segunda-feira, abril 30, 2007

A ira dos colonos

O “soldado de bronze” na colina de Tõnismägi em Tallinn é um vergonhoso vestígio do passado colonial, e tal, como a Cartagena, deverá ser destruído.
Quando estes dias vejo CNN, AlJazeera, France 24, ou até a RTP Internacional mostrando os motins provocados pelos russos na Estónia, não consigo não fazer os paralelos históricos com a situação em Moçambique. Agúem pode dizer: África e Europa Central, que paralelismo poderá haver entre dois pontos tão distantes e diferentes? Mas eu digo: colonialismo e pós – colonialismo é sempre a mesma coisa, onde quer que seja que isso acontece.
Ora vejamos....

Capital de Moçambique. A Praça de Município, onde antes de Independência nacional em 1975 estava plantado o Monumento de Mouzinho de Albuquerque, Governador de Lourenço Marques ente 25.09.1890 e 4.01.1892, conhecido sobretudo pela aprisionamento do Imperador de Gaza, Gungunhana e pelo apresamento do navio inglês “Countess of Carnarvon”. Os moçambicanos decidiram retirar a estátua da praça, genuinamente considerando que esta representa o passado colonial e subjugação à Portugal. Por isso o monumento foi retirado da local e colocado dentro da Fortaleza de Maputo, a própria praça foi baptizada de Praça de Independência.

Agora, podemos imaginar que um grupo de colonos ou saudosistas insatisfeitos, talvez uns “Dragões de morte” ou ex – flechas, começarem a partir e pilhar as lojas, entrar em confrontos com as autoridades de Estado, etc. O que lhes aconteceria? Bom, dado às circunstâncias daquele momento histórico, podiam levar com umas catanadas da população, podiam ser até linchados, podiam ser enviados para os campos de reeducação de Niassa ou de Bilibiza, na melhor das hipóteses, podia lhes ser aplicada a famosa lei “20 – 24”, que significava a necessidade imperiosa de deixar país no prazo máximo de 24 horas, tendo direito de levar consigo 20 kg de bagagem...

Obviamente, a Estónia é um país democrático, membro da UE e todo o resto, mas terá que haver um limite à barbárie e vandalismo perpetuado pela comunidade russa residente naquele país do Báltico. Neste momento, só me ocorrem as medidas à Armando Guebuza / Nicolas Sarcozy: os russos sem a nacionalidade da Estónia deverão ser expulsos do país, os que têm a nacionalidade – equacionar a retirada / cancelamento da mesma, os restantes vândalos detidos deverão pagar as multas pesadas, obrigando os efectuar o trabalho social, na reposição dos danos por eles provocados: varrer as ruas, repor os vidros partidos, etc.
No futuro a Estónia deverá endurecer a Lei de nacionalidade, revendo a sua política liberal de concessão dos passaportes, exigindo para o efeito o conhecimento muito mais perfeito da língua, cultura e história do país. Quem não quiser colaborar, deverá ser encorajado a retornar à sua pátria étnica, onde de certeza absoluta poderá fazer todo o tipo de barbaridades, que nunca poderão ser tolerados num país de cultura ocidental.
É claro, que o monumento do soldado soviético, situado na colina de Tõnismägi em Tallinn é um marco inequívoco da ocupação colonial e os colonos não estão defender nenhuma luta anti – fascista do Exército Vermelho. Até porque foi o Exército Vermelho que treinou e apoiou o futuro exercito nazi nos anos 30, violando claramente o Tratado de Versalhes. Trata-se obviamente do saudosismo colonial e jogo de poderes, que os colonos russos estão dispostos a defender com unhas e dentes. O “soldado de bronze” na colina de Tõnismägi em Tallinn é um vergonhoso vestígio do passado colonial, e tal, como a Cartagena, deverá ser destruído.

E por ultimo, já que fala-se tanto do boicote dos produtos da Estónia e até do possível corte de relações diplomáticas, por parte do Grande Irmão, então que venham estes produtos para nós! Não me importo nada de pagar um pouco mais, para desfrutar dos queijos maravilhosos ou das conservas divinos produzidos na Estónia.

Informação adicional:

Na Estónia vive cerca de 1.500.000 de habitantes, entre eles cerca de 300.000 russos étnicos. No país também existe cerca de 450 sepulturas militares de II G.M., onde são sepultados cerca de 50.000 militares soviéticos.

Imagens vídeo e fotos do vandalismo dos colonos:
http://www.youtube.com/watch?v=tw4__eitD9M
http://www.youtube.com/watch?v=Sg8329uIKcw
http://www.youtube.com/watch?v=rKpXqwE2rg8
http://www.flickr.com/photos/neoroma/sets/72157600135279884
P.S.
O amigo Ingoo lembrou o seguinte: os bárbaros rasgaram várias bandeiras da Estónia, partiram montras da livraria Appolo, mas lá não roubaram um único livro, comportamento muito diferente nas lojas de álcool.

Reportagem da TV da Estónia, motim começa no minuto 10

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