segunda-feira, dezembro 07, 2009

Ivan Demjanjuk, a vítima de injustiça

Na Alemanha começou recentemente o processo judicial contra o prisioneiro de guerra dos nazis, o soldado ucraniano do exército soviético, John (Ivan) Demjanjuk. A imprensa mundial, independentemente da sua base ideológica, centra-se na narrativa de suposta culpa do Demjanjuk, “esquecendo-se” neste caso de existência de qualquer presunção de inocência.

A rádio Deutsche Welle publica a entrevista com o principal advogado do Ivan Demjanjuk, jurista alemão Ulrich Bush (a versão curta).

Deutsche Welle: Esperava-se que a defesa iria contestar a autenticidade dos documentos, incluindo a identificação do funcionário de Sobibor. Em vez disso, você escolheu uma estratégia diferente – Demjanjuk é uma vítima dos nazistas. Por quê?
Bush: /…/ A defesa irá provar que Sr. Demjanjuk como prisioneiro de guerra foi uma vítima dos nazistas. Como o soldado do Exército Vermelho, ele era abrangido pelo programa nazista de aniquilação de soldados do Exército Vermelho. Dentro de Holocausto sem precedentes, os nazis mataram 3,3 milhões de soldados do Exército Vermelho, negando-lhes comida e cuidados médicos, (matando os com) as doenças e a fome. Os campos (de concentração para os prisioneiros da guerra), do meu ponto de vista, não eram nada mais do que campos de morte – tal como Treblinka, Sobibor ou Belzhets.

Deutsche Welle: Durante o julgamento você disse, que os reais organizadores de destruição em massa no Sobibor permaneceram impunes. Você poderá apresentar os exemplos concretos?

Bush: Tribunal Regional em Hagen em 1966, deliberou sobre o caso de 11 guardas de SS alemão do campo de Sobibor, cinco deles foram absolvidos. Estes oficiais da SS alemã argumentavam de que foram obrigados a seguir as ordens dos nazistas, como tal, tinham medo de que de outra forma eles (próprios) seriam fuzilados ou envenenados com o gás. O Tribunal Regional de Justiça concordou plenamente com este argumento. Entre os absolvidos estava o superintendente do SS Lakhman, que liderou a equipa de "guardas" em Sobibor. Se o chefe dos guardas, que lhes dava as ordens, é absolvido porque temia pela sua vida, como pode ser julgado o executor condenado, uma pessoa dependente, um servo?

Deutsche Welle: Quantas vezes você se encontra com Demjanjuk? Qual é o estado da sua saúde? Será que ele vai aguentar um processo demorado?

Bush: Antes de início do processo, eu se encontrava com o meu cliente em Munique, uma vez em cada 14 dias. A sua saúde, na minha opinião, deteriorou-se gravemente. Quando mais demorará o processo, mais tenho o receio que este terminará com a morte do meu cliente.

Deutsche Welle: Se o processo acabar com a absolvição, ele terá o direito de voltar para os EUA?

Bush: A absolvição (por si só) não dará nada ao meu cliente. Como os Estados Unidos revogaram a sua cidadania e o deportaram à força, ele não poderá voltar e não receberá o visto. Se a sentença será favorável ou se o processo será interrompido, nós vamos lutar pela sua reunificação com a família nos Estados Unidos. Esperaremos que os EUA o receberão de volta e que isso seja decidido na base de humanismo.

Entrevista gravada por Zahar Butyrskiy (ler o texto integral em ucraniano):

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