sexta-feira, dezembro 30, 2016

Holodomor: a morte pela fome, o início da 2ª etapa

No dia 29 de dezembro de 1932, o Bureau Político do PC (b) da Ucrânia aprovou a diretiva sobre a retirada de todas as existências alimentares, em poder dos kolkhozes ucranianos. A decisão das estruturas comunistas condenou à morte milhões de camponeses ucranianos no decorrer do genocídio soviético do Holodomor.
Em dezembro de 1932, ao mando do Estaline e para auxiliar Molotov (que já se encontrava na Ucrãnia), para a cidade de Kharkiv (na altura a capital da Ucrânia soviética) veio Lazar Kaganovitch que acabou de terminar “com sucesso” a sua missão no Cáucaso do Norte. Presssionado pelo Kaganovitch, o Bureau Político do PC (b) da Ucrânia aprovou a diretiva aos comités distritais e regionais do partido comunista, nas localidades, onde os kolkhozes ainda não cumpriram o plano de armazenamento de trigo, para imediatamente, em 5-6 dias úteis entregar “todos os grãos disponíveis, incluindo os chamados fundos de semeadura”. Qualquer atraso era considerado como a sabotagem por parte da liderança distrital.

A retirada dos fundos de semeadura, por sua vez, impossibilitou a campanha agrícola na primavera de 1933, a envergadura do genocídio estava apenas se alastrar...
O passaporte (documento de identificação nacional) no império russo em 1916
Para impedir as pessoas de sair das regiões afetadas, procurando os alimentos nas repúblicas vizinhas (Belarus ou Rússia), o poder soviético decide impedir a migração da população, usando os meios administrativos. Em 27 de dezembro de 1932, na URSS é reintroduzido o sistema de registo obrigatório do domicílio e do uso dos passaportes internos (até ai visto como a “herança do czarismo sangrento” e abolido em 1917). Os camponeses foram excluídos (Sic!) das categorias de cidadãos soviéticos à quem eram emitidos os passaportes (segundo a deliberação do Comité Executivo Central e do Conselho dos Comissários Populares de 27 de dezembro de 1932, chamada “Sobre o estabelecimento do sistema único de passaportes na URSS e do registo obrigatório de residência de passaportes”).
O passaporte (documento de identificação nacional) soviético, 1946
Blogueiro: aos “negacionistas” habituais do Holodomor ucraniano, aconselhamos, habitualmente, as leituras do artigo do jurista polaco-americano Raphael Lemkin (o homem que criou o termo “genocídio”), chamado “Genocídio soviético na Ucrânia” (1953). O documento é disponível em 28 idiomas, incluindo o português (pág. 166):
https://mfa.gov.ua/mediafiles/files/misc/2017-11-01/book10.pdf

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