quinta-feira, março 31, 2016

Guerra na Ucrânia: o quotidiano da linha da frente

Desde dia 27 a linha da frente em Dokuchaievsk, controlada pela 72ª Brigada especial aerotransportada da guarda das FAU, vive uma certa acalmia. Embora os grupos russo-terroristas usam os franco-atiradores, os seus grupos de sabotagem tentam penetrar na retaguarda ucraniana, à procura dos pontos mais acessíveis das suas defesas.  

A fotógrafa e voluntária ucraniana Olena Bilozerska, próxima da ala militar do “Setor da Direita” conta como é viver a vida quotidiana na linha da frente...


Claro, na vida quotidiana, usamos a loiça diferente :)
A vida diária, de propósito, gradualmente fica melhor. Eu recebi a luz e até mesmo a minha própria tomada elétrica e a minha própria extensão! Não se riam, vocês sabem quantos dispositivos electrónicos eu tenho na linha da frente que precisam de serem carregados? Seis. Este é um recorde absoluto na nossa unidade.

Aquecimento, não há, como não havia, mas a rua está se aquecendo, assim, em breve, o aquecimento já não será muito necessário.

Dois últimos dias tivemos problemas com alimentos. Os nossos acabaram e nós fomos alimentados pelo pessoal das FAU. Ou seja, na base temos muita comida, mas não temos o transporte próprio e nem sempre podemos ir à onde precisamos. Hoje trouxeram a comida da base, teremos um banquete :)

Ontem à noite, a propósito, tivemos uma pequena guerra. O adversário alvejou as nossas posições com uma dúzia de mísseis antitanque, usava os morteiros AGS, metralhadoras pesadas e lança-minas. Os nossos, claro, respondiam com tudo, por isso está tudo bem.

Bem, parece que são todas as nossas novidades. Vou embora, senão os meus queridos malandros vão comer tudo sem mim :)


Viver sem a electricidade e sem o aquecimento não é tão difícil como pode parecer. Ainda mais, porque alguns dos nossos já tem tudo isso, então há uma esperança de que em breve tudo isso estará ao meu alcance.

Difícil é outra coisa: perceber que a zona industrial de Avdiivka é o inferno e não estar lá.
Anteontem telefonei ao Yuri Skrebets, famoso neurocirurgião e chefe médico da do posto “Mechka”. Todas as suas férias ele gasta na linha da frente como um simples paramédico com nome de guerra Yuzyk. Yuri disse: “Temos aqui o Estalinegrado. Diariamente 15-17 feridos. Combates de armas ligeiras numa distância de 50 metros. Eu posso vê-los, eles me podem ver – não é à toa que cá cheguei”. Foi antes de ontem. Ontem Yuri já estava no hospital – retirava os feridos e perto da ambulância caiu o morteiro de 120 mm. A contusão forte. Pelo menos, assim me disseram os voluntários da unidade Hospitallers.

Yuri Skrebets é um herói.

Na nossa base tudo é muito tranquilo. No período noturno, nos últimos três ou quatro dias alguns morteiros vão caindo e é tudo, todo o resto acontece muito raramente. Os feridos são poucos, são principalmente “surpresas”, os sérios, graças à Deus, não temos.

Eu acho que agora é assim, em todos os lugares onde deste ou daquele motivo existem as “zonas cinzentas”. Temos uma “zona cinzenta” bastante pequena, mas ainda está lá. O nosso comandante entende que todos nós agora pensamos sobre a zona industrial, e diz que alguém tem que estar aqui.

Consolo-me com o pensamento de que é possível visitar “Estalinegrado” por um ou dois dias e voltar de lá ferida, por não sei quantos dias ou até para sempre. Pois a guerra está em curso. E alguém tem que estar aqui. E até o final da guerra alguém tem que estar em lados diversos. Todas as noites, em todas as posições frias, em todos os postos de observação – alguém tem que lá ficar. Alguém tem que ir até a pequena zona neutra. A guerra em 90% é composta por isso.

Não estamos aqui...
Dmytro Yarosh e a inscrição na parede à verde: "não estamos aqui"...
No dia 17 de março o deputado e chefe do Exército Voluntário da Ucrânia (UDA), Dmytro Yarosh e o comandante do 8º Batalhão do UDA “Aratta”, Andriy “Cherven” Gergert, visitaram as forças ucranianas na vila de Shyrokyne. Dmytro Yarosh [que deixou a liderança do “Setor da Direita”] disse na conversa com os voluntários ucranianos que ficou encantado com o espírito de luta dos nossos. Yarosh frisou que a vitória será ucraniana, mas que essa não será nem rápida, nem fácil, que esta guerra ainda está para durar.
Voluntários ucranianos com Dmytro Yarosh em Shyrokyne  
Ver mais fotos da vila de Shyrokyne após esta for visitada pelo mundo russo:

1 comentário:

Anónimo disse...

Isto e asqueroso e revoltante! Terroristas armam e usam crianças:

http://vk.com/id72714390
http://vk.com/danyaguf

Por favor, ajude a denunciar você tb! Leve este caso as autoridades do seu pais. obviamente se trata de um abuso!