sábado, novembro 22, 2014

Cazaquistão proíbe a revista por causa da Ucrânia

No Cazaquistão foi proibida a revista independente Adam Bol, publicada em língua russa, formalmente por causa do seu artigo sobre os voluntários daquele país da Ásia Central que pretendiam participar na Operação anti-terrorista (OAT) na Ucrânia, combatendo a agressão terrorista russa.

O artigo da autoria do editor da revista, Miras Nurmuhanbetov, chamado “Os nossos na guerra alheia”, foi publicado em agosto de 2014. A Direção da política interna do Conselho municipal (Akimat) da cidade de Almaty considerou que a publicação continha a “propaganda de guerra” e recorreu ao tribunal para proibir a edição impressa e on-line da revista. O tribunal deliberou a sua decisão prévia sem a presença dos representantes da revista e sem a imprensa, em formato fechado.

O editor da revista considera que o poder do Cazaquistão já bastante tempo estava à procura de um pretexto para fechar a revista, conotada com a oposição. Miras Nurmuhanbetov acredita que o seu trabalho estava irritar os responsáveis em Astana e em Moscovo.

A decisão prévia do tribunal foi entregue à editora-chefe da revista, Guljan Ergalieva, no dia 20 de novembro. Na sua deliberação, o tribunal satisfez plenamente o pedido do Conselho municipal de Almaty sobre o fecho total da revista até a sua decisão final. Os jornalistas da Adam Bol estão convictos do que a decisão proibitiva já foi tomada e que neste momento apenas a difusão do caso na imprensa e a pressão internacional podem os proteger da censura e da falta de liberdade de imprensa no país.

De momento, as autoridades do Cazaquistão tentam, à todo o custo, silenciar o caso, para o efeito, na rede Internet são bloqueadas as páginas nacionais que noticiam o caso, como a edição Total.kz (artigo), entre outras.

O artigo, publicado na edição № 31 (42) de 29 de agosto de 2014, foi baseado na entrevista concedida pelo Aydos Sadykov, político de oposição, que neste momento vive no exílio na Ucrânia. Sadykov falava sobre a possibilidade de criação de um batalhão internacional que participará na OAT e cuja criação, alegadamente, já foi solicitada ao presidente ucraniano Petró Poroshenko. As passagens que mais irritaram as autoridades do Cazaquistão foram as seguintes:

É errado pensar que o batalhão será limitado à apenas algumas nacionalidades [...] As nacionalidades e o número dos que farão parte do nosso batalhão, não serão revelados, esta é a informação secreta. Apenas explico que há voluntários de vários pontos do mundo que expressaram o seu desejo de vir à Ucrânia. Neste momento está sendo resolvida a questão do estatuto jurídico (recorremos oficialmente ao presidente Poroshenko nesta questão), depois iremos agir. [...] Nem todas as pessoas hoje querem revelar as suas identidades, pois eles podem ser processadas nos países de origem. Mas, seja como for, neste caso é uma guerra justa [...] Não haverá nenhum mercenário que luta pelo dinheiro. Isso é absolutamente claro. O batalhão será formado por aqueles que sinceramente querem proteger a integridade territorial da Ucrânia, que entendem que no caso de vitória da Rússia, Putin não irá parar e avançará mais”.

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