segunda-feira, março 07, 2005

Morte do ex - Ministro do Interior vs caso “Gongadze”

Sexta feira, dia 4 de Março, o ex – Ministro do Interior da Ucrânia, general Yuriy Kravchenko, foi encontrado morto na sua casa de campo, na aldeia de Koncha – Zaspa (zona nos arredores de Kyiv, onde vive a elite política ucraniana. O ex – Ministro, encontrava-se em casa com a sua esposa. Por volta das 7 horas de manha, ele entrou na garagem, depois a esposa ouviu dois tiros e achou o seu marido morto, por volta de 7:45. Ministro usou a arma de fabrico checo, registada em seu nome. O tiro mortal foi desferido no lado direito da testa.
A família Kravchenko tinha um estilo da vida muito fechado, policia ucraniana queixa-se que nem todos os seus vizinhos aceitaram prestar declarações sobre o ex - ministro.

Ministério do Interior: suicídio com dois tiros

O Vice – Chefe do Ministério do Interior da Ucrânia, Petro Koliada, disse que MINT inclina-se para a hipótese de suicídio e confirmou que general Kravchenko deixou um bilhete póstumo. Perto Koliada recusou-se comentar o teor do bilhete, mas disse que a morte do ex – ministro, possivelmente esta relacionada com a sua chamada para a Procuradoria, para depor sobre o caso do desaparecimento e assassínio do jornalista ucraniano Georgiy Gongadze. Petro Koliada, também disse aos jornalistas, que embora general Kravchenko atirou contra si duas vezes, o ex – Ministro suicidou-se. “Ferimentos na cabeça, nem sempre são mortais”, - disse Koliada.
Vice – Ministro disse aos jornalistas, que ordenou a concessão de guarda – costas e transporte especial, para o grupo de investigadores e ao Vice – Procurador da Ucrânia, que lidera a investigação do caso Gongadze.
General Yuriy Kravchenko foi chamado a PGR para depor, exactamente, no dia 4 de Março de 2005 como testemunha no caso Gongadze.
General Kravchenko fazia 54 anos no dia 5 de Março, ele encabeçou o MINT de 1995 à 2001. Depois ocupava cargos de chefe da Administração Estatal na província de Kherson e chefe da Administração Estatal dos Impostos.
Os jornais ucranianos escrevem que desde 13 de Dezembro de 2004, SBU oficialmente seguia todos os passos do general Kravchenko e que este não podia deixar a Ucrânia, pois todas as fronteiras tinham os seus dados com marco “proibido de deixar o pais”.

Lembramos, que caso Gongadze, começou em 16 de Setembro de 2000, quando jornalista ucraniano da origem georgiana, Georgiy Gongadze, editor da edição de Internet “Pravda Ucraniana”, foi raptado pelos desconhecidos na cidade de Kyiv. Em Novembro do mesmo ano, o seu corpo gravemente mutilado, foi encontrado no bosque de Tarashansk, nos arredores de Kyiv. Mais tarde, o coronel da segurança presidencial, Mykola Melnichenko, revelou as gravações secretas, nas quais, presidente Kuchma ordena uma “acção punitiva”, contra Georgiy Gongadze, que criticava incansavelmente, o seu regime corrupto. (Nas gravações, Kuchma várias vezes afirma o seu ódio ao Gongadze, conversando com Chefe da sua Administração, Volodymyr Lytvyn e com Ministro do Interior – Yuriy Kravchenko). Coronel Melnichenko, tinha que refugiar-se no Ocidente, mas entregou as gravações ao líder do Partido Socialista da Ucrânia, Oleksander Moroz, que tornou as públicas, desencadeando o movimento cívico “Ucrânia sem Kuchma”, que culminou com a vitoria da Revolução Laranja em Dezembro de 2004.

No dia 2 de Março, o Procurador geral da Ucrânia, Sviatoslav Piskun, disse que o caso do assassinato de Gongadze está resolvido, e que os seus assassinos foram presos e entregados na justiça. Sviatoslav Piskun também disse, que assassinos do jornalista, eram oficiais da contra inteligência da policia judiciaria ucraniana, e que eles primeiro raptaram e depois estrangularam Gongadze.
Um dia antes, Presidente da Ucrânia, Viktor Yushenko disse que acredita que o caso Gongadze está resolvido, porque assassinos foram presos. Presidente Yushenko tive o acesso aos materiais do caso e afirmou que, Georgiy Gongadze tive “uma morte medonha”. No entanto, Presidente Yushenko chamou a atenção para a necessidade de conduzir o caso Gongadze, de maneira profissional e respeitando a legislação existente. No caso de morte de Kravchenko, Presidente Yushenko disse acreditar que morte do general poderá tem ligações com o caso Gongadze e pediu que o Procurador Geral Sviatoslav Piskun e Ministro do Interior Yuriy Lutsenko, tenham o caso no seu controlo pessoal. A casa do campo do ex – Ministro também já foi visitada pelo Vice – Procurador Geral da Ucrânia Viktor Shokhin e o coordenação geral do caso está nas mãos do chefe do Serviço da Segurança da Ucrânia (SBU), Oleksander Turchynov.
Entretanto, o deputado do parlamento ucraniano, chefe da Comissão parlamentar do inquérito sobre a morte do jornalista Georgiy Gongadze, Grygoriy Omelchenko, afirmou que a ordem de “esclarecer” Gongadze, foi dada ao chefe do SBU, Leonid Derkach (período 1998 – 2001), pelo próprio presidente Kuchma. Na sua entrevista para o 5-to canal, no dia 3 de Março, Omelchenko afirmou que nos arquivos de SBU, foram encontrados provas que no dia 29 de Junho de 2000, Kuchma perguntou o Derkach se este “poderia fazer Gongadze...” (Omelchenko não disse a frase completa). General Derkach, respondeu que “irá fazer isso..”, - afirmou deputado Omelchenko. Deputado também afirma, que no mesmo dia, Derkach ordenou o inicio da operação “Provocador”, para reunir o máximo de informação sobre o jornalista. A operação, alegadamente, tive a cobertura legal, por parte do Juiz – Chefe do tribunal da cidade de Kyiv e foi, alegadamente, coordenada por dois Vices de Derkach – Yuriy Zemlynskiy (Primeiro - Vice Chefe do SBU) e Petro Shatovskiy (chefe do Departamento “T” do SBU).
Grygoriy Omelchenko afirmou que todos os materiais estão na PGR ucraniana.
Antes da morte do ex – Ministro, deputado Omelchenko, também endereçou um pedido ao PGR, no sentido de deter imediatamente o general Kravchenko e o colocar nas instalações prisionais do SBU, para proteger a sua vida. “Eu conheço o estado psicológico e moral do general Kravchenko, a sua vida corre um perigo real da quebra psicológica, psíquica, suicídio ou eliminação física. Poderão faze-lo desaparecer sem deixar os rastos, ou imitar o seu suicídio”, dizia Omelchenko.

A Primeira – Ministra da Ucrânia, Yulia Timoshenko, afirmou que a morte do ex – Ministro Kravchenko, poderá ter acontecido, por causa do seu medo de responder no caso Gongadze. Yulia Timoshenko disse aos jornalistas que, caso o suicídio se confirmar, então estamos perante “o medo de responsabilidade do Kravchenko no caso Gongadze, caso o suicídio não se confirmar, estamos perante a tentativa de fechar os fontes de informação neste caso”.
A Primeira – Ministra, também prometeu conceder protecção ao Leonid Kuchma, se este a requisitar, para proteger ex – Presidente da “raiva popular”.
O Presidente Viktor Yushenko, disse que o caso da morte do general Kravchenko será conduzido pela procuradoria, confirmou também que SBU fazia um acompanhamento de todos os movimentos do general nos últimos tempos, permitido pelas instâncias competentes.
O Vice – Primeiro – Ministro dos Assuntos Humanitários da Ucrânia, Mykola Tomenko, também afirmou que Kuchma e outras pessoas, que poderão ser responsáveis pelos casos do destaque, deverão ser protegidos. Mykola Tomenko também disse, que está fazer os possíveis, para que coronel Melnichenko regressa à Ucrânia, para poder testemunhar no caso Gongadeze e nos outros casos semelhantes.
Tomenko disse que “morte do general Kravchenko é um erro dos órgãos da justiça, que não conseguiram de o proteger”. “Não falamos apenas da tragédia, mas de uma figura – chave do caso Gongadze”, - disse o Vice – Ministro.
Alguns deputados do Parlamento ucraniano acusaram o Procurador Geral de precipitação, ao revelar publicamente a sua intenção de ouvir depoimentos de general Kravchenko. Deputado Volodymyr Stretovych, chefe da Comissão parlamentar da luta contra o crime organizado, disse que próxima vitima poderá ser o chefe do Serviço de Contra Inteligência do MINT, general Oleksiy Pugach.

General Kravchenko acusa o Kuchma

Os jornais ucranianos, citando os fontes policiais, escrevem que ex – chefe do Ministério Interior, Yuriy Kravchenko no seu bilhete póstumo, pede desculpa aos familiares e culpa o ex – Presidente Kuchma e alguns outros pessoas ligadas ao Kuchma pela sua decisão.
Entretanto, o grupo parlamentar do Partido Comunista da Ucrânia, exigiu no Parlamento “deter urgentemente o ex – chefe do Estado Leonid Kuchma” e “nacionalizar absolutamente todo o seu património, adquirido ilegalmente”.
O Primeiro Vice – Primeiro – Ministro da Ucrânia, Oleh Rybachuk, informou os deputados, que neste momento Leonid Kuchma está descansar no estancia turística de Karlovy Vary (República Checa) e que Governo ucraniano não acredita que ele poderá tentar fugir da justiça. “O seu estatuto, não permite fugir, ele não está neste nível”, - disse Rybachyk. Kuchma deverá voltar à Ucrânia no dia 7 de Março (segunda feira).

As fotografias do caso poderão ser vistas no site: www.magnolia-tv.com.ua

Fonte: http://www.pravda.com.ua

Palavra do Tradutor: O caso Gongadze têm enormes semelhanças com o caso moçambicano do assassínio do Carlos Cardoso. E como no caso Cardoso, houve na Ucrânia gente que caiu na mediocridade de desprezar o sacrifício do Gongadze, por este ser “um estrangeiro”, quer dizer, ucraniano não originário.
Tudo isso é muito triste, mas tudo isso reforça mais uma vez a ideia, do que a nacionalidade não poderá ser medida pela cor da pele, etnia, lugar do nascimento ou outras distinções meramente artificiais. A nossa nacionalidade, está dentro de nos, nos nossos corações e nas nossas almas. Ninguém poderá tira-la. Nem mesmo quando nos matem!

Paz às almas de Carlos Cardoso e Georgiy Gongadze!

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