terça-feira, maio 15, 2007

Festival Eurovisão’07, final

Dia 12 de Maio, na capital da Finlândia, cidade de Helsínquia, teve lugar o final do 52º edição do Festival Eurovisão da Canção. Os representantes dos 24 países deram o seu melhor para ganhar o concurso, mas foi a representante da Sérvia, Marija Šerifović com a canção “Molitva” que ganhou o certame com 268 pontos, seguida pela Ucrânia (235), Rússia (207), Turquia (163) e Bulgária (157) (de novo, entre 5 primeiros, 4 deles pertencem à Europa Central, facto que mereceu críticas muitíssimo agressivas, a roçar xenofobia por parte do comentador português do concurso, Sr. Jorge Gabriel, que trabalha para a RTP).

Logo no início foi passado o clipe do Lordi, com o direito de aparecimento especial do próprio, com o fogo de artifício e todas as coisas do género. Outra vez vi pouquíssimas bandeiras da Ucrânia, acho que apenas duas em toda a sala onde decorreu o espectáculo. Apresentadores finlandeses eram desta vez vestidos em fatos pretos. Jorge Gabriel logo começou a sua cantiga anti – Leste: “países da Europa Ocidental não andam muito satisfeitos com o apuramento da Europa do Leste. Porque entre os 10 primeiros todos foram da Europa do Leste”. E a Turquia, pergunto eu?
1. Bósnia-Herzegovina, Marija Šestić, Rijeka Bez Imena, (Rio sem nome)
Em 2001 ela editou o seu primeiro disco, é a primeira cantora da ex – Jugoslávia que cantou na MTV – Europe. Cantou uma bonita balada em bósnio. Jorge Gabriel a comentar uns imagens da Finlândia: “podemos ver uns punks ao lado dos finlandeses”. Com quem diz, estes punks só podem ser suecos ou então espanhóis, mas nunca os da casa...
2. Espanha, D'NASH, I Love You Mi Vida
Quatro rapazes tocaram aquilo que a minha esposa chamou de “música gira”, era em espanhol e inglês. Também gritaram “hey – hey – hey” à Ruslana, enquanto duas moças, também giras, tocaram dois tambores enormes, de estilo “cósmico”.
3. Belarus, Dmitriy Koldun, Work Your Magic (Trabalha a tua magia)
As raparigas dele tiveram um ar um pouco nazi, especialmente fatos e corte do cabelo. Cantou em inglês e ficou 6° lugar com 145 pontos.
4. Irlanda, Dervish, They Can't Stop the Spring (Eles não podem parar a Primavera)
Na opinião de Jorge Gabriel a canção da Irlanda tinha garantidos os votos da “Europa do Leste”, porque tinha uma música “à piscar olho à Europa do Leste e ao Alexander_Dubchek (Jorge disse Dudchek)”. Realmente era uma balada tradicional muito bonita, onde falava-se que os maus “podem roubar o dinheiro, mas não podem roubar o destino” e “não podem parar a Primavera”. Infelizmente, a “Europa do Leste” era mais interessada na Serdyuchka, do que na liberdade.
5. Finlândia, Hanna Pakarinen, Leave Me Alone (Deixa-me sozinha)
Enquanto os apresentadores finlandeses mudaram da roupa e levaram da plateia a menina Krisse para ajudar na apresentação, a Hanna Pakarinen cantou em inglês uma música rock bastante bonita.
6. Macedónia, Karolina Gočeva, Mojot Svet (O meu mundo)
Menina canta desde os 12 anos, desde 2001 editou 4 discos, foi o disco mais vendido na Macedónia em 2006. Cantou em macedónio.
7. Eslovénia, Alenka Gotar, Cvet Z Juga (Flor do sul)
Em 2004 foi considerada a melhor cantora de opera do mundo, cantou em esloveno e a minha esposa chamou a de “bruxa”. Achei ela uma bruxa simpática.
8. Hungria, Magdi Rúzsa, Unsubstantial Blues
Canta desde 2006, ficando no 9° lugar com 128 pontos.
9. Lituânia, 4Fun, Love or Leave (Ama ou vai embora)
Era uma balada de fusão entre blues e rock bastante bonita, eles já editaram três discos e ganharam vários prémios.
10. Grécia, Sarbel, Yassou Maria (Olá, Maria)
Rapaz parecia Ricky Martin, acho que podia dar para o consumo mundial de pop. Uns fãs da Andorra levantaram o dístico “Where is Andorra”. Sei lá onde que está aquele país, é tão pequenino...
11. Geórgia, Sopho Khalvashi, Visionary Dream ( Sonho visionário)
Quer a voz, quer a dança eram bem bonitos. Cantou em inglês e ficou no 7° lugar com 139 pontos.
12. Suécia, The Ark, The Worrying Kind (Espécie preocupante)
Mais uma música travesti de qualidade, parecia uma mistura entre Boy George e Marilyn Manson light.
13. França, Les Fatals Picards, L'amour à la française (O amor à francesa)
Também eram uns travestis, um deles, o careca, tinha a cara chapado do guarda – redes de selecção gaulesa – Bartez. Será que ele também? As roupichas eram desenhadas pelo Jean Paul Gaultier. Cantaram pela primeira vez na história do concurso em inglês e francês.
14. Letónia, Bonaparti.lv, Questa Notte (Esta noite)
Um dos rapazes, o Marco têm a descendência italiana, todos têm a formação musical, todos tocam vários instrumentos e cantam em italiano.
15. Rússia, Serebro, Abanar o meu rabo e levar o seu dinheiro
A letra da música russa era uma coisa bem curiosa, ou então eu não entendo algo.
Este é o caminho do dinheiro sujo. Sim.
Todas as minhas amigas estão prontas.
Nós faremos isso facilmente.
Eu vejo, tu comes me com olhos...
Tu vais gastar em mi todo o seu dinheiro,
Tu serás meu!
O meu rabo perverso abana para ti....
Pequeno, sabes, em mi,
Ainda vive um pervertida sexual...
Mete a sua ginjinha no meu bolinho
E prova o meu bolinho de cereja...

As meninas com o inglês um bocado fraco, pareciam o sex – appeal pedófilo, vestidas em uniforme quase escolar, à maneira de meninas perversas saídas da manga japonesa. Ficaram no 3° lugar com 207 pontos. Jorge Gabriel “imagine que o Concurso é visto no Azerbaijão, Austrália, em Kovo”. O que o Kosovo tem tão de especial não entendi, mas porque não lembraram nenhum país africano de expressão portuguesa, é um enigma.

16. Alemanha, Roger Cicero, Frauen regier'n die Welt (As mulheres comandam o mundo)
Ele tinha um look do gangster de Chicago dos anos 30, mas a minha esposa disse que o tipo é “engraçadinho”. Nasceu em 1970, pai musico e mãe bailarina. O alemão dele me pareceu pouco musical.
17. Sérvia, Marija Šerifović, Molitva, (Oração)
Têm 23 anos, em 2003 editou o primeiro disco, já é considerada a melhor voz da Sérvia e dos Balcãs. De facto uma voz forte e bonita. Ficou no 1° lugar com 268 pontos, levando Eurovisão 2008 para o Belgrado.
18. Ucrânia, Verka Serduchka, Dancing lasha tumbai (Dançando adeus á Rússia)
Música rave que acompanhou a letra pirosa até era interessante. Comentadores portugueses já diziam ora “Serdyukcha”, ora “Serdyushka”. Durante a performance, ouvi Serdyuchka dizer que “Ucrânia é bom, Ucrânia é nice”, metade em russo, metade em calão. Duas meninas e três rapazes, vestidas à maneira dos chefes de escuteiros perversos dançavam ao seu lado. Acho que Verka cantou “Russia tumbai”, com que enfureceu Internet russo. Nas suas costas era escrito “Serdyuchka 69”. Até o Jorge Gabriel sabia a polémica entre “Russia goodbye” e “Lasha tumbai”... Que língua era aquela? Uma mixórdia de tudo com tudo... Ficou no 2° lugar com 235 pontos.
19. Reino Unido, Scooch, Flying the Flag (For You) – Içando a bandeira (por ti)
Um grupo de hospedeiras e hospedeiros cantou a música desinteressante, tipo discoteca dos anos 80. O conjunto já dissolveu-se duas vezes, agora juntou-se só para participar na Eurovisão.
20. Romênia, Todomondo, Liubi, Liubi, I Love You (Amor, amor, amo-te)
Um grupo de seis rapazes, todos romenos de várias origens cantou em francês, romeno, inglês, italiano, espanhol e russo. Eram muito bem dispostos.
21. Bulgária, Todorova e Yankoulov, Water
Fizeram muito barulho, os dois têm a formação superior em música, ela em canto e ele em percussão. Yankulov até é considerado como melhor percussionista da Bulgária. Jorge Gabriel chamou o duo de “under dog”, quer dizer abaixo do cão... Ficaram no 5° lugar com 157 pontos.
22. Turquia, Kenan Doğulu, Shake It Up Şekerim (Abana-o, querida)
Compositor, cantor, criador da moda tinha um certo estilo, toda a diáspora turca em toda a Europa votou nele. Cantou em inglês e ficou no 4° lugar com 163 pontos.
23. Armênia, Hayko, Anytime You Need, Cada vez que necessites
Cantor ganhou o Festival “Big Apple” de 1998 em Nova Iorque, entre coisas engraçadas tinha no palco uma arvore que abanava os galhos e a sangue artificial com qual manchou a sua camisa. Cantou em inglês e ficou no 8° lugar com 138 pontos.
24. Moldova, Natalia Barbu, Fight (Luta)
Tinha rock melódico e roupas sexy, toca violino e participou nos grupos de folk e jazz. A sua infância foi marcada pela guerra patrocinada pelo 14° Exército Soviético, comandado pelo general Alexander Lebed. Jorge Gabriel “achou” que a sua música era parecida com da Belarus. Ficou no 10° lugar com 109 pontos.

No fim do concurso apareceu o Pai Natal e tocou o sino – iniciou a votação. Durante a votação, foram mostradas as ruas de Helsínquia, onde desfilavam vários grupos de fás. Não mostraram nenhum grupo ucraniano.
Apresentadora improvisada, Krisse, andou pelas várias delegações, perguntando quem gostou da actuação de quem. Uma dançarina do cantor grego disse que gostou de Verka e mandou um olá à delegação ucraniana em russo. Apresentadores mudaram de roupa mais uma vez. Krisse disse à Serdyuchka: “Eu sei dançar como você, um, dois, três”. E Jorge Gabriel mais uma vez mostrou-se conhecedor profundo da geografia: “Vamos à Podgorika”, disse ele, porque votação começou em Montenegro, na cidade de Podgorica.
A Ucrânia foi neste concurso uma galinha que “grão à grão encheu o papo”, os que mais votaram na falta de estilo da nossa travesti da machamba colectiva eram: 12 pontos – Andorra, Portugal, República Checa, Polónia; Letónia, 10 pontos – Belarus e Israel; 8 pontos – Lituânia, Irlanda, Estónia, Rússia, Reino Unido.
A delegação ucraniana levantou a bandeira azul e amarela, mas não a bandeira nacional, porque a bandeira tinha um grande tryzub (tridente), que não devia existir na bandeira nacional.
Mas quem é que votou nesta criatura? Bom, não tendo muita vontade para entrar nas polémicas, vejo seguintes categorias dos votantes:
1. “Os apanhadores de morangos” no Reino Unido e na Irlanda, “os trabalhadores nas obras” no sul da Europa – gente com gostos estéticos iguais aos apreciadores do Zé_Cabra em Portugal ou da tia Sônia no Brasil (http://www.youtube.com/watch?v=qCyZV0GZfHU).
2. Os vizinhos que na realidade odeiam a cultura ucraniana, na vontade sádica de mostrar o “lugar” dos “russos da segunda”, tipo vou votar neles, tomem este que é o vosso mundo dos gostos rafeiros.
3. Os ocidentais ingénuos que acharam que aquilo é que é genuinamente ucraniano, claro, até era parecido com a “kalinka – malinka”, o que, não é ucraniano? Não, não pode ser, têm que ser ucraniano...
4. Os nacionalistas ucranianos que apreciaram a “Russia goodbye”, ou que acham que a música dela é uma espécie de piada suprema, nem eles próprios percebem a tal piada, mas pelo sim, pelo não acharam por bem votar.
Uma coisa é certa, graças ao voto maciço dos “apanhadores de morangos” e dos “trabalhadores nas obras”, no próximo ano, em Belgrado, a Ucrânia entra directamente para o final do concurso, sem passar pelo semi – final. Se é que o concurso não mudar de regras, fazendo proteccionismo especial para a Europa Ocidental. Já se falam em dois semi – finais (para não permitir que os vizinhos votam em vizinhos), ou então em abrir as portas do concurso aos mais países fora da Europa (na expectativa que estes, vão de certeza apoiar a Europa Ocidental e não a Europa do Leste). Assim Jorge Gabriel acha que “Não pretendendo retirar o mérito da Europa do Leste, não podemos esmochar às músicas do Ocidente”.
Vídeo de alguns participantes no final da Eurovisão em formato de UA-IX

1. Sérvia 2. Ucrânia 3. Arménia 3. Hungria 4. Moldova 5. Bósnia 6. Geórgia7. Eslovénia 8. Letónia 9. Lituânia 10. Irlanda
Ícone: Verka Serduchka by lj-user Vir

2 comentários:

Anónimo disse...

não sou nacionalista ucraniano, não gosto do zé cabra, sei mto bem que verka não é folclore ucraniano (sou polaco, por isso tenho conhecimento da cultura ucraniana diferente e melhor do que os chamados ocidentais), mas mesmo assim votei nela. simplesmente achei muita piada, e acho que muitas pessoas acharam tb.

em relação ao jorge gabriel, concordo. os comentários dele foram um desastre.

cumprimentos de lisboa

Jest nas Wielu disse...

Bom, então nós visite mais vezes, porque somos irmãos. A sua posição de votar em Verka é compreensível, penso foi essa posição que deu votos na Polónia e na R. Checa, as raízes do Ezhi Lec e de Jaroslav Hašek são bem fortes.

p.s. os russos agora estão fazer uma campanha para expulsar a Verka dos palcos da mãe - Rússia...