sábado, abril 30, 2011

Os dias “vermelhos” do calendário ucraniano

Aproximam-se os dias “vermelhos” do calendário ucraniano: o Dia do Trabalhador – 1 de Maio e o Dia da Vitória – 9 de Maio (o dia em que a URSS celebrava a vitória sobre Alemanha nazi, em detrimento do resto da Europa que celebra o Dia da Vitória em 8 de Maio).

Habitualmente, nestes dias algumas forças anti-ucranianas, principalmente os saudozistas soviéticos de todos os cores e quadrantes costumam usar a bandeira vermelha como o meio de fazer a propaganda contra o estado independente ucraniano. Neste ano, a iniciativa partiu de um grupo dos deputados do Partido das Regiões, que estão impor o uso da bandeira vermelha como o sinal da sua total a absoluta subordinação ao regime dominante do país vizinho...

Não há nada melhor para recordar “quem é quem?” do que a leitura deste curto texto, que poderá explicar o nosso sentimento em relação às bandeiras vermelhas:

Pelo que lutou o Exército Vermelho? Pela União Soviética. Ainda existe? Não. Pelo que lutaram as tropas do Wehrmacht? Pelo Terceiro Reich. Ele existe? Não. Pelo que lutou o Exército Insurgente Ucraniano? Pela Ucrânia independente. Existe? Sim! Então, quem foram os vencedores?

Ucraniano vence o “peixinho”

O neurocirurgião ucraniano que alegadamente, venceu o jogo contra o mais forte programa de xadrez do mundo.
O neurocirurgião ucraniano, o Professor Doutor Andriy Slyusarchuk venceu sensacionalmente a partida contra o mais forte programa informático de xadrez Rybka-4.1 (rybka em ucraniano significa peixinho). Até hoje nenhum grande mestre do xadrez conseguia bater o programa em pé de igualdade, enquanto Professor Slyusarchuk jogou às cegas e ganhou 1,5 – 0,5. Slyusarchuk ganhou o primeiro jogo que começu com as peças brancas. E empatou o segundo jogo que iniciou com as peças pretas.
O Professor Slyusarchuk é conhecido por memorizar um recorde de 30 milhões de casas decimais do Pi. Por isso, recebeu a alcunha de “Dr. Pi”. A técnica criada e desenvolvida pelo Professor Slyusarchuk permite memorizar e executar as mais complexas operações binárias matemáticas em um período muito curto de tempo.
Fonte:

UPD: Infelizmente, recebemos uma informação desagradável que indica que essa pessoa provavelmente é um vigarista, nem é médico e não tem as capacidades da memória que afirma ter...

FEMEN: protesto sem roupa

A rede Globo de televisão dedicou recentemente um dos seus programas ao grupo feminista (?) ucraniano FEMEN que notabilizou-se pelas inúmeras acções de protesto em que as activistas topless contestam variadíssimos tópicos da vida ucraniana e internacional. Desde Chornobyl à Berlusconi, desde o turismo sexual às deficiências do aquecimento central nas cidades ucranianas...

Ver o programa no YouTube:

quinta-feira, abril 28, 2011

Entre o Paraná e a Ucrânia

Uma viagem pela história e personagens que transformaram a imigração da metade do século passado em um filme cheio de sentimentos e emoções. No cine ó desta semana você vai conhecer o cineasta Guto Pasko e Iván Boiko: o imigrante que inspirou o longa-metragem ”Ivan – de Volta para o Passado”.

Vejam os dois blocos do programa no link abaixo:

http://www.otv.tv.br/video/entre-o-parana-e-a-ucrania

Foto: gutopasko.blogspot

terça-feira, abril 26, 2011

Chornobyl em foto e vídeo


O judeu ucraniano Vlad Epshteyn participou em 1986 na liquidação da catástrofe nuclear do Chornobyl que atingiu a Ucrânia, faz hoje exactamente 25 anos. Cerca de 600.000 pessoas passaram pelos trabalhos na estacão nuclear ucraniana, muitos faleceram prematuramente, colhidos pela radiação, stress, doenças oportunistas ou cuidados médicos ineficientes.


Hoje Sr. Epshteyn vive nos EUA; recentemente ele publicou na Internet 38 fotos (79 MB) que foram tirados em Chornobyl após a explosão em 1986. As fotos não são da sua autoria, os negativos ficaram na sua posse por mero acaso.


A fotografia que publicamos demonstra em pleno o nível do desconhecimento que os liquidadores tinham sobre os perigos da radiação. As pessoas pousam em frente do famigerado VI bloco energético, destruído pela explosão e consequente incêndio nuclear. A saúde de muitos deles será afectada brevemente, mas eles ainda não sabem....


Ver as fotografias:


https://picasaweb.google.com/vepshteyn/1986?authkey=Gv1sRgCJeR8d3i48_lRQ#


Bónus



O blogueiro russo ed-glezin reuniu a colectânea impressionante dos vídeos dedicados ao Chornobyl (sem legendas e apenas em russo):


Apelo do Mikhail Gorbachev na TV soviética (trecho): http://video.mail.ru/mail/alexey-pavlenko/chernobyl/108.html
Telejornal “Vremya” (Tempo) de 28.04.1986:
http://youtu.be/sC7n_QgJRks
Telejornal “Vremya”, 1987, reportagem do Chornobyl:
http://youtu.be/srj4E0MwzH8
Filme documental Batalha pelo Chornobyl, 1986:
http://video.mail.ru/mail/jorj11/208/207.html
Filme documental “Sinos do Chornobyl”, 1987:
http://video.mail.ru/bk/sereny/1038/1056.html
Dias e noites do Chornobyl, 1986:
http://video.yandex.ru/users/zzez/view/19/
Filme documental “Área de acção — Chornobyl”, 1987:
http://video.mail.ru/bk/sereny/1038/1050.html
Chornobyl: Crónicas do Silêncio (inclui a entrevista com Gorbachev):
http://video.yandex.ru/users/rmadridlfp/view/11/
Chornobyl um minuto antes da catástrofe:
http://video.mail.ru/mail/jazon1986/16/19.html
Chornobyl National Geographic:
http://video.yandex.ru/users/s-korobeynikov/view/2/
Chornobyl Catástrofe nuclear:
http://youtu.be/Sm6fyR3zuaE
Chornobyl, 20 anos depois, TV RTR, reportagem:
http://smotri.com/video/view/?id=v8577575b34
“Chornobyl – a vida em uma zona morta”
http://video.mail.ru/bk/sereny/1038/1040.html
Programa Namedni. 1986. Chornobyl
: http://www.youtube.com/watch?v=scy9gaETbpc
Chornobyl. 1986. Apartamento velho: http://rutube.ru/tracks/2812338.html

Algumas fotos: http://public.fotki.com/Ed-Glezin/82e7/?show=all

FEMEN contra Yanukovich


O 25° aniversário da maior catástrofe tecnológica do século XX, a avaria na estacão nuclear ucraniana de Chornobyl, infelizmente é uma óptima oportunidade de fazer o RP. Os representantes dos Governos, a comunicação social, os políticos e o grupo, aparentemente, feminista ucraniano FEMEN, apareceram em peso na capital da Ucrânia, cidade de Kyiv.


O Governo ucraniano anunciava que arrecadou 550 milhões de Euros (dos 740 necessários) para a construção do novo sarcófago que irá cobrir a estacão danificada nos próximos 100 anos. E o grupo FEMEN desfilava topless no centro de Kyiv proclamando os slogans que desafiavam a legitimidade democrática do actual regime ucraniano: “Yanukovich pior que a radiação”; “Bordel para o Sarcófago”, entre outros.


Em seguida, as activistas da FEMEN foram atacadas pelos agentes masculinos da polícia (táctica imprudente pois se sabe de antemão que FEMEN usa os corpos seminus como arma de arremesso para os fins políticos e promocionais). Os polícias usavam as uniformes toscas; não possuíam as luvas (aconselháveis quando existe a possibilidade do contacto corpo – a – corpo); despreparados psicologicamente eles riam, faziam caretas, gozavam, enervando-se gritavam em russo, agarravam desajeitadamente as activistas da FEMEN pelas mãos, cinturas e outras curvas do corpo. As activistas, por sua vez, reclamavam, choravam e gritavam, antes de entrar nos carros da polícia.


Mais tarde, as activistas foram julgadas pelo tribunal do Bairro Shevchenko, que deliberou as seguintes penas administrativas: Olexandra Shevchenko – 72 horas da prisão administrativa (essa é a sua 3ª prisão); Inna Shevchenko – multa de 255 UAH (32 USD) por resistir às autoridades; outras activistas – multa de 51 UAH (6,4 USD) cada, por ser a sua primeira detenção.


Todo este show deprimente me deixou envergonhado e triste, pois a imagem da Ucrânia não saiu reforçada deste episódio. Dezenas de televisões internacionais mostraram as cenas da detenção que mais uma vez certificaram: o regime actual retrocedeu o país em termos das liberdades individuais e a democracia; a polícia ucraniana não esta preparada para defender a Lei e a Ordem dentro dos padrões civilizacionais europeus durante o Euro – 2012. Embora ainda tem 410 dias para melhorar o seu desempenho...


Ver fotos AQUI e AQUI, ver vídeo AQUI

sábado, abril 23, 2011

O significado de Chornobyl

A ex-Primeira Ministra da Ucrânia, Yulia Timoshenko partilha a sua visão da catástrofe do Chornobyl. Vinte e cinco anos depois, o desastre de Chornobyl tem mais a ver com o sigilo em detrimento da segurança nuclear, argumenta Timoshenko.


Tudo começou como um dia de primavera cinzento e lamacento, como tantos outros na minha terra natal. E terminou em pavor e luto.
É claro que nenhum de nós sabia o exato momento em que a catástrofe atingiu Chornobyl, há 25 anos. Naquela época, vivíamos sob um regime que negava as pessoas comuns qualquer direito de conhecer os factos e os acontecimentos.


Assim, fomos mantidos no escuro sobre o vazamento de radiação do reactor acidentado do Chornobyl, que soprava nos ventos sobre a Norte da Europa.


Mas o facto mais bizarro sobre o desastre de Chornobyl, agora sabemos, é que Mikhail Gorbachev, secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, também foi mantido no escuro sobre a magnitude do desastre.
Na verdade, pode ser isso mesmo que no fim condenou o sistema velho de ir para o caixote do lixo da história, apenas cinco anos mais tarde.
Nenhum regime construído sobre o auto-engano ilimitado é capaz de reter um pingo de legitimidade uma vez que a escala dos seus auto-enganos fica exposta.
Porque apenas fragmentos de informações confiáveis chegavam naquele momento aos ucranianos comuns, minhas lembranças de Chornobyl são necessariamente incompletas.


Lembro-me agora apenas dos primeiros sussurros silenciados com medo do desastre, vindos de um amigo da família. Lembro-me do medo abjecto que eu sentia por minha filha. Uma torrente de boatos virtuais e histéricos, além das histórias inacreditáveis sobre o desastre veio logo em seguida.



Todas essas lembranças, naturalmente, permanecerão gravadas para sempre. Mas, mesmo 25 anos depois, eu acho difícil conectar o que eu realmente sei sobre desastre com aquilo que eu vinha a conhecer sobre este.


Ler o texto integral em inglês:


sexta-feira, abril 22, 2011

Miss Lviv 2011

No dia 12 de Abril na Ópera de Lviv decorreu o concurso Miss Ucrânia – Região de Lviv 2011. O júri escolheu Olena Yazovecka, de apenas 17 anos, como a melhor entre outras 15 pretendentes.


Miss Simpatia do Público foi a Cristina Nakonechna, a 1ª Vice – Miss foi Marta Shuyko (23 anos), 2ª Vice – Miss – Yuliana Petryshyn (23).




Fotos Maksym Balandyukh (blogueiro zirvygolova).


As notícias sobre a Região de Lviv nas redes sociais: Facebook, Twitter, Livejournal e Vkontakte


Bónus


Proponho deslumbrar-se com as belezas naturais da Ucrânia, nomeadamente montes Cárpatos (56 fotos), que o mesmo Maksym Balandyukh tirou nos dois lados da fronteira ucraniano – romena...

quarta-feira, abril 20, 2011

Solidariedade com os ucranianos da Rússia


No dia 17 de Abril de 2011 em frente da Embaixada da Rússia em Lisboa foi realizada uma manifestação pacífica no contexto da “Semana de solidariedade com os ucranianos na Rússia”, organizada pelas três associações ucranianos em Portugal.

O objectivo desta acção, que vai passando pelos vários países onde residem ucranianos é chamar atenção para os problemas de violação dos direitos humanos da comunidade ucraniana na Rússia e mostrar solidariedade com as organizações ucranianas na Rússia, que foram proibidas, por motivos políticos, pelo governo russo.

Exmo. Sr. Alto Comissário para as Minorias Étnicas (OSCE)

Cópia: Exmo. Sr. Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Federação da Rússia em Portugal Pavel Fedorovitch Petrovskiy

Os representantes da comunidade ucraniana consideram necessário recorrer à V. Exma. devido a múltiplos casos de violação dos direitos do homem, que são assegurados pelos diplomas legais internacionais, casos esses que foram cometidos pelas autoridades da Federação da Rússia e que têm uma relação directa com os representantes das minorias étnicas ucranianas no território da Rússia:

1. Assim, pelas autoridades actuais da Federação da Rússia foram proibidas e encerradas, sob um pretexto inventado, duas organizações sociais federais da minoria étnica ucraniana: Associação dos Ucranianos na Rússia (AUR) e Autonomia Étnico-Cultural Federal dos Ucranianos na Rússia (AECFUR), sendo infringidas as disposições do artigo sétimo da Convenção Quadro do Conselho da Europa de 1985 onde é garantido às minorias étnicas o direito da liberdade das associações.

2. O poder da Federação da Rússia não provem o direito das minorias étnicas à religião, língua, património cultural, que é estipulado na mesma Convenção Ramo do Conselho da Europa. No território russo não existe nenhuma escola onde os ucranianos tivessem possibilidade de aprender a língua ucraniana, nenhuma igreja onde poderiam rezar de acordo com as suas convicções religiosas.

3. Durante muitos anos, prosseguem as perseguições dos activistas das organizações sociais que representam a minoria étnica ucraniana. É proibido a um dos líderes da AUR entrar no território da Federação da Rússia. Ocorreram factos de assassínio de representantes das comunidades ucranianas na Rússia, designadamente em Vladivostok, Tula, região de Ivanovo.

4. Pode ser considerada sem precedentes a situação em redor da apreensão da literatura e da base de dados dos leitores numa única biblioteca ucraniana em Moscovo que teve uma ressonância suficientemente forte tanto na sociedade da Rússia, como da Ucrânia.

Atendendo à situação grave que se criou na sequência da violação dos direitos da minoria étnica na Rússia, consideramos necessário recorrer à V. Exma. com o pedido de obrigar as autoridades russas a cumprir as obrigações assumidas pela Rússia em questão de asseguramento dos direitos das minorias étnicas.

17.04.2011

Associação dos Ucranianos em Portugal, Presidente – Pavlo Sadokha;

Associação dos Ucranianos em Portugal "Sobor", Presidente – Oleg Hutsko

Movimento Cristão dos Ucranianos em Portugal, Presidente – Ivan Onyshchuk


terça-feira, abril 19, 2011

Os leitores escrevem 3

Continuamos a publicar as cartas dos nossos leitores. O leitor Matusse nos mandou um comentário zangado (ortografia do original):

Que lindo é estar a favor da distruição da África. O senhor não percebe que a questão não é o povo líbio, mas sim o petróleo líbio? abre o olha, pai. Que com uma europa já sem recursos seremos invadidos. e lembre-se Kadafi era quem defendia o Pan-africanismo. Espere para ver.


Não vejo o derrube do Gaddafi como exemplo da destruição da África. Não entendo porque os ditadores podem chacinar a sua própria gente completamente a vontade, mas qualquer intervenção Ocidental provoca invariavelmente as teorias de conspiração mais bizarras. Estou contente por verificar que neste momento os ditadores já não estão salvos se escondendo atrás da “soberania nacional”. Espero sinceramente que Chavez, Lukashenka e Mugabe terão a sua própria Bengazi. Além disso, custa me acreditar, que os heróis da resistência líbia, os estudantes e professores, os trabalhadores e profissionais liberais que morem enquanto escrevo estas linhas nas frentes de Misurata, Brega ou Ajdabiya tem como objectivo a destruição do continente ou a entrega desbarata dos seus próprios recursos naturais.


Petróleo: actualmente Gaddafi vende cerca de 90% do petróleo líbio na Europa (dentro e fora da UE). O que mudará com a sua partida? Acredito que clã Gaddafi irá deixar de desfrutar os concertos milionários privados das estrelas internacionais e não vão poder criar as suas próprias milícias armadas em detrimento do desenvolvimento do exército nacional.


Pan – africanismo gaddafiano: qual é a expressão real deste pan-africanismo para além da habitual retórica anti – Ocidental? Este pan-africanismo suporta o nosso orçamento do estado? Em que expressão percentual? Melhora a vida quotidiana das pessoas reais? Quem eles são e onde vivem?


Outro leitor anónimo escreveu o seguinte (ortografia da postagem original):


A Rússia não é um país europeu. O fato de parte de seu território estar em continente europeu não significa que o país possa ser considerado europeu de um outro ponto de vista que não o estritamente geográfico. Se analisarmos sob o aspecto cultural a Rússia é asiática. A Rússia é um país asiático e antieuropeu, não vejo nesse país valores verdadeiramente europeus. Creio que o período em que o país foi ocidentalizado por Pedro O Grande, ele pode ter vivido um sopro de ocidentalização, é quando surge escritores, autores de teatro e intelectuais. Mas de lá pra cá a Rússia só retrocedeu e se distanciou ainda mais do Ocidente. Não vejo muito disposição no povo russo de se ocidentalizar como fizeram os japoneses. A Rússia quer ser oriental e quer arrasta-la pra isso a Ucrânia e os demais países europeus da antiga URSS.


Costumo dizer, que apesar dos todos os “mas”, apesar dos 350 anos da ocupação colonial e mais de 70 anos da ocupação comunista, a Ucrânia, de facto, é um país europeu, embora nem todos os seus cidadãos sentem-se europeus. Moisés andava 40 anos com os judeus no deserto para que morressem todos aqueles que se lembravam a escravatura. Se calhar, os ucranianos também terão que passar por algo semelhante para que possam começar a nova era sem todos aqueles que viveram os pecados das submissões e humilhações por quais a Nação passou nos últimos séculos.

Uma espécie de rotulagem nacional

O projecto UkrLinia (A Linha Ucraniana) apresenta uma espécie de rotulagem nacional. Desde as montanhas Cárpatos até as estepes de Donetsk.


Por mais de um século os padrões ornamentais ucranianos são formados na base da geometria das imagens do ponto & cruz. O genial Kazimir Malevich, o nosso compatriota, havia transformado exactamente este ponto em símbolo do novo paradigma estético, a Sua Majestade Pixel.


A análise semântica da sequência do ponto & cruz oferece nós a linhagem de gerações com os mesmos valores, o caminho sem fim do passado ao futuro.


Os padrões tradicionais, aplicados pelos nossos ancestrais às casas e roupas não eram feitos apenas em função decorativa, mas tinham significados simbólicos e semânticos, eram amuletos. Estas linhas aplicadas aos carros, casas, muros, iates, naves espaciais, entre outros, representam um belo gesto, simbolizando todos aqueles que pertencem às tradições artísticas ucranianas. Uma espécie de rotulagem nacional. De montes Cárpatos aos estepes de Donetsk.


A linha é formada por formas geométricas repetidas transformando-se em loop infinito. Além disso, mais uma característica óbvia do projecto: a sua compreensão visual não exige a educação especial e uma imersão profunda no contexto do mundo artístico contemporâneo. O projecto, no sentido literal da palavra, conecta as tradições e o presente, o Leste e o Ocidente.


Autor da ideia é Filip Pishyk; o estúdio é Bigggg Ideia (Kyiv).


Daí o nome do projecto, a Linha ucraniana, UKRLINE.


Ver no YouTube:


http://www.youtube.com/watch?v=TeqCSdrtTao



Bónus


Os telespectadores de Moçambique que possuem no TV Cabo o canal Travel Channel, recomendamos o programa “That crazy French woman na Geórgia” (esta terça – feira, 19 de Abril, às 20h00). A enóloga francesa Isabelle Legeron anda em busca do autêntico vinho; vinho que é distinto e natural, não influenciado pelas tendências internacionais da indústria vinícola.


E para o efeito, nada melhor que viajar até a Geórgia, o berço do vinho, país com uma herança vinícola que remota a mais de 8.000 anos e que oferece uma variedade de uvas indígenas que qualquer outra região do mundo e tem um alfabeto baseado no formato das videiras (nem eu sabia disso!).

quinta-feira, abril 14, 2011

KGB falsificou o caso Demjanjuk

O relatório do FBI mantido em segredo durante mais de 25 anos diz que URSS “bastante provavelmente fabricou” a evidência central no processo contra o prisioneiro da guerra ucraniano John (Ivan) Demjanjuk.

Por: David Rising e Randy Herschaft (exclusivo do The Associated Press)

Os documentos do FBI recentemente revelados obtidos pela agência Associated Press, levantam grandes duvidas sobre a autenticidade do cartão de identidade alemão, que pretendia provar que Ivan Demjanjuk serviu como guarda no campo de concentração nazi Sobibor no território da Polónia, ocupada durante a II G.M.

Durante as três últimas décadas em que Ivan Demjanjuk foi extraditado dos EUA para Israel, sentenciado à morte, libertado, de novo deportado para Alemanha e o actualmente julgado em Munique, o cartão de identidade serviu como prova central da sua (alegada) culpabilidade.

A defesa do Demjanjuk sempre alegou que o cartão e outras evidências documentais contra o soldado ucraniano foram forjados pelas autoridades soviéticas. O relatório do FBI prova que os investigadores americanos tiveram mesmas duvidas.

A justiça foi mal servida no julgamento de um cidadão americano; (julgamento) baseado nas evidências que normalmente são inadmissíveis no processo legal, baseado nas evidências e alegações muito provavelmente fabricadas pela KGB”, afirmou o relatório de 1985, preparado pelo escritório do FBI em Cleveland, quatro anos após a URSS apresentou o cartão alemão aos investigadores americanos.

O cartão do campo de concentração nazi de Trawniki nunca foi examinado excessivamente pelos peritos ocidentais. Os peritos no julgamento actual afirmaram que um forjador com acesso aos materiais certos poderia falsificar o cartão e outros documentos.

A agência AP descobriu o relatório do FBI no Arquivo Nacional em College Park, juntamente com outros documentos colocados no domínio público após a deportação do Ivan Demjanjuk para Alemanha em Maio de 2009. O relatório do FBI nunca foi visto pela defesa do Demjanjuk na Alemanha, Israel ou nos EUA. O Ministério Público alemão também desconhecia a existência do documento. Não está claro se a acusação nos EUA e Israel sabia do relatório.

O relatório do FBI faz parte de mais de 8 milhões de páginas das agências federais americanas que foram transferidos para o Arquivo Nacional em 1998. No entanto, o relatório foi excluído do domínio público pelo OSI (Office of Special Investigations, agência pertencente ao Departamento da Justiça dos EUA).

Russell Ezolt, em 1985 era o advogado sénior do Serviço de Imigração e Naturalização (Immigration and Naturalization Service) de Cleveland, disse que o relatório poderia influenciar o processo em que Demjanjuk perdeu a cidadania americana.

Eu nunca vi (o relatório) /.../ a questão do cartão era a questão principal no processo /.../ se você retirar o cartão dele como guarda, o que fica?

Dado que actualmente não existe nenhuma testemunha ocular que alguma vez viu Demjanjuk em Sobibor, o caso largamente depende da documentação alemã, capturada pelos soviéticos e entregue às autoridades dos EUA, Israel e recentemente Alemanha. O advogado do Demjanjuk na Alemanha, Dr. Ulrich Busch, disse que os investigadores alemãs receberam dos EUA cerca de 100.000 documentos relacionadas com o caso Demjanjuk, mas o relatório do FBI não estava entre eles. Agora o advogado irá solicitar que o tribunal aceite o documento como a evidência.

Dr. Busch também chamou a atenção para a maneira como naquela altura KGB apresentou as evidências contra Ivan Demjanjuk ao Departamento da Justiça dos EUA (caso relatado pelo FBI). Todos os documentos poderiam ser vistos apenas nas instalações da Embaixada ou Consulado soviético, sem a possibilidade de serem examinados pelos peritos.

Isso é muito claro e a mesma coisa acontece aqui”, disse Dr. Busch. Ele pôde consultar duas listas dos soldados soviéticos transferidos em 1943 pelos nazis, mas apenas no recinto do Consulado russo em Munique. Documento dizia que o guarda com apelido Demjanjuk foi transferido para o campo de concentração de Flossenbuerg e depois para Sobibor.

Os russos disseram que podemos ver os documentos, mas não podemos fazer nada com eles, não podemos examina-los, depois eles os retiraram”, disse Dr. Busch. A defesa sempre alegou que o cartão de identidade alemão é uma prova falsificada, por exemplo os dados sobre altura e a cor de olhos não correspondem às características físicas do Ivan Demjanjuk. O mais provável que a foto foi retirada dos documentos de identificação antigos e posteriormente colada no cartão alemão.

No passado, OSI (Office of Special Investigations) foi acusado em sonegar as evidências que poderiam inocentar Demjanjuk. Em 1993 a análise do processo de denaturalização do Demjanjuk conduzido pelo painel federal dos EUA concluiu que OSI participou no “comportamento acusatório errado que seriamente enganou o tribunal”. OSI simplesmente ignorou a informação que poderia inocentar Demjanjuk, por exemplo, a declaração de um ex-guarda ucraniano, que claramente dizia que Demjanjuk não era o temível guarda “Ivan, O Terrível”. O relatório do Departamento da Justiça dos EUA de 2008 tornado público em Novembro de 2010 afirma que o tratamento que OSI deu ao caso do Ivan Demjanjuk é o “seu maior erro alguma vez cometido”.

O relatório do FBI acusa as autoridades soviéticas de passar de forma anónima os nomes dos emigrantes ucranianos para os EUA, acusando os de serem colaboradores dos nazis. Quando OSI solicitava à URSS as provas provenientes dos arquivos nazis, então “KGB produzia as evidencias, com intuito de ligar o acusado à comissão das atrocidades nazis”, diz o relatório. “No tribunal, o oficial do KGB mostrava os documentos ao juiz mas não permitia que os documentos sejam examinados, nem que sejam copiados”, informa o relatório.

Quando o relatório do FBI de Cleveland chegou ao escritório central em Washington, Ivan Demjanjuk já tinha perdido a cidadania americana e foi extraditado para Israel. Na altura, as chefias do FBI falharam em fazer aquilo que sugeria o seu escritório regional: “Perguntar OSI sobre o caso”. O responsável do FBI em Washington na altura, Storm Watkins, que deveria esclarecer a informação com OSI diz agora que “não se lembra se fiz isso ou não”.

O advogado John Gill que defendia Demjanjuk nos EUA na década de 1980 diz que o relatório do FBI de Cleveland poderia fortalecer os argumentos da defesa contra a extradição e possivelmente terminar rapidamente o caso que continua sem resolução nos últimos 25 anos.

É claro que eles se escondem atrás dos pormenores técnicos de duas investigações separadas /.../ na minha opinião (o relatório) é um documento importante que mostra uma vez mais, eles prenderam a pessoa errada”, explica Dr. Gill.

Ver os documentos on-line:

Arquivo nacional dos EUA: http://www.archives.gov/iwg

Departamento da Justiça, relatório da OSI: http://1.usa.gov/g4YSyW

Fonte:

http://news.yahoo.com/s/ap/20110412/ap_on_re_eu/eu_demjanjuk_fbi_doubts

(A imagem do cartão falsificado pertence ao Departamento da Justiça dos EUA em Washington, publicada pela The Associated Press).

terça-feira, abril 12, 2011

Rebranding da Ucrânia


O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia apresentou o seu novo produto – o conceito visual da Ucrânia, bem como a estratégia de posicionamento do país no mundo. O principal criador e ideólogo do projecto é agência CFC Consulting.


por: Artem Bidenko (Pravda Ucraniana)

A revisão cuidadosa das ideias propostas deixa a impressão ambígua. Por um lado, os criativos claramente tentaram fazer um produto de qualidade. Especialmente, o livro de apresentação do país poderia reivindicar o prémio em qualquer feira do livro. Segundo os criadores, cada livro custa mais de 75 dólares e seu objectivo é conquistar o apoio imediato dos responsáveis governamentais.

Por outro lado, o design de projecto; tal como uma série de elementos de posicionamento da Ucrânia ficaram imediatamente sob uma avalanche de críticas — como amadores, não profissionais e não relevantes. Mas o maior problema do projecto é a falta de alternativas devido à ausência de um concurso público.

Normalmente, o branding de um país é um projecto a longo prazo, precedido por um estudo sério (e não um estudo sociológico na Internet, como no caso ucraniano). Por exemplo, os estudos do branding da Finlândia ou da Bulgária são livros com 200-250 páginas, com a duração de estudos de 2-3 anos. Além disso, estes países lançaram os concursos nacionais para a materialização do melhor posicionamento visual do país. A transparência pública e acessibilidade permitem evitar os problemas com as soluções inadequadas, ajudam atrair os melhores especialistas e não apenas licenciados em ciência política ou MBA. E o mais importante: a concorrência ajuda a evitar perguntas sobre como e para que foi gasto o dinheiro público.

Orçamento do projecto

Em conversa privada os responsáveis da CFC Consulting dizem que gastaram mais do que o orçamento anunciado de 100 mil dólares, e até perderam o dinheiro, embora tiveram boas relações públicas. Além disso, a agência usando o dinheiro privado criou a página All About U e forneceu materiais de apresentação. No entanto seria interessante perguntar ao MNE ucraniano como alguém consegue receber 100.000 USD sem o concurso público.

Em qualquer caso, o livro de branding realmente custa o dinheiro, mas o concurso poderia permitir que o projecto seja mais barato e de melhor qualidade. À titulo do exemplo, o blogueiro ucraniano Serhiy Pishkovtsiy aponta a campanha de criação do branding de Peru. Os peruanos lançaram o concurso público transparente e o seu projecto custou 60.832 USD (o estudo preliminar – 31.500 USD; mais o desenvolvimento do brand – 29.332 USD, tudo à cargo da agência FutureBrand).


Sabor local

A estratégia de desenvolvimento para promover um produto muitas vezes cria as personagens fictícias que representam as qualidades humanas às quais gostaríamos de associar o nosso brand. O Estado e as corporações são grandes adeptos desta abordagem, pois através das personagens como Tio Sam ou Ronald McDonald é fácil transmitir as emoções e relacionamentos complicados.

A Ucrânia não é uma excepção, para representar a nação ucraniana foi criado um casal de personagens – Sprytko (Rapidinho) a Harnyunya (Bonitinha).

Ambos são bastante irrelevantes para os ucranianos reais e não são muito interessantes para os potenciais visitantes do país. Assim os criadores imaginam Sprytko:

Imagem do Sprytko personifica as qualidades do menino ucraniano moderno, um típico representante da juventude progressista ucraniana. Ele possui a mente flexível, alta educação, pensamento positivo, curiosidade e abertura para aceitar as actividades novas e progressistas, actividade social e cívica, iniciativa e liderança.”

Se calhar, graças às essas qualidades Sprytko tem o penteado do século XVII, veste as roupas tradicionais e tem um muito look ingénuo. O seu olhar demonstra o espanto puro pelo nível do próprio provincianismo.

A página All About U

Felizmente, os autores do conceito, fizeram um avanço significativo posicionando Ucrânia como um Estado moderno, onde existe arte, cultura contemporânea, museus, etc. Também se enfatiza o foco no clima de investimento, em projectos que possam ser interessantes para os visitantes estrangeiros.

Claro, sempre existe o perigo de que a maioria dessas ideias pode ser implementada de qualquer maneira. A página All About U é um projecto bastante contraditório. Uma das suas secções apresenta apenas a cantora Alyosha (embora representante da Ucrânia no festival Eurovisão 2010, mas não é a cantora mais famosa do país). Da mesma forma são oferecidos aos potenciais turistas apenas três destinos a visitar: Chornobyl, Mosteiro de Svyatohorsk e Kamianets-Podilskyi.


Fonte:

Ciclo de filmes com temática ucraniana



O Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (Porto Alegre – Brasil), desenvolve, desde o mês de Março, projecto cultural abordando a temática ucraniana, em homenagem aos 120 anos da chegada dos primeiros imigrantes ucranianos ao Brasil.


No sábado passado, dia nove de abril, no Auditório Barbosa Lessa, foram exibidos os filmes que abordam a temática ucraniana, da autoria do cineasta Guto Pasko, que esteve presente para dialogar sobre o assunto com os participantes do evento.


Destaque para o longa metragem intitulado Ivan – De Volta Para o Passado, que vem sendo produzido desde agosto de 2010 e ainda não foi finalizado. No sábado, foram exibidas imagens e o making off pela primeira vez do longa que conta a vida do imigrante ucraniano refugiado da Segunda Guerra Mundial. A ideia do filme foi levar à Ucrânia Iván Boiko, hoje com 91 anos, para reencontrar parentes que nunca haviam saído da terra natal. Boiko foi expatriado para a Alemanha nazista em 1942. Depois de ver Made in Ucrânia – longa que será exibido também no CCCEV -, confiou ao cineasta os seus diários, lavrados em letra miúda em pequenos cadernos de espiral, que foram fundamentais para o roteiro.


Iván – De Volta para o Passado vai contar tudo isso a partir de quatro eixos narrativos: a memória/história de Iván Boiko; a viagem à Ucrânia; o instrumento musical bandura; e uma apresentação especial da Capela de Banduristas Fialka, de Curitiba.


Bastante apreciado no sul do país, o longa Made in Ucrânia – Os Ucranianos no Paraná, relata a história ucraniana desde a chegada dos primeiros imigrantes no interior do Paraná. A saga aduz a dificuldade econômica, a dominação política, a esperança, os sonhos e as batalhas enfrentadas por um povo marcado pela luta em defesa de sua independência. Salienta também o cotidiano dos descendentes, os quais mantêm vivas as tradições e costumes como a lingua, o folclore, a religiosidade, o artesanato e a arquitetura – elementos que foram preservados e influenciaram diretamente a formação da cultura paranaense.


Sobre outras curtas-metragens que serão exibidos:


Quem tem medo de Popoyoski?


Uma história para celebrar a inocência e a fantasia das crianças. O diretor conta que inspirou-se nas experiências de infância em Prudentópolis para a construção do curta, com dez minutos de duração. O personagem Popoyoski surgiu de uma analogia feita em cima do folclórico personagem Bicho-Papão. “No caso de Marko, uma criança criada na tradição ucraniana, o Bicho-Papão tem nome: Popoyoski. E segundo sua mãe, é um velho assustador que vive perambulando pela floresta, para seqüestrar as crianças desobedientes e que não rezam”, explica o cineasta.


Casamento de Dalila


O curta lançado em 2009, é dirigido por Andréia Kaláboa e tem dez minutos de duração. Aborda conflitos étnicos entre ucranianos e poloneses em Prudentópolis (PR), cidade natal de Pasko, que actua como actor no filme.

sexta-feira, abril 08, 2011

91º aniversário do Ivan Demjanjuk

No dia 3 de Abril de 2011, o ucraniano John (Ivan) Demjanjuk completou 91 anos. Debilitado fisicamente, mas de espírito inquebrável, Demjanjuk informou publicamente que pretende entrar em greve de fome já no início de Abril, caso o tribunal de Munique continuar se opor em receber os documentos da sua defesa. Além disso, o prisioneiro da guerra ucraniano classificou o processo contra si de “politicamente motivado”, explicando as razoes desta decisão na sua 3ª declaração (desde o início do processo), que transcrevemos em seguida.

A 3ª declaração do John (Ivan) Demjanjuk:

Em criança, Stalin condenou-me a morrer no Holodomor, a fome artificial. Como o prisioneiro de guerra ucraniano soviético, os alemães tentaram me matar com a fome e o trabalho escravo. Os EUA e Israel de forma fraudulenta me acusaram de ser (o guarda) Ivan, o Terrível. Como resultado, passei 8,5 anos na prisão e cinco anos na câmara de morte. Apesar de inocente, em cada um desses 1.800 dias no corredor de morte, eu temi que fosse morrer devido à fraude irresponsável e os motivos políticos de procuradores corruptos e juízes que não procuravam a justiça.

Agora, quase no fim da minha vida, Alemanha, a nação que assassinou com a impiedosa crueldade milhões de pessoas inocentes, tenta atentar contra a minha dignidade, minha alma, meu espírito, e na verdade contra a minha vida com um julgamento político que procura culpar-me, um camponês ucraniano, pelos crimes cometidos pelos alemães na Segunda Guerra Mundial. Eles me escolheram para a acusação — um prisioneiro de guerra estrangeiro nas mãos brutais da Alemanha — ao invés dos verdadeiramente culpados alemães e dos alemães étnicos. Os meios de tortura alemãs neste julgamento incluem a supressão de elementos da defesa, a falsificação da história, a introdução dos chamados princípios jurídicos que nunca existiram na Alemanha anteriormente, conspiração com os promotores fraudulentos dos EUA e de Israel, e uma recusa irresponsável de cada argumento, acção e meio de prova que a minha defesa apresentou e que deveria ter já resultado na minha absolvição e liberdade.

Temendo a verdade, o tribunal e os procuradores alemães continuam a fechar os olhos à justiça, recusando-se do seguinte:

Solicitar na Rússia e na Ucrânia o arquivo № 1627, com cerca de 1400 páginas de investigação soviética do MGB / KGB sobre o meu caso.

1. Requisitar à Rússia e à Ucrânia o processo № 15.457, o processo de investigação do Ignat Danilchenko, especificamente incluindo o relatório da entrevista realizada com ele sobre mim, a pedido das autoridades dos EUA em 1983/1984.

2. Solicitar um perito qualificado para examinar as fotografias de alta qualidade, existentes na assinatura do documento № 1393 de Trawniki, falsamente atribuídas a mim.

3. Aceitar como facto histórico de que os nazistas torturavam os prisioneiros de guerra ucranianos, iguais à mim, com a fome, de maneira que exterminaram 3,5 milhões de pessoas.

4. Aceitar como facto histórico, com base nas provas irrefutáveis fornecidas por diversos países e dezenas de testemunhas que os prisioneiros de guerra (no campo de) Trawniki foram coagidos sob a ameaça real de morte e foram executados pelas tentativas de deserção.

5. Aceitar como facto histórico, baseado nos registros processuais dos EUA e do Israel, que eu já foi previamente indiciado e julgado pelos crimes alegados agora aqui, que resultou na minha absolvição e libertação em Israel.

Eu sobrevivi a brutalidade de Stalin e da Alemanha nazista; a condenação errada e a sentença de morte dos israelitas e americanos. Eu vivi os horrores inimagináveis do Stalin e da morte por inanição, da Alemanha nazista e da morte pela fome e canibalismo como prisioneiro de guerra, até à morte por enforcamento em Israel. Este julgamento não é nada mais do que a execução destes três sentenças de morte, injustas e terríveis. Não há neste momento para mim nenhuma outra maneira de mostrar ao mundo a paródia da justiça que este julgamento representa. Salvo seja se o Tribunal aceitar os factos históricos, usar a sua autoridade para obter as provas cruciais de defesa e mostrar ao mundo que aceita plenamente o seu dever de procurar a justiça, em vez de apenas realizar um julgamento político, dentro de 2 semanas eu entrarei em greve de fome.

John Demjanjuk

A declaração do pai recebeu os seguintes comentários do seu filho, John Demjanjuk Jr.:

Se os alemães estão interessados na justiça, eles vão simplesmente pedir aos russos e aos EUA para entregar todas as provas, incluindo o arquivo de investigação soviético № 1627 sobre o meu pai e os relatórios desaparecidos do (Ignat) Danilchenko. Eles têm o acesso às provas e nós não. Este caso tem sido repleto dos encobrimentos governamentais, a má conduta do Ministério Público e as fraudes ao longo dos anos. Até agora, este julgamento foi apenas mais um capítulo da mesma injustiça. Os testemunhos e registros oficiais nazis durante a guerra provam que os prisioneiros de guerra soviéticos enfrentaram a fome aos milhões, foram coagidos a servir ou enfrentar a execução pela deserção. É repugnante que Alemanha transforma agora os seus ex-prisioneiros e vítimas em responsáveis pelos crimes cometidos por alemães, que em muitos casos foram absolvidos ou nunca julgados pela Alemanha. Isto não é sobre a justiça mais vale ser feita tarde do que nunca. Ao contrário, isso é o falhanço contínuo total da Alemanha em aceitar a responsabilidade pela destruição de milhões de pessoas que ela aprisionou”.

John Demjanjuk Jr.

Fonte (em inglês):

http://www.kyivpost.com/news/opinion/op_ed/detail/97938

Blogeiro

Na foto John (Ivan) Demjanjuk segura a cartolina com o número 1627, que corresponde ao número do processo soviético sobre si, requisitado pela sua defesa. O Ministério Público alemão acusa ucraniano Ivan Demjanjuk na conivência da morte de 28,060 judeus no campo de concentração nazi de Sobibor, gerido pelos alemães. No dia 22 de Fevereiro de 2011, após 16 meses do processo, o procurador alemão Hans-Joachim Lutz pediu 6 anos de prisão para Demjanjuk. Nos anos anteriores Alemanha absolveu vários guardas de nacionalidade alemã que serviram nos campos de concentração alemães, pois eles alegaram que participaram no extermínio de judeus coagidos e com o medo de serem executados caso desobedecerem as ordens dos seus superiores nazis...

Endereço para escrever ao John (Ivan) Demjanjuk (toda a correspondência eventualmente será lida pelos serviços prisionais alemães):

John Demjanjuk

Justizvollzugsanstalt Munich

Stadelheimer Str. 12

81549 Munich

Germany – Alemanha