sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Moçambique: confrontos em Maputo

Maputo, 06 Fev (Lusa) – Os confrontos de terça-feira em Maputo, motivados pelo aumento dos preços dos transportes públicos na capital, fizeram dois mortos e pelo menos 40 feridos, disse hoje à Lusa o vice-ministro do Interior de Moçambique, José Mandra.

O Hospital Central de Maputo adianta, entretanto, ter recebido, ao longo do dia de terça-feira e de hoje, 98 feridos relacionados com os confrontos, dos quais 25 permanecem ainda internados, quatro dos quais nos cuidados intensivos.

Segundo o vice-ministro do Interior, "sofreram actos de vandalismo diversos estabelecimentos comerciais, incluindo uma loja de conveniência" dentro de uma estação de venda de combustíveis na zona do Xiquelene, um dos maiores centros de comércio informal de Maputo.

De acordo com o balanço feito pelo director de Serviços de Urgência do Hospital Central de Maputo, António Assis, dos 98 feridos que deram entrada naquela unidade hospitalar, a maior do país, 58 foram atingidos por balas, 10 intoxicados, incluindo por gás lacrimogéneo disparado por agentes da polícia, 21 sofreram agressões físicas, três foram vítimas de armas brancas, dois vítimas de queda e quatro por motivos não especificados.

Na terça-feira, a estação privada de televisão STV mostrou a imagem de um corpo inerte na estrada. Alguns órgãos de comunicação social de Moçambique têm noticiado entretanto que o número de mortos pode ascender a seis. Mas o Governo apenas confirmou dois.

Apesar de a agitação ter acalmado e de as vias terem sido desobstruídas, poucos operadores de transporte semi-colectivo voltaram à estrada, prevalecendo por isso uma grave carência de "chapas", os mini-autocarros que garantem o serviço de transporte em Maputo.

Ao longo de todo o dia, os representantes dos transportadores têm-se escusado a falar à imprensa, aumentando a incerteza sobre as razões para que levam os "chapas" (meio de transporte da maioria da população na capital moçambicana) a não regressar à actividade - se receio de serem novamente alvo dos manifestantes ou uma "greve" para forçar a manutenção do aumento de tarifas.

A alguns condutores de "chapa" que falaram recentemente à televisão privada STV apontaram as tarifas como a principal razão para não saírem com as viaturas.

Na terça-feira à noite, recorde-se, o Governo moçambicano e a Federação Moçambicana dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO) decidiram suspender temporariamente o aumento do preços dos transportes - cinco meticais (14 cêntimos) e 7,5 meticais (21 cêntimos), contra as novas tarifas de 7,5 meticais e 10 (28 cêntimos) – e retomar as negociações, que deverão estar concluídas até ao final da semana.

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Foto: Val_Ch

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