quarta-feira, outubro 31, 2012

Ucrânia: quo vadis?


As legislativas ucranianas do passado dia 28 ofereceram algumas surpresas agradáveis. A principal é a ascensão da Coligação VO Svoboda (Liberdade) ao estatuto do partido nacional.

Se nas legislativas de 2006 a VO Svoboda obteve 0,4% dos votos; em 2007 passou para 0,7%, neste momento já está a alcançar o marco de 10,32%. Mais as vitórias já confirmadas nos círculos uninominais permitem ao partido ter o grupo parlamentar de 30-35 deputados.

Na capital ucraniana, em Kyiv, a VO Svoboda teve apoio dos cerca de 20% dos eleitores; partido consegui eleger o seu primeiro deputado no centro-leste do país, na cidade de Poltava, onde Yuriy Bublyk com 36,45% dos votos (29.974 eleitores), superou uma dúzia de candidatos técnicos do Poder.

Corrupção massificada

Um dos marcos das eleições de 2012 foi a corrupção massificada, intimidação dos adversários e o uso do “recurso administrativo” por parte do Partido das Regiões e do governo ucraniano.
um grupo de "jornalistas" tenta intimidar VO Svoboda
foto @Roman Chornomaz 
No círculo uninominal № 223 (cidade de Kyiv), a Comissão Nacional de Eleições registou oficialmente o facto de falsificação de dados a favor do candidato independente (apoiado pelo poder) Viktor Pylypyshyn, cujo adversário principal é Yuri Levchenko da VO Liberdade (no 4º dia da contagem de votos nesta assembleia foram contabilizados apenas 64,35% dos votos!)

Como resultado, o chefe da comissão eleitoral tentou abandonar o local de apuramento de dados, foi detido pelos cidadãos (a polícia de segurança pública não exerce a sua autoridade, mantendo a “neutralidade” perante atropelos da Lei eleitoral), escreve Aratta-ukraine.com

Nos círculos uninominais № 217 e № 215 (Kyiv), o chefe da comissão eleitoral, Ihor Krinytsya informou que foi vítima da tentativa de suborno no valor de 13.000 dólares, em troca de falsificação dos resultados da votação. Ele afirmou também que a tentativa foi feita pelo representante do Partido das Regiões. No círculo № 215 concorrem a secretária permanente do conselho municipal de Kyiv, Halyna Gerega (independente apoiada pelo poder) e Andriy Ilchenko da VO Svoboda (Andriy finalmente ganhou superando o adversário em apenas 191 voto, 3 dias após o fecho das urnas!)

Oposição informa ainda que no círculo № 216 (Kyiv), onde ganhou a candidata da oposição Xenia Lyapina, os membros da comissão eleitoral receberam a proposta de suborno no valor de 10.000 dólares (para cada membro da comissão) pela falsificação dos resultados eleitorais, escreve página LB.ua

Quo vadis?

As eleições foram falsificadas, o ato eleitoral não foi democrático, nem transparente. A tentativa do poder em alegar a honestidade das eleições através do uso de câmaras de CCTV ou de urnas transparentes revelou-se fracasso total. Poder ucraniano tenta implementar o modelo autoritário da “democracia dirigível”.
A oposição fortificou as suas posições. A 2ª posição é ocupada pelo bloco próximo à Yulia Tymoshenko que iniciou a greve de fome para protestar contra as falsificações. O parlamento irá renovar-se, serão criados os novos grupos parlamentares: UDAR (pugilista Vitaly Klitschko) e VO Svoboda.

Os perdedores

O maior perdedor foi o partido “Sonho Ucraniano”, criado pelo Poder como simulacro da oposição. A sua líder, Natália Korolevska, que teve o poder econômico para contratar o ex-futebolista Andriy Shevchenko não conseguiu ultrapassar a barreira de 5% de votos (amealhando cerca de 1,58%). Isso, apesar de possuir o orçamento mais que robusto, aplicado em todo o tipo de publicidade, incluindo dissimulada, nos diversos canais de distribuição: TV, rádio, jornais, Internet, painéis, etc.  

1 comentário:

Anónimo disse...

Vendo o resultado das eleições acho que o PR não vai longe. Mas também acho que ele não vai querer largar o "osso" tão fácil asssim.