terça-feira, janeiro 31, 2017

RIP os heróis ucranianos da batalha de Avdiivka

Ucrânia divulgou publicamente as fotos e dados biográficos de alguns militares ucranianos caídos em 29-30 de janeiro na batalha de Avdiivka.
Um deles é o vice-comandante da 72ª Brigada Mecanizada das FAU, o jovem capitão Andriy “Orel” Kyzylo (02.05.1993) de apenas 24 anos. O jornalista ucraniano Andriy Tsaplienko o descreve assim: “O vice-comandante do batalhão ainda é uma criança. Apenas três anos mais velha do que a minha filha. Parece que nas cidades pacíficas [da Ucrânia] os jovens de sua idade falam apenas sobre “Counter-Strike” e “Tanks”. Para ele, a palavra “Tank” não soava de forma legal. Tanques [russo-terroristas] toda a noite os alvejavam. Eles suportaram tudo. E então veio um “porquinho”. A mina de 120 mm. Matando três. Andriy estava entre eles” (fonte).
O capitão Kyzylo último à esquerda
O capitão, nascido na região de Cherkasy, foi graduado pela Academia Nacional do Exército “Hetman Sahaydachniy” na cidade de Lviv. 
Glória eterna ao capitão Andriy Kyzylo! Descanse em Deus! O lembraremos...
RIP 2º sargento Volodymyr Balchenko (a 72ª Brigada Especial Mecanizada)
Outros heróis ucranianos são: o 2º sargento Volodymyr I. Balchenko (04.01.1992) da 72ª Brigada Mecanizada, o soldado Dmytro O. Overchenko, nascido em 24.01.1989 e natural da região de Cherkassy, o sargento Volodymyr O. Kryzhanskiy (24.03.1982), pertencentes à mesma brigada (UNIAN).
RIP o sargento Volodymyr Kryzhanskiy
RIP o sodado Dmytro Overchenko (28)
As baixas dos terroristas

Pelos dados da 72ª Brigada Especial Mecanizada das FAU, cerca de 60 militares russos entraram na morgue do bairro Kalininsky de Donetsk, em apenas dois dias de combates. A informação confidencial aponta que os separatistas locais nem sequer são contados entre as baixas mortais, no entanto as baixas conjuntas russo-terroristas ultrapassam 100 homens (UNIAN). O deputado do parlamento da Ucrânia, Borislav Bereza, avança o número de 67 russo-terroristas, liquidados pelas forças ucranianas entre os dias 29 à 30 de janeiro de 2017.

Como informou o porta-voz do Ministério da Defesa da Ucrânia nas questões da Operação Antiterrorista (OAT), coronel Oleksandr Matuzniak, no decorrer dos combates de Avdiivka, as forças ucranianas capturaram três membros dos bandos armados ilegais. Dois deles morreram, o sobrevivente, aparentemente o residente local, foi entregue aos cuidados do SBU. A informação mais detalhada será divulgada oportunamente, para já o nome do combatente ilegal não será revelado, disse o coronel Matuzniak, citado pela página ucraniana Censor.net.ua

segunda-feira, janeiro 30, 2017

A secreta avó soviética da Melania Trump

Vocês sabiam que a avó da Melania Trump na verdade se chamava Olga Orliff e era a 1ª tenente do Exército Vermelho? Não sabiam?!! Bem, na realidade ninguém sabia até que a propaganda russa descobriu e divulgou essa “verdade verdadeira”.
Nos últimos dias a propaganda não oficial russa divulga freneticamente a primeira foto, de preto a branco, nas redes sociais com a seguinte legenda: “A 1ª tenente do Exército Soviético Olga Orliff – a avó da jugoslava Melania Trump”.
Tudo para reforçar a fé quase religiosa russa do que #Trumpénosso & #GoTrump e coisas do género que os crentes das teorias de conspiração apreciam muito bastante.
Na realidade a foto é da atriz americana Janet Leigh (1927 — 2004), no seu papel da aviadora soviética Anna Marladovna no drama de ação Jet Pilot (1957), onde ela contracenou com o lendário John Wayne. Embora a atriz é muito mais lembrada por seu desempenho em Psicose/Psycho (1960) pelo qual foi premiada com o Globo de Ouro de Melhor Atriz Secundária e recebeu uma indicação ao Óscar.
A atriz teve duas filhas, também atrizes Kelly Curtis (1956) e Jamie Lee Curtis (1958), nenhuma das quais é a mãe da Melania Trump (Knavs/Knauss de solteira), nascida em 26 de abril de 1970.
Janeth Leigh (no meio) com as suas filhas na década de 2000
Mais, até as suas medalhas em “Jet Pilot” são cerca de 1,5 vezes maiores do que as respetivas medalhas reais. São de tamanho que apareciam nos cartazes soviéticos, de onde foram copiadas pelos responsáveis de adereços de Hollywood. A ordem da “Bandeira Vermelha” tem a sua bandeira virada ao lado contrário. Além disso, “Anna Marladovna” possui duas medalhas de Herói da União Soviética, a façanha que na vida real em toda a história da URSS foi alcançada apenas por uma única mulher – a cosmonauta soviética Svetlana Savitskaya (1948).

Ver a versão integral de Estradas do Inferno / As Estradas do Inferno (136´10´´):

Os combates pesados em Avdiivka: domingo tenso na Donbas

Neste domingo a zona industrial de Avdiivka vive uma das piores situações de combates do mês de janeiro. As forças russo-terroristas usam morteiros e blindados, alvejando, além de Avdiivka as localidades ucranianas de Opytne, Kamyanka, Pisky, Popasna, as diversas vilas na zona de Mariupol. Há registos de perdas entre as forças ucranianas.

A situação mais complicada é registada na zona industrial de Avdiivka. Aqui foi registada a tentativa do avanço terrorista, em resultado o exército ucraniano teve até 4 baixas mortais e até 5 feridos (uma parte dos heróis caídos pertence à 72ª Brigada Mecanizada das FAU). Como informa o serviço de imprensa do Estado-geral da Operação Antiterrorista (OAT), o ataque russo-terrorista começou às 13h45 (hora de Kyiv), após o bombardeamento das posições ucranianas pelo fogo de morteiros de diversos calibres. No entanto, o avanço se mostrou infrutífero, o inimigo foi obrigado à recuar, informa a agência ucraniana UNIAN.

Como informa o jornalista ucraniano Yuriy Butusov a batalha de Avdiivka não pára. As forças russo-terroristas estão furiosas e fazem de tudo para empurrar as unidades ucranianas fora da junção de Yasinovatska e da área industrial de Avdiivka. As importantes forças de artilharia do 1º corpo do exército de ocupação russo estão bombardeando as posições ucranianas. É de ressaltar que, de acordo com o acordo de paz Minsk-2, os combates ocorrem no território sob controlo das forças ucranianas. No entanto, o comando russo tem a intenção de manter, à todo o custo, a ameaça sobre Avdiivka. Nenhuma inspeção da OSCE consegue reduzir a intensidade da batalha (em 24 horas a missão da OSCE constatou as 2260 ações de violações do cessar-fogo na Donbas). De acordo com os dados da frente de combate, os mercenários russos lançaram ao combate os blindados. Os militares da 72ª Brigada Mecanizada das FAU estão travar uma dura batalha, sem recuar um único passo. O comando ucraniano mantém o firme controlo da situação, a artilharia ucraniana efetua a resposta activa e eficaz. No entanto, a situação de Avdiivka requer uma permanente atenção mais séria.
As posições russas, assinaladas pelo drone russo
(a imagem divulgada pelos russo-terroristas)
O Ministro da Defesa da Ucrânia, general Stepan Poltorak, considera a situação na zona de OAT como “complicada, mas controlada”. O Ministro também contou que em Avdiivka as posições ucranianas foram atacadas por dois grupos de infantaria inimiga, compostos por 25-30 homens. Numa das posições, as forças ucranianas defenderam as suas posições com sucesso, numa outra localidade avançaram e ocuparam um posto estrategicamente importante (UNIAN).

Os voluntários afetos à comunidade ucraniana PhoenixMPW avaliam as perdas dos russo-terroristas em 9 mortos (entre eles o comandante separatista Ivan Grek Balakay, o chefe do bando armado, denominado 3º batalhão do 11º regimento de infantaria móvel da dita dnr; sobre ele se sabe que é um ex-militar e ex-cidadão da Ucrânia que desde início da guerra russo-ucraniana servia os ocupantes russos), cerca de 30 feridos e 1 capturado em combate, confirmando o avanço das unidades ucranianas.
O liquidado Ivan “Grek” Balakay nas costas do outro traidor, o ex-chefe do Alfa SBU
de Donetsk, Aleksandr Khodakovskiy que já confirmou a morte do comparsa
Escreve o voluntário ucraniano Semen Kabakaev (o coordenador do grupo Stop Terror):

Tomamos as novas posições na direção de Avdiivka. Quando acontecem este tipo de ataques, o inimigo pensa nas consequências, mas sempre de uma forma positiva à si mesmo, e o resultado é sempre negativo. Avançando passo à passo, recuperamos os territórios, nossos por direito.
Derrotado, o inimigo teve perdas enormes, as nossas fontes dizem-nos que durante o dia [30/01/2017] nos hospitais e necrotérios de Donetsk entrou uma quantidade enorme dos feridos e mortos, os números já se situam em dezenas”.

Num evento separado, na cidade-satélite de Donetsk, Makiivka, foi alvejada, em resultado dos bombardeamentos, a equipa de filmagens do canal propagandista russo NTV. Para já, o estado dos “jornalistas” que entraram na Ucrânia ilegalmente, é desconhecido.

domingo, janeiro 29, 2017

Extremismo ortodoxo russo: de santificação do Motorola às seringas baptismais

A página de uma empresa militar privada russa, E.N.O.T. Corp, publicou e a imprensa e blogosfera divulgaram a ícone com a imagem do bígamo terrorista russo Arseniy “Mototola” Pavlov, liquidado em outubro de 2016 na Ucrânia.

A imagem do indivíduo, que na sua vida civil chegou à alcançar o posto de lavador de carros, é acompanhada pelo texto patrioteiro que apresenta o degradante e assassino russo como “exemplo de vida para todos e qualquer um”.
A versão ucraniana do ícone de São Motorola
Liquidado de vez em Donetsk na Ucrânia por desconhecidos, e canonizado, para já, não oficialmente, na Rússia, Motorola é promovido, desde à sua morte inglória ao “herói do nosso tempo”, um exemplo à seguir pelas gerações russas mais novas...
   
Enquanto isso, as gerações russas ainda não nascidas recebem a atenção do extremista ortodoxo russo Dmitri “Enteo” Tsarionov, que está publicamente propondo, a introdução do serviço de “batismo intra-uterino”, usando a “seringas baptismais”, acreditando, ainda, que “este serviço terá a procura”.
É de notar que a base de proposta bizarra é absolutamente real. O famoso obstetra francês do século XVII, François Mauriceau, além de criar um conjunto de ferramentas e técnicas realmente úteis, inventou a “seringa baptismal” para os nascimentos difíceis. Quando havia pouca chance de bebé deixar o canal de nascimento vivo, com ajuda deste dispositivo o feto era aspergido com água benta. Por vezes, na sua extremidade a seringa possuía um crucifixo, tudo para aumentar o efeito e levar a alma recém-nascida diretamente ao paraíso (Howard W. Haggard, “From Medicine Man to Doctor: The Story of the Science of Healing”, 1929).

Bónus
À esquerda, o quadro do pintor russo Vasily Perov, “Despedimento do falecido” (1865), à direita – o despedimento do falecido na Rússia atual. Em 152 anos a nação f0deu até os cavalos...

sábado, janeiro 28, 2017

A morte do terrorista Valery Bolotov

A mais alta liderança da "lnr" em 2014
No dia 27 de janeiro em Moscovo morreu Valery Bolotov, um dos fundadores e líderes da organização terrorista “lnr”, a informação confirmada por uma série de seus ex-comparsas e ex-colaboradores, em Luhansk e na Rússia.

A agência russa de informação INTERFAX cita as fontes dos separatistas, informando que Bolotov morreu no seu apartamento em Moscovo, possivelmente devido ao ataque cardíaco (fonte).
Nascido na Rússia em 1970, Bolotov era próximo das lideranças regionais do Partido das Regiões da Ucrânia do presidente Yanukovych, desempenhando as funções do “chefão” responsável pelas minas ilegais de carvão, respondendo diretamente ao chefe da administração estatal regional de Luhansk, Oleksandr Yefremov (atualmente à ser julgado na Ucrânia).

Desde as primeiras horas de ocupação do leste da Ucrânia pelos grupos móveis das forças especiais russas, Bolotov colaborou como os ocupantes. Em março de 2014, sob anonimato, num vídeo publicado no YouTube ele exortava a criação do “exército do sudoeste” para “se defender dos nacionalistas”. No dia 6 de abril de 2014, já sob a sua identidade real, ele participou na tomada de assalto do edifício do SBU de Luhansk.

No dia 21 de abril de 2014 Bolotov se proclamou de “governador popular de Luhansk” e no dia 29 de abril entrou na “lista negra” da União Europeia e da Austrália. Em 14 de agosto de 2014 Bolotov viajou à Rússia para os “tratamentos médicos”, o seu lugar foi ocupado pelo Ihor Plotnitskiy, até a data o “ministro da defesa” da dita “lnr”.
Bolotov e Plotnitskiy, ainda amigos (pormenor do aperto as mãos à maneira "secreta")
Na sua última entrevista, dada à agência russa «Rosbalt» em dezembro de 2016, Bolotov afirmava que nunca pediu a demissão e que foi a vítima do golpe do atual fuhrer da “lnr” Plotnitskiy. Além disso, Bolotov confirmou que o bando «Zaria», liderado pelo Plotnitskiy, efetuava em 2014 as diversas provocações e os bombardeamentos de Luhansk.

As versões do sucedido
Os separatistas pró-Bolotov acreditam que este se preparava para voltar ao Luhansk, recordam que ele acusava a liderança terrorista do assassinato do Gennadiy Tsyplakov, o autoproclamado chefe do “conselho dos ministros” da dita “lnr”. Bolotov também acusava Plotnitskiy de ser responsável dos assassinatos dos diversos outros comandantes separatistas da “primeira leva”, como Bednov “Batman”.
A versão ucraniana também considera que Bednov foi liquidado pela parte russa, possivelmente no esforço de “queima de arquivos”. A liquidação do Bolotov também poderá resolver duas ou três tarefas distintas. Uma delas é apagar, para sempre, a fonte que implicava os terroristas, e, consequentemente os seus curadores russos nos bombardeamentos de Luhansk em 2014, no intuito de culpar as FAU e Ucrânia. Segunda, é silenciar a pessoa que sabia demais sobre o possível envolvimento do já citado Oleksandr Yefremov na ocupação russa do leste da Ucrânia. E por último, liquidar as pessoas que, pelo menos teoricamente, poderiam se opor ao retorno de Luhansk sob a jurisdição ucraniana (ideia ultimamente promovida pela Rússia). Neste aspeto a posição do Bolotov é dúbia, na mesma entrevista ele defendia ideias distintas. Desde a organização do movimento “anti-Kyiv”, alargado até à Ucrânia ocidental (Sic!), até a continuação no seio da Ucrânia, “se tivermos algum tipo de estatuto especial”.

É de recordar que em Luhansk Bolotov é acusado de diversos roubos e pilhagens. Embora eram práticas absolutamente corriqueiras à todos os níveis da liderança separatista, nem todos os que deixaram o território de “T-shirt e chinelos” conseguiram adquirir os apartamentos em Moscovo...

Bónus
O “ministério do comércio” da dita “dnr” informa sobre a morte do Sergey V. Tretyakov – o chefe do "departamento do comércio", o separatista viveu apenas 40 anos e finou no dia 27/01/2017, talvez para fazer companhia ao Bolotov (a versão oficial fala de trombose, sabe-se que o finado respondia pela distribuição da ajuda humanitária russa) ;-)

quinta-feira, janeiro 26, 2017

O crime russo em Mariupol: dois anos depois

Loja infantil "Tigrinho"
Dois anos atrás, em 24 de janeiro de 2015, a cidade ucraniana de Mariupol foi alvo de bombardeamentos russo-terroristas dos sistemas de mísseis “Grad” que alvejaram o bairro residencial “Shidniy”: 31 pessoa (entre eles duas crianças) morreram; 117 (11 crianças) foram feridos, alguns dos feridos ficaram deficientes físicos para sempre.

No total, foram disparados 120 mísseis, em alguns minutos foram danificados 4 jardins-de-infância, 3 escolas, um hospital, cerca de 50 prédios de habitação e 28 casas particulares. Outras 11 casas foram completamente arrasadas.
Claro que ninguém queria acreditar, mesmo agora é difícil acreditar que os mísseis foram usados contra os bairros residenciais. Como foi possível? Mas dado que eu já tenha visto os resultados da chegada da horda, também conhecida como o “mundo russo”, em outras cidades e aldeias, não que estava pronto, mas pelo menos tinha visto e teve que trabalhar.

Até aquele momento já existia uma equipa coesa de voluntários e ajudantes dos voluntários, ninguém fazia as perguntas – todos trabalhavam. É lá onde passei uma parte da minha infância visitando o irmão. Lá visitávamos os amigos e a madrinha. Lá tudo estava como se fosse num nevoeiro: fumo, cortina de fumaça, camuflagem, vento e frio.

Se evoca frequentemente Mordor, era realmente visto pelos moradores de Mariupol naquele dia no bairro “Shidne”. Fumo, fogo, sirenes, sangue, carros à arder, casas queimadas, as pessoas fugindo, gritos e lágrimas, o céu negro... Uma tenda, um Doutor, o gerador, combustível, lenha, lonas, vidros grânulos, alimentos, cobertores, material de cobertura. Fervia o formigueiro voluntário.
Os quem não deixou a cidade, indo viver com os seus familiares, ficou na cidade. Com medo de saqueadores, pois os apartamentos ficaram sem janelas, sem luz, água, gás. Um friiiiiio. E o leste estava todo agitado. Esperamos um novo ataque à noite, portanto, começamos à procurar um lugar onde era possível ficar fora da tenda. Alguém o encontrou junto aos sacristães da igreja e decidiram usar a igreja como o abrigo. A autodefesa de Mariupol se juntou às patrulhas e identificação dos mísseis não detonadas.

Trovejou fortemente, mas a área residencial não foi atingida mais. De seguida, começou a corrida à procura de lonas. Foram esvaziadas todas as lojas. As lonas eram enviadas de outras regiões da Ucrânia, trazidas pelos voluntários de Berdyansk, Zaporizhye, Dnipro e Mykolaiv. Era trazida e esgotada. E novamente esgotada. Quando uns voluntários saíam, outros chegavam. E assim sem parar. Nas manhãs, todos aqueles que passaram à noite no chão, estavam constipados e o Doutor os tratava. Água, chaleiras, alimentos, medicamentos. E assim foi durante alguns dias.

O prefeito fazia um show-off ridículo, mostrando o seu serviço ao governador. Quando os governantes iam embora, o circo acabava e tudo voltava à estaca zero – os voluntários, membros de autodefesa, as figuras públicas (uma espécie de mistura fina de pessoas realmente preocupadas).
Acho que ninguém conseguirá avaliar plenamente aquilo que aconteceu em Mariupol. O que aconteceu em outras cidades ucranianas, com a chegada das forças russo-terroristas de ocupação. É claro que ninguém desejava esses sentimentos aos habitantes de outras cidades e regiões.

Mas basta olhar para as fotos daquilo que aconteceu e imaginar a sua cidade neste estado. Não é a Síria ou Afeganistão é Mariupol, Maryanka, Shirokine, Vodyane, Avdiivka e assim por diante. Esta é Ucrânia no século 21.

É assustador e difícil. Triplamente, dez, mil vezes mais difícil para as crianças. Quando eles começam a se esconder, escutando a máquina de lavar a roupa secar os lençóes, quando acordam com o som de um carro passando com a pergunta “novamente vão nos bombardear?”
Isso é impossível de esquecer.
É impossível de perdoar.
Isso estará em nós até o fim das vidas, e não só das nossas, estará nos nossos genes.
Estará agora em genes dos ucranianos do leste.

Nos nossos genes estará a percepção de povo infantil, que discute de forma imponentemente, com um copo de vodca na mão sobre a dominação do mundo, o povo que saltou todos os diabos para roubar, matar, humilhar – o povo que vive toda a sua vida em humilhação e em medo.
E a culpa não é apenas dos que dispararam, que deram a ordem.
Culpados são todos aqueles que permanecem em SILÊNCIO.
Os que desviavam o olhar, vendo os equipamentos militares russos indo à Ucrânia.
Os culpados são todos aqueles quem os chamou, os ajudou e os assistiu.
Não importa se alimentavam aqueles animais nos postos de controlo ou curtiam os materiais separatistas nas redes sociais. Cada um deles é culpado.
E as mortes e sangue dos que morreram nesta guerra estão nas suas mãos.

Obrigado à todos os que naqueles dias lutaram ativamente nos seus postos de voluntários, médicos, cozinheiros, motoristas, ajudando aos residentes na zona leste de Mariupol. Obrigado à todos os ucranianos que não foram indiferentes, que se envolveram à distância, ajudando aos voluntários em Mariupol. Sem vocês, seria muito mais difícil e muito mais duro. Obrigado ao Evgen Sosnovsky pelas fotos (fonte).

quarta-feira, janeiro 25, 2017

Rafael Lusvarghi é condenado na Ucrânia aos 13 anos de prisão

O tribunal do bairro de Pechersk de Kyiv condenou o terrorista brasileiro Rafael Lusvarghi aos 13 anos de cadeia com confisco dos bens. O acusado reconheceu a sua culpa na totalidade e declarou que está profundamente arrependido, escreve a página ucraniana Novynarnia.

O julgamento do Lusvarghi foi o primeiro caso, desde o início da guerra russo-ucraniana que começou em abril de 2014, de condenação de um apoiante dos terroristas de “dnr/lnr”, oriundo do estrangeiro e sem ligações à ex-URSS.

Dado que Raphael Lusvarghi confirmou todas as acusações apresentadas contra ele pelo Ministério Público (MP), o processo foi terminado em apenas uma sessão (sem contar com a sessão preparatória). Os juízes concordaram com a proposta do MP de julgar o caso em procedimento simplificado.
Sobre a sua participação na guerra no Donbas Lusavrghi foi claro: isso foi um enorme erro”. O procurador do caso, Dr. Ihor Vovk pediu aos juízes 14 anos e 224 dias de pena para Lusvarghi, o máximo possível ao abrigo dos Artigos 258-3 (1ª) e 260 (2ª) do Código Penal da Ucrânia, tendo em conta que o réu mostrou o arrependimento e colaborou com a investigação (contando com 112 dias x 2 de prisão preventiva, da chamada “Lei Savchenko”).

Devido a falta de provas documentais, o tribunal não apreciou a declaração pública anterior do próprio Lusvarghi em que ele afirmava matar quatro militares ucranianos. O tribunal decidiu arrestar todos os bens do Lusvarghi que este possuía na Ucrânia: o telemóvel e o portátil, que até o momento são guardados como as provas sob responsabilidade do SBU.

Para já, os juízes decidiram a colocação do Lusvarghi em detenção separada dos outros presos e o seu direito aos cuidados médicos, dado que terrorista declarou temer pela sua vida na cadeia de Lukyanivska, onde ele, alegadamente, já foi alvo de dois espancamentos e de extorsão por parte de outros reclusos.
Durante a sua permanência na cadeia, Rafael Lusvarghi recebeu a visita da representante da Cruz Vermelha Internacional, o seu advogado oficioso foi pago inteiramente pela Ucrânia, pois nem o Brasil, nem a sua família ou parentes, muito menos apoiantes da causa terroristas e fervorosos adeptos do “duginismo” e da “novoróssia” tiveram qualquer interesse lhe providenciar um outro defensor.

O seu advogado ucraniano, Maksym Herasko, disse que irá recorrer da decisão, para pedir uma condenação menos severa, o mesmo pedido pelo próprio Lusvarghi. A condenação transitará em julgado após terminar o prazo de apelação ou após a sua apreciação pelos juízes.

A última entrevista do Rafael Lusvarghi (em russo, em breve a sua tradução):


Europa confirma as sanções contra «Almaz-Antey»

O tribunal da 1ª instância da União Europeia (Luxemburgo) confirmou a legalidade das sanções impostas pela UE contra a corporação armeira russa «Almaz-Antey», decididas em 2015−2016. O tribunal também confirmou o congelamento dos ativos da corporação na UE.

«A Almaz-Antei é uma empresa estatal russa que fabrica armamento antiaéreo, incluindo mísseis terra-ar, que fornece ao exército russo. As autoridades russas têm estado a fornecer armamento pesado aos separatistas do Leste da Ucrânia, contribuindo deste modo para a desestabilização da Ucrânia. Estas armas são usadas pelos separatistas para abater aviões. Enquanto empresa estatal, a Almaz-Antei contribui por conseguinte para a desestabilização da Ucrânia», afirma o tribunal no seu comunicado.

Além disso, o tribunal recorda no seu comunicado o facto do abate de diversas aeronaves e helicópteros do exército ucraniano pelos separatistas, entre os quais designadamente um avião de carga militar Il-76MD que transportava 49 militares ucranianos (40 pára-quedistas e 9 pilotos). O avião foi abatido no dia 14 de junho de 2014 no aeroporto de Luhansk, foi usado um míssil antiaéreo “Igla” e fogo das metralhadoras pesadas. Os heróis pára-quedistas pertenciam à 25ª Brigada especial aerotransportada de Dnipro, os tripulantes eram da cidade de Zaporizhia.
O Conselho da UE colocou «Almaz-Antey» na sua lista negra em 31 de julho de 2014, duas semanas após as forças russo-terroristas abateram no leste da Ucrânia Boeing-777 do voo MH17, usando para o efeito o sistema de mísseis K937 BUK, fabricado pela corporação visada.

Além disso, «Almaz-Antey», foi atingido graças à introdução das sanções sectoriais da UE, que entraram em vigor em 1 de agosto de 2014. Este tipo de sanções proíbe à importação para a Rússia de tecnologias ocidentais militares e de uso duplo, que a corporação precisa para o seu funcionamento.

A corporação russa agora terá dois meses para recorrer, informa a TV francesa France24.