terça-feira, setembro 06, 2005

Donbass: o contracto social entre Leste e Ocidente

A região de Donbass é o centro industrial da Ucrânia e um dos principais complexos minero – metalúrgicos e de indústria pesada da Europa. A Ucrânia conta com ricas jazidas de minério de manganês no Donbass. A região também é um importante produtor de carvão, embora as reservas deste combustível tenham sido excessivamente exploradas durante o período soviético. O Donbass apresenta também indústrias metalúrgicas altamente desenvolvidas, que produzem ferro e aço em grandes quantidades. Cidades principais da região: Dnipropetrovsk (1,2 milhões) e Donetsk (1,1 milhões).
Wikipédia

Alem disso tudo, Donbass é um importante burgo de Viktor Yanukovich e todos aqueles que estão por traz dessa personagem sinistra de história moderna da Ucrânia. Porquê? Porque o Donbass foi desenvolvido à partir do fim do século XIX, início do século XX pelo capital europeu (britânico em primeiro lugar), como o lugar extractivo por excelência de vários jazidas minerais. A mudança de regime em Moscovo, não mudou nada em Dobass. Se antes o solo ucraniano enriquecia os industriais britânicos, depois de 1920, passou a financiar as loucuras do estado soviético. E como os ucranianos eram pouco numerosos naqueles estepes longínquas, primeiro britânicos e depois URSS, fomentavam a vinda dos camponeses e proletariado pouco qualificado da Belarus e Rússia. Assim, nos últimos cem anos, Donbass transformou-se numa região, onde a língua e cultura ucraniana penetram com alguma dificuldade. Onde reina o espirito de “assimilação” no sentido mais moçambicano possível.
E por isso, não é de estranhar que a grande maioria da sua população, primeiro apoiou Yanukovich com unhas e dentes. Depois andou com ideias tresloucadas de proclamar uma “soberania” regional e mais tarde ameaçou com acções de desobediência civil, quando a Judiciária ucraniana deteve no fim do Março, o Presidente de Parlamento regional da província de Donetsk, Boris Kolesnikov. Número dois no Partido das Regiões de Yanukovich, Kolesnikov era acusado de uma série de crimes do Código Penal, entre eles a “apropriação da propriedade privada no uso do seu cargo no aparelho do estado”. Por outras palavras, Kolesnikov, alegadamente, apropriou-se do supermercado alheio (para si e para os comparsas), usando os métodos tão queridos no seu partido como agiotagem, extorsão e coerção de varia ordem.
Cinco meses mais tarde, Kolesnikov vai aguardar o julgamento em liberdade, na obrigação de não poder mudar o seu local de residência.
O que quer dizer tudo isso? Os jornalistas ucranianos entendem estes factos assim: o novo poder laranja, finalmente pacificou a região rebelde, mostrando quem é o dono da casa, mas comprometendo-se a respeitar o status quo dos derrotados.

Donbass não cedeu. Ele foi cedido

Oleh Vladimirov
Jornalista do site ucraniano: http://www.obkom.net.ua

Apenas ontem foi tornado público o facto, que durante a primeira semana da sua liberdade provisória, Borys Kolesnikov desesperou por Yanukovich, mas este não lhe fiz nenhuma visita de cortesia, nem para o felicitar pela “primeira prisa”, nem para saber da sua saúde debilitada. Bem, o meio prisional ucraniano, tem uma certa clarividência, e não é por acaso, que foi dado ao Yanukovich o cognome de Ham (Brutamontes). Any way, apenas os velhos caducos que defendiam “o prisioneiro político № 1”, podiam acreditar que estes dois, serão “comparsas pela vida fora”.
Dá que lembrar uma anedota que andava nas SMS dos ucranianos: “Borys, ‘tas a ande? É pá, e eu ‘tou na praia!” Kolesnikov “comeu as grades”, pelo Yanukovich e o “mano” que começou a barafunda, apenas enchia os lábios, encontrava-se com eleitores, visitava a Procuradoria da República, para depois ir passar férias no estrangeiro. E lembrava-se do seu “amigo dos quadradinhos” muito raramente, e até no contesto dúbio, quando falou do Calvário. Alusão era muito clara: “o mártir regional”, Kolesnikov deve servir de vitima redentora para que o seu Patrão político – Yanukovich, poder ter o sucesso... Houve engano. Porquê Kolesnikov nunca foi uma vítima, mas um refém. Acho que todos lembram o “Padrinho”.
Mas a aversão do Kolesnikov ao seu chefe nominal do partido é tão grande, que varias mensagens sublimes, dadas nas entrevistas, não podem ser mais claras: jamais haverá entre eles algum tipo de cooperação. Alem disso, Proffessor Yanukovich tem que entregar o Partido das Regiões à Kolesnikov, ou poderá derramar-se a sangue.
O papel do Partido das Regiões à Kolesnikov, também já é muito claro: Leste e Ocidente da Ucrânia devem apertar as mãos um à outro, usar o estatuto da língua russa para fazer especulações políticas é criminoso, oposição deve cooperar com o poder para bem estar da sociedade ucraniana. Todos entenderam, Kolesnikov será a cara da “oposição construtiva” na Ucrânia.
Todas essas passagens, podem ser entendidas assim: “desculpem lá, eu serei um bom rapaz, não quero voltar para a cadeia”, mas isso não é a verdade toda. Porque Kolesnikov é o pau mandado do Rinat Ahmetov, oligarca, o dono real de Donbass e um dos homens mais ricos da Ucrânia. E ninguém iria libertar Kolesnikov, sem a conclusão de um acordo, ao nível mais alto do Estado. Os poder central e “dono de Donbass”, quase se entenderam. Ora vejamos.
No dia 23 de Junho de 2005, i.e. Director da Judiciária de Kyiv, Sr. Kornych disse que: “Rinat (Ahmetov) é líder de um grupo de crime organizado”.
No dia 14 de Julho, Rinat Ahmetov é convocado para comparecer para uma “conversinha” no Ministério do Interior (MINT).
No dia 18 de Julho o porta – voz de Ahmetov diz que “patrão foi em viagem de negócios ao estrangeiro”.
Depois vem uma pausa de duas semanas e já no dia 4 de Agosto, o mesmo Sr. Kornych da Judiciária, diz sem nenhum remorso: MINT não tem nada sobre o Ahmetov, ele não nós interessa, o homem pode viajar a onde quiser. Alguns dias mais tarde, tribunal “liberta” o braço direito do “dono de Donetsk” – Borys Kolesnikov, que rapidamente dá sinais ao poder laranja: pessoal, não tem problema, Leste é amigo do Ocidente e nosso partido entendeu este abecedário de vez. E conclui: Rinat Ahmetov vai voltar já agorinha!
Penso que agora, vai voltar. Claro! No estrangeiro já não há nada a fazer, tudo foi feito. O contracto social foi concluído. Agora tem que tomar uma pausa, para não parecer mal e voltar para casa, na capital de Donbass.
Apenas persiste uma única questão: quando é que voltará à pátria Yanukovich. E será que voltará? As suas ferias no estrangeiro prolongaram-se até mais não...

Fonte: http://ru.obkom.net.ua/articles/2005-08/09.1418.shtml

Cidade de Lviv produz o papel higiénico dedicado à Yanukovich

Na cidade ucraniana de Lviv, começou ser produzido recentemente, o papel higiénico dedicado ao Viktor Yanukovich. No papel do embrulho, em azuis letras garrafais foi repetido o slogan da sua candidatura: “Escolha – 2004. PORQUÊ efectivo”. E em baixo: “200 boletins falsificados”.
Depois, vem um curto regulamento de uso, onde se explica como deve ser empregue este papel. E afirma-se que esta invenção foi patenteada.
O papel higiénico “de Yanukovich” custa 2 UAH (cerca de 0,4 USD), que é três vezes mais caro que o papel normal, mas o produto original tem uma demanda extraordinária: por dia vendem-se mais de cinquenta unidades.

Fonte: ProUa

Sem comentários: