sábado, julho 30, 2011

O camarada Ozzy Osbourne


Estas memórias são o meu contributo ao 20° aniversário do desmantelamento da União Soviética.

Era um tempo posterior ao início da Perestroica, mas os professores da escola ainda chateavam os rapazes por causa do cabelo comprido ou as meninas por causa do verniz nas unhas ou da maquilhagem “excessiva”.

Um dia estávamos no nosso habitual “deboche” estudantil, chateando a professora, uma querida com quem me relaciono ainda hoje, quando apareceu a Chefe do Departamento do Ensino, posto conhecido pela sigla de “ZavUCh”. Zavuch era uma figura respeitada pelos alunos, pois tinha o poder real de expulsar o estudante da escola e se o aluno não era um marginal que sonhava com este “castigo” (e não era o nosso caso), ele temia contraria-la. Na maioria dos casos zavuch era uma professora quarentona ou cinquentona, autoritária, com voz sonante e muita energia.

A zavuch que, salvo erro leccionava física, imediatamente “partiu por cima” do rapaz que era o líder não oficial da nossa turma. Com boas notas, mas também bastante malandro, era filho e neto do pessoal ligado ao cinema ucraniano. No casaco do seu fardamento escolar, de cor castanha suja (odiávamos aquele fardamento), estavam dois distintivos metálicos: um tinha a cara do Vladimir Ulyanov e outro do Ozzy Osbourne.

O que é isso?!! – perguntava zavuch no tom medianamente ameaçador.
Isso é o camarada Vladimir Ilyich Lenine, o fundador do partido comunista da União Soviética, dizia o rapaz pausadamente. (Pausa). E isso é o camarada Ozzy Osbourne, o fundador do partido comunista do Reino Unido.

Zavuch não fez nenhuma outra pergunta...

Sensivelmente no mesmo ano tínhamos chegado à idade de treze anos e picos, a idade em que o jovem cidadão soviético passava da condição de pioneiro (“Pioneiro é o exemplo para todas as crianças!” como dizia o slogan), para a condição do membro da juventude comunista, o Komsomol. Vivíamos na época em que já quase ninguém acreditava nos discursos pronunciados publicamente, por isso a chefe do Komsomol de escola, responsável pelo “recrutamento”, não perdia o tempo com as ideologias.

— Sabem, ser membro do Komsomol vai vós ajudar na entrada da Universidade, pois apenas nos poderemos vós emitir a característica escrita. Sabem, não vale a pena resistir a minha proposta, pois de qualquer maneira, no exército todos os rapazes serão forçados a entrar na organização...

E por ai fora, pois se ela não conseguiria nós convencer, não progrediria na sua carreira no PCUS, não iria para os seminários fora da nossa cidade, não faria as visitas aos camaradas dos países socialistas e nunca passaria da carreira medíocre de burocrata no  departamento de educação local. Como eu era jovem e inconformista, naquela tarde fiz um pequeno show da retórica anti-comunista que resultou no facto do que na nossa turma de uns 26 alunos, Komsomol consegui alistar apenas uma única menina. Em termos de comparação, na turma paralela onde a maioria dos alunos eram “betinhos”, a mesma moça “recrutou” 17 alminhas...

Uns anos antes, uma outra zavuch, a professora da história e militante do PCUS, que aparentava ter a fé mais ou menos genuína nas ideias comunistas, decidiu “desmistificar” o breakdance. Dado que ninguém na nossa escola dançava essa dança “decadente” acho que agiu simplesmente em conformidade com alguma directiva ideológica do comité do PCUS da cidade ou mesmo do comité republicano.

— Sabem, vocês devem pensar que breakdance vem do Ocidente, mas isso não é verdade. Na realidade, a dança vem da África, dos povos primitivos que habitam lá. Por isso vão pensando que dançando break vocês se aproximam ao Ocidente, aos valores superiores, muito pelo contrário, vocês se assemelham aos primatas, que fazem este tipo de movimentos primários...

Não éramos os putos particularmente politicamente correctos, mas também não éramos xenófobos, gostávamos da Boney M e escutávamos as canções do Michael Jackson. Mesmo sem saber ainda que a sua “moon walk” não era uma espécie do breakdance. Lembro que fiquei perplexo, pois durante uma década da minha vida escolar aprendia que o PCUS é a vanguarda da humanidade e URSS é o território livre de racismo e da discriminação racial. E de repente uma proeminente representante do PCUS opta por um discurso claramente vexatório e pejorativo. E porque? Eu francamente não sabia, nem imaginava onde naquele exacto momento andava a tão propalada “amizade dos povos”...

Vítimas georgianas de Utoya


A cidadã da Geórgia Tamta Liparteliani que estava na ilha de Utoya durante o massacre, foi encontrada sem vida, informou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Geórgia, Nino Kalandadze.
As duas meninas georgianas, Tamta  Liparteliani e Natia Chkhetiani eram membros da ONG Jovens Socialistas da cidade de Kutaisi e foram convidadas para estarem presentes na Dinamarca. O estado de saúde de Natia Chkhetiani neste momento é satisfatório.

Em 22 de Julho pelo menos 85 pessoas morreram quando Anders Behring Breivik abriu fogo contra um acampamento da juventude na Noruega, horas após um atentado na capital Oslo, que matou oito pessoas, segundo a polícia.
Ver no YouTube:
http://www.youtube.com/watch?v=gocxvUI_cEE

sexta-feira, julho 29, 2011

A vida na lixeira de Maputo


A Internet página ucraniana Monk.com.ua publicou as fotografias do fotógrafo português José Ferreira que documentou a vida das pessoas que habitam na lixeira de Maputo...

quarta-feira, julho 27, 2011

Helena Kolody – Atavismo

Atavismo

Quando estou triste, e só, e pensativa assim,
É a alma dos ancestrais que sofre e chora em mim.
É a angústia secular duma raça oprimida
Que vem da profundeza e turva a minha vida.

Certo, guardo latente e difusa em meu ser,
A lembrança remota e má dos dias amargos
Que eles viveram sem a ansiada liberdade,
E eu que amo tanto, tanto, os horizontes largos,
Lamento não ser águia ou condor, para voar
Até onda a força da asa alcance a me levar,
Na conquista do império azul da imensidade.
Oh! Quantas vezes eu, humilde e pequenina
Ante a extensão agreste e verde da campina,
Não sei dizer por que, deslumbrada, senti
Saudade singular da estepe que não vi!

Pois até o marulhar misterioso e sombrio
Da água escuro com a imponência dum rio,
Lembra, sem querer, numa impressão falaz,
O soturno Dnipró cantado por Tarás...

Por isso é que eu surpreendo, em alta intensidade,
Acordada em meu sangue, a tara da saudade.

Helena Kolody

terça-feira, julho 26, 2011

Dragão ucraniano salva Harry Potter!

Na parte final da saga do Harry Potter, no filme “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2”, o Harry e os seus amigos são salvos pelo dragão Barriga-de-ferro Ucraniano / Ukrainian Ironbelly.
Os duendes que são donos de todos os bancos e das riquezas do mundo mágico, tiveram ao seu serviço uma criatura perigosa – um dragão enorme que cuspia fogo. O dragão deveria voar em liberdade, bem longe das pessoas e dos duendes, mas estes o aprisionaram na cave subterrânea, o cegaram, amedrontaram, acorrentaram e obrigaram guarnecer as riquezas do banco mágico de Gringotts.

No início da sua aparição o Barriga-de-ferro Ucraniano tem a aparência lastimável: ele bate com o nariz nas paredes como um gatinho cego, choraminga, tem o medo do barulho (os duendes o acostumaram a ter medo, pois o maltratavam impiedosamente acompanhados por este barulho).
O sonho principal de todos os ucranianos para 2024: fim do putin e do seu regime

Os jovens mágicos, Harry Potter e os seus amigos, caídos na armadilha libertaram o Barriga-de-ferro Ucraniano e a Hermione teve a ideia de lhe abrir as asas, recordando a sua orgulhosa origem draconiana. Depois disso o Barriga-de-ferro Ucraniano tornou-se imparável: ele partiu em bocados a sua prisão e até o banco, se evadiu para a liberdade e voo imparavelmente até alcançar um belíssimo e magnifico lago. Aqui os nossos mágicos se separaram dele, eles foram tratar os seus assuntos e ele ficou-se banhar alegremente nas águas límpidas da liberdade.

Falta desejar aos verdadeiros barrigas de ferro ucranianos seguir o seu exemplo, escreve a página Maidan.org.ua.
O dragão Barriga-de-ferro ucraniano também é mencionado no filme
 "Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los" / "Animais Fantásticos e Onde Habitam"
Ler mais sobre o dragão Barriga-de-ferro Ucraniano:

Blogueiro

De facto, muitas das vezes assim acontece com a nossa querida Ucrânia. Os duendes sedosos das suas riquezas andam a explorar e maltratar o bom e muitíssimo paciente povo. Quando após anos e até séculos de abusos levam finalmente nas suas fuças com uma estaca, de forma bem merecida, começam imediatamente propalar os clichés sobre a “intolerância” e a “crueldade” dos ucranianos para com os ocupantes russos. Mas como poderiam, realmente...

Recordar a Divisão Galiza


No passado dia 24 de Julho foram solenemente recordados os combatentes ucranianos e de outras nacionalidades da Divisão Ucraniana “Galiza”.

Em Julho de 1944 eles defendiam a cidade ucraniana de Brody contra o avanço impiedoso do Exército Vermelho. Naquelas batalhas a Divisão “Galiza” perdeu cerca de 80% do seu efectivo. Os acontecimentos representaram mais um capítulo trágico na história da Ucrânia, pois por vezes o pai se oponha ao filho e os irmãos lutavam entre si, inseridos em formações militares antagonistas.

Em 2011 a Sociedade de busca das vítimas da guerra “Memória” e o centro de equipamento Sturm.com.ua organizaram a transladação solene dos combatentes e uma reconstrução histórica de “rompimento e saída do cerco”, ambas actividades nos arredores das aldeias de Chervone e Yasenivtsi na província de Lviv.

Domingo, 24 de Julho
12h30 – serviço religioso solene e transladação dos restos mortais dos combatentes no cemitério militar local;
14h30 – início da reconstrução militar e histórica “Rompimento do cerco”.

Ver as comemorações recentes:
Brody 2010: http://reibert.info/forum/showthread.php?t=121752
Brody 2009: http://reibert.info/forum/showthread.php?t=56277
Brody 2008: http://reibert.info/forum/showthread.php?t=30117

quinta-feira, julho 21, 2011

Ucranianos na guerra da Geórgia

No dia 18 de Julho foi comemorado o 18° aniversário da batalha de Shroma (Geórgia), na qual o corpo expedicionário ucraniano “Argo” tomou e defendeu a aldeia de Shroma, o ponto estratégico na guerra da Abecásia de 1992-93. A cerimónia solene teve o lugar no cemitério de Baykove em Kyiv e contou com a participação dos representantes da Embaixada e do Ministério da Defesa da Geórgia.

No dia 19 de Julho de 1993 o corpo expedicionário ucraniano, formado pelos voluntários da UNA-UNSO tomou de assalto a aldeia georgiana de Shroma, ocupada na altura por cerca de 600 “cossacos” russos.

Recorda Valeriy Bobrovych, mais conhecido como Centurião “Ustym”, que comandava os voluntários ucranianos:

O exército georgiano atacou várias vezes as posições bem fortificados dos russos, mas teve baixas consideradas e se retirou. A unidade ucraniana da infantaria de montanha era tida como a da maior prontidão combativa em todo o exército georgiano, por isso a operação foi confiada ao “Argo”.

Os ucranianos fizeram o reconhecimento local e encontraram o caminho que os levava à retaguarda do inimigo. Aquela parte da aldeia não era tão guarnecida, pois para chegar lá era necessário descer um monte com 200 metros de altura. Por isso a operação começou a noite, usando as cordas eram transportados os soldados, as metralhadoras e a munição. Se o inimigo descobrisse os ucranianos no meio da operação, ninguém conseguiria sair de lá com vida. Quando um dos voluntários perdeu o equilíbrio e ficou pendurado de cabeça para baixo numa altura de 100 metros, ficou quieto durante 10 minutos até ser içado. Todos entendiam que estavam numa situação de “vitória ou morte”.

Os ucranianos aproximaram-se à uma distância de 30-40 metros das posições russas e aos primeiros raios do sol foram lançadas 46 granadas F-1. Os ucranianos atacaram gritando “Slava!!” (Glória!!). O inimigo possuía a superioridade numérica em mais de 10 vezes, mas em pânico deixou Shroma, retirando-se para a cidade da Nova Athos. Naquele momento, obtendo a ajuda de pelo menos 150-200 soldados georgianos era possível tomar a Nova Athos e cortar a auto-estrada pela qual os separatistas recebiam os reforços e suprimentos.

Mas os georgianos não conseguiram enviar a ajuda, apenas pediam aguentar as posições. Já no dia seguinte os russos trocaram os seus “cossacos” pelo unidade do exército regular, vinda salvo erro, de Irkutsk, que metodicamente iniciou uma série de ataques contra Shroma. No início de cada ataque os russos gritavam ao megafone: “ucranianos, não se rendem, vamos despedaçar as vossas peles”.

Os ucranianos confiavam nas palavras dos “irmãos mais velhos”, por isso não se rendiam. Os combates duraram três dias, os russos aproveitavam a superioridade em morteiros, pois “Argo” não tinha nenhum, mas a infantaria russa atacava de forma fraca. A maioria dos russos nem no mapa sabia mostrar onde fica Abecásia, os ucranianos percebiam que combatendo na Geórgia estavam defender Ucrânia. Pois diziam que hoje é Sukhumi, amanha Tbilisi e depois de manha Kyiv.

No terceiro dia recebemos a ordem de deixar Shroma. Retiramos em ordem total, levando os mortos e os feridos, a aldeia ardia. Traduzindo do georgiano, Shroma significa “trabalho”, pensei “pelo menos não significa Fastiv ou Kolomiya”.

Durante a operação os ucranianos tiveram duas baixas mortais e oito feridos graves, um dos mortos, ao pedido do seu pai foi sepultado em Sukhumi, no parque “Kurchenko”. Após a queda do Sukhumi aos separatistas a sua campa foi profanada pelos mercenários russos...

Pelos dados do serviço de inteligência militar georgiano, naquela operação os russos e os seus aliados tiveram 58 baixas mortais, foi queimado o tanque russo T-55, pela primeira vez no Cáucaso.

Valeriy Bobrovych nasceu no dia 23 de Dezembro de 1951 em Kyiv. Em 1970 terminou a escola náutica de Kherson. Em 1971 participou na guerra do Vietname. Teve a contusão, foi condecorado com a medalha “Mérito em Combate”. Em 1978 foi graduado pela Escola Superior de Engenharia Naval de Odessa. Dispensado da marinha pela “propaganda das ideias nacionalistas”. Um dos fundadores do UNSO. Em 1992 participou na guerra de Transnístria, em 1992-1993 participou na guerra na Geórgia como comandante do corpo voluntário expedicionário ucraniano “Argo”. Foi condecorado com a Ordem militar georgiana Vakhtang Gorgasali do 3° Grão, é cidadão de mérito da Geórgia.

Em 2008 a editora ucraniana Cão Verde publicou o seu livro de memórias “Como os cossacos combatiam no Cáucaso. O diário do centurião “Ustym” (ISBN 9789661515535), a tentativa de contar a sua experiência de participação na guerra da Abecásia em 1992-1993.

Ler mais:
http://a-ingwar.livejournal.com/568465.html (ucraniano e russo)
http://conflicts.rem33.com/images/Ukraine/ukrainians4georgia.htm (inglês)

Ver o filme no Vimeo:


БІЙЦІ УНСО. ЗАВЖДИ ГОТОВІ ДО БОЮ. from a-ingwar on Vimeo.

Visitar Ucrânia em Agosto


Para comemorar os 120 anos da Imigração Ucraniana no Brasil e os 20 Anos de Independência da Ucrânia, a agência de viagem ucraniano-brasileira Dnipro Gold organizou a viagem de aproximadamente 200 pessoas da comunidade ucraniana do Brasil que estarão viajando pela Ucrânia nos meses de Agosto e Setembro de 2011 participando em diversas atividades comemorativas. A sua viagem pode ser acompanhada nas páginas do blogue especial:

domingo, julho 17, 2011

Ucrânia abre museu do sexo

O Museu de culturas sexuais do mundo é o seu nome oficial, e é o primeiro e até agora o único museu do género na Ucrânia. A sua exposição é dedicada às diferentes culturas sexuais; o museu foi aberto por iniciativa dos funcionários da Academia Médica de Pós-Graduação em Educação de Kharkiv. O museu faz um grande trabalho educativo dedicado aos relacionamentos entre o homem e a mulher.

Endereço:
Kharkiv, rua Myronosnycka № 5 (ex-Mayakovski), cerca de 811m da estação do metro Pushkinska.
Tel. + 380 57 7156315
Tel. + 380 57 7005002

Funcionamento:
Das 11h00 às 19h00; preço do ingresso 15 UAH (1,88 USD) para os adultos, 10 UAH (1,25 USD) para os reformados e estudantes.

Ver a exposição on-line:
http://mapia.ua/ua/kharkiv/gelerei-ta-muzei/muzey-seksualnih-kultur-svitu--39201#

Vestuário patriótico ucraniano


A loja on-line “Estilo Ucraniano” trabalha para criar moda jovem ucraniana, integrando as tradições nacionais e o estilo moderno. Moda não está apenas no vestuário mas também na visão. É por isso “Estilo Ucraniano” combina o vestuário com a visão. Ser ver alguém vestido com estas roupas é para saber: é um ucraniano, um dos nossos, aquele que não se esqueceu de altos ideais, para quem a palavra Ucrânia não é uma palavra vazia.
Se queres comprar a camisa ou t-shirt com Bandera, Shevchenko, Shukhevych ou Makhno – seja bem vindo! Se você tem uma idéia de criar uma camisa nova (ou outra coisa) venha ao “Estilo Ucraniano”, realizaremos a sua ideia em conjunto e o autor receberá uma T-shirt grátis ~:)

Como surgiu “Estilo Ucraniano”?
Tudo começou em 2000. Veio o Verão e a rapaziada queria mudar o seu “guarda-roupa”. Camisas com Che ou URSS que entraram na moda irritavam: como você pode se dar ao luxo de usar os símbolos do sistema que destruiu o seu povo? Camisas ucranianas não exisitiam no mercado. A filosofar um pouco no computador e sob a influência da batalha de rua entre os jovens da UNA-UNSO (a vanguarda da acção civil Ucrânia sem Kuchma) e a polícia de choque “Berkut” junto ao monumento do Taras Shevchenko no dia 9 de Março de 2000, nasceu o primeiro T-shirt ucraniano – Taras Shevchenko contra um fundo de duas metralhadoras cruzadas. Esta camisa foi vista pelos amigos, amigos de amigos, foi vestida por várias centenas de jovens em toda Ucrânia.

Neste momento todos os produtos podem ser encomendados através da Internet graças ao camarada de armas Mikhaylo “Hruz” Plotnikov que ajudou na criação da loja on-line.
Boas compras!

sábado, julho 16, 2011

História do alfabeto latino ucraniano


Pergunta um leitor anónimo se é verdade que o idioma ucraniano foi originalmente escrito em alfabeto latino?
A língua ucraniana foi escrita em alfabeto latino desde os séculos XVI – XVII, em forma de Latynka, similar às formas usadas pelo checo e polaco (polonês). No século XIX, o padre Josyp Ivanovyč Łozynski, de Lviv, na sua publicação Ruskoje wesile (Casamento ucraniano) de 1835 tentou revitalizar esse uso.

Durante o domínio do Império Austro-Húngaro houve nova tentativa de ocidentalizar a língua ucraniana pelo uso do alfabeto latino, em projeto do político checo Konstantin Jircek. Nova tentativa nesse sentido de usar o Latynka foi feita em 1927 na conferência de Kharkiv pelos linguístas M. Johansen, B. Tkačenko e M. Nakonečnyj. Porém, a União Soviética se opôs a essa iniciativa.
O Latynka apresenta o alfabeto latino sem o Q e sem o X. Muitas das demais 24 letras do latino tradicional apresentam diacríticos, o que leva a um total de 37 caracteres diversos.

***
Você acha que existe alguma possibilidade do alfabeto latino voltar a ser adotado pela Ucrânia? Você é contra ou a favor? Há, atualmente, alguma tentativa nesse sentido?

Blogueiro
A possibilidade existe sempre, não sei até que ponto essa possibilidade é crível. Provavelmente seria à favor, pois Latynka aproximaria Ucrânia ao Ocidente. Hoje existem várias tentativas de ordenar o uso de Latynka, por exemplo da autoria do Maxym Lagoda, (veja também blog do Maxym) ou as regras da escrita (PDF, 146 páginas, editora Clássica, 2000).

The Soviet Story no filme

Recomendamos o filme documentário The Soviet Story que mostra como a União Soviética ajudou e cooperou com Alemanha nazi: desde o seu programa de armamento, passando pela cooperação entre OGPU-NKVD com Gestapo até ajuda na questão de Holocausto.

Além disso, é um documentário sobre os crimes soviéticos contra a humanidade e o seu próprio povo numa escala industrial. Mais importante, sublinha a semelhança dos regimes nazi e soviético e as indiscutíveis maneiras de como eles ajudaram-se mutuamente. Termina com uma conclusão de como a Europa carece de vontade política para condenar totalmente os crimes comunistas contra a humanidade, porque não é assim que o mundo funciona. Com a Alemanha e a Rússia construindo gasodutos juntos, é difícil imaginar um levantando a voz contra o outro e exigindo, por exemplo, a extradição dos interrogadores da KGB soviética que torturaram muitas pessoas até à morte. Eles continuam a viver em Moscovo como veteranos condecorados.
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O documentário “The Soviet Story” (A História Soviética) é dirigido pelo realizador letão Edvins Snore, que passou 10 anos colectando as informações e dois anos filmando em vários países. Entre os entrevistados no filme estão historiadores ocidentais e russos como Norman Davies e Boris Sokolov, o escritor Viktor Suvorov, o dissidente soviético Vladimir Bukovsky, membros do Parlamento Europeu e também as vítimas de terror soviético.

Ver filme no Vimeo (1:25:34):

sexta-feira, julho 15, 2011

A costela empresarial do Roman Shukhevych


O futuro comandante supremo do Exército Insurgente Ucraniano (UPA), general Roman Shukhevych também foi um empresário de sucesso.

Em 1937 engenheiro Roman Shukhevych saiu da cadeia polaca e não conseguia arranjar o emprego, considerado “politicamente hostil” a Polónia. Por isso decidiu criar a sua própria agência publicitária que em apenas dois anos de existência dominou por completo o mercado publicitário da Ucrânia Ocidental.

Agência se chamava “Fama”, palavra latina compreendida pelos polacos e ucranianos. Em 2005 foi publicado o livro de memórias de um dos sócios da agência, engenheiro Bohdan Czakowskyj, chamado “Fama: Agência de Publicidade do Roman Shukhevych” (ISBN 966846110X). A edição se esgotou rapidamente, hoje publicamos a tradução portuguesa dos trechos mais interessantes do livro.

Os segredos de negócio

Houve uma pessoa graduada pela escola comercial polaca que queria organizar a sua própria agência de publicidade. Para neutraliza-lo, “Fama” o contratou por três meses, pagando o salário fabuloso de 700 zloty mensais (o salário médio na indústria em 1935 na Polónia era de 95 zloty). O seu contracto de trabalho dizia que após a saída da “Fama”, ele não poderia abrir a sua própria agência. O homem da Varsóvia “comeu” todo o capital da “Fama”, não ajudou a empresa em nada (por não saber mais do que os sócios ucranianos) e foi civilizadamente despedido no fim do contracto.

Como vencer o cliché que “ucranianos não são talhados para o negócio”

Roman Shukhevych e a sua esposa Natalia
A “Fama” começou receber os anúncios publicitários. O jornal ucraniano Dilo concordou em oferecer 75% do desconto na publicação dos anúncios. O jornal do partido ucraniano legal, a Frente da Unidade Nacional (FNE), ofereceu 80% ou 85% do desconto. Ivan Tyktor, o presidente da “Imprensa ucraniana”, a maior casa editorial da Galiza ucraniana dos anos 1930 no início não quis falar com agência. Ele dizia que já tive ocasião de perceber que os ucranianos não são talhados para negócio e não vale a pena negociar com eles. Meio ano mais tarde, ele próprio ligou para “Fama” e avaliando o trabalho da agência ofereceu 65% do desconto na publicação da publicidade nos seus jornais.

Agência oferecia o desconto de 50% na publicação em todos os jornais das poderosas cooperativas ucranianas União Central e Maslosojuz, ganhando a margem variável nos diferentes jornais ucranianos.

Mais tarde, “Fama” batia quase diariamente as portas das várias empresas comerciais, “Prazin”, cigarros “Kalyna”, tentando conseguir os anúncios. Várias empresas ucranianas encomendaram-lhe a sua publicidade, principalmente “Elegant” (creme para sapatos), “Nova Fortuna”, entre outros. “Fama” produzia os anúncios gráficos, criava os slogans publicitários. Mais tarde, as empresas confiavam de tal maneira na “Fama” que nem verificavam o produto final da agência.

Erótica – motor da publicidade
 
Publicidade da "Fama"
A “Fama” criava os anúncios onde por vezes usava algum sentido erótico. Por exemplo, em um dos anúncios, a menina desenhada mostrava o joelho, algo que chocava a sociedade ucraniana bastante conservadora. Alguns até reclamavam: “Para que vocês mostram o joelhos? Isso é indecente!

Para ter os modelos a copiar Roman Shukhevych e Bohdan Czakowskyj iam a livraria na rua Kopernikowa em Lviv, que vendia a literatura estrangeira. Lá trabalhava uma jovem mulher judia, trintona, morena, muito bonita. Ela lhes arranjava as revistas eróticas francesas com as modelos nus e semi-nus. As revistas com modelos semi-nus eram mais caras. A vendedora dizia que eles são uns putos e não entendem que quando a modelo esteja ligeiramente tapada, fica muito espaço para a imaginação. Quanto vemos a nudez integral, não ficava nada para imaginar.

Contabilidade paralela para OUN

A agência possuía duas contabilidades: uma oficial para os impostos, outra “debaixo da mesa”, para ajudar a OUN. Geralmente, OUN recebia 100 zloty de cada vez, os colectava a irmã do activista Vasyl Bilas, enforcado pelos polacos e levava o dinheiro para a resistência ucraniana.

A “Fama” crescia rapidamente, cada dois – três meses abria novos departamentos: decoração de montras, publicidade, anúncios, impressão, feiras e decoração nos leilões. Os funcionários eram ex-prisioneiros políticos ucranianos que não conseguiam arranjar o emprego nas instituições polacas. Ao mesmo tempo, eram patriotas, intelectuais e bons trabalhadores.

Da publicidade aos projectos editoriais

O recém–criado departamento de decoração de montras trabalhava quase exclusivamente para as lojas da União Central e Maslosojuz, que mudavam as suas montras quarto vez por ano. “Fama” usava as tintas spray e padrões pré – fabricadas, por isso conseguia fazer rapidamente várias decorações absolutamente idênticas. Agência encomendava aos artistas e depois produzia cartões postais de Natal, Páscoa e oferecia os aos seus clientes. Decoravam as montras das lojas da União Central e Maslosojuz nas vésperas dos grandes feriados, em Lviv, Stanislaviv (hoje Ivano – Frankivsk), Ternopil, Striy. Mais tarde começaram produzir os cartazes das reuniões e eventos solenes.

Espionagem industrial

A “Fama” possuía um serviço de inteligência bem estruturado. As operadoras das estações telefónicas avisavam a agência sempre quando o director da União Central queria falar com um outro director sobre as questões políticas, comerciais ou contra a “Fama”. A operadora fazia uma ligação paralela e avisava “Atenção”. Ai o engenheiro Czakowskyj ficava quieto escutando a conversa.

Crescimento no estrangeiro e a rede da OUN

A “Fama” começou a crescer, tinha representações em Varsóvia e Cracóvia, publicando os anúncios nos jornais polacos, como Ilustrowany Kurier Codziennye, lançavam a publicidade na Alemanha e Hungria. Mais tarde a agência apostou em criação da rede das representações onde eram empregados os quadros do OUN que estavam no desemprego, discriminados pelos polacos. Assim a “Fama” começou ter as representações em todos os distritos, acabando de vez com a proibição polaca de ter as empresas ucranianas na Volyn.

Publicidade nas cinemas: a guerra comercial com os polacos

Com o tempo, a agência começou fazer a publicidade nos cinemas, também publicitava as salas de cinema pequenas. Os cinemas na época estavam bastante vazios pois eram demasiadamente caros para os ucranianos. Por isso “Fama” propôs as directores dos cinemas um negócio: eles aceitavam os cupões de desconto com o carimbo da “Fama” e agência angariava os clientes. Assim os bilhetes ucranianos custavam 49 dinheiros e os bilhetes polacos 90 dinheiros. Mais tarde, até os cinemas grandes cooperavam com a “Fama”, por sua vez a agência ganhava o dinheiro na venda dos bilhetes, colocando a sua publicidade antes das secções cinematográficas.

Os reis das RP

A “Fama” introduziu os light-box publicitários na Galiza, que colocava nas paragens dos eléctricos para publicitar os produtos ucranianos. Por vezes a agência criava as histórias que passava para imprensa polaca e judaica, avisando, por exemplo, que às 10h00 uma mulher iria se suicidar saltando do telhado do hotel “George”. Na hora anunciada os funcionários da “Fama” atiravam uma boneca com a publicidade.

Lição do patriotismo do judeu ucraniano

Uma vez a União Central encomendou vários cartazes, que eram muito rapidamente e eficientemente desenhados por um funcionário judeu, mas que tinha o aspecto bastante assustador: alto, magro, escuro, que trabalhava no escritório nos traseiros. O director da União Central, Yulian Sheparovych insistiu ver a preparação da sua encomenda. Viu o judeu e exclamou: “Um judeu trabalha aqui?” Roman Shukhevych não teve tempo de responder, quando o judeu se virou para Sheparovych e disse: “Meu nome é Levko Berlim e sou da religião do Moisés. Mas nasci na Ucrânia e me considero ucraniano!” Virou as costas e continuou a desenhar. Sheparovych apenas disse: “Assim eu recebi a lição do patriotismo!”

O directório das empresas ucranianas

A “Fama” decidiu criar o seu próprio Directório dos empresários ucranianos do ramo comercial, industrial e artesanal. Os representantes da agência iam de casa à casa, do costureiro ao homem do talho, se o empresário era ucraniano o seu anúncio era publicado gratuitamente, mas se ele queria um anúncio especial, pagava 10 zloty, 5 zloty recebia o colector do anúncio. O Directório que deveria ser impresso em Outubro – Novembro de 1939 iria dar cerca de 35.000 zloty de lucro. A agência “Fama” até conseguiu ser a representante oficial do fabricante alemão de electrodomésticos “Daimon” (mais tarde absorvido pelo Duracel).

Fabricação própria dos refrescos

Na cidade de Sianok funcionava a empresa judaica que fabricava os refrescos. Através do contacto privilegiado “Fama” soube que aquela empresa simplesmente comprava os sabores artificiais e colorantes alimentícios na empresa Szymelcompany, diluía os em casa e vendia como se fosse uma produção sua. A agência contactou o representante do Szymelcompany em Lviv e acordou que iria comprar os mesmos sabores e colorantes directamente ao produtor. Assim nasceu a empresa afiliada – “Chayka” (Gaivota), que deveria se dedicar à produção dos refrescos. O desenvolvimento da fábrica dos refrescos exigia o transporte próprio. No início, os funcionários usavam as bicicletas, depois foram comprados dois motociclos, mas por causa da necessidade de transportar os painéis publicitários, “Fama” planeava abrir o seu próprio departamento de transporte.

O final da agência...

Nas vésperas do Natal católico de 1938 Roman Shukhevych deixou temporariamente a “Fama” e viajou até Transcarpátia para ajudar na criação de Carpatska Sich, o exército ucraniano local. Em Março de 1939 os húngaros ocuparam militarmente Ucrânia dos Cárpatos, em Setembro os nazis e soviéticos dividiram entre si os territórios da Polónia. Assim todos os territórios ucranianos foram ocupados pelos invasores húngaros, alemães e soviéticos. Desde a chegada dos soviéticos à Galiza em Setembro de 1939, Roman Shukhevych deixa a carreira empresarial e passa para a clandestinidade.

Fonte:
http://kryjivka.com/presa/212.htm

Ler o livro em PDF, 104 páginas, editora “Mc”, Lviv, 2005:
http://cdvr.org.ua/sites/default/files/archive/Fama.pdf

terça-feira, julho 12, 2011

Ucranianos – entre Oriente e Ocidente


Entre os dias 4 de Julho à 3 de Agosto de 2011
Exposição fotográfica e apresentação multimédia Hutsuly (O povo dos Cárpatos)
França, Cernay
Médiathèque, 15, rue James Barbier
Cyril Horiszny (Fotojornalista)
 
Entre os dias 6 de Agosto à 28 de Setembro de 2011
Exposição fotográfica Ucranianos – entre Oriente e Ocidente
Ucrânia, Lviv
Alliance Française – rua Ivan Ohienko, 18A.

Ver na TV:
http://www.24lviv.com/news/newsVideo.do?u_frantsuzkomu_alyansi_vistavivsya_kirilo_gorishniy&objectId=73642

Ler na imprensa escrita:
http://www.wz.lviv.ua/articles/94658
http://zik.ua/ua/news/2011/06/06/291800
http://www.lvivtoday.com.ua/upcoming-lviv/2892
http://www.radiosvoboda.org/content/article/24225406.html

domingo, julho 10, 2011

“Gorgisheli” art-rock georgiano – ucraniano


Gorgisheli é um dos grupos mais interessantes da música ucraniana contemporânea. As suas fundadoras e caras são irmãs Tamara e Eteri Gorgisheli, nascidas e residentes na capital da Ucrânia Ocidental, cidade de Lviv.
“Gorgisheli” cantam em ucraniano e em georgiano, nas suas músicas combinam os elementos do art-rock, música folclórica ucraniana e georgiana, misturados com um som moderno. Neste momento o grupo, formado em 2003, é composto por Tamara Gorgisheli (guitarra, voz), Eteri Gorgisheli (guitarra baixa, voz), Oleksiy Slobodyan (bateria, percussão), Marian Kozoviy (guitarra), Oleh “John” Suk (teclado).
Ler mais e escutar as músicas do grupo:
http://gorgisheli.org.ua  

Bónus

A canção do cantor / actor georgiano Vakhtang “Buba” Kikabidze sobre a invasão russa da Geórgia em 2008, “Desiludiram”:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=vmuQKzulKL0

Feliz aniversário Senhor Presidente!


Para assinalar o 61º aniversário do presidente ucraniano Viktor Yanukovych, os usuários da Internet ucraniana iniciaram o flash-mob “Ucrânia sem Yanukovych”, colocando as faixas negras nos seus blogues, Facebook, outros recursos da rede, escreve página ucraniana Mignews.com.ua.
Vários internautas ucranianos também dedicaram alguma criatividade para assinalar o dia que já baptizaram de “O Dia de Luto no Facebook”.

sábado, julho 09, 2011

Em apoio da Belarus livre



Desde o dia 3 de Julho, o dia da Independência da Belarus, o ditador Alyaksandr Lukashenka ordenou uma onda de repressões sem precedentes contra o seu próprio povo.

Os alunos e docentes da Universidade Católica Ucraniana (Lviv) em apoio da Belarus:


A revista “Time”: o ditador Lukashenka enfrenta a pior crise em 17 anos do seu poder:
http://www.time.com/time/world/article/0,8599,2081858,00.html

Notícias da Belarus:

Produtos Made in Ukraine / Fabricados na Ucrânia


Recentemente, recebi uma pergunta provocatória que me interrogava sobre o tipo de produtos “Made in Ukraine” (Fabricados na Ucrânia) que eu aconselharia a comprar. O autor da pergunta considerava que Ucrânia não têm o que exportar. Aqui vêm apenas alguns exemplos, outros podem ser facilmente achados com ajuda do bom “camarada” Google Browser...

sexta-feira, julho 08, 2011

Guerrilha ucraniana no cinema checo


Recentemente, a televisão pública checa exibiu o novo filme documental Banderovci. O filme é o fruto do trabalho de um grande grupo dos historiadores checos e os seus heróis principais são os militares do Exército Insurgente Ucraniano (UPA), além dos testemunhos dos acontecimentos da II G. M., os ucranianos, checos e eslovacos.

O filme foca um largo panorama dos acontecimentos, desde as primeiras batalhas do UPA, passando pelas incursões da guerrilha ucraniana pelos territórios da Checoslováquia até a derradeira passagem dos grupos do UPA pelo país na sua caminhada final para Ocidente.

O realizador do filme, Aleš Koudela se baseou nas memórias daqueles que testemunharam a luta do UPA pela independência da Ucrânia. “Não quero ser inimigo nem dos alemães, nem dos judeus, nem mesmo dos russos. Eles também foram perseguidos. Único inimigo (meu) é o sistema comunista e todos aqueles que escravizam o meu povo”, — diz um dos veteranos do UPA.

O telespectador checo descobre no filme que a história da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN), começou na Checoslováquia. “OUN começa em Praga, eram, em primeiro lugar, os oficiais e soldados ucranianos, que como prisioneiros ou refugiados do regime bolchevique vieram a Checoslováquia, para em 1919 fundar aqui a Organização Militar Ucraniana (UVO)”, explica um dos autores do filme, publicista Milan Syruček.

O realizador Aleš Koudela diz que pretendia estudar detalhadamente os factos históricos, por isso no seu filme são usados as filmagens únicas do arquivo, que mostravam os combates reais do UPA, a vida nas kryjivkas ou as suas incursões famosas, que por vezes duravam vários dias sem descanso. “Nos anos 1920 o sistema estalinista introduziu na Ucrânia um terror inimaginável, sabemos sobre milhões de vítimas do Holodomor. Stalin dirigia com o terror, ele fuzilou quase todos os intelectuais ucranianos, as altas e intermédias chefias do seu próprio exército. Ucranianos sempre lutaram pela sua liberdade, por isso, caídos na dependência dos bolcheviques eles pretendiam a sua autodeterminação e a sua independência”, diz realizador checo.

O filme “Banderovci” não foge aos momentos dramáticos, conta as histórias das pessoas, que na luta pela liberdade cruzavam o limite, iam até os extremos. Uns morreram em combate, outros foram fuzilados ou deportados ao GULAG pelo regime estalinista, outros tiveram a sorte de sobreviver. Os autores do filme apelam aos telespectadores contemporâneos que têm a capacidade de, esquecendo os clichés da propaganda comunista, decidir quem realmente eram os militantes do UPA, “turras” ou heróis da Ucrânia.

Fonte (em ucraniano):
http://kryjivka.com/news/1091.htm

Ver filme integralmente no YouTube 1.06’.55’’
http://www.youtube.com/watch?v=gtwX3yv4_Rk


Bónus

Publicidade social que promove a língua ucraniana (achei altamente!):
http://t.co/5hltCWR