sexta-feira, abril 03, 2015

Industrialização: o maior mito soviético

A industrialização soviética é uma das mais-valias atribuída ao Estaline e ao seu regime, mesmo pelos historiadores ocidentais. Nos livros da história dos diversos países democráticos é possível ler que “apesar das repressões em massa, a URSS alcançou os grandes progressos”. Os textos não explicam como estes foram alcançados, fazendo com que os alunos que não gostam de ler fiquem com a ideia dúbia do que “estalinismo conseguiu algo de positivo”...

Veremos, então, o que está por de traz da famosa sentença absolvente endereçada ao Estaline: “Recebeu o país com arado e deixou com a bomba atómica”.

O custo da industrialização

O regime soviético comprou a sua industrialização, pagando aos industriais ocidentais com ouro czarista e expropriado à igreja e ao população e com o trigo, expropriado aos camponeses nos anos 1920-21, em 1932-33 (Holodomor ucraniano) e em 1946-47.

Além disso, o regime colocou a sua própria população na condição de semi-escravatura: os camponeses foram privados dos documentos de identificação sem quais não podiam deixar o campo, mais, as diversas ondas de terror, colocaram milhões de cidadãos soviéticos no GULAG, onde estes trabalhavam 12-14 horas diárias apenas pela alimentação deficiente.
  
No final da década de 1920, as primeiras fábricas soviéticas foram construídas na URSS pelas empresas e especialistas alemães. Depois de expulsar estas mesmas empresas e os seus especialistas sob diversas acusações, os bolcheviques se viraram aos americanos.

Albert Kahn, Inc

Em fevereiro de 1930 o governo soviético, através da sua corporação “Amtorg” e a corporação americana “Albert Kahn, Inc” assinam um acordo, segundo o qual “Albert Kahn, Inc” se transformava no principal consultor soviético em questões de construção industrial, recebendo um pacote de contratos no valor de 2 biliões de dólares (cerca de 250 biliões de dólares aos preços atuais).

O número exato dos locais industriais construídos pelo “Albert Kahn, Inc” na URSS é desconhecido, mas fala-se sobre 521 ou 571 empreitadas. Nesta lista estão as fábricas de tratores em Estalinegrado (atual Volgogrado), Cheliabinsk e Kharkiv; fábricas de automóveis em Moscovo e Nijni Novgorod; ferrarias em Chelyabinsk, Dnipropetrovsk, Kharkiv, Kolomna, Magnitogorsk, Nizhny Tagil, Estalinegrado; fábrica de maquinaria em Kaluga, Novosibirsk, Verhniaia Salda; fundições em Chelyabinsk, Dnipropetrovsk, Kharkiv, Kolomna, Magnitogorsk, Sormovo, Estalinegrado; fábricas e unidades mecânicas em Chelyabinsk, Podolsk, Estalinegrado, Sverdlovsk; estação térmica em Yakutsk; fábricas de aço em Novokuznetsk, Magnitogorsk, Nizhny Tagil, Sormovo; 1º Fábrica estatal de rolamentos em Moscovo e muitos outras fábricas e unidades fabris.

Vejamos, por exemplo, a Fábrica de maquinaria pesada de Urais (Uralmash). A fábrica responsável pelo fabrico do famoso blindado soviético T-34 e canhões auto-propulsados SU-122, SU-85 e SU-100. Entre 1928 à 1941 nela trabalharam 311 especialistas ocidentais, destes, 141 eram alemães.

A maior parte do equipamento foi fornecido por empresas estrangeiras. Duas prensas de vapor hidráulico na unidade forjadora eram das empresas alemãs “Hydraulik”, “Schlemann und Wagner”; fundição de ferro era da empresa alemã “Krigar”; os guindastes de carga eram da britânica “Sheppard”; os fornos eléctricos eram da “AEG”, as câmaras e serrações de arreia eram da “Mars-Werke”; das 337 máquinas da 1ª oficina mecânica, 300 eram de fabrico ocidental.

A hidroelétrica DniproGES, o orgulho da industrialização soviética, foi projetada e construída pela americana “Cooper”, o local de construção foi preparado pela alemã “Siemens” que também forneceu os geradores elétricos. Todas as turbinas da hidroelétrica foram fabricadas pela americana “Newport News”, menos uma, a sua cópia soviética.

A lendária Magnitka (Fábrica de Ferro e Aço de Magnitogorsk) foi uma obra da americana “Arthur McKee & Company” de Cleveland. Os campos petrolíferos de Baku (Azerbaijão) foram apetrechados pela empresa “Barnsdall”. As fábricas e minas de Donbas (Ucrânia) e Kuzbas (Rússia), estavam ao cargo das americanas “Stuart, James & Cooke”, “Roberts & Schaefer”, “Allen & Garcia”.

A fama-show

Então, por que razão os livros de história falam sobre “o glorioso povo soviético” e da “sua proeza industrial”, omitindo o facto deste mesmo povo não passar dos semi-escravos nos kolkhozes e de escravos aprisionados no GULAG?

Uma das razões é simples: um grande número dos engenheiros e organizadores soviéticos destes empreendimentos foi preso, julgado, considerado inimigo do povo, fuzilado, morreu ou desapareceu sem deixar rasto no GULAG soviético.

Foram fuzilados o primeiro construtor e diretor da “Uralmash” Bannikov, o seu primeiro 1º engenheiro Fidler, o seu sucessor Muzafarov, o construtor da estação elétrica da “Uralmash” Popov e outros responsáveis da empreitada.

O lendário metalúrgico soviético, Avraamiy Zavenyagin dizia: “A fábrica de Magnitogorsk foi erguida, em essência, pelos três valentes: Gugel, Mariassin e Valerius”. Todos os três foram fuzilados no final dos anos 1930. O próprio Avraamiy Zavenyagin escapou ao mesmo destino pela sua amizade pessoal com Vyacheslav Molotov.

O metalúrgico soviético responsável pelo projeto de Magnitka, Chingiz Ildyrym, foi preso pelo NKVD em julho de 1937, sob acusação de participação no grupo contra-revolucionário. Ele foi fuzilado pelo pelotão de fuzilamento na cadeia moscovita de Sukhanovo no verão do mesmo ano.

Também foram fuzilados o primeiro diretor da Magnitka V. Smolianinov; gestor da Magnitka em 1930 Yakov Schmidt; o brigadeiro-construtor e detentor da ordem “Lenine” V. Kalmykov; o primeiro 1º engenheiro, V. Gasselblat morreu da inanição no GULAG.

Em resultado das repressões dos anos 1930 foram aniquilados quase todos que estavam envolvidos direta ou indiretamente na aquisição de equipamentos importados para estes empreendimentos. Por isso, é difícil livrar-se da crença de que um dos principais objetivos da onda repressiva nas vésperas da II G.M. foi o encobrimento da verdade sobre como e quem efetuou a industrialização da União Soviética. Para que nos livros de história, a industrialização permanecerá para sempre como o “feito inédito do proletariado emancipado, liderado pelo partido bolchevique e pelo génio de Estaline”.

Fonte:
http://expert.ru/expert/2010/01/ura_u_nih_depressiya

2 comentários:

Anónimo disse...

Apesar da fase ruim, e preciso comemorar as poucas noticias boas que aparecem. Uma deles e simbolica, mas vale a pena frisar, a Rada, parlamento, trocou o simbolo do comunismo pela brasao do pais. Outra e que se iniciou a construcao do muro que vai proteger as fronteiras com a ucrania.

Anónimo disse...

http://uatoday.tv/society/residents-of-northern-luhansk-region-mostly-speak-ukrainian-not-russian-419575.html

desfazendo mitos!