos aqui, mas isso não é verdade.

09. As antenas são uma estrutura de metal gigante, que em si é um acumulador de radiação. Em 1986, quando a poucos quilómetros do “Duga” ardia e fumegava o 4º reator da estação nuclear de Chornobyl, as antenas atraíram e absorveram bastantes radionuclídeos. Depois disso, as chuvas que caiam naquela área, por muitos anos lavavam o pó radioativo até ao solo.

10. Os locais mais ricos em cogumelos são os mesmos, onde, durante anos, caia a água das antenas:

11. É verdade – muitos cogumelos diferentes podem ser encontrados debaixo dos pinheiros, tanto comestíveis, como venenosos. Olha, que bonitão!

12. Um pequeno cogumelo. O dosímetro mostra 0,34 mSv/h (norma é 0,5 mSv/h), em vez de 0,15-0,20/h do ar.

13. Durante a sua vida curta, os cogumelos conseguem literalmente, “como uma esponja”, absorver todo o tipo de radionuclídeos. Um cogumelo um pouco maior – 0,35 mSv/h.

14. Um cogumelo maior ainda – 0,44 mSv/h.

15. Um cogumelo velho e respeitado, vários dias mais velho do que os seus coirmãos. “Sua Majestade” mostra quase 1,00 mSv/h. Não é mais um cogumelo, é um depósito de lixo radioativo sólido de baixo nível de emissão, na sua posse, o turista será barrado no desembarque no aeroporto, por exemplo. Tenham em mente que estas são apenas medições rápidas e feitas por um amador, com auxílio de um dosímetro doméstico. Se este cogumelo for esmagado e medido no laboratório em termos reais de raios beta e gama, a sua contaminação radioativa real será algumas vezes maior.
Como podem ver – com os indicadores de radiação de fundo (do ar) bastante “seguros”, os cogumelos absorvem, com sucesso, tudo o tipo de radioatividade que conseguem achar na natureza. Portanto, não recomendamos apanhar os cogumelos “selvagens” na zona de Chornobyl – melhor comprar um pacote no supermercado.

E vocês, queridos leitores do nosso blogue, costumam apanhar os cogumelos? O que depois fazem com eles?

Fotos e texto @Maxim Mirovich

Bónus

Peixe-gato gigantes perto da central nuclear de Chornobyl:

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