quarta-feira, fevereiro 11, 2015

O crime russo em Kramatorsk

  

No dia 10 de fevereiro, as forças russas de ocupação, estacionadas à nordeste de Donetsk (em Horlivka), bombardearam a cidade de Kramatorsk, o ataque russo resultou em 11 mortos, 57 feridos, na sua maioria civis. Provavelmente, os alvos eram a sede da OAT, localizada no aeroporto local e a sede da guarda-fronteira ucraniana, mas os foguetões do sistema «Smerch», usados no ataque, caíram, sobretudo, em zonas civis.

O serviço de imprensa do Departamento de Saúde de Administração estatal de Donetsk, nas primeiras horas após o ataque informou sobre 16 feridos civis e 10 feridos militares. Não existe a informação sobre os militares ucranianos mortos, escreve Sprotyv.info.

Já o Ministério do Interior da Ucrânia informa na sua página do Facebook que uma das vítimas mortais foi o major da polícia ucraniana, Denis Zhembrovsky (na foto em baixo). Outros dois polícias da unidade territorial de Vinnytsya foram feridos, quando um dos mísseis russos atingiu a sua área de aquartelamento.
RIP major Denis Zhembrovsky
O jornalista de investigação russo, Pavel Kanygin, que reside atualmente na cidade, escreve no seu FB que mediu o diâmetro da unidade estabilizadora do míssil que caiu em Kramatorsk, na rua Dvortsova № 46. Os 300 mm apontam ao míssil do sistema “Smerch”, capaz de atingir os alvos acima de 100 km de distância.

O jornalista também mostra as fotos tiradas na rua Voznesenskoho, que indicam a possibilidade de uso pelos terroristas de munições de fragmentação (diversos pontos de impacto na área de 100 x 100 metros).


https://www.youtube.com/watch?v=U_LCQMuWpoo
Os culpados
A chegada do "mundo russo" ao Kramatorsk...
Em fuga, os quatro lançadores BM-30 “Smerch” que ao fim da manhã do dia 10 de fevereiro bombardearam a área civil da cidade de Kramatorsk, causando muitos mortos e feridos. Pois, perante o aspecto hediondo de um atentado contra as populações civis, os milicianos russos de Donetsk negaram, como é habitual, ter sido os autores do ataque...

Cidade de Makeevka, a coluna dos “Smerch” russos, rua Lenine, 10.02.15
https://www.youtube.com/watch?v=OlVlrFzTiVA

O regimento “Azov” on tour, 10.02.2015
"Lá onde nos estamos, não há lugar para mais ninguém"
Segundo Oleksadr Turchynov, o chefe do Conselho Nacional da Defesa e Segurança da Ucrânia (RNBO), o regimento “Azov”, as unidades da Guarda Nacional da Ucrânia com apoio das FAU, romperam as defesas dos terroristas russos na área de Mariupol e libertaram cinco localidades: Pavlopil, Kominternovo, Lebedisky, Berdyanske e Shyrokino.

“Foram infringidas ao inimigo as baixas militares sérias. Derrotando os grupos terroristas russos ao redor de Mariupol, as nossas tropas têm proporcionado uma defesa sólida da cidade e protegendo os civis contra os bombardeamentos”, – notou Turchynov, escreve Sprotyv.info.
"Azov" na entrada da Junta de freguesia de Pavlopil
Oleksandr Turchynov, no meio, sem o capacete
A ofensiva em Mariupol é coordenada pelo próprio Turchynov, na foto com as forças especiais, em camuflado e com a pistola automática FORT-221. Ele explica que a ofensiva da Guarda Nacional e do “Azov” se destina a alargar a zona de protecção da cidade, mover a linha da frente e expulsar o invasor. A ideia é a de criar pressão sobre Novoazovsk, forçar a retirada da tropa russa para o outro lado da fronteira, executar golpes de mão na península de Sedove e aliviar a pressão a norte, sobre a bolsa de Debaltseve.

Sabe-se que na ofensiva para alargar o cordão de segurança em torno de Mariupol as forças ucranianas tiveram 14 feridos, do lado dos terroristas, foi o material russo destruído e 6 mortos. Mas a situação é fluída. As forças russas têm a fronteira por perto, e podem fazer entrar o material que quiserem, principalmente se os ucranianos não usarem aviação. Pelo contrário, segundo as informações do «Azov», houve voos de reconhecimento da aviação russa, mas à muita altitude, sem atacar as formações ucranianas (FONTE).
Içada a bandeira da Ucrânia
A entrada do regimento “Azov” na vila de Shyrokine
https://www.youtube.com/watch?v=04xVHS0LgA8

Prisioneira da guerra: Nadia Savchenko

Sem muita surpresa, o tribunal moscovita Basmanny, estendeu a prisão preventiva de Nadia Savcehnko, raptada pelas autoridades russas, até 13 de maio de 2015.

Apesar dos 60 dias de greve de fome, Nadia estava presente na audiência do tribunal, onde foi aplaudida pelos seus amigos e apoiantes, incluindo a mãe, Maria e irmã Vera. Ao entrar, Nadia gritou o habitual “Glória à Ucrânia!”, ao que os presentes responderam “Glória aos Heróis”.
Maria e Vera Savchenko no tribunal, 10.02.2015
Nadia falou aos jornalistas russos em russo, declarando a injustiça e absurdo da sua prisão, explicando mais uma vez que não tive nenhum papel na morte dos jornalistas russos que faziam, de forma ilegal, a cobertura das atividades terroristas na Ucrânia.
Ucraniana eu nasci, ucraniana eu morrerei!
Quando juíza perguntou sobre a ocupação da Nadia, a aviadora ucraniana respondeu com o humor habitual: “(trabalho) na cadeia russa, estou numa jaula”. Nadia também apoiou o pedido dos seus advogados para o afastamento da juíza, mas acrescentou com tristeza: “de qualquer maneira, isso não mudará nada, todos eles são palhaços”. Nadia resiste como pode, mas é notório que ela perdeu muito peso.
O medo obriga os raptores guardar Nadia com o dedo no gatilho...
Apenas uma única vez, a calma habitual deixou Nadia. Foi quando a sua mãe, Maria Savchenko avançou à jaula, onde os ocupantes mantêm a filha e foi parada pelos guardas prisionais:

Animais, tirem mãos da minha mãe!”, gritou Nadia, recebendo a reprimenda da juíza. Após o sucedido, a mãe foi retirada da sala à força, o que, obviamente, entristeceu Nadia.
https://www.youtube.com/watch?v=om2RYHOiZ74

A resistência de Debaltsevo

Apesar de todos os esforços dos terroristas russos em cercar completamente as forças ucranianas em Debaltseve, os ucranianos resistem. O jornalista português Nuno Rogeiro avalia as forças invasoras em cerca de 4.500 homens, 90 carros de combate, 120 blindados, 30 lança-foguetões múltiplos, tudo para tomar o saliente antes das conversações em Minsk, no dia 11 de fevereiro, provavelmente para criar um facto consumado. Mas Ucrânia, com voluntários, recrutas, reservistas, feridos que regressam às trincheiras, e sem ajudas ocidentais resiste. Até quando? Não se sabe. Mas resiste.
O 406º grupo especial de artilharia de Simferopil em ação
De momento, combate-se quase corpo à corpo em Myronivka, na autoestrada M-04, na aproximação Vuhleirsk-Kalynivka, em Lovynove, na M-103, e nas aproximações à Popasna, Novagrigorivka, Chornukhine, Kamyanka, Mius, etc. A paisagem é a de um inferno branco, coalhado de carcaças de blindados, tanques, artilharia calcinada, camiões com restos mortais.

Muitos veículos ucranianos são velhos, estragam-se, há artilharia que deixa de funcionar, mas a gente é dura e brava. Chamam-lhe agora, do lado russo, as «baratas». Tão rudes e teimosos como os ciborgues.

1 comentário:

Anónimo disse...

Croatas se juntam ao batalhao de Azov para ajudar a Ucrania:

http://www.balkaninsight.com/en/article/croatia-not-prosecuting-fighters-in-foreign-wars