sábado, junho 30, 2012

Lenine que não quer goodbye


20 anos após a proclamação da Independência da Ucrânia, o nome mais popular das principais avenidas das cidades ucranianas, ou seja as avenidas onde se situam as instituições do poder estatal e local, é a rua Lenine.

As províncias ucranianas onde fica a maioria destas ruas são Vinnytsya, Kirovohrad e Zhytomyr. Em geral, os nomes soviéticos superam em 20 vezes (!) os nomes ligados à Independência (levantamento das principais avenidas das 20 mil localidades ucranianas, das cerca de 30 mil existentes):

Felizmente, Ucrânia não tem nenhuma rua central com nome de Estaline, mas possui mais de 100 ruas com nome de “kolkhoze”, Kirov, Kalinin, Shors. Existe a rua dos “chekistas”, no distrito do Huliaypole (a pátria do anarquista Nestor Makhno), existem dezenas de ruas com nome de Dzerzhinski.

O burgo independentista em matéria de toponímia é a província de Ivano-Frankivsk. No total, na Ucrânia existem apenas 14 ruas centrais Stepan Bandera; cerca de dez ruas ostentam os nomes de Roman Shukhevych, Andrey Szeptytskiy, Vyacheslav Chornovil e Ivan Mazepa.

Por fim, é possível fazer a comparação entre os três nomes soviéticos e três nomes ligados à Independência:

Toda essa realidade confirma o triste facto do que a Ucrânia ainda não conseguiu derrotar a identidade soviética e abraçar a identidade independente, como foi feito nos Países Bálticos e na Europa Central. Como disse uma vez Vaclav Havel, se a pessoa vive rodeada de propaganda do país totalitário e não repara nela, significa que a propaganda conseguiu os seus objetivos. O estado totalitário desapareceu, mas Ucrânia continua a viver no nevoeiro venenoso daquela propaganda. As consequências são mais que evidentes, todos os dias ucranianos podem os ver personificadas no seu presidente…

Fonte:

Bónus

Jas e Ivas, as mascotes não oficiais do Euro-2012, estão vingar a derrota da Ucrânia frente aos franceses...

sexta-feira, junho 29, 2012

O KGB da Ucrânia em 1970


O KGB da Ucrânia Soviética (UKGB), era um dos braços mais ativos do KGB soviético. Segunda república mais populosa da URSS, Ucrânia possuía fronteiras terrestres e marítimas com alguns países estrangeiros, as aspirações independentistas não foram totalmente extintas e a considerável minoria judaica era vista pelas autoridades como “alvo potencial do inimigo sionista”. O arquivo Mitrokhin permite saber até que ponto UKGB penetrava na sociedade e controlava todos os aspetos da vida quotidiana dos cidadãos da Ucrânia.

Em fevereiro de 1971 em Kyiv se reuniu a chefia do UKGB para discutir os resultados do trabalho dos ckekistas ucranianos no ano anterior, o chefe do KGB republicano, Vitaly Fedorchuk*, apresentou o resumo das suas atividades.


Em Kyiv, Kharkiv e Odessa foram descobertas os grupos judaicos clandestinos de inspiração sionista, que procuravam ajudar as pessoas a emigrar para Israel.


Entre 40.000 ucranianos que visitaram os países estrangeiros, 33 cidadãos da Ucrânia soviética tiveram os contatos com os estrangeiros (quaisquer contatos informais entres os cidadãos da URSS e os estrangeiros eram fortemente “desaconselhados” pelo KGB).


A tripulação do navio cargueiro “Bashkiria”, incluindo os agentes (informadores à tempo integral) do KGB e os seus “contatos de confiança” se dedicavam ao contrabando, como castigo pela “deslealdade” KGB deteve algumas pessoas, dissolveu a tripulação, privando-a de permissão para navegar no estrangeiro (enquanto os cidadãos ocidentais colaboravam com KGB por dinheiro, vingança, afinidade ideológica com comunismo, os cidadãos da URSS muitas vezes encaravam KGB apenas como uma alavanca prática para prosseguir na carreira ou visitar os países estrangeiros).   


UKGB controlava 800 empresas, institutos, ministérios e departamentos, os sistemas de transporte ferroviário, rodoviário e aéreo, nenhum agente secreto estrangeiro foi descoberto naquele ano. Em contrapartida, em 1970, UKGB descobriu na Ucrânia 153 grupos “ideologicamente perigosos”, que contavam com 637 membros e 13 grupos nacionalistas com 60 membros. Entre eles, 313 pessoas foram perseguidos judicialmente, cerca de 3.000 se ficaram pelas “conversas profiláticas”. UKGB detetou 12 linhas de contato da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN) com Ucrânia, na cidade de Mykolaiv foi descoberta a unidade clandestina que “tentava” divulgar os panfletos da OUN. Chekistas notavam a disseminação do nacionalismo no Leste da Ucrânia, nas províncias de Dnipropetrovsk, Odessa, Mykolaiv, Khmelnitsky, cidade de Kyiv.

O Serviço operativo e técnico do UKGB confiscou mais de 20.000 documentos considerados “ideologicamente perigosos” (violando o segredo da correspondência privada dos cidadãos sem nenhuma permissão do judiciário). Apenas duas cartas (na Crimeia e Lviv) continham “indícios da correspondência clandestina dos agentes”.


O 2° Serviço efetuou mais de 8.500 ações de escutas (também ilegais) nos hotéis, apartamentos, etc. UGKB tinha em andamento 163 casos judiciais contra 183 cidadãos, efetuou 6 julgamentos públicos, mas lamentava conseguir condenar judicialmente apenas cerca de 34% dos detidos. Cada funcionário do UKGB em média trabalhava com 7 – 9 agentes, considerando ter poucos informadores entre “sionistas, nacionalistas, intelectuais, instituições superiores do ensino”. Na cidade de Kharkiv o 5° serviço possuía 14 residenturas (núcleos permanentes que juntavam os agentes do KGB e os seus informadores), reforçados com mais de 80 agentes.


Em 1970 UKGB recrutou 4 cidadãos estrangeiros, em 1969 – três (provavelmente ucranianos étnicos, eles eram mais vulneráveis à chantagem por causa dos laços familiares na Ucrânia).


Os 133 especialistas ucranianos da cidade de Zaporizhia foram designados para trabalharem na construção de uma fábrica metalúrgica na Índia, entre eles 12 agentes e 15 “contatos de confiança” (ou seja, a taxa de penetração do KGB é de 21,05%).


UKGB manifestava a preocupação com a cidade de Chernivtsi, onde cerca de ¼ da população eram judeus e a fronteira próxima com a Roménia não era “suficientemente guarnecida”. Para reforçar a tropa de guarda – fronteira (subordinada ao KGB), UKGB usava os seus funcionários operativos e até 67 grupos de “voluntários populares”, cerca de 2.000 pessoas, considerando, no entanto, que isso “não era a resolução da questão”.


Mas a preocupação maior eram os estrangeiros, cidadãos da Romênia, Polônia e Checoslováquia, que visitando a URSS particularmente, nos períodos de 30-40 dias, por vezes permaneciam no país até 2 anos e “tendo a vontade, podiam ficar para sempre”. Nos comboios internacionais Varsóvia – Bucareste e Varsóvia – Bucareste – Varna, os passageiros em trânsito tinham a possibilidade de conviver com os cidadãos soviéticos, permanecer no território da URSS durante alguns dias. Os automobilistas da Roménia e da Bulgária, em trânsito para RFA e os Países Nórdicos não eram controlados, mudavam as rotas pré-definidas, aproveitavam as paragens prolongadas para fazer os negócios com os cidadãos soviéticos.


Blogueiro


Como podemos ver, o legado do Estaline, que após a II G.M., tinha proibido os casamentos entre os cidadãos soviéticos e os estrangeiros era bem presente no pensamento do KGB ainda nos anos 1970. Olhando para qualquer estrangeiro como para o espião potencial, mesmo se este estrangeiro provinha do bloco dito socialista.


* Parece que o próprio destino castigou Fedorchuk, nos últimos anos da sua vida general vivia absolutamente sozinho, o seu filho suicidou-se, a esposa e filha morreram, a neta vivia separadamente.  

quinta-feira, junho 28, 2012

Os campeões do Facebook


A Ucrânia atualmente ocupa a 61ª posição no Facebook, avalia a página Socialbakers.com, que prepara as estatísticas diárias baseadas no número de usuários em mais de 200 países e territórios.
Os 10 países que têm mais usuários no Facebook são (por ordem decrescente): EUA, Índia, Brasil, Indonésia, México, Turquia, Reino Unido, Filipinas, França e Alemanha. Portugal ocupa a 37ª posição, Ucrânia a 61ª, Angola é 107ª, Macau é 125°, Cabo Verde é 148°, São Tomé e Príncipe é 206°, Guiné Bissau não foi encontrada nesta lista. 

Na Terra de Sangue e Mel


Recomendo muito a estreia da Angelina Jolie como realizadora do drama militar “Na Terra de Sangue e Mel” (In the Land of Blood and Honey).
O filme tendo como pano de fundo a Guerra da Bósnia, que dilacerou a ex – Iugoslávia nos anos 90. A película conta a história de Danijel (Goran Kostić) e Ajla (Zana Marjanović), dois bósnios de diferentes lados de um brutal conflito étnico. Danijel, um polícia sérvio e Ajla, uma pintora muçulmana, estão juntos antes da guerra, mas a sua relação vai alterar-se, à medida que a violência irrompe no território. Meses mais tarde, Danijel está às ordens do seu pai, o General Nebojsa Vukojevich (Rade Šerbedžija), como oficial no exército sérvio. Ele e Ajla se encontram face à face quando ela é colocada no quartel sérvio como a mão-de-obra escrava.
Gostei da maneira como Angelina Jolie explicou a alegada “falta do balance” do filme: “aquela guerra não tinha o balance”, disse a realizadora.

terça-feira, junho 26, 2012

Gigante ucraniano é o maior apoiante do Obama


Ucraniano Igor Vovkovinskiy mede 2,34 metros de altura, é homem mais alto dos EUA e recebe sapatilhas especiais como presente da Reebok, pois já passou por 16 cirurgias, devido a problemas nos calçados.

Morador de Rochester, em Minnesotta, Igor calça, em medidas americanas, algo entre os tamanhos 22 e 26. As tabelas não costumam mostrar a conversão para tamanhos maiores a 14, que é equivalente a 46 no Brasil. Recentemente ele recebeu um presente que promete dar alívio aos seus pés, para o efeito a Reebok tirou lhe medidas para fazer as sapatilhas especiais, escreve página G1.

Natural de Kyiv, Igor Vovkovinskiy (Igor Ladan), veio aos EUA aos 7 anos de idade, já naquela idade, em 1989, ele tinha altura de 1,82 m e pesava 90,71 kg. Nos EUA Igor fez a operação para tratar dos problemas do seu crescimento descomunal. Igor Vovkovinskiy também é conhecido como o maior apoiante do Obama ao nível mundial.

No dia 18 maio de 2010 Igor media 234.5 cm (7'8.33"), tornando-se desta maneira o homem mais alto dos EUA.

Igor é uma pessoa muito enérgica, em 2011 ele já fez um pequeno papel na comédia romântica “Passe Livre” (Hall Pass). No filme estrelado pelo Owen Wilson, Igor se chama Alta Viga no refúgio do Johny (Johnny's Hideaway Tall Stud). Além disso, em 2007 ele fez parte do elenco do filme documentário “Inside Extraordinary Humans: The Science of Gigantism” e em 2010 participou no show televisivo “The Dr. Oz Show”.

Ver 47 fotos e 8 vídeos do Igor:

Além disso, Igor é muito ativo na blogosfera, onde ele mantem uma página no Facebook e uma outra no Twitter, isso sem contar com a colaboração com a página criada para recolher as doações para a compra de sapatos para Igor

Cartoon para ditador da Belarus


O jornal “The Washington Times” publicou as caricaturas – imagens satíricas dos desenhos animados sobre o ditador da Belarus – Alexander Lukashenka.

Estes cartoons foram exibidos nos canais televisivos ARU TV e Belsat TV, imprensa belarusa livre, criada e operada por dissidentes da Belarus no exterior para confrontar a imprensa estatal, promover a liberdade de imprensa e mudar o regime opressivo do Lukashenka que controla o país.

O cartoon mostra Alexander Lukashenka como um balão enchido de gás russo, pois Lukashenka ganha muito dinheiro com os negócios de gás que não beneficiam o país.

Fonte:

Imagens:

segunda-feira, junho 25, 2012

Diga não à grosseria anti – ucraniana!


Enquanto a rádio polaca Eska Rock (escreva lhes o que pensas: radio@eskarock.pl, m.bielecki@eska.pl) ignora as nossas cartas, a indignação se espalha nas redes sociais.

O blogueiro polaco Marek Sierant criou a comunidade “Powiedz chamstwu Wojewodzkiego i Figurskiego "NIE"!!!” (Diga “NÃO” à grosseria do Wojewódzki e Figurski), que em um dia já reuniu mais de 6.000 membros.

Visitar ou aderir à comunidade:

Enviar a carta ao rádio Eska Rock (em francês ou polaco|polonês):

Chers Messieurs / Madames,

Après avoir lu les nouvelles "blagues" xénophobes et anti-ukrainiennes des employés de votre radio, M. Kuba Wojewódzki et M. Michał Figurski, j'ai été absolument choqué.

L'idée d'avoir violé une femme peut en aucune circonstance faire l'objet d'une plaisanterie. La violation de la dignité humaine en toutes circonstances ne peut pas être l'objet d'une plaisanterie. La violation des droits du travail des employés ne peut en aucune circonstance faire l'objet d'une plaisanterie.

Les termes utilisés par les présentateurs de l'émission "Wojewódzki Figurski Poranny WF" le 12 Juin non seulement franchi la ligne du sens commun et de la culture personnelle, mais devrait également être étudiée par le pouvoir judiciaire de la Pologne.

Nous savons que dans la dernière année, votre entreprise a été condamnée à une amende en raison du comportement de M. Wojewódzki et M. Figurski.

J'espère que l'entreprise prend des mesures disciplinaires concrètes, ne permettant pas le nom du Eska Rock être connoté à la xénophobie et le racisme.

Je vous remercie de votre attention,
(seu NOME),
(sua ocupação / organização)

Voilà
c'st fait

*** 

Szanowne Państwo,

Po przeczytaniu wiadomości o "dowcipach" ksenofobicznych i anty-ukraińskich urzędników Radio Eska Rock, Pana Kuby Wojewódzkiego i Pana Michała Figurskiego, byłem nieprzyjemnie zaskoczony.

Pomysł zgwałcic kobietę w żadnych okolicznościach nie moze byc przedmiotem żartu. Pogwalcenie godności ludzkiej w żadnych okolicznościach nie moze byc przedmiotem żartu. Pogwalcenie praw pracowniczych w żadnych okolicznościach nie moze być przedmiotem zadnego żartu.

Użyte przez dziennikarzy programu "Wojewódzki Figurski Poranny WF" w dniu 12 czerwca nie tylko przekrazca linię zdrowego rozsądku, kultury osobistej i formy satyrycznej, ale powinno być także rozpatrzone przez wymiar sprawiedliwości w Polsce.

Nie po raz pierwszy dwaj prezenterzy uzywaja “dowcipy” rasistowskie i ksenofobiczne.

Mam nadzieję, że firma podejmie konkretne środki dyscyplinarne, nie pozwalając skonnotowac Eska Rock z ksenofobija i rasizmem.

Dziękuję za uwagę,
(seu NOME),
(sua ocupação / organização)

Dr. House em concerto em Kyiv


O ator britânico Hugh Laurie (Dr. House) atuou em Kyiv com o concerto musical do seu grupo Band from TV”.
Hugh Laurie e “Band from TV” estiveram na Ucrânia para promover o seu álbum de estreia, “Let Them Talk”, editado pelo Warner Music.

domingo, junho 24, 2012

Retrato político do KGB


Em 1992 a jornalista investigativa, cientista política, escritora e mulher da rádio, Yevgenia Albats (atualmente a editora-chefe da edição russa da revista The New Times Magazine), publicou o livro “Mina de ação retardada. Retrato político do KGB da URSS” (editora Russlit, ISBN 5865080091).

20 anos depois é possível constatar que vários métodos criados e usados pelo KGB nas décadas de 1960 – 1990 são diariamente usados pelos seus sucessores. Dai a necessidade de voltar ao trabalho de Albats para perceber melhor como um dos mecanismos do poder gradualmente se transformou no poder em si...

KGB e Igreja Ortodoxa Russa

KGB recrutava os informadores entre a hierarquia da igreja: agente “Abado” é chefe do Departamento editorial da Patriarquia de Moscovo, Metropolita Pitirim, agente “Drozdov” era último patriarca da IOR, Alexis II, em relação ao qual, como testemunham os documentos do KGB de 1988 foi “preparada a ordem do chefe do KGB da URSS sobre a condecoração do agente “Drozdov” com a “Diploma de Honra”. “Nenhuma candidatura do bispo, ainda mais de alta hierarquia, muito menos o membro do Sínodo Sagrado, não passava sem a confirmação do Comité Central do PCUS e do KGB,” – testemunha o ex-chefe do Conselho das religiões do Conselho de Ministros da URSS, Konstantin Kharchev. “Os contatos com KGB, para não dizer pior – o trabalho para KGB era a condição indispensável para a subida na carreira na IOR: praticamente não havia exceções”, – afirma padre Gleb Yakunin.

KGB e a opinião pública mundial

“Além da informação, PGU gasta os seus esforços para a criação de desinformação. Para isso existe o serviço especial das “ações ativas”. Este serviço estava infiltrado entre os “movimentos da paz” fora da URSS, desempenhando entre eles um papel importante. O Serviço “A” trabalhava com a disseminação de notícias falsas, principalmente nos países do terceiro mundo. Uma delas é a versão do que SIDA foi o resultado dos experimentes americanos com as armas biológicas. Em 1986-87 essa versão foi ativamente propalada nos jornais soviéticos. “Gazeta Literária” publicou, “Moscow news” resistia como podia. “MN” na altura era órgão da Agência de Imprensa Novosti (APN), cujo chefe era ex-secretário do Comité Central do PCUS, ex-embaixador da URSS na RFA, Valentim Falin, pessoa bastante educada e intelectual. Falin praticamente “torcia as mãos” ao editor do “MN”, Yegor Yakovlev, o obrigando publicar o artigo sobre “crime hediondo do militarismo americano”. Yakovlev resistiu, parcialmente graças à opinião do acadêmico imunologista Rem Petrov, que nas conversas privadas chamava essa versão de “invenção doentia”.

Os dados da Procuradoria-geral da Rússia apontam que entre 1981 e 1991 a pobre URSS transferiu aos partidos comunistas e de esquerda, mais de 200 milhões de USD. Por exemplo, KGB informava que “em resultado das eleições legislativas em Sri Lanka, o principal partido oposicionista do país – Partido da Liberdade da Sri Lanka (PLSL), encabeçada pela Sirimavo Bandaranaike, recebeu a ajuda financeira para a condução da campanha eleitoral do partido (Deliberação do Comité Central do PCUS № 216 K/OB de 3.02.89), aumentando a sua representatividade no órgão legislativo de 8 para 67 deputados. Além disso, com o nosso auxílio material, no parlamento foi colocado um certo número dos contatos de confiança do KGB da URSS, quer do PLSL, quer do Partido Nacional Unido (PNU).

Caros camaradas! Nós próprios, claro, tentamos receber os recursos financeiros, nomeadamente através dos pagamentos de resgates pelos representantes da oligarquia local, quando os conseguimos raptar. Mas o desenvolvimento da luta armada contribui para que quase todos eles deixassem o país e agora vivessem no estrangeiro”, com essa espontaneidade infantil escrevem os pedintes de um país latino-americano (Estenograma da audição parlamentar de investigação das atividades económicas do PCUS, p. 8).

KGB e a juventude

O 5° Departamento (contrainteligência ideológica) controlava os principais estabelecimentos de ensino de Moscovo. A faculdade filológica da Universidade Estatal de Moscovo era conhecida como a “faculdade das esposas diplomadas”, concorrida pelos filhos da nomenclatura comunista e estatal. Os camaradas sabiam que faculdade era servida pelo KGB, por isso ligavam-nos. Nas comissões de admissão sempre estava gente do KGB, agentes, pessoas de confiança ou “contatos”. KGB lhes entregava a lista, quem deveria entrar ou quem não deveria…

Quem não deveria, obviamente não entrava. “Durante a verificação prévia dos candidatos que concorriam ao Instituto de Literatura, em relação de alguns deles foram recebidos os materiais que os comprometiam. Na base destes dados, os candidatos Romanchuk, Kasianov, Chernobrovkin, Osipova foram barrados à admissão durante o processo de exames de admissão”, informava o departamento em 1985. Tudo isso continuava durante a Perestroica, “junho-agosto eram os meses mais quentes, mas muitos fizeram a sua carreira nisso, os pais sabiam agradecer”, conta um dos veteranos do KGB.    

KGB: estado dentro do estado

KGB possuía: inteligência, contrainteligência, polícia secreta, comunicações governamentais, exército de guarda-fronteira, departamentos de investigação, contando com o Departamento da luta contra o crime organizado, exército. Além disso, tinham uma rede fechada de institutos de investigação e uma rede aberta, executando os pedidos do KGB. Em 1991 o KGB tinha a intensão de criar a Direção ecológica. E claro, tinham todo o resto, desde a religião até o desporto.

Os dados do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa apontam que dos 3.900 funcionários do MNE da URSS, 2.200 trabalhavam para KGB e GRU. Boris Pankin, o ex-embaixador soviético na Checoslováquia, último Ministro dos Negócios Estrangeiros soviético e desde 1991 embaixador russo na Grã-Bretanha conta: “Nas embaixadas cerca de metade do pessoal eram “aqueles rapazes”. Eles controlavam o coletivo, por vezes até os embaixadores estavam nas suas mãos. Na Checoslováquia chegou-se ao ponto de até os diplomatas de carreira, para aumentar o seu rating, difundiam um rumor: eu não estou cá de qualquer maneira, estou pela ordem (do KGB)”.

País dos informadores

Após a abertura dos arquivos, foi sabido que a Stasi da RDA tinha 180.000 agentes no universo populacional de 16,5 milhões; StB na Checoslováquia possuía 140.000 informadores, entre eles 12 membros do parlamento e 14 ministros e vice-ministros, no universo de 15,5 milhões de habitantes. Usando a mesma proporção, podemos chegar a conclusão do que na URSS com o KGB colaboravam no mínimo 2.900.000 cidadãos. O coronel do KGB na reforma, Yaroslav Karpovich, que toda a sua vida trabalhou na contrainteligência ideológica afirma que cerca de 30% da população adulta da URSS de uma ou de outra maneira, como a pessoa de confiança ou como “ajudante informal”, trabalhou para KGB.
 
As raízes do KGB

O Conselho dos Comissários do Povo aprovou a deliberação oficial sobre o Terror Vermelho em 5 de setembro de 1918. Desde ai, a sigla VCheKa era decifrada popularmente como – o Fim de Cada Homem… “O nosso terror é um terror forçado, – afirmavam os líderes bolcheviques. Não é terror do CheKa, mas o terror da classe operária”. Os líderes do CheKa eram mais honestos: “Com a vassoura de ferro iremos varrer toda a canalhice da Rússia Soviética, – escrevia na revista “Terror Vermelho” de 1 de novembro de 1918, o chefe do CheKa ucraniana, Martin Latsis. — Não procurem no caso do acusado as provas se ele se sublevou contra os Sovietes com as armas ou com as palavras. Primeiramente, vocês se devem perguntar, à que classe social ele pertence, qual é a sua origem social, qual é a sua formação acadêmica e qual é a sua profissão. Estas perguntas devem ditar o destino do acusado. Nisso está o significado do Terror Vermelho”.

Já em 29 de abril de 1969, o futuro líder soviético, Yuri Andropov escreveu a carta ao Comité Central do PCUS, propondo a abertura de uma rede das clínicas psiquiátricas para a defesa do “regime estatal e social soviético”.

Uso do legado nazi

Após a vitória na “Grande Guerra Patriótica”, milhares de prisioneiros soviéticos libertados dos campos de concentração nazis foram enviados em massa aos campos de concentração soviéticos na Sibéria. Além disso, apenas 3 mesas apos a capitulação da Alemanha nazi, no dia 12 de agosto de 1945, no campo de concentração de Buchenwald apareceram os primeiros prisioneiros da NKVD. A URSS também usou o campo de concentração de Sachsenhausen e outros, no total 11, onde pelos dados da RFA morreram cerca de 65.000 homens, mulheres e crianças.

Os arquivos do NKVD – KGB

O espião se tornou a profissão mais massificada na URSS. Os dados do NKVD apontam que nos três anos, de 1934 à 1937 o número de presos pela espionagem aumentou em 35 vezes (entre eles à favor do Japão em 13 vezes, Alemanha – 20 vezes, Letônia – 40 vezes).

Os arquivos do KGB contam por vezes coisas impensáveis. Sobre a prisão do alfaiate por colocar o forro errado, do músico por tocar mal no concerto e desagradar o chefe do NKVD, da professora que atribuiu a nota “errada” à filha do investigador…

Contam sobre o uso dos clisteres de água escaldante, das celas de 50 x 50 sentimentos como no NKVD da Ossétia do Norte. Contam que tortura não significa necessariamente o espancamento brutal. É possível não bater, mas não deixar de ir à casa de banho durante as interrogações intermináveis – “assinas – vou deixar” (tática usada em menor escala e intensidade ainda nos anos 1980). Deixar sem comida durante vários dias e almoçar em frente do interrogado. Não deixar dormir durante dias. Proibir mexer com os dedos das mãos ou pês. Oferecer a água de sanita à pessoa que sente a sede insuportável. Mandar para os “banhos frios” com o chão de cemento, algemar ao aquecedor quente e prometer fazer o mesmo com a filha… Tudo isso são métodos de “trabalho” de apenas um investigador do NKVD-MGB.

O escritor Lev Razgon assinou tudo. O investigador não o batia, apenas o informou que se ele não assinar, a sua esposa Oksana, que tinha uma forma grave de diabetes, será privada de insulina. “Claro que eu concordei: privar Oksana de insulina significava mata-la”, dizia Razgon. Ela foi privada de insulina na mesma e morreu durante a etapa, no caminho para o campo de concentração. Tinha 22 anos.

Um outro processo: “Interrogavam toda a noite – 17 horas… Sem dormir, sem comer… Exigiam o testemunho falso…” Ano 1988! Moscovo…      

A ciência de violar a vida privada

A colocação do sistema de escutas nos apartamentos que permitia saber, escutar e ver tudo o que lá acontecia era um processo bastante caro. Primeiro, se deveria saber quem vivia nos apartamentos ao lado, nos andares de cima e de baixo, por vezes em todo o prédio. Depois se devia criar a possibilidade de afastar estes moradores. Nos seus locais de trabalho combinava-se com o departamento de recursos humanos para lhes conceder as férias, respetivamente se obtinham as guias para um sanatório ou casa de repouso decente. Por vezes se dizia às pessoas que por causa da segurança estatal eles deveriam ir para a sua casa de campo ou em missão de serviço. Depois vinha o pessoal da 12° departamento e colocava os aparelhos: microcâmara era colocada através do teto do apartamento de cima ou em algum ponto que não dava nas vistas, por exemplo atrás do guarda-roupa. Um pintor especial pintava ou colava partes danificadas, de maneira que o objeto destas ações nunca desconfiava do sucedido. Tudo isso, se a pessoa do interesse do KGB não estava na cidade. Caso contrário, a pessoa era bloqueada por um grupo do KGB no serviço, outro bloqueava o serviço da esposa (marido) e a terceiro se introduzia em casa e executava a tarefa.

KGB e finanças

A 6ª Direção do KGB trabalhava com as empresas joint-venture. O dinheiro do KGB e do PCUS, qua usavam os fundos do país ao seu prazer, foram aplicados como o capital inicial dos cerca de 80% de novos bancos, bolsas e empresas comerciais soviéticas. O papel de liderança nestes empreendimentos pertencia ao KGB, por um lado, a 6ª Direção tinha como os consultores os melhores economistas soviéticos, por outro lado tinha a experiência prática na criação de empresas e firmas de fachada para os seus agentes ilegais em todo o mudo, em todo o tipo das economias do mercado.      

Em 1992 se sabia sobre 600 empresas comerciais e bancos, onde foram colocados cerca de 3 biliões de rublos do PCUS e do KGB. Quantas empresas foram criadas na URSS e no estrangeiro sobre as quais nunca se saberão as suas origens?

Em desafio do sistema

Em março de 1939 na Ossétia do Norte foi aberto o “processo juvenil”, habitual caso falsificado, que permitiu fuzilar os líderes da juventude comunista local. O advogado de um dos acusados, Yasinskiy, tentou argumentar que o seu constituinte foi alvo de métodos ilegais de investigação. Foi um ato da coragem de cidadania e do desespero, o seu cliente foi fuzilado. O próprio advogado foi preso no dia seguinte após o fim do processo, condenado pelas “calúnias” e morreu no campo de concentração.      

Mas será que havia no NKVD – KGB as pessoas que se recusavam a espancar, torturar, maltratar as pessoas? Havia! O chefe da Direção do NKVD da região do Extremo Oriente, Tereniy Deribas se recusou prender as pessoas baseando-se nos testemunhos falsos – foi fuzilado. Investigador Glebov se recusou recolher “os testemunhos” contra o comandante Iona Yakir. Foi fuzilado. Os chefes das direções provinciais do NKVD – Kapustin e Volkov se suicidaram. O procurador da cidade de Vitebsk (Belarus Soviética) teve e ideia “descabida” de verificar a legalidade da detenção dos cidadãos nas celas do NKVD provincial. Fuzilado.

A ideologia do KGB

Os dados do inquérito do laboratório sociológico do KGB da URSS, conduzido em maio – junho de 1991 apontam que:

— 50% dos estudantes da escola superior do KGB da URSS seguiam a dupla moralidade, acreditando que existe a moral para os seus e para os alheios; 35,5% acreditavam que “meta justifica os meios”; 33,3% consideravam que moral do KGB difere da moral dos cidadãos; 

— 77,6% acreditavam que a sabotagem era a causa da situação difícil do país; 19,3% culpavam disso os serviços secretos ocidentais; 13,4% acreditavam que os líderes informais radicais eram financiados pela CIA global; 42,3% culpavam a CIA em relacionamentos interétnicos cada vez mais tensos na URSS;  

— 62,6% aprovavam o uso da força para dispersar as manifestações pacíficas, mesmo se isso significaria verter a sangue, como aconteceu em abril de 1989 em Tbilissi.

Porquê KGB permitiu o colapso da URSS?

Se KGB era tão poderoso, porquê não evitou a derrocada da URSS. O livro da Yevgenia Albats explica isso assim: “O segundo escalão do poder, não participando no golpe, consegui retirar da cena política aqueles, que nele tiveram os papéis principais. Temo que exatamente agora, na situação de caos e da falta total do poder, exatamente este segundo escalão do poder, não comprometido com o golpe, irá chegar aos mecanismos da direção do país”.

Fragmentos do livro:

Texto integral do livro:

sábado, junho 23, 2012

Euro-2012 em mais de 200 fotos!


A xenofobia anti – ucraniana dos apresentadores polacos


Os apresentadores polacos Kuba Wojewódzki e Michał Figurski irão responder em juízo pelas “piadas” xenófobas sobre as mulheres ucranianas, preferidas por eles em direto na rádio Eska Rock (radio@eskarock.pl, escreva lhes o que pensas!)

Como informa a agência noticiosa ucraniana UNIAN, várias ONG ucranianas e polacas, entregaram à PGR da Polônia os materiais para a abertura de um processo criminal contra os jornalistas, que violaram a legislação que proíbe as declarações xenófobas e prevê uma pena de até 3 anos de cadeia para os prevaricadores.

Adam Sauer, o representante da fundação polaco – ucraniana PAUCI que juntamente com a União dos Ucranianos da Polônia iniciou a apresentação da queixa na Procuradoria, informou que o caso é apoiado pelas diversas organizações e cidadãos privados, polacos e ucranianos.

Os autores da queixa dizem que os termos usados pelos jornalistas no programa “Wojewodzki Figurski Poranny WF” no dia 12 de junho após o jogo de futebol entre as seleções da Ucrânia e Suécia, “não apenas passaram a linha do bom senso, cultura pessoal e o formato satírico”, mas também devem ser investigados pelo poder judicial da Polônia.

Eis o que disseram os apresentadores:

“Wojewódzki: Mas sabes o que eu fiz ontem após o jogo com Ucrânia?
Figurski: O que?
Wojewódzki: eu mandei embora a minha [empregada] ucraniana (risos).
Figurski (risos): Mas que boa ideia (risos). Não me passou isso pela cabeça. Sabes o que? Eu com a raiva não lhe pagarei hoje.
Wojewódzki: Sabes o que, mas eu, vou levar a minha de volta, arranco o seu dinheiro e novamente mando embora (risos).
Figurski: Digo te, se a minha seria um pouco mais bonita, eu ainda a violaria.
Wojewódzki: Êh, eu não sei como é a minha, ela está toda a hora de joelhos (risos)”.

Não é a primeira vez que os dois apresentadores usam as piadas racistas ou xenófobas, em 2011 eles publicamente gozaram de maneira racista e obscena o porta-voz da Inspeção das Estradas da Polônia, o inspetor Alvin Gajadhur, filho do pai indiano à quem apresentadores chamavam de “negro”. Em resultado, a sua rádio foi multada em 50.000 zloty e Figurski se arrisca à uma pena de até 3 anos de prisão.

Nota: Na Polônia vivem e trabalham legalmente cerca de 30.000 ucranianos; em 2011 outros 240.000 ucranianos trabalharam na Polônia temporariamente; os ucranianos também são a quarta Diáspora mais importante do país, perfazendo cerca de 50.000 pessoas.  

quarta-feira, junho 20, 2012

Atamane Zeleniy: vida do insurgente ucraniano


Atamane Zeleniy sentado no meio
Uma das lendas familiares dos meus antepassados reza, que uma vez, algures nos anos 1920, os homens do atamane Zeleniy, foram procurar o meu bisavô, apoiante ativo do poder soviético na Ucrânia. Desde ai, sempre imaginava o chefe Zeleniy como um velho corpulento, um pouco à imagem dos coronéis cossacos, vindos do “Taras Bulba” do Mykola Gogol.

O socialista – revolucionário ucraniano, Danylo Terpylo, mais conhecido como atamane Zeleniy, que deu a vida pela Ucrânia morrendo em combate aos 33 anos era tudo menos um coronel corpulento…

Nasceu em 1886 na aldeia de Trypillia (a mesma que deu o nome à cultura Cucuteni-Trypillia), na província de Kyiv, terminou a escola paroquial, estudou na escola dos alferes de Zhytomyr. Durante a revolução russa de 1905 – 1907 tornou-se o membro de um grupo socialista-revolucionário, que encabeçou em 1906. Pela primeira vez foi detido pela polícia czarista em 1907, em 1908 é novamente detido e deportado para a Rússia. Participa na I G.M.

Em 1917 volta para Ucrânia, onde reconhece o governo ucraniano da Rada Central. Já em 1918 não reconhece o pró-germânico Hetman Pavlo Skoropadskyi. A sua unidade insurgente conta com cerca de 4000 camponeses armados. Em novembro de 1918 reconhece a Diretória da República Popular da Ucrânia, cria 1ª Divisão Insurgente de Dnipró, que juntamente com as forças do Symon Petliura e os Atiradores de Sich em dezembro de 1918 tomam a cidade de Kyiv.  

Em janeiro de 1919 colabora com o exército vermelho, formando a 1ª Divisão Soviética de Kyiv. A agressão da Rússia bolchevique contra Ucrânia e as sangrentas repressões chauvinistas em Kyiv, quando os cidadãos eram fuzilados pelo uso da língua ou as roupas ucranianas, fizeram Zeleniy mudar de opinião. Em abril de 1919 ele inicia a revolta anti – bolchevique, estes, por sua vez o anunciam fora da lei.

Danylo Terpylo adere ao Comité Revolucionário clandestino, que dizia no seu manifesto “Aos camponeses e operários da Ucrânia”: “Nós exigimos: Ucrânia deve ser independente…” As unidades do Zeleniy recebem o nome da “1ª Divisão de Kyiv”; juntamente com a “2ª Divisão Insurgente de Kyiv” (atamane Marko Shliakhoviy), eles formam o “1° Regimento Insurgente”, comandado pelo Zeleniy, controlando no verão de 1919 toda a margem direita da província de Kyiv.

Em maio de 1919 o Exército Vermelho lançou a ofensiva conjunta contra os insurgentes do Zeleniy, contando com cerca de 21.000 homens e a flotilha naval do rio Dnipro. Atamane Zeleniy retirou-se, passando para a margem esquerda do rio Dnipro. Zeleniy combatia os bolcheviques em todo o território da província de Kyiv, mas também nas províncias de Chernihiv, Poltava e Podilya.

Na cidade de Pereyaslav, em um ambiente solene, na presença da população e do seu exército, Danylo Terpylo denunciou o acordo de Pereyaslav, que em 1654 uniu Ucrânia à Moscóvia. Naquele momento ele tinha sob o seu comando cerca de 30.000 homens. Em setembro de 1919 ele novamente reconhecia o governo ucraniano da Diretória, encabeçado pelo Symon Patliura.

Todo o outono de 1919 atamane Zeleniy combate as tropas monárquicas russas, comandadas pelo general Denikin, conhecido pela sua xenofobia e chauvinismo anti ucraniano. No dia 11 de outubro de 1919, as suas tropas libertam Kyiv, desalojando os monárquicos russos. No mesmo mês, atamane Zeleniy foi gravemente ferido em combate contra as tropas do Denikin e morre no caminho da sua aldeia natal. Foi sepultado em Trypilya, a sua campa original não ficou preservada.

Em 2008 o historiador ucraniano Roman Koval publicou o livro “Atamane Zeleniy”, que em 2011 teve a segunda edição aumentada e corrigida.

O livro conta com as memórias dos moradores da aldeia de Trypilya, reunidas nos anos 1980 pelo historiador Mykhaylo Karasiov, todos dados sob anonimato, pois mesmo naquela época aos ucranianos parecia perigoso falar sobre atamane. O livro também conta com duas entrevistas inéditas do Zeleniy, que ele deu em 1919, encontradas pelo Kostianyn Zavalnyuk.

Os companheiros recordavam atamane Zeleniy como a pessoa “extremamente forte espiritualmente”, que tinha “amor esclarecido pela vida, sempre ativo, sempre preparado”. Atamane Marko Shliakhoviy, que após o fracasso do levantamento na região de Vasylkiv caiu no desespero, ficou fortalecido “apenas olhando [para Zeleniy], pois viu que nos seus olhos vivia a esperança absoluta de algo bom” e era isso que ele precisava. Atamane Zeleniy combatia com o sorriso, transmitindo à confiança aos seus combatentes mesmo nas situações de maior perigo.

O coronel do exército da UNR, Vsevold Petriv, recorda que a disciplina da Divisão de Dnipro era exemplar: “— Eu via estas bem-dispostas e ameaçadoras massas… via a Divisão de Dnipro, formado sem um único oficial de carreira, mas tão disciplinada como os Atiradores de Sich…”    

Ler o livro on-line: