quarta-feira, setembro 30, 2009

Gorongosa apresentada na Ucrânia

No dia 1 de Outubro de 2009, na Galeria RA em Kyiv será apresentada a exposição fotográfica da Virlana Tkacz chamada “Os moradores da serra sagrada de Gorongosa”.

As línguas de apresentação: ucraniano e sena.

Presenças:
Virlana Tkacz (Nova Iorque), directora do Grupo Teatral Yara do teatro experimental “La Mama
Svitlana Matvienko (Kyiv – Colúmbia), investigadora e crítica literária
Sofia Ryabchuk (Kyiv), curadora do projecto

Data & Local
Quinta – Feira, dia 1 de Outubro, às 19h00
Galeria RA
Av. Bohdan Hmelnyckiy, 32b
Tel. +380 44 235 3619
Kyiv – Ucrânia
Foto @ Virlana Tkacz

terça-feira, setembro 29, 2009

Rosh Hashaná na Ucrânia

Rosh Hashaná (em hebraico ראש השנה, literalmente “cabeça do ano”) é o nome dado ao ano – novo no judaísmo. Pela tradição rabínica, o Rosh Hashaná ocorre no primeiro dia do mês de Tishrei, primeiro mês do ano no calendário judaico rabínico e sétimo mês no calendário bíblico.

Proponho contemplar as fotografias de celebração do Rosh Hashaná na Ucrânia, na cidade de Uman, no centro do judaísmo ucraniano.

Ver fotos:
http://eagle-x.livejournal.com/510734.html

p.s.
O activista dos direitos humanos russo e dissidente soviético, judeu Alexandr Podrabinek escreve “Carta aos Veteranos Soviéticos”, sobre o caso do café moscovita, “Café anti – soviético”, cujo nome os seus proprietários foram obrigados a mudar, sofrendo todo o tipo de coerção das estruturas municipais realmente “soviéticas”. Dá que pensar, desde 1988 a Rússia fez um círculo completo, do totalitarismo soviético, à democracia quase ocidental, voltando ao estado do costume, o autoritarismo fortemente estatal.

Ler a carta em russo:
http://podrabinek.livejournal.com/40401.html

p.p.s.
Neste momento Alexandr Podrabinek recebe as ameaças à sua integridade física por parte dos activistas do movimento totalitário “Nashi”. Os “nashistas” agridem o activista verbalmente nas páginas do seu blogue, ameaçando o visitar em casa, etc. “Nashismo.ru” em marcha, por assim dizer…

segunda-feira, setembro 28, 2009

Klitschko – campeão!

O combate pelo título do campeão mundial na categoria dos super – pesados (versão WBC) em Los Angeles, foi ganha pelo ucraniano Vitali Klitschko, que desferiu 802 murros no seu oponente, americano Cristobal Arreola.

O combate foi terminado por KO técnico no início do 11º assalto pela decisão do árbitro (apoiada pelo treinador do Arreola), o campeão do mundo, Vitali Klitschko defendeu o seu título.

Eu, simplesmente não consegui o alcançar, – admitiu Arreola. Ele conduziu o combate como planeava. Por mais que eu tentava, ele sempre teve uma resposta”.

Pela estatística publicada pela agência Associated Press, Klitschko desferiu 802 murros, 301 destes foram certeiros. Arreola tentou 331 socos, acertando apenas 86 vezes.

O treinador do Arreola, Henry Ramirez constatou que quantidade dos murros levados pelo Arreola tornou-se perigosa para a sua saúde, embora Arreola não gostou da decisão do treinador, zangando-se com ele.

Neste combate, Vitali Klitschko usou muito inteligentemente a mais valia da sua altura, embora nunca consegui levar Arreola ao tapete. Apesar disso, entre três jurados presentes, um considerou que Klitschko ganhou todos os 10 combates, dois outros deram ao ucraniano nove vitórias cada um.

Vitali Klitschko reconheceu que o combate foi difícil: “Ele foi um bom lutador” (no fim do combate Arreola estava sangrar da boca e do nariz). No seu currículo, Klitschko tem 38 vitórias em 40 combates. Três destas vitórias foram alcançadas nos combates pelo título WBC, retornando ao boxe profissional após 4 anos de ausência.

Fonte (em ucraniano):
http://www.unian.net/ukr/news/news-338205.html

Fotógrafo: Mark J. Terrill/AP

quarta-feira, setembro 23, 2009

A Europa deve defender a Geórgia

Vinte anos após a queda do comunismo e da Cortina de Ferro, 12 intelectuais europeus defendem a necessidade absoluta da UE em defender a soberania e independência da Georgia.

Enquanto a Europa se lembra da vergonha do Pacto Molotov-Ribbentrop de 1939 e do acordo de Munique de 1938, e se prepara para celebrar a queda do Muro de Berlim e da Cortina de Ferro, em 1989, uma pergunta surge em nossas mentes: temos aprendido a lições da história? Dito de outra forma, somos capazes de evitar a repetição dos erros que produziram a sombra tão escura ao longo do século 20?

Lamentar ou celebrar eventos passados é um acto inútil se ficamos cegos às suas lições. Somente se esses eventos nos ensinam como agir de forma diferente – e mais sabiamente – as tais comemorações têm qualquer valor.
Olhando para a Europa, hoje, é claro que a história não chegou ao fim e que continua a ser trágica. Vinte anos após a emancipação da metade do continente, um novo muro está sendo construído na Europa – desta vez em todo o território soberano da Geórgia. Isto representa um grande desafio para os cidadãos, instituições e governos da Europa. Será que estamos dispostos a aceitar que as fronteiras de um país pequeno pode ser alterado unilateralmente pela força? Será que estamos dispostos a tolerar a anexação, de facto, de territórios estrangeiros por um poder maior?
Para que as próximas comemorações históricas sejam significativos, tanto para a identidade colectiva da Europa e para o seu futuro, nós pedimos aos 27 líderes democratas da UE, para definir uma estratégia pró – activa para ajudar a Geórgia a recuperar pacificamente a sua integridade territorial e obter a retirada das forças russas estacionadas ilegalmente no solo georgiano.
Ninguém quer um confronto com Moscovo ou um retorno ao ambiente hostil da Guerra-fria. Mas, igualmente, é essencial que a UE e seus Estados membros enviam uma mensagem clara e inequívoca para a actual liderança na Rússia.
Como a comissão criada pela União Europeia e liderado por Heidi Tagliavini se prepara para publicar o seu relatório sobre as causas da guerra russo – georgiana, apelamos a todos os europeus para lembrar as dolorosas lições do nosso passado recente.
Em primeiro lugar, uma grande potência vai sempre encontrar ou fabricar os pretextos para invadir o vizinho, ressentindo-se da sua independência. Devemos lembrar que Hitler acusou os polacos de iniciar as hostilidades em 1939, assim como Stalin atirou a culpa sobre os finlandeses, quando ele próprio invadiu o seu país em 1940. Da mesma forma, no caso da Geórgia e da Rússia, a questão crítica é determinar qual o país que invadiu o outro, ao invés de se preocupar qual dos soldados disparou a primeira bala.
Em segundo lugar, o fracasso das democracias ocidentais para responder ao desmembramento de uma nação amiga, ainda que pequena, pode ter graves consequências globais.
A União Europeia foi construída contra a tentação de Munique e da Cortina de Ferro. Seria absolutamente desastroso se estivéssemos dar a entender que toleramos de alguma forma o tipo de práticas que abateu-se sobre o nosso continente em forma de uma guerra e de divisão continental no século passado. Em jogo está nada menos do que o destino do projecto ao qual continuamos a dedicar nossas vidas: a reunificação pacífica e democrática do continente europeu.

Assinado por:
Vaclav Havel, Valdas Adamkus, Mart Laar, Vytautas Landsbergis, Otto de Habsburgo, Daniel Cohn Bendit, Timothy Garton Ash, André Glucksmann, Mark Leonard, Bernard-Henri Lévy, Adam Michnik, Josep Ramoneda.

Original em inglês:
http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2009/sep/22/europe-georgia-russia

p.s.
A crónica alemã datada de 27 de Setembro de 1939. As imagens da ocupação da Polónia; no início do filme é retratada a parada conjunta dos aliados totalitários: Alemanha nazi e a URSS estalinista.
http://www.youtube.com/watch?v=uDIqzJgZNHM

segunda-feira, setembro 21, 2009

Futebol como uma segunda língua

Euro 2012: organização ucraniana melhora, diz Platini

A Ucrânia, co-organizadora do Europeu de 2012, começa a apresentar melhorias significativas nas condições apresentadas para o torneio, depois do sério aviso dado pelo presidente da UEFA, Michel Platini, aquando da primeira vistoria às obras, em Maio deste ano.

«A situação passou de vermelha a laranja, o que é uma excelente notícia para nós. Gostaria de congratular as autoridades ucranianas e, se é verdade que passar para laranja é muito bom, o certo é que o nosso objectivo é que, brevemente, chegue ao verde», adianta Platini, citado pela «Reuters».

A Ucrânia foi escolhida para organizar o próximo campeonato da Europa, em conjunto com a Polónia. No entanto, apenas tinha sido dado luz verde para os jogos em Kyiv e, mesmo aqui, teriam de ser feitas obras no Estádio Olímpico, que a organização propôs para palco da final. Para além disso, a UEFA não tinha gostado das condições apresentadas no que diz respeito aos aeroportos, transportes e hotéis.

Os esforços ucranianos agradaram a UEFA, mas será só no próximo dia 30 de Novembro que a UEFA irá emitir um parecer sobre as restantes cidades candidatas a receber jogos do Euro: Lviv, Donetsk e Kharkhiv. Também a possibilidade da realização da final em Kyiv será confirmada na mesma data.

No que diz respeito à Polónia, Michel Platini já garantiu que o país apresenta as condições mínimas exigidas para o torneio.

A UEFA nega que a organização da prova possa ser cedida a outros países, mas considera a hipótese de fazer alterações na distribuição dos jogos pelas cidades.

Fonte:
http://www.maisfutebol.iol.pt/internacional/euro-2012-ucrania-platini/1089226-1490.html

Recomendo o blogue americano The Global Game, que vê a sua missão em difundir as notícias em inglês sobre os aspectos culturais do futebol: reportando, traduzindo, possibilitando a interacção online entre as pessoas apaixonadas por este jogo.

O blogue que foi lançado em Janeiro de 2003, como uma iniciativa sem fins lucrativos, neste momento se baseia na cidade de Decatur, estado americano da Geórgia e privilegia as histórias fora dos EUA. Áreas do seu interesse: cinema e arte, fé, história, literatura, media e futebol, vistos da perspectiva dos adeptos. Desde 2007 o blogue oferece a possibilidade de ler as entrevistas via o seu podcast .

Aqui poderá encontrar 9 artigos sobre o futebol ucraniano:
http://www.theglobalgame.com/blog/category/nations-and-regions/ukraine

Incluindo a história interessantíssima de como o clube ucraniano FC Karpaty Lviv em longínquo ano de 1969 ganhou a Taça da URSS, batendo em Moscovo os militares russos do SKA Roston-na-Donu

Ver a crónica soviética no YouTube (em ucraniano!):
http://www.youtube.com/watch?v=C9x8PoOHywQ

p.s.
E já que estamos falar do futebol, eis o resumo da partida do Mundialinho da Integração, um torneio que actualmente se realiza no Complexo Desportivo do Sport União Sintrense (Portugal). No dia 25 de Julho de 2009, realizou-se o jogo Ucrânia – Moçambique, que terminou com a vitória dos ucranianos por 4-1.

domingo, setembro 13, 2009

Ucrânia teme a agressão russa

Um grupo de 29 personalidades públicas ucranianas, incluindo o 1º Presidente da Ucrânia independente, Leonid Kravchuk, apelou aos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (à excepção da Rússia, claro) e à comunidade internacional em geral para que reforcem as garantias de segurança a Kyiv, dada a postura cada vez mais agressiva da Rússia.

Num documento publicado ontem, o grupo apela, em primeira instância, aos membros do Conselho de Segurança que, nos termos do Memorando de Budapeste de 1994, garantem a independência da Ucrânia; esta é “uma medida necessária “, uma vez que a atitude russa faz com que estas garantias sejam “insuficientes”. Além disso, os autores apelam à União Europeia que “assuma uma posição clara sobre a questão da garantia da soberania ucraniana contra quaisquer formas de interferência russa nos assuntos internos do país.”

quarta-feira, setembro 09, 2009

Os demónios do Kremlin

A BD francesa “KGB: Os Demónios do Kremlin” (KGB: Les démons du Kremlin) foi criada pela Valérie Mangin, com design do Malo Kerfriden.

Entre as personagens dos Demónios do Kremlin, podemos encontrar o espírito do camarada Stalin, camaradas Brejnev, Khrushev e Shelepin. Vários funcionários do Partido, os assassinos da CheKa, os jovens – guardas do Kremlin, os zombies azuis munidos de machados e desejosos do sangue dos comunistas, alem de outros cromos. Parece que no 3º volume aparecem Hitler e Ras.putin.

A história se desenrola nos gabinetes dos dirigentes soviéticos, no território do Kremlin e no espaço secreto debaixo do Kremlin, nos laboratórios secretos do KGB, em cosmos, etc.

Até agora foram editados três volumes da saga (1º - 2006 , 2º - 2008 e 3º - 2008 ), o primeiro poderá ser descarregado aqui ou visto aqui .
Ver a BD:
http://www.bdgest.com/preview-180-BD-kgb-les-demons-du-kremlin.html

A ficha técnica:
KGB: Les démons du Kremlin
Editeur: Soleil Productions
Scénario: Valérie Mangin
Dessin: Malo Kerfriden
Collection: Quadrant Solaire
Pages: 46
Parution: 21-06-2006

terça-feira, setembro 08, 2009

África e Africanidades: 7ª edição

Está no ar a sétima edição da revista académica “África e Africanidades” – http://www.africaeafricanidades.com, trata-se de um periódico on-line com acesso totalmente gratuito e que tem por objectivo o fomento e a divulgação de produções sobre literatura, cultura e história africana, afro-brasileira, afro-americana e afro-latinas bem como o subsídio de docentes e discentes da educação básica.

Nesta edição, na coluna de crítica literária se comenta o livro “Poemas” de Arménio Vieira, escritor cabo-verdiano galardoado com o Prémio Camões na sua edição de 2009. Alguns dos artigos analisam “A Gloriosa Família” de Pepetela, “A vida verdadeira de Domingos Xavier” de Luandino Vieira, a obra de Corsino Fortes, “O Nascimento de um Mundo” de Mário Lúcio Sousa, “Um rio chamado tempo, uma casa chamada Terra” de Mia Couto, um panorama do lirismo literário moçambicano a partir das obras de Eduardo White, Mia Couto e Glória Santana, a são-tomense Conceição Lima aparece em dois tempos: um analisando sua poesia e em outro comparando-a com Miriam Alves, e análise de “Viragem” de Castro Soromenho.

O índice dos artigos com seus respectivos autores está discriminado abaixo ou pode ser consultado em http://www.africaeafricanidades.com/sumario.html

Participe da próxima edição da revista “África e Africanidades” enviando artigos e resenhas até o dia 01 de Outubro para o e-mail editorial@africaeafricanidades.com, conheça as normas para envio em nosso site.

Artigos sobre o Moçambique:

“Cantar dos sonhos: a representatividade lírica no panorama literário moçambicano”, por Guilherme de Sousa Bezerra Gonçalves – Universidade Federal do Rio de Janeiro

“Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra: entre as tramas da tradição e a urdidura da modernidade”, por Jaqueline Teodora Alves Cardoso – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

segunda-feira, setembro 07, 2009

Natália Zarubina: estou sob vigilância constante, nem dá para tomar a cerveja!

No dia 9 de Setembro, Natália Zarubina será chamada a depor na Comissão de Protecção de Menores, por causa do seu comportamento pouco responsável.

A página russa da NET, a “Imprensa Livre”, publica hoje a entrevista com a Natália Zarubina, a mãe biológica da Alexandra (Xaninha) Tsyklauri, a menina portuguesa, que por causa de um erro judicial foi levada a morar no interior da Rússia.

IL: – Natália, porque a sua mãe (avo da Xaninha) não foi a Portugal ver a casa que é oferecida à sua família?

NZ: – Mudou de ideias, toda a gente está prestar a atenção demasiadamente grande à essa viagem. Por isso ela já não quer ira ao lado nenhum. Em geral, não queremos ir lá (a Portugal).

IL: – Imprensa disse que a avo da Sandra (Xaninha) recusou-se ir a Portugal, porque nas vésperas você organizou uma festança com os amigos e agora ela tem medo de deixar a neta consigo…

NZ: – Aqui estou sob a vigilância constante. Não consigo aparecer na rua, na companhia dos meus amigos. Logo aparece alguém dos órgãos de protecção dos menores ou de uns comités e começa chamar a atenção, que tipo eu deixei a criança, que os filhos agora estão sem a protecção materna. /…/ Agora, por causa de uma visita a minha amiga, serei chamada no dia 9 de Setembro a depor na Comissão de Protecção de Menores.

Ou por exemplo, um outro caso: /…/ no domingo passado, eu me encontrei com dois bons amigos meus. Nós ficamos, conversamos, tomamos as cervejas e eu fui para a casa. /…/ No caminho foi detida pelo carro – patrulha da polícia, que me levou à esquadra /…/ o investigador chamava a minha atenção: “como é possível, as crianças viajaram e você logo foi passear”? Mas porque não, pá? Será que vivo em um mosteiro? Tenho a sensação que vivo sob a prisão domiciliária ou que cumpri o termo prisional e agora foi colocada sob o controlo.

IL: – Porque você continua a não trabalhar?

NZ: – Me propuseram o emprego na linha da costura. Mas lá se pratica a costura em massa, enquanto eu estudei a costura individual. Além disso, eu já dez anos não sentava na maquina (de costura). Sobrevivo com os biscates. Uma semana limpava o lixo numa casa em construção. Me prometeram 4500 rublos (142 USD), pagaram apenas 2000 (63,29 USD). Usando este dinheiro comprei para Valéria jeans por 700 rublos (22,15 USD) e os sapatos por 650 rublos (20,56 USD) …

Fonte:
http://svpressa.ru/society/article/13796

p.s.
Escreve o usuário russo Profi222: “Liguei para a esquadra da polícia de Prechistoe e eles me confirmaram, que Natália provocava os distúrbios e no estado de embriagues foi levada à esquadra da polícia”. Sem comentários…

sábado, setembro 05, 2009

Profissão: anti – ucraniano virtual

A Rússia semioficial costuma usar a Internet em benefício próprio, geralmente contra as nações vizinhas no tempo da guerra, caso dos ataques informáticos coordenados contra a Geórgia em Agosto de 2008. Mas também abusa da Internet no tempo da paz (caso da Estónia ou a Ucrânia). Neste artigo explica-se em pormenores, como as novas tecnologias são usados por Kremlin para ressuscitar as fobias antigas.

Por: Olexander Kharchenko *

As vezes até se sente a pena deles. Só de imaginar este trabalho tedioso e rotineiro! Assim eles se sentem nos seus computadores, entram na Net, abrem as páginas “vigiadas” e começam “se comunicar”. O objectivo desta comunicação é simples – “killar” os oponentes e as suas ideias, ou pelo contrário, promover a imagem positiva daqueles para quem trabalham.

Obviamente, durante algum tempo, isso até pode ser interessante. Mas se praticar todos os dias? Apesar dos elementos de criatividade, atirar a sujidade significa atirar a sujidade. Mesmo se dizes que és o blogueiro ou o spammer, existe outro termo, que começa ganhar o terreno – poluidor (do inglês, pollute – sujar). Claro, aquilo que fazes, se chama poluição. Nem é preciso traduzir. Também existem os poluidores internos. Estes se dedicam apenas às questões ucranianas, mas sobre eles numa outra ocasião.

“Escrevo ao vosso Banderstadt...”

Hoje vamos falar sobre os especialistas internacionais. A página da Agência noticiosa UNIAN, como um dos líderes noticiosos da Internet ucraniana, já muito tempo tornou-se “vigiada” por os representantes da profissão citada, provenientes de um país bastante vizinho. O nível das capacidade literárias e políticas obviamente difere, mas a função de “killar” os ucranianos, os “banderistas”, Yushchenko, a Ucrânia em geral e tudo que a auto – identifica como um país independente. Os exemplos desta criatividade aparecem como comentários debaixo de praticamente qualquer artigo sobre os relacionamentos russo – ucranianos. Mudam os pseudónimos dos “autores”, endereços, regiões, onde alegadamente moram os seus autores. O que não muda é a tonalidade, terminologia e as conclusões: “ucranianos roubam o gás”, “ucranianos são “banderistas”, “laranjinhas”, são governados pela “peste laranja” e muito brevemente, todos eles, vão “finalmente morrer, no seu Banderstadt”.

Claro, alguém irá nós persuadir, que tudo isso é a “vox populi”, os cidadãos de um país vizinho, democrático e livre, encabeçado por o presidente e primeiro – ministro mais democráticos do mundo, manifestam a sua preocupação pelo destino da quase familiar Ucrânia. Mas basta gastar uma – duas horas, para a análise dos endereços (IP), estilística e os truques típicos desta “criatividade”, para ter a certeza que as coisas não se passam desta maneira. Os lugares comuns, o léxico bastante específico, e até as “orelhas” que de vez em quanto traem estas “postagens”, demonstram sem a sobra de dúvida quem se dedica a esta “criatividade”.
E não importa onde fisicamente estão alojados os autores, na Lubianka, nos arredores do Moscovo ou no interior da Rússia (hoje tudo isso é possível, graças as comunicações modernas). Também é irrelevante onde eles recebem os seus “honorários” – directamente nos serviços secretos, numa empresa “guarda – chuva”, que formalmente não possui nenhuma ligação com estes serviços ou numa agência das RP, contratada para o tal. O que importa é perceber, que não estamos perante “entusiastas” da ideia, que trabalham pelo amor a camisola, mas as pessoas que perseguem o resultado concreto, tecnicamente e financeiramente abastados, com um sistema de organização laboral clara e a base tecnológica forte.

Como isso se faz?

Um grupo das pessoas trabalha na direcção “ucraniana”. Alguém trabalha no “serviço”, ouros trabalham a partir de casa, outros conjugam o trabalho de marketólogo ou publicitário com o do “comentarista”. Cada um possui dezena ou dezena e meia de pseudónimos (nick) permanentes, dependendo da situação, também podem gerar uma quantidade dos nicks alternativos.

Por exemplo, usuário Filipppok... Escreve no estilo: “O autor do artigo ou um idiota, ou é bem pago pelo bando do Yushchenko”.

Ou simplesmente Slava: “Vocês são os grunhos de consciência ucraniana da 2ª categoria. Todos os ucranianos são a nação inferior, juntamente com o presidente Apicultor e o símbolo nac. Morto – Vivo Taras Shevchenko ”.

Ainda existe o “Vingador”, “Cínico”, “Fim da Ucrânia” e muitos outros. No início, um ano atrás, assinavam com os seus nicks, mas mencionavam como o endereço as cidades ucranianas. A UNIAN colocou os identificadores, daí os comentários dos poluidores ficavam deste jeito: “Sergey, Lutsk”, mas o computador informava entre os parênteses (“Russian Federation”). Ficaram indignados, depois acostumaram-se e já não tentam enganar, assinando com os endereços ucranianos.

Outros poluidores tentam imitar a conversa dos intelectuais. Usam as alusões históricas, os discursos filosóficos, baseiam os seus comentários no “senso comum”. Por exemplo: “A Ucrânia será admitida na UE apenas após o Kosovo, e os kosovares são necessárias na Europa para lavar pratos e retretes. E vocês querem entrar na EUROPA!” Mas o mesmo poluidor usa na mesmíssima discussão o “pacote” de vários pseudónimos, para sempre ter a capacidade de manobra. Por exemplo, se a “discussão” mantida pelo poluidor ganhou um rumo não desejável, ou se os argumentos dos oponentes eram mais credíveis, o poluidor reentra na discussão já como a imagem de um brutamontes quaisquer, usa as palavrões contra os oponentes, “matando” a discussão desta maneira.

Será que o trabalho dos poluidores é coordenado? Já que a “linha do partido” (podem chamar de Centro), é sempre mantida, independentemente de todas as variações criativas, sim, este trabalho é coordenado. O coordenador de cada grupo envia uma espécie de “glossário”, usado pelos poluidores para garantir a tal “linha do partido”. Isso é possível detectar em cada tema, que o Centro deles determina como “importante e actual”.

Por exemplo, o conflito de gás. Primeiramente, “de lá” foram mandadas as seguintes mensagens: “então, seus benderistas, agora vocês todos vão congelar”. Quando se tornou claro, que não iremos congelar, entrou o novo “glossário”: “É pá, vocês gamaram para ter o stock?” Paralelamente “trabalhava-se” um outro tema: “Por vossa causa, vai congelar toda a Europa”. Quando no fim, se chegou ao acordo e o gás outra vez fluiu a Europa, começaram pedalar a tese: “De qualquer maneira, não conseguirão pagar o gás”. Quando se percebeu que gás será pago, o tema simplesmente desapareceu. Claro, até a segunda ordem.

Ou a situação com o relógio do Patriarca do IOR, Kirill. Depois do Patriarca mostrar o seu relógio de pulso, avaliado em cerca de 30.000 euros, os comentaristas “populares” gritaram: falsidade, montagem (“Tudo isso é o fotoshop judaico – ucraniano e ilusão óptica católica”). Quando foi claro, que não é a montagem, usaram a tese: “Imitação chinesa, na realidade, o relógio não é tão caro”. A tese não era credível, por isso apareceu uma outra: “O relógio é uma oferta, porque o patriarca não o pode usar?” Quando a tenção baixa um bocado, aparece o “Zé do povo” e faz o seu resumo: “P’ro que repitir? Que merd@ da pergunta”. Significa que foi destacado para um outro tema.

Como “Cazaquistão” apoiou Medvedev na Ucrânia

Outra tarefa dos poluidores nordestinos é formar a opinião popular, usando para o efeito as votações na Internet. Isso, quando aparece na Internet a pergunta do tipo “Você apoia as acções da Rússia no conflito com a Ucrânia?” Aqui o poluidor precisa do mínimo das suas capacidades intelectuais: encontra o botão certo e começa “clickar”, dependendo do nível de segurança, o sistema poderá permitir apenas um voto por cada IP ou mesmo vários votos de um mesmo IP.

No dia 12 de Agosto último, a agência UNIAN propôs aos seus leitores avaliar a mensagem do Medvedev ao Presidente da Ucrânia, Victor Yushchenko. O usuário tinha várias opções, entre eles: “Positivamente, ele disse a verdade”, “Negativamente, é uma campanha anti – ucraniana”, “Tanto faz” ou dar a sua própria opinião.

No dia seguinte constatamos que votaram quase 7 mil usuários, quase 80% escolheram a opção “Positivamente, ele disse a verdade”, 95% (!) dos votos pró – Kremlin foram recebidos de um único IP: 212.116.245.54. Verificamos nas bases de dados e constatamos que o IP pertence à agência de publicidade STYX & Leo Burnett, sedeada na cidade de Almaty no Cazaquistão. A direcção da Agência e o seu departamento de IT assegurara, que de maneira nenhuma estavam metidos neste caso e que o seu IP foi usado sem o seu conhecimento (a operação tecnicamente nada complicada). Claro, que na realidade, ninguém fica em frente do computador, pisando os botões, isso faz o “robô”: o computador com IP de Cazaquistão recebe o algoritmo de votação e a maquina começa “votar”. Com uma boa velocidade, 3 votos por segundo...

O que fazer? Era possível bloquear o endereço IP dos poluidores. Mas decidimos simplesmente mudar a ordem dos botões de votação, para obrigar o “robô” do Kremlin trabalhar contra Medvedev. O “robô” demorou apenas 1 minuto e 52 segundos para mudar o algoritmo, passando do novo botão “Negativamente, é uma campanha anti – ucraniana” para o botão “correcto” e com a mesma velocidade (3 cliks por segundo), continuou votar em apoio do Medvedev.

Depois de anular todas as “almas mortas”, podemos informar sobre a votação real na página da UNIAN: votaram 27.000 pessoas, 63% acham que a mensagem do Medvedev é uma continuação da campanha anti – ucraniana, 25,9% acham que o presidente russo tem a razão. Essa é a opinião real dos usuários que participaram na nossa votação.

Isso significa viver junto a um império...

Que resumo podemos fazer de toda esta história?

Primeiro, as acções virtuais de “killar” os ucranianos em interesses do Kremlin são feitas por um numeroso grupo de pessoas. Eles fazem isso sistematicamente, qualitativamente e quase 24 / 24 horas.

Segundo, eles fazem o seu trabalho com certas precauções. Em vez de usar o servidor proxy de Cazaquistão, poderiam usar o servidor ucraniano. Mas não fizeram isso, pois na Ucrânia poderiam ser desmascarados mais rapidamente. Óptimo que eles tem este tipo de medos.

Como disse um politólogo bem conhecido, tivemos o azar de viver junto ao império. Por mais que fazermos, o império nunca vai nós deixar em paz. Usando todas as artimanhas, todos os meios técnicos, eles vão meter o seu nariz nos nossos assuntos internos, tentando nós obrigar a viver na nossa própria casa, seguindo as vontades deles. Internet, hoje em dia forma as opiniões das pessoas. Por isso, colocando ao serviço do poder as média escritas e televisivas, eles entraram na Internet. A rede, dá a oportunidade não apenas de zumbificar os cidadãos russos, mas também jogar no nosso próprio território. E eles jogam.

Os recursos inimagináveis são lançados para fazer crer, que milhões de usuários da Net russa apoiam organizadamente a política do seu poder estatal, condenando iradamente aqueles, que na Ucrânia pretende “recusar” a amizade do Kremlin. Eles pretendem fazer crer, que o oficial do exército, professor, médico e gestor de vendas vivem exclusivamente para repor a sua energia sexual, sublimando as guerras de propaganda com os seus interlocutores ucranianos.

O que fazer?

Confesso, que o autor destas linhas não possui uma reposta clara e definitiva. Apenas uma coisa é óbvia, as respostas adequadas devem ser dadas pelos jornalistas, políticos, politólogos, especialistas em tecnologias políticas, sociólogos, e é claro, serviços secretos, que devem provar, estes serviços existem no nosso país. O autor apenas propõe, que este artigo seja o início de uma longa conversa.

Mesmo agora, podem ter a certeza, você ainda não acabou a sua leitura, mas o nosso poluidor, fica sentado no computador a milhares de quilómetros da distância e escreve o comentário, alegando o seu nome.

* Chefe – Editor da Agência Noticiosa UNIAN

Fonte
http://www.unian.net/rus/news/news-333114.html

O modo – operandi dos poluidores na Rússia:
http://tribuna.com.ua/articles/conflicts/124985.htm

terça-feira, setembro 01, 2009

Catedral de Santa Sofia de Kyiv

A Catedral de Santa Sofia, em Kyiv, é um notável monumento arquitectónico. É o principal componente do Santuário Nacional “Sofia de Kyiv”, a instituição estatal responsável pela preservação do complexo da catedral juntamente com outros marcos históricos da capital da Ucrânia.

Duas são as hipóteses para o nome da catedral: que é uma homenagem à Hagia Sofia de Istambul, cujo significado é A Sagrada Sabedoria de Deus e não, como pode parecer, uma homenagem a uma santa Sofia em particular; outra alega uma homenagem à cidade de Novgorod, que possui uma belíssima Catedral de Santa Sofia e cuja população, em 1019, ajudou Yaroslav I, o Sábio, a manter o trono de Kyiv.

A pedra fundamental foi lançada em 1037, mas a catedral levou duas décadas em construção. Sua planta tem 5 naves, 5 absides e, surpreendente na arquitectura bizantina, 13 cúpulas. É cercada por galerias de dois andares de ambos os lados. Em seu interior vemos afrescos e mosaicos do século XI, alguns necessitando de restauro.

Kyiv é uma cidade que sofreu muitas invasões e foi sempre muito disputada. A catedral passou por vários movimentos, sempre sofrendo influência dos poderosos da ocasião. Foi sendo modificada de acordo com as novas orientações e só em 1740, sob o governo do Hetman Ivan Mazepa, chegou à forma que conhecemos.

Hoje já não é mais um templo religioso, todo o complexo que inclui a catedral é o Museu da Cristandade na Ucrânia. Faz parte da lista do Património da Humanidade, elaborada pela UNESCO.

Fontes:
Arquitetura-Catedral-de-Santa-Sofia (em português)
http://whc.unesco.org/en/statesparties/ua (em inglês)