domingo, dezembro 18, 2016

RIP dissidente e linguista ucraniano Svyatoslav Karavansky

No dia 17 de dezembro, aos 96 anos morreu Svyatoslav Karavansky, membro dos movimentos de libertação nacional da Ucrânia, dissidente e prisioneiro do GULAG soviético durante 31 anos (!), linguista ucraniano. Desde 1979 na emigração, Dr. Karavansky morreu nos EUA, na cidade de Baltimore.
Svyatoslav Karavansky nasceu em 24 de dezembro de 1920 na cidade de Odessa. Em 1938-1939 estudava no Instituto Industrial de Odessa, e à distância no Instituto de Línguas Estrangeiras. Em 1940-1941 serviu no RKKA, passou pelo cativeiro alemão, libertado em 1942 estudava na Universidade de Odessa, foi membro da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (Revolucionários) – OUN (B), sob o pseudónimo de “Balzac”.

Em 1944 é detido pela NKVD e em 7 fevereiro de 1945 é condenado aos 25 anos de campos de concentração no GULAG soviético, que passou em Pechora, Kolyma e Mordóvia. Em 19 de dezembro de 1960, foi libertado, beneficiando da amnistia do Khrushov.

Em liberdade, se dedicou ao jornalismo, trabalho literário e filológico, que começou ainda em GULAG. Foi autor do “Dicionário de rimas da língua ucraniana”, publicou o livro “Biografia de palavras”, traduziu ao ucraniano o romance da Charlotte Brontë “Jane Eyre”. Em 1962 se matriculou no departamento (não presencial) da Faculdade de filologia da Universidade de Odessa. Ativamente se manifestava contra a política de russificação do ensino e em apoio ao desenvolvimento da língua ucraniana.
Os dicionários da autoria do Dr. Karavansky
Svyatoslav Karavansky tinha escrito uma carta ao procurador-geral da Ucrânia soviética com a exigência de processar o ministro da educação superior e especial da Ucrânia, Yiriy Dadenkov (1960—1973) pelos “erros que levaram à violação dos direitos da nação ucraniana”. Pelo ensaio “Sobre um erro político” com a crítica da russificação do ensino superior na Ucrânia, através da lei “Sobre a Língua”, escrito em 1965, Dr. Karavansky é preso pelo KGB em 13 de novembro do mesmo ano e condenado aos 8 anos e 7 meses do campo de concentração severo.

Durante a sua prisão por 5 vezes declarava as greves de fome, se dedicava à recolha dos testemunhos dos prisioneiros sobre o massacre dos oficiais polacos em Katyn. As atividades que lhe valeram à condenação aos outros 5 anos e 3 meses de campos de concentração em regime severo.
O casal Karavansky em Viena em 1979, os primeiros momentos no Ocidente
No total, Dr. Karavansky passou 31 anos da sua vida no GULAG soviético. Em fevereiro de 1979 ele foi proclamado o membro de um grupo da defesa dos direitos humanos “União Ucraniana de Helsínquia”, em novembro do mesmo ano, juntamente com a sua esposa, microbióloga e especialista em imunologia, Nina Strokata-Karavanska (1926-1998), o casal emigrou aos EUA. Como o último “castigo”, a URSS lhes retirou a cidadania soviética.
O casal Karavansky nos EUA em 1980
Já na emigração, Svyatoslav Karavansky, publicou diversos trabalhos fundamentais da linguística ucraniana, nomeadamente o “Dicionário prático dos sinónimos de língua ucraniana” e “Dicionário russo-ucraniano do léxico complexo”.
Dr. Karavansky em 2016 na sua casa nos EUA
Ambos são Comendadores da Ordem “Pela Coragem” do 1º grau, atribuída lhes em 2006 “pela coragem cívica, o auto-sacrifício na luta da defesa dos ideais de liberdade e democracia e em homenagem ao 30º aniversário do Grupo Público Ucraniano de promoção e implementação dos Acordos de Helsinquia” (IstPravda).

As baixas ucranianas na linha da frente
A 54ª Brigada das FAU, na linha da frente na região de Donetsk (zona de Debaltseve), nas últimas horas teve até 6 militares mortos e 25 feridos, na sua maioria em resultado das ações de artilharia russo-terrorista que usa na área várias baterias com calibres 152, 122 e 120 mm. Os principais combates são registados nos arredores da colina 220 onde as forças russo-terroristas usaram as reservas táticas – duas unidades de blindados. Os terroristas não avançam, mas continuam com os bombardeamentos, os pormenores e análise sairão amanha. É de notar que segundo o acordo Minsk-2 a cidade de Debaltseve e os seus arredores pertencem à Ucrânia, mas foram ocupados pelas forças russo-terroristas em janeiro-fevereiro de 2015. 

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