quarta-feira, maio 31, 2017

RIP Cardeal Lubomyr Husar

Aos 85 anos de idade faleceu Cardeal Lubomyr Husar, o Arcebispo maior-emérito da Igreja Greco-Católica Ucraniana (UGCC), considerada a maior Igreja Oriental em comunhão com o Bispo de Roma, Papa Francisco, informa o serviço de imprensa da UGCC.

Lubomyr Husar nasceu em 26 de fevereiro de 1933 na cidade de Lviv, mas aos 11 anos a sua família emigrou da Ucrânia, vivendo na Áustria e nos EUA. Nos Estados Unidos ele foi formado em teologia pelo Seminário menor em Stamford (Connecticut).

Em 1965 ele se muda para Roma, onde viveu por 25 anos. Entre 1973-1984 leccionava na Universidade papal missionário “Urbaniana”, era colaborador próximo do Patriarca da UGCC Josyp Slipyj.   

Em 1977 Lubomyr Husar se torna Bispo, e já para o ano ocupa o posto de arquimandrita do Mosteiro de São Teodoro. De 1984 à 1991 desempenhou as funções do protosínquelo da eparquia de Lviv em Roma.

Em 1993 Lubomyr Husar voltou à Ucrânia, em 2001 ele se tornou Cardeal e governou a Igreja Católica Ucraniana juntamente com o seu Sínodo de 2005 à 2011. Renunciou em fevereiro de 2011, por motivos de saúde. Em 25 de março de 2011, o Sínodo Extraordinário, em Kyiv, escolheu Dom Sviatoslav Shevchuk como novo Arcebispo-Mor. 

É de notar que Sua Beatitude Lubomyr Husar por muitos anos manteve-se na Ucrânia como a autoridade moral indiscutível, não só para os greco-católicos ucranianos, mas para os crentes de outras religiões e pessoas não muito próximos da vida religiosa, recorda a TV ucraniana 24tv.ua

O Tribunal de Arbitragem de Estocolmo dá razão ao “Naftogaz” e à Ucrânia

O Tribunal Arbitral afeto ao Instituto de Arbitragem da Câmara de Comércio de Estocolmo (SCC) tomou hoje uma decisão separada e favorável à Ucrânia na questão de arbitragem de vendas de gás entre “Naftogaz” e “Gazprom” sob Contrato de vendas de gás de 2009.

O tribunal rejeitou por completo a reivindicação “take-or-pay” (leve ou pague, que obrigava “Naftogas” comprar uma quantidade mínima do gás anualmente) da “Gazprom” (uma economia de 45 biliões de dólares!) e satisfez o pedido da “Naftogaz” para colocar o preço do gás aos níveis de preços praticados no mercado. Além disso, o tribunal levantou totalmente a proibição de reexportação de gás, que fazia parte do mesmo contrato, informa a corporação ucraniana Naftogaz.

“O nosso principal interesse neste caso é, portanto, que o fornecimento de gás à Ucrânia seja baseado nos princípios e regras do mercado europeu do gás. Como é exigido pela legislação nacional, pelas disposições do Tratado que institui a Comunidade da Energia e Acordo de Associação entre a Ucrânia e a UE. [...] A fórmula de preço é revista desde 2014 – o preço europeu. É uma vitória inequívoca. Integração europeia na marcha”, – escreveu no seu Facebook a Vice-Ministra dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Olena Zerkal.

«Gazprom» também recebeu a cópia da decisão do Tribunal de Arbitragem sueca. “O volume do documento é muito grande, são 790 páginas. Estamos agora analisar o conteúdo para chegar a quaisquer conclusões”, – disse o vice-chefe do departamento jurídico do “Gazprom”, Sergei Kuznets, informa a televisão russa TV rain.

Em junho de 2014, “Naftogaz” e “Gazprom” apresentaram as ações mútuas de indemnização, referentes ao contrato do fornecimento de gás. No início de abril de 2017 “Gazprom” exigia ao “Naftogaz” 45,7 bilhões de dólares, valor que incluía pretensões sobre as faturas alegadamente não pagas na parte em disputa sobre o preço no período entre novembro de 2013 a maio de 2014 e o pagamento do gás não solicitado (culpa direta da primeira-ministra de então, Yulia Timoshenko), pela Ucrânia sob a fórmula “leve ou pague”.

A ação do “"Naftogaz” consistia em reclamação do reembolso do pagamento de excedente do gás, comprado sob contrato ao “Gazprom” entre de 20 de maio de 2011 até outubro de 2015.

Relatório americano “Avaliação Mundial de Ameaças” 2017

No seu relatório anual, chamado “Avaliação Mundial de Ameaças” (Worldwide Threat Assessment), a comunidade de Inteligência dos Estados Unidos informa o Senado dos Estados Unidos sobre as ameaças, perigos e desafios à segurança nacional dos EUA.
  
Um dois pontos do relatório é a situação corrente da Ucrânia, descrita de uma maneira bastante assertiva e correta. A situação dos outros países é descrita de forma curta e interessante (Afeganistão, China, Coreia do Norte, Nigéria, Paquistão, Rússia, Síria, Venezuela, entre outros).

A intervenção militar da Rússia no leste da Ucrânia continua mais de dois anos após o acordo de “Minsk II”, concluído em fevereiro de 2015. A Rússia continua a exercer pressão militar e diplomática para forçar Ucrânia a implementar as interpretações de Moscovo das disposições políticas do acordo: nomeadamente, as emendas constitucionais que efetivamente dariam ao Moscovo um poder do veto sobre as decisões estratégicas de Kyiv.

A oposição doméstica ucraniana [“Bloco de Oposição”] fazendo as concessões políticas à Rússia – especialmente quando a luta continua no leste da Ucrânia – isso limitará a disposição e a capacidade de compromisso da Ucrânia, o que complicará as perspectivas de implementação do acordo de Minsk. A Rússia controla em grande parte do nível de violência, que usa para exercer pressão sobre Kyiv e sobre o processo de negociação, e os níveis de violência flutuantes provavelmente continuarão ao longo da linha da frente.

A luta da Ucrânia para reformar suas instituições corruptas determinará se o país permanecerá em um caminho europeu ou se será novamente a vítima da luta interna das elites e da influência russa.

Clube de combate: espiões russos procuram recrutas europeus

Um seminário sobre Systema (a táctica ofensiva ensinada às forças espeicias russas) nos EUA @SEAN GERETY
Os centros de artes marciais onde se ensina a técnica systema (tácticas ofensivas das forças especiais russas) multiplicaram-se no Ocidente e estão a ser usadas para criar “células adormecidas” ao serviço do Kremlin, dizem os especialistas.

por: ANDREW RETTMAN, Publico.pt

Os serviços de espionagem russos estão a usar clubes de artes marciais para recrutar potenciais desordeiros na Alemanha e noutros países da União Europeia, alertam especialistas em segurança. Acrescentam que o número de clubes é superior ao que se previra e que as “células adormecidas” podem organizar provocações violentas na véspera das eleições alemãs de Setembro.

Os clubes de artes marciais onde se aprende um treino de combate chamado systema (usado pelas forças espeicias russas), têm todos ligações “directas ou indirectas” à agência de espionagem militar GRU ou aos serviços de espionagem interna FSB, de acordo com Dmitrij Chmelnizki, um académico residente em Berlim que estuda a espionagem russa.

Chmelnizki disse que o GRU estava a utilizar estes clubes para recrutar agentes no Ocidente, tal como costumava fazer quando tinha bases na antiga Alemanha de Leste, durante a Guerra Fria.

A sua investigação descobriu 63 clubes systema na Alemanha e várias dúzias noutros estados europeus, nos Balcãs ocidentais e na América do Norte.

Muitos destes clubes gabavam-se publicamente de terem ligações às forças especiais russas e usavam insígnias do GRU ou do FSB, como imagens de morcegos ou de S. Jorge.
Emblema do Systema München: junção dos elementos gráficos do GRU e do FSB
Nada disto é segredo para as autoridades alemãs, espero eu”, disse Chmelnizki.

O académico de 63 anos fugiu da Rússia para a Alemanha ocidental em 1987, depois de ser julgado em tribunal por fazer investigação sobre o KGB (o antecessor do FSB).

Chmelnizki realizou a sua investigação sobre os clubes systema usando fontes abertas na Internet. Também colaborou com Viktor Suvorov, um antigo agente do GRU que esteve colocado em Genebra, na Suíça, durante a Guerra Fria, antes de se mudar para o Reino Unido.

Chmelnizki disse ao euobserver que, com base numa estimativa — “aproximadamente três a cinco agentes, em média, para um grupo de treino” —, os 63 clubes na Alemanha significam que a “quinta coluna” do GRU pode contar com até 315 recrutas.

De acordo com a doutrina do GRU, estes agentes podem ser usados para atacar alvos como bases militares ou aeroportos civis no caso de estalar uma guerra com a NATO, mas também podem receber ordens para criar “terror geral na retaguarda do inimigo” ou “um ambiente de suspeita, insegurança e medo” na população de um país inimigo em tempos de paz.

“Estão a organizar células adormecidas de combate”, disse Chmelnizki.

Fazendo a antevisão das eleições alemãs de Setembro, o académico disse que os agentes russos podem tentar começar um ciclo de violência racista antes da votação. “Podem ser usados para destabilizar a situação, por exemplo, instigando a violência durante manifestações contra o governo ou atirando cocktails molotov contra mesquita ou abrigo de migrantes”, explicou.

Chmelnizki disse que a rede de escolas de artes marciais Systema Wolf tem um “interesse particular” pois “está a desenvolver-se muito depressa” na Europa.

Nos últimos sete anos, abriu sucursais na Alemanha, Grécia, Hungria, Itália, Sérvia e Suíça e criou um ramo alemão dos Lobos Nocturnos, um gangue de motoqueiros russo cujo líder é amigo do Presidente Vladimir Putin.

Chmelnizki disse que a escola Systema RMA também é interessante porque parece ter como alvo recrutas vindos de dentro dos serviços de segurança alemães.

O académico assinalou que cinco alunos deste clube em Bona pertencem à polícia especial alemã, por exemplo.

Chmelnizki disse que queria falar publicamente porque se sente inseguro e porque a publicidade pode ajudar a protegê-lo. “Até agora, não recebi qualquer ameaça clara, mas sei com quem estou a lidar”, disse ao euobserver. “O GRU sente-se tanto em casa na Alemanha unida como se sentia na antiga URSS”, afirmou.

Uma investigação anterior realizada por um jornalista alemão, Boris Reitschuster, e publicada no ano passado, já dizia que o GRU estava a usar clubes systema para recrutar agentes.

O trabalho citou um relatório confidencial de um serviço de espionagem ocidental, que diz que o GRU tinha recrutado entre 250 e 300 agentes na Alemanha e que o serviço diplomático tinha ficado surpreendido por as autoridades alemãs não terem feito nada para o impedir.

Um trabalho anterior da revista alemã Focus disse que havia clubes systema com ligações ao GRU em 30 cidades alemãs e que o BfV, o serviço de espionagem interna alemão, os via como uma ameaça de segurança do país.

Um documentário recente do canal ZDF na Alemanha também fez um alerta relativo aos agentes tchetchenos. Este documentário citava um dos agentes veterano do FSB que tinha deixado o serviço em 2008 e que afirmou que o FSB tinha usado clubes de artes marciais na Сhechénia — uma região autónoma russa — para recrutar homens que mais tarde enviou para a Alemanha, fazendo-se passar por refugiados. Os “agentes adormecidos” chechenos podiam “receber qualquer tipo de ordem” no futuro, disse o agente do FSB, que pediu para manter o anonimato.

O euobserver contactou a maior escola systema, a Systema Ryabko, para obter um comentário sobre os relatórios de Chmelnizki e Reitschuster. A escola respondeu com um e-mail, enviado da sua sede em Toronto, no Canadá, sem incluir o nome do remetente: “As alegações que ouviram são fruto da imaginação maldosa de alguém e são completamente falsas.”

Eleições alemãs

A quatro meses das eleições alemãs, o GRU já foi acusado de tentar interferir no resultado, através de ataques informáticos a deputados alemães.

“Reconhecemos isto como uma campanha dirigida a partir da Rússia”, disse Hans-Georg Massen, o director do BfV, numa conferência na cidade alemã de Potsdam, a 5 de Maio. “Se eles [usam o material pirateado] ou não, isso é uma decisão política... que presumo que será tomada no Kremlin”, acrescentou.

No entanto, os serviços de espionagem e da polícia alemães recusaram dizer ao euobserver se pensavam que os serviços de espionagem russos representavam uma ameaça física, bem como digital.

“Não divulgamos os nossos conceitos de segurança”, declarou um porta-voz da polícia de Berlim.

Stefan Meister, um especialista alemão em Rússia, disse que os serviços de espionagem russos estavam a atacar a Alemanha como parte de uma campanha mais alargada anti-UE, mas afirmou que é improvável o Kremlin ir além da propaganda e de operações informáticas.

Meister, do Conselho Alemão de Relações Externas — um think tank sediado em Berlim — disse ao euobserver que o Estado-Maior e os serviços de espionagem da Rússia tinham começado a discutir formas de combater a influência ocidental depois dos protestos na Rússia contra Putin, em 2011 e 2012.

Meister afirmou que Putin, que dirigiu o FSB, se sentiu “atacado” pelo Ocidente — o líder russo culpou-o de organizar as manifestações.

“O Kremlin discutiu formas de retaliar, de interferir na nossa sociedade, por exemplo manipulando o debate público ou explorando as fraquezas da União Europeia para incapacitar a UE,” disse Meister.

Este também afirmou que a Alemanha era um “alvo” porque tinha apoiado as sanções da União Europeia à Rússia e porque o país é vital para a estabilidade económica e política do bloco.

Meister, que participou no documentário da ZDF, acrescentou que havia “especulação” em “círculos de especialistas” na Alemanha que Putin ou Ramzan Kadirov (o presidente da Chéchénia) podiam usar agentes chechenos para “influenciar a comunidade muçulmana na Europa e apoiá-los na organização de ataques terroristas”. Mas acrescentou: “Não é assim que operam as forças de segurança russas. Eles querem enfraquecer o sistema [alemão], mostrar as suas fraquezas, mas não querem organizar uma espécie de golpe.”

Havia “pânico e exagero” quanto ao que “os russos seriam capazes” de fazer, disse ele.

Contudo, outro especialista em Rússia discordou.

Eerik Kross, que costumava caçar espiões russos quando dirigia o serviço de segurança da Estónia (o Kapo), entre 1995 e 2000, disse que uma manifestação contra o governo em Berlim, realizada no ano passado, já “mostrava as marcas” de uma “operação especial” da espionagem russa, concebida para influenciar a política alemã.

A Convenção Internacional de Germano-Russos, um grupo sediado em Berlim que nega ter ligações ao Kremlin, colocou 700 homens e mulheres nas ruas junto do gabinete da chanceler Angela Merkel, a 23 de Janeiro do ano passado. O grupo chamou extremistas anti-muçulmanos e neo-nazis para se juntarem a eles, através do Facebook.

Realizou a manifestação em conjunto com uma campanha de propaganda patrocinada pelo Kremlin sobre alegações falsas de que uma rapariga russa tinha sido violada por migrantes.

“Sistemático, agressivo”

Além da Alemanha, a investigação de Chmelnizki revelou que os clubes de artes marciais com ligações ao GRU e ao FSB também cresceram como cogumelos noutros locais da Europa.

Chmelnizki afirmou que havia nove escolas tipo systema cujos fundadores eram “todos agentes do GRU ou do KGB-FSB” e cuja expansão “intensa” no estrangeiro nos últimos dez anos “não tinha qualquer explicação natural visível.”

Esta expansão parecia ser “uma operação de larga escala bem planeada dos serviços secretos, com financiamento poderoso do governo”, disse.

A escola Systema Ryabko, por exemplo, tem sucursais na Áustria, Bélgica, República Checa, Estónia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Luxemburgo, Países Baixos, Polónia, Portugal, Roménia, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Suécia e Reino Unido, bem como na Alemanha.

A escola Systema Siberian Cossack tem alunos na Áustria, Croácia, República Checa, Finlândia, França, Hungria, Itália, Eslováquia, Eslovénia, Espanha e Reino Unido.

Outra escola systema associada a Vadim Starov — que Chmelnizki descreveu como “um agente do GRU que está reformado apenas formalmente” — tem sucursais no Chipre, Grécia e Itália e era a “mais óbvia” no seu uso de insígnias e slogans do GRU, disse o académico.

Kross, o antigo chefe do Kapo da Estónia, disse que as autoridades da União Europeia deviam prestar mais atenção à ameaça física que a espionagem russa representa. Indicou que, recentemente, agentes do GRU forneceram treino de combate a um grupo neo-nazi na Hungria — a Frente Nacional Húngara — e a grupos semelhantes na Eslováquia (os Recrutas Eslovacos e o Movimento de Renascimento Eslovaco).

Também disse que o GRU tinha tentado organizar uma violenta acção anti-NATO no Montenegro, no ano passado.

Analisando os alegados ataques informáticos do GRU às eleições alemãs, Kross disse que as operações especiais eram mais “agressivas” e mais “perigosas” pela sua natureza. “Um ataque informático pode causar muitos danos, mas uma operação especial exige colocar uma equipa de operacionais clandestinos no país-alvo”, explicou.

“O uso recente por parte da Rússia de operações especiais na Europa parece ser mais do que apenas uma lista de incidentes aleatórios. Há um aumento sistemático e isto ocorre não só nos Balcãs ocidentais, mas também no resto da Europa”, disse Kross.

Mark Galeotti, um especialista britânico em Rússia, contou ao euobserver que a espionagem russa por vezes entregava as operações na Europa a grupos russos de crime organizado, de modo a esconder o seu envolvimento. “Há provas de que alguns grupos de crime organizado de base russa são por vezes contratados pela espionagem russa para realizar certas acções”, disse.

Galeotti, do Instituto de Relações Internacionais de Praga, também afirmou num relatório publicado em Abril que, até então, os criminosos russos na Alemanha realizavam tarefas “mundanas” para espiões russos, como “vigilância simples” ou entrega de “materiais ou mensagens”.

Relatou também que o GRU e o FSB usa a máfia russa para “angariar fundos para acções políticas” activas [subornos] na Europa para não terem “impressões digitais” russas”.

Apontando o treino de combate do GRU na Hungria e ao alegado golpe do GRU no Montenegro, Galeotti disse que a máfia também pode ajudar a “quinta coluna” do Kremlin na Europa a realizar ataques mais sérios, em caso de hostilidades.

“A capacidade da máfia russa fazer contrabando de armas e equipamento militar” para dentro na UE será “particularmente útil para o Kremlin”, disse Galeotti.

A lista de Putin

Chmelnizki não é o único inimigo de Putin a viver na Europa que não se sente protegido pela fronteira da UE ou da NATO.

Egmont Koch, que realizou o documentário da ZDF sobre os agentes chechenos, disse ao euobserver que o antigo agente do FSB com quem falou quis permanecer no anonimato porque tinha medo de represálias.

Uma lista de homicídios recentes, alegadamente cometidos pelo Kremlin em território ocidental, pode incluir Alexander Litvinenko, um desertor do FSB que foi envenenado no Reino Unido em 2006 e Alexander Peripilichny, um delator anti-FSB que morreu subitamente no Reino Unido em 2012, entre outros.

As mortes súbitas na Alemanha, em 2015, de dois deputados ligados às relações com a Rússia — Philip Missfelder e Andreas Schokenhoff — também inspiraram teorias da conspiração.

Meister conta que conhecia Missfelder e que o deputado tinha problemas de saúde, mas disse que alguns dos seus colegas consideraram que as duas mortes “não podiam ser normais”.

Mikhail Khodorkovsky, um antigo director de petróleo russo que teve desavenças com Putin e que fugiu para o Reino Unido depois de sair da prisão, também disse que os países da UE deviam prestar mais atenção às ameaças físicas que a espionagem russa representa.

Khodorkovsky, tal como Galeotti, diz que se o regime russo o quisesse matar, provavelmente encarregaria criminosos chechenos na Áustria de o fazer. E acrescenta que os serviços de espionagem russos têm uma lista de pessoas na Europa “cuja morte seria agradável para Putin e o seu círculo.”

“A lista não é assim tão curta. Também não são centenas de pessoas, mas, mesmo que matassem apenas dez pessoas, isso faria todos os outros reflectir”, disse Khodorkovsky, referindo-se à intimidação dos adversários de Putin no Ocidente.

“O Ocidente parou de pensar nas operações especiais russas há uns 30 anos, mas, hoje em dia, precisa de compreender e ver esta ameaça de maneira diferente”, afirmou.

@Exclusivo PÚBLICO/euobserver

O terrorista franco-americano é expulso do exército americano

O cidadão franco-americano Guillaume Cuvelier, conhecido pela sua participação nas atividades russo-terroristas na Ucrânia e pela sua passagem pelas organizações francesas de extrema-direita foi recentemente expulso do exército dos EUA, escreve o jornal americano Washington Post.
Numa manif de extrema-direita na França em 2013
No início de maio, Washington Post, tinha contado a história do soldado americano Guillaume Cuvelier de 29 anos, com passagem pelos vários grupos da extrema-direita francesa e co-fundador do grupo terrorista armado antiocidental e antiucraniano “Unité Continentale”, ativo no leste da Ucrânia em 2014. Depois de deixar a Ucrânia em 2015 e passar pelas milícias peshmerga no Iraque, em janeiro de 2017 Cuvelier se alistou no Exército dos EUA.
Guillaume Cuvelie (no centro) nos arredores de Debaltseve em novembro de 2014

Guillaume Cuvelier nasceu em 9 de abril de 1988 na Normandia, onde fez parte de vários movimentos de extrema-direita: “Jeunesses identitaires”, Parti de la France (PDF) e “Troisième Via”. Em 2010 foi candidato a PDF no departamento de Eure.
Com milícias peshmerga em Kirkuk no Iraque, foto @Rick Findler
O terrorista usa habitualmente meia dúzia de pseudónimos, entre eles Guillaume Lenormand e Frédéric Lynn (possivelmente Frédéric é um dos seus nomes de batismo). Em nome de Lenormand o terrorista possui uma conta bancária na Société Générale (IBAN: FR76 3000 3008 1300 0511 2892 577, SWIFT: SOGEFRPP) através da qual é/era financiado o grupo terrorista Unité Continentale. O nome de Frédéric Lynn é usado como pseudónimo literário, com este nome ele assinou um livro de memórias sobre a sua participação na guerra contra Ucrânia, que em abril de 2017 deveria ser publicado numa editora francesa, mas tudo indica que não conseguiu reunir o número desejável de pré-encomendas.
  
Antes de sua expulsão do exército americano na semana passada, Cuvelier – cidadão francês e norte-americano – estava servindo como um soldado de infantaria numa unidade no Havai, de acordo com registos fornecidos pelo Exército dos EUA.
Guillaume Cuvelier (no centro) como recruta no Fort Benning (EUA)
O tenente-coronel Jennifer Johnson, a porta-voz do Exército, não revelou a razão de expulsão do Cuvelier, explicando que estes dados são protegidos pela Lei de Privacidade (Privacy Act). Sabe-se apenas que a expulsão do Cuvelier oficialmente não é classificada nem como honrosa, nem desonrosa, prática habitual, aplicada aos militares que serviram menos de 180 dias no exército americano.

O passado de Cuvelier de extrema-direita e o seu papel na criação de um grupo armado apoiado por um adversário dos EUA foi registado em sites, páginas de redes sociais, documentos e vídeos on-line. Com a sua história facilmente pesquisável, o alistamento do Cuvelier levanta sérias questões sobre o processo de recrutamento pelo Exército e até que ponto o candidato foi devidamente investigado pelos serviços de internos americanos.
Os diversos terroristas estrangeiros no Donbas, verão de 2014
O Exército americano habitualmente proíbe a entrada daqueles que mostram “pontos de vista ou ações extremistas”, de acordo com o tenente-coronel Randy Taylor, porta-voz do Departamento de Forças Armadas e Assuntos de Reserva do Exército. No caso de Cuvelier, este processo parece ter sido negligenciado, de alguma maneira, o que poderia o levar às acusações de alistamento fraudulento sob o Código de Uniforme (Uniform Code) de Justiça Militar.

Passado e afiliação nacional-socialista

Um outro francês, Laurent Brayard, propagandista ao serviço da organização terrorista “dnr”, acusa Guillaume Cuvelier de ser um nazi assumido e filho de um pró-nazi, e de «querer sair o mais rápido possível [do Donbas], com medo de morrer por estes cães de Donbass, estúpidos, alcoólicos e pessoas degeneradas».
Brayard afirma que “Guillaume Lenormand” possui a tatuagem de suástica num dos braços, usa os adereços nazis e costuma fazer a saudação nazi “sieg heil”. Além disso, Brayard cita as palavras de outros terroristas, como: Tonio, Victor [Lenta], Renaud [Delagarde], Erwan [Castel Erwan Jean François] e outros que acusam Cuvelier / Lenormand de entrar em pânico debaixo de fogo, mostrar os “aranhões” como se fossem feridas de combate e ficcionar as histórias do seu próprio «heroísmo».
Em uma curta troca dos e-mail entre Cuvelier e jornalista americano Thomas Gibbons-Neff, o terrorista confirmou o seu atual serviço no exército americano e a sua passagem pela Ucrânia, suplicando que o seu passado terrorista não seja revelado, prometendo que “tinha mudado”.
Pousando ao lado do Rafael Lusvarghi (3º à esquerda de kilt),
um dos co-fundadores da Unité Continentale 
“O Exército [americano] é minha única chance de seguir em frente e cortar com meu passado”, dizia Cuvelier numa das mensagens de texto. “Eu percebi que gosto deste país [EUA], do seu estilo de vida e da sua Constituição, o suficiente para defendê-lo. Ao publicar a minha história você está comprometendo minha carreira [...] os meus russos (Sic!) irão gostar [...] eu gostaria de pedir que você reconsidere o uso do meu nome e / ou foto”.

Sendo cidadão dos EUA, Cuvelier participou nas atividades terroristas na Ucrânia ao serviço do grupo terrorista “república popular de Donetsk” o que poderia leva-lo à acusação federal, dado que este grupo está sujeito às sanções do governo dos EUA. Uma ordem executiva do presidente Barack Obama de março de 2014 que foi aplicada às organizações terroristas “dnr/lnr” em junho do mesmo ano diz que os cidadãos dos EUA estão proibidos de prestar qualquer tipo de apoio às entidades sancionadas com “fundos, bens ou serviços”.

Eu quero matar os americanos!
Usando o seu nom de guerre de Guillaume Lenormand no filme documental "Polite people"
Nas suas entrevistas públicas Cuvelier / Lenormand costuma explicar a sua decisão de se juntar às forças russo-terroristas e antiucranianas com auxílio da habitual retórica antiocidental e antiamericana «révolte contre le monde moderne», ao estilo do clássico discurso neofascista do russo Alexander Dugin. No entanto, nas suas conversas privadas, quer dentro da Unité Coninentale, quer nos contactos com os membros ocidentais do batalhão/regimento “Azov”, ele era muito claro, dizia, em mais de uma ocasião, que veio ao Donbas para matar os americanos. Embora, sem nunca clarificar as razões deste ódio contra a sua 2ª pátria, que muito recentemente aprendeu gostar «muito bastante».

Blogueiro: na preparação deste artigo foram usados os dados e fotos publicados pelo Washington Post, pelo blogue do Anton Shekhovtsov, assim como os materiais OSINT, recolhidos pelo centro ucraniano Myrotvorets e pela sua estrutura afiliada, Myrotvorets Brasil. 

terça-feira, maio 30, 2017

Sanado holandês aprova a associação da UE e Ucrânia

A Câmara Alta do parlamento holandês (Senado) aprovou a ratificação do Acordo de Associação entre a UE e Ucrânia. Anteriormente o documento foi aprovado pela Câmara Baixa do Parlamento.

O documento foi aprovado pelos votos dos partidos da coligação governamental VVD e PvdA, dos democratas progressistas D66, esquerda verde GroenLinks, partido União Cristã, SGP, grupo independente OSF e 9 deputados do partido CDA. Votaram contra a extrema-direita de PVV, os socialistas do SP, partidos 50plus, PvdD e três deputados do partido CDA.
Faça click para ver infografia completa da associação
De seguida, o projeto-lei será assinado pelo Rei dos Países Baixos e publicado no Boletim oficial, após disso entrará em vigor. Depois disso, a Holanda entregará os instrumentos de ratificação à Bruxelas.

Os Países Baixos até hoje eram o único país da UE que não tinha ratificado o documento que prevê o reforço da interacção e cooperação entre a Comunidade Europeia e Ucrânia em vários domínios, informa agência ucraniana Ukrinform.  

segunda-feira, maio 29, 2017

A superioridade tecnológica soviética: os lacticínios

A garrafa de leite em forma do “pescoço” largo foi inventada nos EUA (ou na Grã-Bretanha) em 1880. Nos EUA essa garrafa foi, pela vez, patenteada pelos irmãos Lewis e Abraham Whitman. Os irmãos Whitman fabricavam as suas garrafas na cidade de Cumberland no estado de Maryland. Na Grã-Bretanha o primeiro produtor destas garrafas foi Express Dairy Company, as suas garrafas tinham uma tampa de porcelana com um trinco de arame.

A União Soviética apenas comprou uma fábrica de raiz e para baixar os custos, começou fabricar as tampinhas de fininha folha de alumínio.

Na URSS os produtos lácteos (leite, kefir, nata, etc.) começaram ser comercializadas em recipientes de vidro desde o início da década de 1960, antes disso, principalmente nas cidades do interior, eram vendidos exclusivamente nos recipientes dos clientes, o leite engarrafado era comercializado apenas nas grandes metrópoles. As garrafas do leite normal, leite cozido, kefir e nata eram padronizadas, diferindo apenas na cor da tampinha, feita de folha de alumínio – branca para leite, amarela para leite cozido, verde para kefir e roxa para a nata (ler mais).
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Na foto em cima é um típico balcão frigorífico dos produtos lácteos das lojas soviéticas da década de 1970-80, preenchido por garrafas padronizadas de leite.
A embalagem de cartolina de leite e produtos lácteos, conhecida como “pirâmide” é a Tetra Classic®, criada em 1950 pela corporação Tetra Pak. Produzida e comercializada na URSS sob a licença desde 1959 (principalmente em Moscovo), onde estes pacotes eram geralmente chamados de “pirâmides” e “triângulos”.

A capacidade dos pacotes era: 0,5l (leite e kefir), 0,3l (leite, nata) e de 0,1l (nata, foi produzido em 1980). Os pacotes tinham o design diferente, dependendo do tipo de produto. Por exemplo, os pacotes de leite pasteurizado (na foto em cima) e leite UHT tiveram os padrões gráficos diferentes.

Centenas de mercenários russos sofrem nas cadeias da Ucrânia

Ninguém sabe o seu número exato, a sua existência não é confirmada, de forma oficial, nem na Ucrânia, nem na Rússia. Mais uma etapa das negociações em Minsk nos meados de maio não clarificou a sua posição, nem o estatuto legal. Na Ucrânia eles são considerados terroristas e criminosos, na Rússia são simplesmente “esquecidos” e abandonados.

O jornal russo MK calcula o número dos separatistas pró-russos das ditas “dnr/lnr” e terroristas russos, cidadãos da federação russa, capturados na Donbas e presos nas cadeias da Ucrânia em cerca de 1.000 pessoas.

Eles contactaram o «MK» — por desespero, sentindo que ninguém mais quer saber deles. Todos estão nas cadeias e cadeias de isolamento operativo (SIZO) da Ucrânia, alguns já foram condenados às penas pesadas. Dado que na Ucrânia decorre a Operação Antiterrorista (OAT) e não uma guerra, os mercenários russos não têm o direito de usufruir de qualquer estatuto legal [à não ser do de combatente ilegal/unlawful combatant], os protocolos da convenção da Genebra não se aplicam aos seus casos e ninguém quer saber deles.

Um combatentede ninguém
O moscovita Denis Sidorov (04.08.1981) é mercenário russo bastante conhecido na Ucrânia.

“Que o meu marido foi capturado, fui informada pelo investigador ucraniano [do SBU]. Ele entrou em contato comigo através de uma página na rede social [em setembro de 2016], escreveu que é preciso confirmar a identidade do Denis, já que ele não possuía nenhuns documentos de identificação”, – conta a esposa do mercenário, Kristina Sidorova. Ela não vê o seu marido por quase dois anos – desde que em 2015 este partiu para a Donbas.

Após saber da sua captura, as estruturas da dita “dnr” afirmaram que Denis Sidorov não possui qualquer relação com eles. A unidade terrorista, onde Denis tinha servido, o colocou imediatamente fora das suas listas. A prática usual de “descartar”. Assim acontecia [na URSS/Rússia] desde a grande guerra patriótica (II G.M.): foste capturado pelo inimigo – é melhor morreres, ninguém irá se preocupar com a sua libertação.

Ex-polícia (2004-10), formado em direito, na juventude Denis passou pela guerra na Chechénia (2001). A família não compreendeu, nem aceitou a sua decisão de lutar pelo “mundo russo” na Ucrânia: a jovem esposa, o filho Mikhail (2011) à crescer – porque razão ele precisou disso tudo?!
No dia 8 de setembro de 2016, Denis Sidorov, o batedor do “3º batalhão especial da infantaria motorizada” dos terroristas (o 1º Corpo militar das forças armadas russas), foi ferido na perna (à facada, num combate corpo-à-corpo) e capturado pelas Forças Armadas da Ucrânia. A sua família foi contactada pela parte ucraniana já no dia seguinte.
«Mercenário russo revelou-se “de ninguém”» — após o seu comando negar qualquer relação com ele, Denis não foi colocado nas listas de troca de prisioneiros. Em Kyiv, ele foi julgado e condenado aos 12 anos de cadeia severa, em junho de 2017 será apreciada a sua recorrência, sem grandes esperanças na redução da pena.

[“Eu sinto muito que eu vim ao território da dnr. Quero fazer um apelo aos meus compatriotas à não irem ao território do Donbas. Os moradores locais são capazes de resolver suas as próprias diferenças e problemas”, – declarava Sidorov em setembro de 2016].
Cristina chegou à declarar na polícia russa que o seu marido “desapareceu”, na tentativa de forçar as autoridades russas de o procurar formalmente. Em resposta, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russos informou Cristina que “o seu pedido é analisado” e dos resultados lhe serão comunicadas oportunamente.

Neste momento, os separatistas presos na Ucrânia [apenas os cidadãos da Ucrânia] recebem a proposta de assinar a declaração de que não desejam retornar às [“dnr/lnr”], casos o cidadão concorda, ele recebe a promessa de uma libertação antecipada. Muitos [separatistas] concordam com a oferta.

A culpa “solteira”
O separatista Maxim Garmash está preso na Cadeia Operativa (SIZO №3) da cidade de Dnipro. Foi detido na cidade de Kharkiv no fim de verão de 2015, na posse de granadas. Foi julgado ao abrigo dos Art. 110, 2ª parte; Art. 260, 2ª parte e Art. 263, 1ª parte do Código Penal da Ucrânia: “atentado contra à integridade territorial e inviolabilidade da Ucrânia”; “participação na criação de formações paramilitares ilegais” e “posse ilegal de armas”.

[Graças ao trabalho exepcional da página Myrotvorets, ele foi julgado e condenado aos 8 anos de cadeia, sem confisco dos bens, pois o tribunal levou em consideração que separatista tem uma filha menor ao seu cargo e que não cometeu os crimes mais graves].

Perguntado pela “MK” se entre os presos há muitos cidadãos russos, Garmash conta que último foi trazido na sexta-feira última [19/05/2017], nas suas palavras: “capturado em combate, ferido com a arma de fogo numa perna, começou a gangrena, a operação não foi feita”.

O mesmo separatista conta que nas cadeias ucranianas têm bastantes cidadãos russos presos, na sua maioria, eles conseguem ter o acesso aos meios de comunicação, mas precisam de paga-los. De acordo com Garmash, os mercenários russos e os separatistas são colocados nas celas juntamente com os outros presos ucranianos, incluindo com os veteranos da OAT, o que provoca os conflitos permanentes.

A guerra de ninguém
Donbas ucraniana após a chegada do mundo russo
Os militares ucranianos, afetos às Forças Armadas da Ucrânia, presos nos cativeiros terroristas de Donbas são, pelas contas de “MK” apenas cerca de 100 pessoas (pelas contas da Ucrânia em 12 de abril de 2017 estavam detidos pelos terroristas 126 cidadãos da Ucrânia, civis e militares). Desde que os militares ucranianos pertencem às FA oficiais, à eles se aplica a Convenção de Genebra [ao contrário dos combatentes ilegais e militares russos que participam na guerra contra Ucrânia em fardamentos descaraterizados e sem os distintivos].

Recordar os 121 POW ucranianos em poder das forças russo-terroristas: 
Em 2014 na Donbas entrou na moda a profissão de negociador, aquele que negociava os termos da troca de prisioneiros e levava estas trocas até o fim. Os primeiros combatentes eram trocados ainda nos campos de batalha. No início, na troca pela troca, depois por dinheiro. Não era muito caro – alguns milhares de dólares por cabeça. Havia trocas que envolviam os objetos – por exemplo, as viaturas. O processo era bastante agilizado e era mais ou menos claro. “Às vezes mesmo os comandantes [das forças inimigas] ligavam uns aos outros após os combates para verificar as listas e rapidamente fazer a troca dos seus”, – contaram ao jornalista russo nas ditas “dnr/lnr”.

A espiã russa na dita “dnr”
Nada disso existe agora. Nas “repúblicas populares” tudo está burocratizado ao limite. Oficialmente, a troca de prisioneiros de guerra é tratada na dita “dnr” pela “provedora de justiça” Daria Morozova. Anteriormente em Donetsk também funcionava a “tenente” Liliya Radionova (14.09.1967), que nos primeiros anos da guerra russo-ucraniana presidia a “comissão de prisioneiros de guerra”.

“Com o tempo, nas atividades da comissão intervieram os representantes do poder [da dita “dnr”] – alguém era colocado nas listas para ser trocado, outros eram excluídos de trocas”, – conta ela ao “MK”. – Depois, a nossa pequena equipa entrou aos quadros do “ministério da defesa da dnr”, e desde ai, nada decidimos por conta própria”.

Após passar a lista dos combatentes ilegais russos, presos na Ucrânia, às autoridades russas, Sra. Radionova foi considerada inimiga das repúblicas não reconhecidas e acusada de espionagem à favor da Rússisa! A separatista tinha que fugir de Donbas: «Eu não poderia supor que tal informação pode constituir um segredo de Estado – ao contrário, tinha boas intenções”, – desabafa ela.

Tudo isso está no passado. Agora, a maioria [dos separatistas e russos] que estão nas prisões ucranianas são abertamente chamados de criminosos. Uma parte destes membros de grupos armados ilegais já foi condenada, outros ainda esperam pelo seu destino. Os separatistas e terroristas acreditam que o objetivo da Ucrânia é levar todos os condenados à Haia, para serem julgados como criminosos de guerra, escreve “MK”.
Blogueiro: embora não se percebe o que eles estão à temer, as cadeias europeias são bastante confortáveis, seguramente na Europa os prisioneiros ilegais contarão com melhores condições da sua detenção. Isso é, aqueles que sobreviverão até então...