sexta-feira, dezembro 31, 2010

Made in Ucrânia na TV Paraná Educativa

O documentário de longa metragem Made in Ucrânia – Os Ucranianos no Paraná, de Guto Pasko, será exibido pela TV Paraná Educativa neste domingo dia 02 de Janeiro de 2011, as 21h30. A exibição será em rede estadual em canal aberto e em rede nacional via satélite.

A exibição será uma homenagem da TV aos 120 anos de história de imigração da etnia ucraniana ao Brasil, que será comemorado no ano de 2011.

Com 102 minutos de duração, o filme faz um resgate histórico da imigração ucraniana no Estado do Paraná, desde a chegada dos primeiros imigrantes há mais de um século até os dias de hoje, mostrando como os imigrantes mantiveram vivas todas as suas tradições e costumes, tais como a língua, o folclore, a religiosidade, os cantos, artesanato e arquitetura, influenciando diretamente na cultura paranaense.

Mais do que retratar a história desse povo no Paraná, o filme nos mostra um panorama geral da Ucrânia e dos principais acontecimentos políticos que marcaram a sua história, explicando os motivos das três fases da imigração desta etnia ao Brasil, traçando um paralelo entre as comunidades ucranianas do Brasil com a história da Ucrânia antiga, desde o Principado de Kiev (Kyiv) até os dias de hoje, nos evidenciando que, um século depois, a situação econômica e política da Ucrânia não mudaram muito e os ciclos imigratórios continuam.

OS UCRANIANOS NO BRASIL

Os descendentes de ucranianos no Brasil constituem hoje uma comunidade de mais de 500 mil pessoas e estão localizados em sua maioria – cerca de 80%, ou seja, acima de 400 mil –, no Paraná e os demais principalmente ao norte de Santa Catarina, mas também no Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Brasília, Minas Gerias, e outros estados em pequena quantidade. No Paraná a maior concentração de ucranianos encontra-se em Curitiba, com aproximadamente 55.000 pessoas (cerca de 3% da população local), mas o maior percentual local ocorre no Município de Prudentópolis, onde numa população de acima de 50 mil, os habitantes de origem ucraniana somam mais de 38 mil, ou seja, cerca de 75% da população local, seguido de Mallet, onde o percentual de descendentes de ucranianos gira em torno de 60%, Paulo Frontin – aprox. 55%, Ivaí e Antonio Olinto – aprox. 45%, Rio Azul e Roncador – aprox. 30%, União da Vitória e Paula Freitas – aprox. 25%, Cruz Machando e Pitanga – aprox. 20%, Irati – aprox. 12%; em outras cidades o percentual é abaixo de 10%.

Na organização civil destaca-se a Representação Central Ucraniano-Brasileira (RCUB), que em sua forma atual foi constituída em 1985. Ela congrega e representa diante dos órgãos governamentais e entidades civis nacionais e estrangeiras as principais entidades constituídas na comunidade e suas organizações: Sociedade Ucraniana no Brasil, Sociedade dos Amigos da Cultura Ucraniana, Sociedade Unificação, Associação da Juventude Ucraíno-Brasileira, Igreja Ucraniana Católica no Brasil e Igreja Ucraniana Ortodoxa Ucraniana no Brasil.

A Igreja Ucraniana Católica no Brasil é a maior é a maior organização comunitária de cunho religioso e cultural entre os ucranianos no Brasil. Está presente aqui, junto aos ucranianos e seus descendentes, desde 1896. Atualmente a sua hierarquia é composta pelo bispo eparca e 2 bispos auxiliares. Sua estrutura é composta de 25 paróquias, 236 igrejas, com 21 padres diocesanos e 62 padres de Ordem de São Basílio Magno atuando no Brasil e 13 no exterior. Convém ressaltar a presença de um bispo emérito, bem como de outro, que hoje atua no exterior. A destacar também há 5 congregações religiosas femininas: Servas de Maria Imaculada, Irmãs Catequistas de Sant’Ana (congregação fundada no Brasil, em Vera Guarani, Município de Paulo Frontin-PR), Irmãs Basilianas, Irmãs de São José e Instituto Secular do Sagrado Coração (fundado no Brasil, em Prudentópolis-PR). Essas instituições possuem centenas de membros, atuando na pastoral junto as igrejas (atendendo crianças, jovens e adultos em sua formação religiosa e cultural), bem como em escolas, particulares e publicas, como também na direção de hospitais, centros de saúdes, orfanatos e casas de apoio aos idosos.

A Igreja Ortodoxa Ucraniana no Brasil, sob a jurisdição do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, tem 1 arcebispo, 2 protopresbíteros mitrados e 8 padres, 47 subdiáconos, 18 igrejas e 2 padres atuando fora do Brasil.

Nas diversas comunidades locais atuam Grupos Folclóricos – atualmente 24, sendo os mais antigos o Barvinok (Curitiba-1930), Vesselka (Prudentópolis-1958), Kalena (União da Vitória/Porto União-1969), Poltava (Curitiba-1985).

IMIGRAÇÃO DOS UCRANIANOS NO BRASIL

Num quadro organizado a partir do livro História do Paraná, Pinheiro Machado & Westphalen (Curitiba, Grafipar, 1969), constam duas colônias oficiais criadas em 1891: Colônia Santa Bárbara – no município de Palmeira, povoada por poloneses, ucranianos e italianos e Colônia Rio Claro – no atual Município de Mallet, colonizada por poloneses e ucranianos.

As informações documentais que temos sobre os imigrantes ucranianos encaixam-se exatamente nessas datas.

Temos o testemunho pessoal de Ivan Pasevich, que em suas memórias – publicadas inicialmente no jornal “Pracia” de Prudentópolis no dia 22/12/1951 – escreve que saiu da Ucrânia, da vila Serveriv, Município de Zolochiv, no mês de maio de 1891, junto com seus pais Teodoro e Sofia e mais três irmãos, ou seja, 6 pessoas, que se estabelecem na Colônia Rio Claro. Informa também, que junto com eles chegaram ao Brasil, até Paranaguá, mas 3 famílias ucranianas.

Esta documentada também a chegada de outra 6 famílias, num total de 32 pessoas, que em 1891 se estabelecem na Colônia de Santa Bárbara, no Município de Palmeira – PR, vindas também de aldeias da Ucrânia ocidental, da região de Zolochiv: Trostanets Malyi, Kotliv. Alguns cognomes desses emigrantes: Harasym, Borchakowskyi, Stecz, Pschitchnyi, Moskalevskyi. Esse foi o começo, modesto, mas documentado. Por isso em 1991 comemoramos o Centenário do inicio da imigração ucraniana no Brasil e em 2011 comemoramos os 120 anos.

Naturalmente o fluxo imigratório se intensificou nos anos seguintes e em 1895 tomou proporções muito grandes (fala-se na vinda de mais de 5 mil famílias) e continuou intenso até pelo menos 1911.

Houve também um modesto fluxo imigratório após a 1ª. Guerra Mundial e outro após a 2ª. Guerra Mundial.

Após a independência da Ucrânia (a partir de 1991) registra-se a vinda ao Brasil de algumas dezenas de ucranianos que aqui fixaram residência permanente. Trata-se – em sua maioria – de profissionais altamente qualificados, que aqui encontraram meios de vida estável. Outros que aqui chegaram por razões diversas, obtiveram a permanência em virtude de casamento com brasileiros ou por legalização.

Texto@ Mariano Czaikowski, Cônsul Honorário da Ucrânia em Paranaguá (Brasil).

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