terça-feira, novembro 13, 2012

Os bordados do GULAG (2)

Maria Zasimenko-Bonatska tem 84 anos (em 2017), ela passou 7 anos nos campos de concentração soviéticos pela sua militância no Exército Insurgente Ucraniano (UPA). É autora de 8 livros poéticos e de ensaios, na prisão aprendeu a bordar.
Na sua casa senhora Maria tem retratos do Stepan Bandera e Roman Shukhevych, muitos livros e bordados ucranianos (vyshyvanky). Foi presa em 1948 aos 15 anos, condenada à 10 anos de “trabalhos laborais corretivos com o confisco dos bens”: os nazis queimaram a nossa aldeia por ajudarmos ao UPA. Escondíamo-nos no bosque, pessoas e o gado: duas vacas, alguns porcos, ovelhas. Desde 6 anos ajudava na safra.”
Maria Zasimenko-Bonatska em setembro de 2012
Senhora Maria, que cumpriu o seu termo em Mordóvia conta que aprendeu a bordar com uma mulher idosa, natural da Polisya. Os bordados feitos nos campos de concentração guarda como relíquias.
As linhas eram retiradas dos lenços coloridos ou panos. Bordávamos as toalhas de mesa. As agulhas eram fabricadas do arame farpado. Para bordar na cadeia tínhamos que sentar de maneira que o guarda não ver através da mira na porta. Bordávamos até as camisas”.
Maria Zasimenko-Bonatska em novembro de 2017
Após a libertação do GULAG soviético não consegui se formar em jornalismo, a “má” biografia não permitiu. Vários anos trabalhou como bibliotecária, agora reformada, escreve livros de memórias e poesia. Visita a sua aldeia natal, mas quase ninguém dos seus conhecidos está lá, uns morreram, outros não voltaram da Sibéria.  

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