quinta-feira, janeiro 31, 2013

A cegueira literária anglo-espanhola


A empresa britânica Naxos AudioBooks colocou o retrato do maior poeta ucraniano Taras Shevchenko, na capa do livro áudio do Fiodor Dostoevski, “Irmãos Karamazov”.

Os britânicos foram imitados pelos espanhóis da Alba, estes também colocaram o retrato do poeta ucraniano na capa do livro “Los Hermanos Karamazof”.

Lembramos que durante os últimos JO de Londres, os desportistas que defendiam as cores russas, mas que nasceram em outros países, hoje independentes, viram os locais do seu nascimento, marcados como as regiões russas…

Fonte:

quarta-feira, janeiro 30, 2013

As fuças do Jirinovski sofrem em Kyiv


O político popularucho russo, Vladimir Jirinovski, famoso pela sua retórica antiocidental e o chauvinismo agudo, visitou Kyiv, onde deu a conferência de imprensa, para defender a ideia da aproximação da Ucrânia ao seu país, em vez da integração europeia.

No meio da conferência de imprensa, o deputado da Duma estatal levou nas fuças com o repolho azedo, ação destemida de autoria da blogueira e ativista social Tanya Lihodeeva.

Um dos membros da delegação russa tentou impedir as filmagens. O próprio Jirinovski ficou fora de si, gritando com os seus seguranças: “Onde está a segurança? Vos levei comigo para trabalharem. Senão vou vos mandar embora…”, escreve Delo.ua.

Tadinho do Jirinovski, o casaco, que alegadamente custa 2000 dólares, agora tem um cheirinho de repolho. 

Ver no YouTube

terça-feira, janeiro 29, 2013

Em memória dos estudantes: batalha de Kruty

No dia 29 de janeiro de 1918, à 130 km de Kyiv, se deu a Batalha de Kruty, em que cerca de 400 ucranianos (120-130 deles eram estudantes), barraram o caminho da armada bolchevique de 4000 “baionetas”. A ação heroica e o sacrifício dos jovens-estudantes são recordadas desde então...

O que segue é a nossa tradução do verso “Em memória dos trinta” do poeta ucraniano Pavlo Tychyna (parece que o número trinta tem a ver com os restos mortais dos estudantes que foram sepultados na campa de Askold em Kyiv).

“Em memória dos trinta”

Lá na campa de Askold
Foram sepultados –
Trinta mártires ucranianos,
Gloriosos jovens...

Lá na campa de Askold
Flor ucraniana –
Na estrada sanguentada
Ao mundo iremos.

Quem ousou a levantar
A mão traiçoeira?
Brota sol e vento brinca
E o rio Dnipró...

Contra quem ousou
Caim Deus punirá! –
Mais que tudo adoravam eles
Sua pátria amada.

Morreram no Novo Testamento
Com a glória dos santos. –
Lá na campa de Askold
Foram sepultados.

Tradução@ Ucrânia em África, 2013

segunda-feira, janeiro 28, 2013

Opera “Holodomor”: de horror à redenção


A nova ópera “Holodomor (Terra vermelha. Fome)” / (Red Earth. Hunger)” do Virko Baley, fará a sua estreia em Nova Iorque nos EUA, em 5 de fevereiro de 2013.

por: Carol Cling, Las Vegas Review-Journal (resumo)

O compositor-residente da Universidade de Nevada em Las Vegas (UNLV), Virko Baley, fez a antestreia da sua nova ópera em inglês e gratuitamente no espaço “Doc Rando Recital Hall” do centro musical “Beam Music Center”. A ópera fará a sua estreia oficial em Nova Iorque em 5 de fevereiro de 2013.

Além do tenor John Duykers e soprano Laura Bohn, a ópera conta com outros seis cantores. Tal como título sugere, “Holodomor” se foca na Grande Fome de 1932-33 na Ucrânia Soviética, perpetuado pelas políticas de coletivização de Estaline, que pretendia substituir as propriedades rurais privadas pelas coletividades controladas pelo estado (kolkhozes).

Milhões de ucranianos morreram durante Holodomor, algo “não muito conhecido pelo público”, explica Duykers. “Conhecemos o Holocausto; sabemos algo sobre os arménios”…diz ele, “mas não sabemos muito sobre os ucranianos”.

O próprio Virko Baley nasceu na Ucrânia em 1938, por isso não passou pela experiência terrível pessoalmente. Idealizou a ópera durante quase três décadas, embora usou uma parte do material em sua 2ª sinfonia e no trabalho clássico “Dreamtime”. As partes da ópera já foram mostradas na sede da ONU.

Na forma corrente, com libreto da autoria do Bohdan Boychuk, ópera “Holodomor” se foca no relacionamento entre três estranhos à sofrerem de fome, cujos destinos se cruzam no meio do Holodomor: mulher, criança e um homem revoltado.

Apesar da situação, a mulher, representada pela Laura Bohn, continua ver a “bondade na humanidade”, explica a cantora. “Sinto me sortuda como artista por apenas representar estas situações e não viver nelas”. A personagem do John Duykers primeiro “trabalhou para o governo, sendo responsável por uma parte das situações que se passaram”, explica o tenor, mas depois ele perde as suas ilusões e “decide fazer parte dos oprimidos”.

O pai do Baley passou uma parte da II G.M. no campo de concentração nazi de Auschwitz, ele próprio, na companhia da mãe, tios e avô trabalhou numa fazenda na Eslováquia, emigrando aos EUA em 1949.

Musicalmente, “Holodomor” reflete vários estilos musicais, é uma mistura harmoniosa e contemporânea, assegura o compositor. Além disso, ópera usa os elementos da multimédia, tais como slides, pinturas, filmes e sons. Ambos, Duykers e Bohn, manifestaram o seu interesse em representar futuramente a versão completa do “Holodomor”.

Apesar da ópera se dedicar ao um assunto difícil, Baley explica que a sua intenção não é de “deprimir ou apenas usar horror pelo horror”. Ópera é pensada para mostrar a “capacidade do espírito humano”, mas por vezes “é como procurar uma moeda de ouro no esterco, você vai ter que sujar as mãos”, finaliza o realizador.

Fonte:

Bónus

Em 2009, a companhia teatral britânica, “British Royal Shakespeare Company”, já dedicou ao tema do Holodomor o seu espetáculo The grain store (Armazém de trigo), assinado pelo realizador Michael Boyd e baseado na peça teatral da ucraniana Natalia Vorozhbit, escreve Newsru.ua

domingo, janeiro 27, 2013

As “tabelas negras” do Holodomor

O jornal “Sob a bandeira do Lenine” (província de Mykolaiv), edição de 1.01.1933 que publica a lista dos kolkhozes da “tabela negra”, foto da bashtanka.pp.net.ua
A parte da política repressiva do Estado comunista soviético contra os camponeses ucranianos foi a introdução do regime de Tabelas Negras (estrangulamento económico) imposto aos kolkhozes, distritos e até aos indivíduos.

A entrada na “tabela negra” significava cessação do comércio e fornecimentos dos géneros, cobranças antecipadas dos créditos agrícolas, purgas nos órgãos do poder local. Era a ferramenta económica de extermínio dos ucranianos.


O termo “tabela negra” foi usado desde a década de 1920, quando as aldeias e distritos ucranianos inteiros eram declarados colocadas na “tabela negra” por não conseguir as normas de Prodrazvyorstka ou ofereciam a resistência às requisições forçadas dos alimentos perpetuadas pelos bolcheviques. Naquela época o poder soviético enviava lá os destacamentos paramilitares punitivos, tomava os reféns, não fornecia os produtos manufaturados, etc.

A política das “tabelas negras” foi renovada em 1928-1929, quando as aldeias que falhavam as metas alimentícias eram chamadas de “atrasadas” e os líderes eram colocadas nas “tabelas vermelhas”. O mesmo termo era também usado em relação às empresas industriais que não alcançavam as tarefas planificadas ou não praticavam a “competição socialista”.

Durante o Holodomor de 1932-1933 o procedimento de colocação na “tabela negra” ganha os contornos repressivos contra as aldeias e regiões que ativamente ou passivamente resistiam à política comunista.

As repressões e o termo foi novamente usado desde outono de 1931 – primavera de 1932. Os documentos mostram que até o verão de 1932 o termo era usado esporadicamente, no verão seu uso foi alargado e desde outubro espalhou-se por toda a Ucrânia com exceções das províncias de Vinnytsya e Kharkiv. Isso ocorreu, pois nas palavras do secretário-geral do CC do PC(b) da Ucrânia, Stanislav Kosior, apenas desde o novembro de 1932 “a organização partidária começou se engajar na coleta do trigo”.

Numa linguagem não ideológica a frase significa que no outono de 1932, quando toda a colheita foi ceifada e não havia outras fontes de alimentação se iniciou a estratégia da intensificação da luta física pelo extermínio do campesinato ucraniano.

O termo “tabelas negras” foi mencionado na deliberação do estado-maior do PC(b) da Ucrânia de 18 de novembro de 1932, entre as medidas de “ações de aumento de coletas do trigo”, usadas para ultrapassar a “influência dos kurkuls”.

As ações previam o seguinte:
- cessar imediatamente todo o comércio (estatal ou cooperativo), fornecimento de todos os géneros e a retirada dos géneros existentes;
- cessar o comércio de kolkhoze;
- cessar todas as formas de creditação e cobrar antecipadamente os créditos e outras obrigações financeiras, previamente concedidas;
- executar a “limpeza” detalhada da composição dos efetivos kolkhozianos e dos órgãos do poder local dos “elementos contrarrevolucionários”.

A ata oficial que introduziu este regime foi a deliberação do Conselho dos Comissários do Povo da Ucrânia Soviética: “Sobre a luta da influência dos kurkuls nos kolkhozes” datada de 20.11.1932 e a instrução anexa à esta ainda não divulgada pelos historiadores. O direito de colocar as entidades na “tabela negra” foi outorgado aos Comités executivos provinciais do PC(b)U.

Entre os critérios usados para colocar uma entidade na “tabela negra” figurava, por exemplo, o passado político das aldeias ucranianas desde 1919: naturais da aldeia entre a liderança da República Popular da Ucrânia (UNR), participação nas sublevações camponesas de 1920-1921, a posição em relação à coletivização ou luta contra os kurkuls, etc.

O comité provincial do PC(b)U da Vinnytsya reportava: a aldeia Mazurivka foi colocada na “tabela negra” por lá nascer “o chefe insurgente Khmara”; a aldeia Karpivtsi por ser “uma aldeia conhecida como insurgente no passado”.

O poder republicano apoiava estas iniciativas locais, por isso o CC do PC(b)U e o Conselho dos Comissários do Povo da Ucrânia Soviética adotaram a deliberação de 6.12.1932 chamada: “Sobre a colocação na “tabela negra” as aldeias que de forma aguda sabotam a coleta do trigo”.

O caráter global e coletivo desta punição indica que a meta da política bolchevique não era a coleta do trigo, mas o extermínio do campesinato e de todos os moradores das aldeias.

A “tabela negra” republicana (de toda a Ucrânia) significava, além das repressões já mencionadas, a punição extra por parte dos órgãos centrais e locais. A lista detalhada destas punições ainda não foi estudada pelos historiadores.

O fim do mês de novembro – mês de dezembro de 1932 foi o pico das ações de “tabelas negras”. Neste período foram colocadas nas “listas negras” mais de 80% das unidades, que foram alvos das repressões conhecidas. A carta do CC do PC(b)U endereçada ao CC do PC(b) da União Soviética datada de 8.12.1932 mencionava o número de 400 kolkhozes, mas dado que só a província de Dnipropetrovsk representava metade deste número, a lista final deveria ser mais extensa.
A lista negra: na aldeia de Pisky (1ª na lista), Holodomor matou mais de 600 pessoas,
foto da bashtanka.pp.net.ua
O banco estatal da Ucrânia Soviética também participou nas repressões, ordenando a cobrança extraordinária de todos os tipos de empréstimos nas certas aldeias e o cancelamento de todas as contas dos determinados kolkhozes.

Lazar Kaganovich, a testa de ferro do Estaline e da PCUS na Ucrânia, disse, discursando no Bureau provincial do comité do partido da Odessa: “Temos que apertar a aldeia de tal maneira, que os próprios aldeões abrirão os esconderijos (de trigo)”.

A deliberação do CC do PC(b) da União Soviética e do Conselho dos Comissários do Povo da URSS de 8.11.1932 estipulava a interrupção do envio de produtos para aldeias de toda a Ucrânia até que “kolkhozes e os camponeses individuais não iniciam o cumprimento, honestamente e conscienciosamente, do seu dever perante a classe operária e o Exército Vermelho na questão da colheita de trigo”. A deliberação foi levantada em 14.12.1932, deixando ao critério do Stanislav Kosior e Vlas Chubar a sua interrupção em relação aos “distritos mais atrasados”.

A deliberação significava o “bloqueio manufatureiro” de todo interior ucraniano, em resultado se tornou impossível comprar os pregos, ferramentas, sal, petróleo de iluminação, etc. Ainda, a carta do comissário popular dos Fornecimentos da Ucrânia ao seu homólogo soviético, Anastas Mikoyan, de 25.12.1932, informa que o plano de fornecimento dos produtos manufaturados às cidades ucranianas no 3º trimestre de 1932 praticamente não foi cumprido. 

Resumindo, a imposição global do regime repressivo das “tabelas negras” na Ucrânia em 1932-1933 foi uma ferramenta eficaz da luta do poder central soviético contra o campesinato ucraniano. Era uma luta mortífera e a colocação de uma determinada aldeia ou distrito na “tabela negra” significava aproximação da morte à queima-roupa…

Fonte & Bibliografia e a lista das aldeias (juntas) e kolkhozes colocadas nas “tabelas negras” em 1932-1933 (seguido o ordenamento territorial da época): 
http://www.istpravda.com.ua/research/2010/11/27/6591

sábado, janeiro 26, 2013

Homenagem aos católicos ucranianos da França


Na festa da epifania segundo o calendário juliano, o Pontífice Romano Bento XVI, elevou o exarcado apostólico dos ucranianos católicos na França ao estatuto de eparquia (diocese) com o título de São Volodymyr Magno. Sendo assim o bispo Dom Borys Gudziak (na foto em cima), se torna o titular, sendo chamado primeiro bispo da Eparquia São Volodymyr o Grande. O arcebispo Luidgi Ventura, Núncio Apostólico na França, preferiu a declaração oficial após a Divina Liturgia Pontifical na catedral de São Valdomiro em Paris.

Bónus

Atuação da capela coral ucraniana “Dudaryk” na Piazza San Pietro em Vaticano em dezembro de 2011:

sexta-feira, janeiro 25, 2013

Quem mata o sonho europeu da Ucrânia?


No momento em que com uma nova força voltaram as discussões sobre o vetor que Ucrânia deve seguir: União Europeia ou a nova URSS, faz todo o sentido repensar os seguintes dados: 77,2% dos ucranianos nunca (!!!) estiveram no estrangeiro!

É claro, para muitos deles a Europa é uma espécie de Tártaro e NATO é um bicho-papão.

(c) Dados “Research and Branding Group”, imagem Igor Goshovsky, reflexão Mustafa Nayyem

Yanukovych excluído em Davos


Presidente da Ucrânia, Victor Yanukovych, que se deslocou à cidade suíça de Davos para participar no Fórum Económico Mundial, não foi convidado para o tradicional lanche ucraniano, organizado pela fundação Viktor Pinchuk no dia 25 de janeiro.

O tema do 9º lanche ucraniano em Davos é “Ucrânia: Leste ou Ocidente – o Dilema Errado?” O evento reúne diversas personalidades, desde Javier Solana, atualmente o presidente do Centro da Economia e Geopolítica Global (ESADE); até os representantes da oposição parlamentar ucraniana: Arseniy Yatseniuk do partido “Batkivshchyna” e Vitali Klitschko do partido “Udar”. Apenas não houve o lugar para presidente Yanukovych, cuja agenda em Davos prioriza o desenvolvimento da infraestrutura e energia.

A imagem do presidente ucraniano no exterior caiu até um marco crítico, principalmente após as novas acusações contra a ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Tymoshenko.

No comentário ao jornal Gazeta.ua, o economista ucraniano Andriy Novak disse que estamos perante um cenário duplo: “ou os organizadores viram que melhor não divulgar a presença dele ou (estamos a assistir) as guerras político-económicas dos oligarcas ucranianos, a concorrência inteira entre os oligarcas”.

Um dos elementos desta concorrência é a mostra que organizador do lanche (bilionário) Pinchuk não esta contente com o poder atual, ou seja, com o presidente e o seu circuito e por isso decidiu fazer a démarche em não convidar o presidente”, explica o perito.

Além disso, não se exclui a possibilidade da existência da situação em que os investidores estrangeiros não quiseram aparecer na presença do Yanukovych, por causa da certa imagem negativa que este formou no exterior, resumiu Andriy Novak.

Fonte: Censor.net.ua

quinta-feira, janeiro 24, 2013

Estação de metro de Kyiv no Top-20 da Europa


A estação do metro de Kyiv, “Zoloti Vorota” (Portões de Ouro), foi considerada como uma das mais surpreendentes da Europa. O jornal britânico The Daily Telegraph colocou a estação ucraniana no seu Top-20.

Antes, a estação já foi considerada como uma das mais bonitas do mundo, pela versão da guia turística americana BootsnAll:

Saindo à rua, você fica no centro da cidade alta, ao lado dos Portões de Ouro, um dos monumentos mais conhecidos de Kyiv, comentavam os autores. – Os arquitetos não erraram, a impressão completa da estação se torne suavemente na impressão da cidade”.

A estação foi construída em 1989, na estilística de Rus de Kyiv e é uma fonte do conhecimento histórico. Em cima de cada entrada à plataforma aparecem as imagens mosaicas dos estadistas históricos ou tesouros arquitetónicos de Kyiv.

Diversos elementos da decoração deveriam lembrar os tempos de Rus de Kyiv: tetos altos, candeeiros metálicos massivos, arcas redondas, colunas baixinhos bizantinas, granizo cinzento no chão e mármore branco com a imitação dos murros medievais, tudo estilizado à lendária época da Rus de Kyiv. Também existem muitos painéis dos mosaicos massivos. Nas arcas que ligam as colunas da sala central aparecem as imagens, na sua maioria são os senhores feudais de Kyiv, desde o Sviatoslav I de Kyiv (anos de reinado 957 – 969) até Danylo da Galiza (1238-1240), fundador da cidade de Lviv.

A Catedral da Maria Mãe do Deus que foi dinamitado em 1941 pelos agentes do NKVD, embora na historiografia soviética este ato era atribuído aos nazis.

Os mosaicos da estação possuem um segredo. Na plataforma entre duas escadas rolantes, entre a estação subterrânea e a superfície, em cima da entrada à escada rolante, se encontra a inscrição em mosaico: “Slava Ukrayini!” (Glória à Ucrânia!). Na foto as letras são assinaladas com os pontos brancos, sem isso são dificilmente visíveis (fotos de www.metropolis.kiev.ua).

Em 1989, o slogan “Glória à Ucrânia!” era tido como nacionalista e proibido, o seu uso poderia resultar em perseguição da diversa ordem (Ucrânia se tornou independente em 1991). Infelizmente, de momento é impossível saber mais sobre a história, pois ambos os mestres responsáveis pelo mosaico, Hryhoriy Korin e Volodymyr Fedko, já faleceram.   

Fonte:
http://www.istpravda.com.ua/short/2013/01/10/107628

quarta-feira, janeiro 23, 2013

Falecimento da Anna Bojko


Com tristeza informamos sobre o falecimento nesta noite da senhora Anna Bojko, esposa do senhor Iván Bojko, fabricante de banduras e personagem do filme “Ivan – de volta para o passado” do realizador ucraniano-brasileiro Guto Pasko.

Anna Bojko tinha 90 anos e também era imigrante ucraniana, refugiada de II G.M. Anna e Iván se conheceram na Alemanha e imigraram já casados para o Brasil em 1948. Dona Anna Bojko participa do filme no seu início, numa cena de despedida entre os dois, antes de Iván Bojko viajar para a Ucrânia. 

O velório começa as 7 horas da manhã desta quarta-feira (23) na Capela 1 do Cemitério da Orleans em Curitiba e o enterro será as 17 horas no mesmo cemitério. 

Guto Pasko, Andréia Kaláboa, toda equipa de produção do filme deixamos aqui a nossa mensagem de pesar à família de Iván Bojko no Brasil e na Ucrânia. O blogue Ucrânia em África subscreve esse pesar.

Na foto em cima, o casal no período das filmagens do documentário na casa deles.

Ver o trecho do filme no YouTube:

terça-feira, janeiro 22, 2013

“Outubro vermelho” espiou o mundo


Um laboratório de antivírus informou recentemente o público sobre a descoberta da operação global da espionagem altamente organizada, que visava diplomatas, órgãos estatais e organizações de pesquisa de diversos países (incluindo Brasil, Portugal e Moçambique).

O complexo dos programas maliciosos (malware) tem o nome de “Rocra”, dentro do código foram descobertas as “dicas” linguísticas que permitem supor que este foi criado pelos programadores que falam russo.

Os programas eram ativos desde 2007, os seus alvos principais eram os países do espaço pós-soviético, Europa Central e do Leste, instituições diplomáticas e estatais dos países ocidentais. Os programas procuravam pela informação geopolítica, de inteligência, se infiltrava nos circuitos fechados de computadores, roubava os dados dos smartfones, roteadores, impressoras em rede e até os ficheiros deletados nos flash-drives. Operação recebeu o nome de “Outubro vermelho”.

Rocra rouba os códigos de acesso às redes fechadas em instituições diplomáticas e de investigação, empresas energéticas, atômicas e de defesa. A infestação inicial se dava através do ataque dirigido via e-mail que proponha o aluguer de viaturas, mas quando aberto, vírus se instalava no sistema operativo usando as falhas do Microsoft Office. Depois Rocra procurava pelas senhas e copiava os diversos documentos interessantes, mesmo os ficheiros do programa Acid Cryptofiler, programação codificada usada pelos países membros da NATO, EU e Parlamento Europeu para proteger a informação sensível.

Desde o início de 2012 foram descobertos cerca de 250 casos da permanência do vírus, mas isso não se pode considerar como boa notícia, pois contrariamente dos “vermes” normais, Rocra infestava apenas uma pequena parte dos computadores em quais estavam interessantes os seus donos.

Fonte: Texty.org.ua

Dado a providência da informação, não seria de estranhar se a notícia é apenas um exercício gigantesco das RP, financiado e disseminado pelo laboratório de antivírus que reportou a dita ameaça…

segunda-feira, janeiro 21, 2013

Ucrânia celebra o Dia de Reunificação

Lviv (praça da Ópera de Lviv): 22 de janeiro 1990
No dia 22 de janeiro de 1919 foi assinada a Ata de Reunificação (Act Zluky), acordo entre a República Popular da Ucrânia (UNR) e a República Popular da Ucrânia Ocidental (ZUNR). O ato político que legitimou a reunificação dos territórios da Ucrânia, outrora ocupados pelo Império Russo e Austro-Húngaro.

Festa da Unidade: fotos de 1919 do arquivo do Instituto da Memória Nacional:
foto@ Dzvinka Kalynets-Mamchur, cidade de Rivne

Em 22 de janeiro de 1990, na Ucrânia pré-independente foi organizada a “Corrente viva”, que reuniu as cidades Kyiv e Lviv em corrente humana, numa mostra clara que a nação ucraniana aspirava à sua independência política.

Desde 1999 o Dia da Unidade de Ucrânia é celebrado no dia 22 de janeiro para marcar a assinatura da Ata. O texto original da Ata (Universal) da unificação entre UNR e ZUNR do Arquivo Central Estatal dos Órgãos Superiores do Poder e da Direção da Ucrânia, fundo 1429, descrição 1, processo 5, página 5. 

Morreu Koki Naya “Taiho”, o yokozuna ucraniano


No dia 19 de Janeiro morreu o lutador de sumo Koki Naya “Taiho” (Ivan Boryshko), o campeão do sumo mais titulado de toda a história do Japão, detentor de 32 Taças de Imperador.

Koki Naya era o yokozuna do 48º grau, a maior distinção em luta profissional de sumo no Japão. Koki Naya nasceu como Ivan Boryshko em 29 de Maio de 1940, no Sul de ilha de Sakhalina (extremo oriente da URSS). A sua mãe é japonesa Kie Naya e o seu pai é ucraniano Markian Boryshko, natural do distrito de Zachypyliv da província de Kharkiv. A família foi separada após a ocupação soviética da Sakhalina, o jovem Koki Naya e a sua mãe foram repatriados para a prefeitura japonesa de Hokkaido em 1945. Em 1965, durante a sua visita à URSS, Koki Naya tentou localizar o pai, mas sem sucesso.

Em 2010 Koki Naya foi condecorado com a Medalha de Honra do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, na receção dedicada ao 19º aniversário da independência da Ucrânia. Em janeiro de 2011 ele foi condecorado pelo presidente da Ucrânia com a Ordem do Mérito do III Grau, pela importante contribuição pessoal nas relações humanas entre a Ucrânia e Japão e pela promoção da imagem na Ucrânia no exterior (ler mais). 

domingo, janeiro 20, 2013

Ucranianos celebram o Jordão

foto@PAP/Wojciech Pacewicz

Os cristãos do oriente, ortodoxos e grego-católicos, celebram no dia 19 de dezembro a festividade de Batismo de águas. O nome popular ucraniano da festa é “Yordan” (pelo nome do rio Jordão em Palestina). A festa é celebrada em memória do batismo do Jesus Cristo no rio Jordão, efetuado pelo João Batista e mencionado nos Evangelhos.

Celebração na Ucrânia

Aldeia de Oseshyna, distrito de Vyshhorod, província de Kyiv, 16 fotos do Kostiantyn Hryshyn, fonte: jornal Den

Celebração na Polônia

Na Polônia a celebração do batismo de águas teve o lugar nos locais da residência da minoria ucraniana em Voivodia da Subcarpácia, Podlachia, Masúria e na Polônia ocidental. Nos locais que não possuem os rios, lagos e lagoas naturais, a água era benzida na igreja ou no poço. Na foto, a igreja ortodoxa em Sławatycze, região de Lublin, informa o serviço ucraniano da Rádio Polônia.    
foto@ V. Musiienko
E como as festividades são para todos, Hanna Herman (na foto em cima), ex-porta-voz do presidente ucraniano, atualmente a sua conselheira independente, também abrilhantou as festividades em Kyiv à sua maneira...  

Heróis não morrem: Mykhaylo Zelenchuk


No dia 19 de janeiro, aos 89 anos, morreu veterano da luta de libertação nacional da Ucrânia, o ex-chefe da Irmandade dos veteranos da OUN-UPA, Mykhaylo Zelenchuk.

Mykhaylo Zelenchuk “Derkach” nasceu em 1924, desde 1944 é guerrilheiro do Exército Insurgente Ucraniano (UPA), membro da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN). É comandante das unidades do UPA que integram a centena do “Kruk” e do kurin “Dovbush”. Em 1946-1947 faz parte da circunscrição militar VO-6 “Beskyd”. É referente distrital do Serviço de Segurança (SB) do UPA. Entre 1948-1955 entra na estrutura clandestina da OUN.

O inverno de 1953-1954 passou na companhia do comandante da circunscrição militar VO-4 “Hoverla” (parte do grupo operativo UPA-Ocidente), Mykola Tverdokhlib “Hrim”. Mykhaylo Zelenchuk evita a morte certa, quando em 17 de maio de 1954 a kryjivka (esconderijo) do comandante “Hrim” é descoberta pelo NKVD e este suicida-se para não ser capturado.

Em 8 de maio de 1955, o próprio Mykhaylo Zelenchuk, juntamente com outros guerrilheiros é preso pelo NKVD, após um agente soviético colocar sonífero na sua comida. Em 16 de fevereiro de 1956 é sentenciado à pena capital (artigos 54-1 e 54-2 do Código Penal da Ucrânia Soviética). Após ficar 3,5 meses no corredor da morte, a sua pena é reduzida aos 25 anos de campos de concentração no regime severo. “Sorte” que não tive seu companheiro, Luka Hrynishak “Dovbush”, que foi fuzilado em Kyiv.

Mykhaylo Zelenchuk passou 16 anos e 7 meses no GULAG em Mordóvia. Foi libertado em novembro de 1971. Desde 1990 foi um dos organizadores da criação da Irmandade dos veteranos da OUN-UPA, foi o seu presidente entre 1991 e 2012. Foi membro das diversas organizações políticas ucranianas. É autor de estudos linguísticos e culturológicos, memórias da luta de libertação.

No verão de 2012 Mykhaylo Zelenchuk deixou a liderança da Irmandade por razões da saúde, insistindo em passar o seu testemunho ao Bohdan Borovych, líder do Congresso dos Nacionalistas Ucranianos (KUN) da cidade de Ivano-Frankivsk.

sexta-feira, janeiro 18, 2013

Presidente que odiava e temia o grafiti

foto@ gazeta.ua
O morador da cidade ucraniana de Sumy, Volodymyr Nykonenko (24), foi condenado à 1 ano da colónia laboral por causa do grafiti, onde aparece uma pessoa, parecida com o presidente Yanykovych com um pontinho vermelho na testa.

por: Bohdana Evseeva (resumo)

O tribunal também condenou sob as acusações idênticas outros jovens de Sumy: Ihor Gannenko à 1,8 anos; Dmytro Danylov e Mykhaylo Pysartsov à 2 anos da cadeia. Tribunal os acusou de hooliganismo em grupo, tentou-lhes imputar diversos atos de vandalismo.

O jornal “Gazeta Ucraniana” entrevistou Volodymyr Nykonenko, cuja arte assustou o atual regime ucraniano.

– Dizem que você foi obrigado a admitir que desenhou o molde do grafiti. Isso é verídico?
– O molde foi desenhado por mim, não me obrigavam a reconhecer este facto. Inicialmente me incriminavam o “cinismo extremo”, depois o facto de “tratar de modo impolido os cidadãos da Ucrânia, os moradores de Sumy”. O caso já está se arrastar por um ano e meio. Foi aberto o processo criminal sob artigo 296, parte 2 do Código Penal da Ucrânia. O procurador convocou a testemunhar toda a gente: os moradores dos prédios, responsáveis pelas torres da eletricidade, onde foram colocados os desenhos. Todos foram abanados para achar qualquer valor de prejuízo. Na condenação não há nenhuma palavra sobre o presidente.

– Faz a ideia porquê a condenação foi tão severa?
– Tenho, mas não posso dizer, a cultura da expressão oral não o permite. […] Irei contestar a condenação com todas as minhas forças, não tenciono recuar.

– O que queriam dizer com a imagem?
– Se dedicávamos à arte de rua. Cada um poderá ver no desenho algo que quiser. Expliquei ao procurador que pontinho vermelho é o sinal do Movimento Hare Krishna. Este foi cético.

– O que são os “trabalhos laborais”?
– Colônia corretiva. Se situam em todas as capitais provinciais. Os detidos vivem em dormitório comum no seu território, trabalham, recebem as ninharias pelo seu trabalho. Podem comprar a comida. Durante a semana laboral não podem sair. Provavelmente, no caso do bom comportamento poderão sair à casa no fim-de-semana.

– Conte sobre si e sobre os rapazes.
– Todos estudavam no ensino superior, estou no último ano. Não bebemos, não fumamos, praticamos desporto, faço sambo.

– Se interessa pela política? Como reagiram os pais?
– Sim, mas ultimamente tudo é um pântano. Não vejo a luz no fim do túnel. Os pais trabalham, mãe é enfermeira, recebe 1000 UAH (120 USD), pai na fábrica recebe 2000 (240 USD). Isso é injusto. Não vivemos neste país muito bem, dai as ideias radicais de mudar tudo. Mãe fica muito preocupada.

– Vocês viram que nas redes sociais muitos ucranianos colocaram o vosso grafiti nas suas páginas e perfis, mostrando, dessa maneira, o seu apoio à vossa causa, protestando contra o poder atual?
– Muito obrigado. Me escrevem nas redes sociais, apoiando. Não perco as esperanças graças à isso.

– Se voltar ao tempo, faria o mesmo?
– É uma pergunta difícil.

Fonte: Gazeta.ua